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Biologia reprodutiva do ouriço-do-mar Paracentrotus lividus (Lamarck, 1816) e o efeito de três dietas no desenvolvimento das suas gónadas
As gónadas de ouriço-do-mar são uma iguaria, apreciada há muito tempo, não só pelos povos Asiático e Nórdico, mas também em Espanha e nalgumas regiões costeiras de Portugal. Peniche e Ericeira são das principais localidades onde existe o hábito da apanha do ouriço-do-mar, quer para fins lúdicos ou comerciais. De forma a garantir o equilÃbrio das populações do ouriço-do-mar, Paracentrotus lividus, torna-se crucial estudar estas populações e criar novas formas para atender à procura desta iguaria. A aquacultura de ouriços-do-mar tem sido vista como uma possÃvel alternativa. Nos últimos anos, foram desenvolvidos estudos sobre a sua produção e nutrição. Mais recentemente, os Europeus são os que têm vindo a demonstrar um maior interesse neste grupo de invertebrados. O foco tem-se centrado maioritariamente no estudo de novas técnicas de crescimento larvar e desenvolvimento de novas dietas, para melhoramento das gónadas. Neste estudo foi caracterizado o ciclo gametogénico do ouriço-do-mar Paracentrotus lividus. As épocas de reprodução e postura, que são tão importantes na compreensão do seu ciclo de vida, foram identificadas. Através de técnicas histológicas foi possÃvel verificar que os ouriços-do-mar se encontravam maturos nos meses de abril e maio, realizando a postura nos meses de Verão. Além disso, avaliou-se o efeito de três dietas diferentes na maturação das suas gónadas. As dietas utilizadas foram: (A) Codium tomentosum, uma macro alga verde que se encontra naturalmente no seu habitat; (B) um mix de vegetais e algas gelificados e (C) milho e espinafres. No final do ensaio, através da comparação dos valores dos Ãndices gonadossomáticos e da composição nutricional das gónadas, concluiu-se que o uso de uma dieta composta por milho e espinafres é bastante vantajosa a nÃvel comercial. A dieta gelificada que continha o mix de vegetais e algas (dieta B) revelou ser bem aceite pelos ouriços-do-mar. No entanto, os ouriços-do-mar alimentados com essa dieta apresentaram valores de Ãndice gonadossomático inferiores (3,80 ± 2,37 %), em relação aos alimentados com a dieta C (9,97 ± 6,4 %). A quantidade de lÃpidos também foi inferior nos indivÃduos alimentados com a dieta B (27,34 ± 7,37 mg g-1), quando comparados com os alimentados com a dieta C (milho e espinafres) (46,97 ± 25,99 mg g-1). As gónadas de P. lividus mostraram ser compostas por uma percentagem elevada de ácidos gordos saturados, principalmente nos indivÃduos alimentados com a dieta A (53,9 ± 13,6 %) e B (50,1 ± 14,3 %). Os indivÃduos alimentados com a dieta C mostraram ser nutricionalmente mais ricos, apresentando valores mais elevados de PUFA (A – 27,9 ± 11,6 %; B – 31,0 ± 10,2 %; C – 37,1 ± 3,0 %)