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Voto econômico retrospectivo e sofisticação política na eleição presidencial de 2002
Este artigo aborda o tema do voto econômico a partir da perspectiva da desigualdade de sofisticação política entre os eleitores. Diversos estudos mostram que os eleitores brasileiros tendem a se basear na economia para votar e avaliar os presidentes. Essas evidências algumas vezes servem de suporte para a afirmação de que, mesmo não utilizando os partidos, os rótulos ideológicos e outras questões politicamente relevantes como referências para suas escolhas, o eleitorado de massa no Brasil seria capaz de tomar decisões criteriosas na política. Utilizando dados de pesquisa de painel coletados ao longo de 2002 em Caxias do Sul e Juiz de Fora, o artigo testa até que ponto o efeito da avaliação retrospectiva da economia (tanto do país quanto pessoal) sobre o voto para presidente depende do nível de sofisticação política do respondente. Os resultados mostram que a avaliação da economia tende a ser uma opinião instável ao longo do período analisado, e tem impacto sobre a escolha do candidato a presidente apenas entre os eleitores mais politicamente sofisticados. As implicações dos achados são discutidas e aponta-se para a relevância de se levar em conta o impacto da desigualdade de sofisticação política entre os eleitores no entendimento da dinâmica das eleições e da opinião pública no Brasil