5 research outputs found

    O monstro e a ciência o horror da transgressão e da alteridade em Frankenstein, de Mary Shelley

    Get PDF
    Através da obra Frankenstein, busca-se compreender a formulação do Fantático (Gótico) em Literatura, bem como sua relação com o contexto sócio-cultural pós revoluções francesa e industrial. Atentando para a figura da ruína e do segredo mortal, procura-se estabelecer relações entre esses e outros aspectos do Fantástico com a figura dos monstros e acontecimentos sobrenaturais, tendo por base a crítica de um padrão racionalista de interpretação mundo, o qual esbarra em problemáticas como a Alteridade e a Trangressão de valores

    Apocalipse e resignificação em The Beggars, de Lorde Dunsany: em busca de uma teoria do fantástico em literatura

    Get PDF
    O presente trabalho propõe uma instrospecção no conto The Beggars, de Lorde Dunsany (Londres, 24 de Julho de 1878 – Dublin, 25 de Outubro de 1957), que se encontra no livro A Dreamer’s Tales, buscando entender a formulação do Fantástico no conto, a partir das teorias sobre o Fantástico, sobretudo as formuladas próximas ao período em que Dunsany escreveu. Tendo em vista o conflito/oposição entre cidade e natureza, presença constante na obra do autor, pretende-se assinalar como a estética fantástica implica uma série de escolhas e efeitos no campo linguístico: a linguagem profética dos mendigos, a subversão de seus significados e valores e, a relação cíclica da renovação da natureza, como força primeva e última (apocalíptica) que se opõe à urbanização resultada das Revoluções Industriais

    Representação do mal em O Diabo, de Tolstói

    Get PDF
    Enredo com teor autobiográfico do autor, O Diabo narra sobretudo o conflito psicológico da moral e da vontade, compreendendo um retrato das relações de uma Rússia ainda czarista. Para elaborarmos nossa análise, será investigada, portanto, a descrição de Stepanida, através do filtro subjetivo de Evguêni (o protagonista), isto é, a maneira como é tratada pelo narrador, que, apesar de estar na terceira pessoa do discurso, faz uma introspecção na mente do herói. Stepanida seria, então, uma figura demoníaca? Para chegarmos à resposta a essa pergunta, partiremos sobretudo dos estudos de Luther Link sobre a história da arte em seu livro O Diabo: a Máscara sem Rosto, bem como algumas ilustrações que retratam a figura do Diabo (Lúcifer ou Satã)

    Frankenstein, a construção de um mito moderno bem sucedido

    Get PDF
    O presente estudo busca compreender a categorização de Frankenstein como um mito através dos postulados de Jean-Jacques Lacercle (Frankenstein: mito e filosofia) e de Joseph Campbell (O Poder do Mito). O monstro de Frankenstein, criatura sozinha no mundo, ora se identifica como o Adão – posta no mundo para o sofrimento –, ora com o Satã de Milton – embora mais miserável que este justamente por não ter companheiros (Frankenstein, Cp. XII). Por ser única no mundo, se constitui como uma falha na mitologia da criação (Lacercle), contudo se forma como figura prometeica, ao ir buscar na fonte de seu criador, a igualdade de sua raça para com a dele: desafia Victor e exige que lhe construa uma esposa. Além, promete: após ter sua esposa, fugirá para sua terra prometida, que aparece aqui transfigurada na forma da wilderness sulamericana: não é uma terra dócil, mas extremamente agressiva, que precisa ser domada – o que não seria um problema para o monstro, uma vez que é um ser muito mais potente que o ser humano. Enfim, enquanto Victor também encarna Prometeu ao buscar o “fogo” (a centelha à qual faz referência no capítulo V), também encarna a figura do criador, pois cria vida a partir do nada, acabando assim corrompendo o mito da Mãe-Terra – e a própria natureza –, arquétipo referido na cultura greco-latina como Gaia: não há um céu (Urano) pai e uma terra (Gaia) que dá à luz os seres cósmicos. É, portanto, se um mito de criação, um mito paternalista de rejeição da cria que exclui a figura materna de toda a cosmologia moderna, pois a obra é profundamente ateia, por mais que a criação de Victor ainda esteja envolta em mistérios, sem dúvida é fruto do conhecimento científico e alquímico nutrido pela figura do cientista natural

    Frankenstein and the building of a modern myth : manufacturing monsters from subjugated bodies

    No full text
    Orientador: Mario Luiz FrungilloDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da LinguagemResumo: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior ¿ Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. "Monstro" encontra definições em diferentes épocas, desde Aristóteles, que o definia por oposição à norma da natureza, o excepcional ¿ um desvio na curva da fisionomia dos seres, um acontecimento isolado e único. Todavia, expandindo o sentido aristotélico, "monstro define-se, em primeiro lugar, em oposição à humanidade" (NAZÁRIO, 1998, p.11), deparamo-nos com consequências morais e/ou sociais. É o caso d¿Os Anormais (2002), de Foucault, em que o filósofo aponta na palavra "anormal" outras características como as mentais e comportamentais destoantes do padrão, chegando a identifica-lo com o termo "monstro". O aspecto excepcional do monstro se reflete de forma direta na criatura de Frankenstein: sozinha no mundo, identifica-se com o Adão e com o Satã de Milton. Solitária, ela se enquadra na definição aristotélica: desproporcional, desafia a própria feição do "homem universal". Porém, não é criação da natureza: temos um monstro artificial à semelhança de seu criador, o que lança uma nova luz à estrutura narrativa do Gótico. O fantasma, lembrança de um passado violento, porém preso a uma narrativa familiar (The Castle of Otranto), abre espaço para o monstro da abjeção (HOGLE, 2004 apud KRISTEVA, 1982), trazendo o medo para mais próximo das ansiedades causadas pela crescente industrialização e as revoluções dos séculos XVIII e XIX, em especial a Revolução Francesa (PAULSON, 2004). Some-se a isso o crescente contato com o Outro e a subsequente crise do Eu e encontramos no século XIX uma miríade de monstros cuja principal característica é a diferença em relação à Europa Ocidental protestante. A criatura de Frankenstein é, nesse sentido, o pontapé inicial nessa nova tradição, uma vez que é artificial ao mesmo tempo que um corpo subjugado, além de moralmente duvidosa. Vista com horror desde o início de sua vida ¿ quando seu criador a contempla pela primeira vez, se apavora e se arrepende, caindo em uma depressão profunda ¿, é uma metáfora cruel para a genialidade e criatividade romântica. Ver o monstro, produto original (e possível molde) de um indivíduo excepcional (Frankenstein) faz com que as pessoas tremam e fujam ou queiram destruí-lo, pois ele concentra em si um caráter único, marcado pela transgressão do que se considera "natural". Vai além: invoca o horror no seu sentido mais físico, a mácula da carne e a bricolagem dos corpos. Temos um construto orgânico e superpotente: um problema narrativo e social, uma figura insólita ¿ sobretudo por estar à margem. Frankenstein foi capaz de dar vida ao que não era nem mesmo um (único) corpo, afirmando seu papel de criador. Contudo, esse papel é incompleto, pois Victor nega ao monstro a qualidade de se constituir enquanto espécie: ao invés de um "crescei e multiplicai-vos", Victor condena sua criatura primeiramente ao esquecimento e, depois, à destruição. Essas condições fazem com que a criatura discuta com o seu criador a sua própria condição enquanto ser vivo: nasce monstro ou torna-se monstro? Uma contrafação (counterfeit) humana ¿ de onde se deriva o insólito do romance ¿ a criatura é qualquer coisa que se assemelhe a seu criador, menos humana. Disforme, desproporcional, orgânica, um "pecado" de Frankenstein, que desafia a natureza para criar algo para além dela, resulta fisionomicamente em um monstro. A aparência se mostra aqui mais que presente ¿ em seu discurso a criatura é tão humana quanto nós; Não obstante, sua aparência vai condená-la até o dia em que supostamente se suicida no ártico. Ser artificial, fruto de um desenvolvimento científico sem ponderação sobre suas consequências, resultou em efeitos danosos para os indivíduos. Também, o termo "Frankenstein", referindo-se ao monstro, é comumente atribuído àquilo que desafia a natureza como o establishment a entende ¿ o nome é atribuído àqueles que desafiam as noções postas de gênero, por exemplo, por sua relação transgressora com as identidades masculina e feminina. Através, então, da figura do monstro, buscamos compreender a formação do monstro como um outsider e a apropriação de sua figura por um discurso estabelecido (ELIAS, 2000)Abstract: This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001. The definition of "monster" can be found at different times since Aristotle, who defined it as opposed to the nature¿s order. It is the exceptional - a deviation in the physiognomy of beings, an isolated and unique event. However, by expanding the Aristotelian sense, "monster is defined in the first place in opposition to humanity" (NAZARIO, 1998, p.11), we are faced with moral and / or social consequences. That is the main theme in Michel Foucault's Abnormal (2002), in which the philosopher points out in the word "abnormal" other moral and behavioral characteristics that deviate from those of the establishment ¿ even identifying the "abnormal" with the term "monster". The exceptional aspect of the monster is reflected directly in the creature of Frankenstein: alone in the world, it identifies itself with Adam, and Satan from Milton¿s Paradise Lost. Solitary, it fits into the Aristotelian definition: disproportionate, defies the very features of the "universal man." However, it is not a creation of nature: we have an artificial monster in the likeness of its creator. That aspect of the narrative throws a new light on the structure of the Gothic. The ghost, reminiscent of a violent past ¿ but bound to a familiar narrative (The Castle of Otranto) ¿ opens space for the monster of abjection (HOGLE, 2004 apud KRISTEVA, 1982), bringing the fear and thrill of the story closer to the anxieties caused by the crescent industrialization and the revolutions of the eighteenth and nineteenth centuries, especially the French Revolution (PAULSON, 2004). Add to this the growing contact with the Other and the subsequent crisis of the Self, and we find in the nineteenth century a myriad of monsters whose main feature is to differ from Protestant Western Europe. The creature of Frankenstein is, in this sense, the start of this new tradition, since it is artificial as well as a subjugated body ¿ one of a dubious morality, one can say. Seen with horror from the beginning of its life. When its creator first contemplates it, he panics and repents, falling into a deep depression ¿ it is also a cruel metaphor for romantic genius and creativity. To see the monster, the original product (and possible future mold) of an exceptional individual (Frankenstein), causes people to tremble and flee or want to destroy it, for it concentrates in itself a unique character, marked by the transgression of what is considered "natural." Moreover, it invokes horror in its most physical sense, the macula of the flesh and the bricolage of the bodies. We have an organic and superpotent construct: a creature that invokes a narrative and social problem ¿ mostly because it is marginalized. Frankenstein was able to give life to what was not even one (only) body, affirming its role of creator. However, this role is incomplete because Victor denies the monster the quality of being a species: instead of a "go forth and multiply," Victor condemns his creature first to forgetfulness and then to destruction. These conditions cause the creature to debate with its creator its own condition as a living being: is it born a monster or does it become a monster? A human counterfeit ¿ from which the unusual of the novel is derived ¿ the creature is anything that resembles its creator, but human. Malformed, disproportionate, organic, a "sin" of Frankenstein, who defies nature to create something beyond it, physically results in a monster. The appearance here has a critical role ¿ in its speech the creature is as human as we are; Nevertheless, its appearance will condemn it until the day it allegedly commits suicide in the Arctic. Being artificial, fruit of a scientific development without weighing on its consequences, resulted in harmful effects for the individuals. Also, this gives chance to comprehend why the term "Frankenstein" (referring to the monster) is commonly attributed to what defies nature as the establishment understands it ¿ the name is used to refer to those who challenge gender roles and notions, due to their transgressive relationship with male and female identities. Then, through the figure of the monster, we seek to understand the formation of the monster as an outsider and the appropriation of its image by an established discourse (ELIAS, 2000)MestradoTeoria e Critica LiterariaMestre em Teoria e História LiteráriaCAPE
    corecore