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Desindustrialização e heterogeneidade subsetorial: padrões internacionais e desafios para a economia brasileira
This paper investigates deindustrialization as a globally unequal process, related both to the degree of development and path dependence, and to economic policies that reinforce long-term trends or enable structural changes. Traditionally seen as the fall in industrial production/employment as the country develops, this phenomenon can engender considerable subsectoral and even regional heterogeneity, an aspect that this research seeks to explore. The methodology comprises a theoretical analysis, with a review of the literature on deindustrialization and sectoral heterogeneity and an empirical investigation, with descriptive analysis of manufacturing data for 111 countries, in addition to a specific study for Brazil from 1993 to 2018. The results show that developed countries consolidated their leadership in the most advanced sectors of industry, whereas most developing economies, including Brazil, experienced deindustrialization and at the same time, the concentration of industrial productive activities in lower-value added, technology-intensive subsectors . In this scenario, if structural change constitutes an important driving force of economic development, the recent trends observed signal serious challenges to promoting inclusive and sustained growth in developing economies and in Brazil.Este trabalho investiga a desindustrialização como um processo globalmente desigual, relacionado tanto ao grau de desenvolvimento e a dependência de trajetórias quanto às políticas econômicas que reforçam tendências de longo prazo ou, alternativamente, possibilitam mudanças estruturais. Este fenômeno, tradicionalmente visto como a queda da produção/emprego industrial à medida que o país se desenvolve, pode, todavia, engendrar considerável heterogeneidade subsetorial e até mesmo regional, aspecto que esta pesquisa busca explorar. A metodologia compreende uma análise teórica, com a revisão da literatura sobre desindustrialização e heterogeneidade setorial, e uma investigação empírica, com a análise descritiva dos dados da manufatura para 111 países, além de uma análise específica para o Brasil. Os resultados revelam que os países desenvolvidos consolidaram sua liderança nos setores mais avançados da indústria, enquanto a maior parte das economias em desenvolvimento, entre elas o Brasil, experimentou não apenas um processo de desindustrialização, como a concentração das atividades produtivas industriais em subsetores intensivos e em tecnologias de menor valor agregado. E, neste cenário, se a mudança estrutural constitui uma importante força motriz do desenvolvimento econômico, as tendências recentes observadas sinalizam sérios desafios à promoção do crescimento inclusivo e sustentado nas economias em desenvolvimento e no Brasil
DESINDUSTRIALIZAÇÃO DO COMPLEXO ECONÔMICO-INDUSTRIAL DA SAÚDE E A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS NO BRASIL
Considerando a relevância da indústria para o crescimento econômico e também o advento da pandemia da COVID 19, esta pesquisa analisou a trajetória recente da indústria brasileira e, mais especificamente, dos setores atrelados ao Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), a fim de analisar se este segmento estava preparado para lidar com a pandemia da COVID-19. Para tanto, foi discutido do ponto de vista teórico as questões da centralização da indústria, da complexidade econômica e da desindustrialização. Na sequência, o trabalho apresentou alguns dados sobre a trajetória da indústria nacional e, por fim, foi analisada a situação específica do sistema produtivo que envolve o CEIS. Os principais resultados da pesquisa indicaram que o Brasil vem enfrentando uma desindustrialização, dados a perda de complexidade da indústria, a redução de sua participação no emprego e/ou produção totais, além do aumento da dependência externa, levando à constatação de que a indústria brasileira, especificamente a ligada à saúde, não estava preparada para lidar com a pandemia de COVID 19
Volatilidade da taxa de câmbio, incerteza e investimento: evidências para empresas brasileiras (1997-2019)
This research analyzes the effects of exchange rate uncertainties on the investment of publicly traded companies in Brazil. Based on a theoretical framework and a review of the literature on the relationship between foreign exchange and investments, an empirical investigation was carried out by using the dynamic data analysis for 24 sectors of the manufacturing industry, grouped into four sectors according to the intensity of the factors used in production: (i) intensive in natural resources; (ii) labor intensive; (iii) intensive in scale; and (iv) intensive in technology. The database comprises the period of 1997 to 2019 and was obtained from the financial statements of 309 companies in the manufacturing industry extracted from the Economática database, in addition to variables obtained from Ipeadata and the Brazilian Central Bank (BCB). In line with the theoretical and empirical literature on the subject, the main empirical results of the research indicated that the estimated coefficient of the exchange rate volatility was not significant only for the group of companies whose intensity of productive factors are natural resources. For all other groups, this coefficient was statistically significant, indicating that exchange rate volatility affects the investment of the domestic industries, especially those intensive in technology, in the considered period.Esta pesquisa analisa os efeitos da incerteza cambial sobre o investimento das empresas de capital aberto no Brasil. A partir de um referencial teórico e da revisão da literatura sobre a relação entre câmbio e investimentos, procedeu-se uma investigação empírica por meio da análise de dados em painel dinâmico para 24 setores da indústria de transformação, reagrupados em quatro setores segundo a intensidade dos fatores empregados na produção: (i) intensiva em recursos naturais; (ii) intensiva em trabalho; (iii) intensiva em escala; e (iv) intensiva em tecnologia. A base de dados compreende o período 1997-2019 e foi obtida dos demonstrativos financeiros de 309 empresas da indústria de transformação extraídos da base Economática, além de variáveis obtidas junto ao Ipeadata e Banco Central do Brasil (BCB). Em linha com a literatura teórica e empírica sobre o tema, os principais resultados empíricos da pesquisa indicaram que o coeficiente estimado da variável volatidade cambial só não foi significativo para o grupo de empresas cuja intensidade de fatores produtivos são os recursos naturais. Para todos os demais grupos, este coeficiente foi estatisticamente significante, indicando que volatilidade da taxa de câmbio afeta o investimento das indústrias domésticas, em especial aquelas intensivas em tecnologia, no período considerado
Inter-relações entre a dívida pública e política monetária no Brasil: uma análise histórica
Resumo O presente artigo tem como objetivo discutir a conexão existente entre a política monetária e a dívida pública no Brasil, destacando as implicações daí decorrentes. Para isso, parte de uma retomada histórica do surgimento do mercado de títulos da dívida pública e das instituições responsáveis por seu gerenciamento. Posteriormente, são discutidos os dados relativos às variáveis ligadas à política monetária e à dívida pública entre 1999 a 2016. A partir da referida análise, observou-se a existência de uma conexão problemática entre duas políticas - monetária e fiscal - dada pela taxa Selic que é, ao mesmo tempo, instrumento de controle da inflação e taxa que remunera parcela expressiva da dívida pública. O trabalho conclui que esta vinculação reduz a eficácia das referidas políticas, requerendo ações como desvinculação da política monetária e da dívida pública, elevação do prazo e duração da dívida, mudança da sua composição e, particularmente, redução da taxa Selic
VOLATILIDADE DA TAXA DE CÂMBIO, INCERTEZA E INVESTIMENTO: EVIDÊNCIAS PARA EMPRESAS BRASILEIRAS (1997-2019)
RESUMO Esta pesquisa analisa os efeitos da incerteza cambial sobre o investimento das empresas de capital aberto no Brasil. A partir de um referencial teórico e da revisão da literatura sobre a relação entre câmbio e investimentos, procedeu-se uma investigação empírica por meio da análise de dados em painel dinâmico para 24 setores da indústria de transformação, reagrupados em quatro setores segundo a intensidade dos fatores empregados na produção: (i) intensiva em recursos naturais; (ii) intensiva em trabalho; (iii) intensiva em escala; e (iv) intensiva em tecnologia. A base de dados compreende o período 1997-2019 e foi obtida dos demonstrativos financeiros de 309 empresas da indústria de transformação extraídos da base Economática, além de variáveis obtidas junto ao Ipeadata e Banco Central do Brasil (BCB). Em linha com a literatura teórica e empírica sobre o tema, os principais resultados empíricos da pesquisa indicaram que o coeficiente estimado da variável volatidade cambial só não foi significativo para o grupo de empresas cuja intensidade de fatores produtivos são os recursos naturais. Para todos os demais grupos, este coeficiente foi estatisticamente significante, indicando que volatilidade da taxa de câmbio afeta o investimento das indústrias domésticas, em especial aquelas intensivas em tecnologia, no período considerado
EVIDÊNCIAS DA RELAÇÃO ENTRE AGROPECUÁRIA E DESENVOLVIMENTO ECONOMICO: UM ESTUDO PARA OS MUNICIPIOS PARANAENSES NOS ANOS DE 2000 E 2007
Este artigo investigou a relação entre a participação da agropecuária na economia dos municípios paranaenses e o desenvolvimento econômico destes municípios, através de uma análise exploratória de dados espaciais (AEDE), para os anos de 2000 e 2007. Parte-se da hipótese da importância do setor para economia e sua contribuição para o desenvolvimento econômico dos municípios, tendo em vista as características desse setor, reconhecido pelas importantes funções que exerce. Os resultados da análise espacial evidenciaram a correlação entre PIB da agropecuária e o PIB per capita, indicando que o setor influencia positivamente o desenvolvimento nos municípios em que é potencialmente elevado, corroborando com a hipótese sugerida por esse estudo. PALAVRAS-CHAVE: Agropecuária. Desenvolvimento econômico. Análise de dados espaciais
EVIDÊNCIAS DA RELAÇÃO ENTRE O CRESCIMENTO DOS PIBs PER CAPITA AGROPECUÁRIO E TOTAL: UM ESTUDO PARA OS MUNÍCIPIOS PARANAENSES NOS ANOS DE 2000 E 2007
Este trabalho investigou a relação entre a participação da agropecuária na economia dos municípios paranaenses e o seu desenvolvimento econômico, através de uma Análise Exploratória de Dados Espaciais – AEDE, entre 2000 e 2007. Partiu-se da hipótese que este setor exerce importante contribuição para o desenvolvimento econômico dos municípios, haja vista as peculiaridades deste segmento e os papéis clássicos que desempenha no referido processo de desenvolvimento. Os resultados da análise espacial evidenciaram a correlação entre PIB per capita da agropecuária e o PIB per capita total da economia, indicando que o setor primário influencia positivamente o desenvolvimento nos municípios em que é proporcionalmente representativo, corroborando com a hipótese sugerida pelo estudo. PALAVRAS-CHAVE: Agropecuária. Desenvolvimento econômico. Análise de dados espaciais
Brazilian Flora 2020: Leveraging the power of a collaborative scientific network
International audienceThe shortage of reliable primary taxonomic data limits the description of biological taxa and the understanding of biodiversity patterns and processes, complicating biogeographical, ecological, and evolutionary studies. This deficit creates a significant taxonomic impediment to biodiversity research and conservation planning. The taxonomic impediment and the biodiversity crisis are widely recognized, highlighting the urgent need for reliable taxonomic data. Over the past decade, numerous countries worldwide have devoted considerable effort to Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC), which called for the preparation of a working list of all known plant species by 2010 and an online world Flora by 2020. Brazil is a megadiverse country, home to more of the world's known plant species than any other country. Despite that, Flora Brasiliensis, concluded in 1906, was the last comprehensive treatment of the Brazilian flora. The lack of accurate estimates of the number of species of algae, fungi, and plants occurring in Brazil contributes to the prevailing taxonomic impediment and delays progress towards the GSPC targets. Over the past 12 years, a legion of taxonomists motivated to meet Target 1 of the GSPC, worked together to gather and integrate knowledge on the algal, plant, and fungal diversity of Brazil. Overall, a team of about 980 taxonomists joined efforts in a highly collaborative project that used cybertaxonomy to prepare an updated Flora of Brazil, showing the power of scientific collaboration to reach ambitious goals. This paper presents an overview of the Brazilian Flora 2020 and provides taxonomic and spatial updates on the algae, fungi, and plants found in one of the world's most biodiverse countries. We further identify collection gaps and summarize future goals that extend beyond 2020. Our results show that Brazil is home to 46,975 native species of algae, fungi, and plants, of which 19,669 are endemic to the country. The data compiled to date suggests that the Atlantic Rainforest might be the most diverse Brazilian domain for all plant groups except gymnosperms, which are most diverse in the Amazon. However, scientific knowledge of Brazilian diversity is still unequally distributed, with the Atlantic Rainforest and the Cerrado being the most intensively sampled and studied biomes in the country. In times of “scientific reductionism”, with botanical and mycological sciences suffering pervasive depreciation in recent decades, the first online Flora of Brazil 2020 significantly enhanced the quality and quantity of taxonomic data available for algae, fungi, and plants from Brazil. This project also made all the information freely available online, providing a firm foundation for future research and for the management, conservation, and sustainable use of the Brazilian funga and flora