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Literacia da leitura, a prioridade necessária nos dois primeiros anos de escolaridade
Apesar do enorme progresso registado nos indicadores de escolarização e de qualidade de sucesso educativo, os dados escolares continuam a evidenciar vulnerabilidades comprometedoras da realização plena do imperativo constitucional da equidade educativa e da igualdade de oportunidades de sucesso escolar para todos os alunos. A comprová-lo está o elevado número de alunos que continua anualmente em elevado risco de retenção e o facto de a sua incidência tender a ocorrer nos grupos de alunos provenientes de meios socioeconómicos e culturais mais desfavorecidos.
Estas manifestações ocorrem nos percursos escolares dos alunos desde muito cedo, como o evidenciam as taxas de retenção do 2º ano de escolaridade e, por vezes, repetidamente. O sentido dos resultados das provas de aferição de Português do 2º ano realizadas pela primeira vez em 2016/17, foi indicativo de fragilidades, designadamente na literacia da leitura, com quase 40% dos alunos a revelarem dificuldades na leitura e cerca de 60% na escrita e, simultaneamente, apesar de se estar no início da escolaridade, as turmas com maiores densidades de alunos provenientes de meios familiares economicamente carenciados e com habilitações académicas mais baixas tenderem a registar piores desempenhos na prova de aferição nos domínios da leitura e da escrita do que as turmas com menores densidades de alunos com estes perfis socioculturais e económicos
Inclusão, Inovação e Bem-Estar: a experiência das comunidades escolares de aprendizagem Gulbenkian XXI
No presente texto pretendemos explorar e trazer à discussão outras opções e modos de organização escolar indutoras de abordagens e práticas educativas de caráter predominantemente preventivo por contraponto ao habitual e enraizado uso da reprovação como medida pedagógica remediativa e do seu efeito no risco de abandono e exclusão escolares. Para além da demonstração da falência técnica da medida e da consequente irrazoabilidade da sua aplicação como solução pedagógica sistemática e quase exclusiva no cenário educacional português, dispensando, mesmo nos ciclos iniciais de ensino, outras alternativas e caminhos de possibilidades, os ensinamentos adquiridos ao longo dos dois últimos anos letivos com o projeto 'Comunidades Escolares de Aprendizagem Gulbenkian XXI' vêm confirmar a emergência de outras abordagens e metodologias de trabalho na afirmação do sucesso educativo como condição natural da escola. Na sua base, estão, por um lado, a liderança curricular e pedagógica do professor na promoção e organização de abordagens curriculares abertas e enriquecidas, muito apoiadas em dinâmicas de transversalidade curricular e na diversificação de oportunidades e contextos de aprendizagem suportadas em parcerias de convergência escolar mobilizadoras de outras fontes de conhecimento, de outros atores, de outros recursos educativos, de outras linguagens, de outros espaços e, por outro lado, na criação de ambientes de aprendizagem motivadores, informais, lúdicos e de bem-estar e onde o recurso a ambientes tecnológicos como meio pedagógico-didático e a criação de dinâmicas socioemocionais e criativas parecem ser fortemente potenciadores do desenvolvimento natural de contextos de aprendizagem e bem-estar
Território, Educação e Desenvolvimento Local: Dilemas educacionais em territórios do interior
Com o presente trabalho propomo-nos refletir e debater a articulação entre estratégias de ação pública educacional e desenvolvimento local, num quadro contextual de acentuação progressiva das disparidades sociais e económicas intra e inter-territórios, comprovativas do desinvestimento e erosão das políticas redistributivas do Estado e da transformação dos modos de pensar as relações entre o local e o global.
Elegemos como objeto de análise a região Alentejo, identificando intraterritório centralidades e periferias, com recurso a uma metodologia muito apoiada em indicadores de âmbito demográfico, educacional e socioeconómico, nas suas múltiplas inter-relações, e estabelecendo quadros comparativos da sua evolução ao longo dos últimos anos.
Da análise sobressaem tendências evolutivas assimétricas e em crescendo, distanciando progressivamente entre si os subterritórios, dos quais parece ter ficado também refém o sistema formal de educação e ensino, a valorização social que dele é feito ou o investimento que uma forte convicção dos seus elevados benefícios em termos de retorno individual e social justificaria. Tais sinais constituem, de algum modo, pretexto e justificação suficientes para a importância da continuidade de uma discussão aprofundada das relações entre o local e o global ou, preferencialmente, da distribuição territorial de competências entre periferias e centros de vária ordem e cujo enfoque não dispensará a complexa equação da emergência de novos desafios e responsabilidades de atores e territórios nas suas múltiplas (re)configurações
Monitorização e (auto)regulação escolar: exercício metodológico para a comparação e projeção de resultados escolares em turmas de estrutura composicional semelhante
Os processos de monitorização com vista à melhoria escolar requerem momentos de discussão aberta e de partilha do conhecimento produzido contextualmente e da sua disseminação sobre as práticas de gestão curricular, de organização e diferenciação pedagógica, de trabalho colaborativo e cooperativo interpares, de gestão de grupos e organização do tempo, de aprofundamentos didáticos e metodológicos, de avaliação para a aprendizagem e como aprendizagem.
Tem vindo a generalizar-se, desde há alguns anos a esta parte, a assunção e contratualização de compromissos por parte das escolas com a comunidade e com administração educativa, quase sempre traduzidos e operacionalizados em objetivos e metas quantificadas nas vertentes académica e sociocomportamental, e com estes a introdução progressiva e a diferentes ritmos nas escolas de processos, internos e externos, de monitorização e de (auto)regulação escolar.
As primeiras respostas institucionalmente estimulantes e patrocinadoras nos últimos anos no quadro de políticas públicas de educação e de organização escolar – em boa parte inspiradas e apoiadas no trabalho de algumas escolas que já desenvolviam projetos de prevenção e combate ao insucesso e abandono escolares e que tinham ousado romper com conceções rígidas de organização escolar fazendo uso inteligente das suas margens de autonomia na adoção de tecnologias organizacionais escolares com implicações diretas e imediatas nas condições organizativas escolares de ensino e aprendizagem (Verdasca, 2013) – talvez as possamos encontrar, pelo menos de uma forma mais claramente explicitada e formalmente assumida, no movimento das Escolas Mais Sucesso (Despacho n.º 100/2010, de 5 de janeiro; Rodrigues, 2010). Em boa parte, e em consequência deste movimento e do reconhecimento público das práticas organizativas escolares do Programa Mais Sucesso Escolar (Barata et al, 2012; Pereira e Reis, 2014; IGEC, 2015) e de outras redes de escolas envolvidas em programas educativos com objetivos similares (rede de escolas TEIP, rede de escolas ESCXEl, rede de escolas EPIS, …), as escolas foram, com maior ou menor persistência e intensidade, desenvolvendo e apropriando culturas e práticas de monitorização e de (auto)regulação/avaliação cujos sinais podemos identificar através da pluralidade de práticas e instrumentos em função das aprendizagens, da sistematicidade da avaliação formativa e do seu retorno e regulação dos processos de ensino e aprendizagem, do envolvimento dos diferentes intervenientes no processo educativo e avaliativo e da qualidade da informação transmitida aos encarregados de educação; mas também, na preocupação de aferição dos critérios e dos instrumentos de avaliação através da análise da validade e da fiabilidade dos instrumentos de avaliação e da elaboração conjunta de provas de avaliação e sua correção, da avaliação da eficácia das medidas adotadas nos planos de melhoria dos grupos de alunos e das turmas, da discussão da eficácia das medidas de apoio educativo e consequentes tomadas de decisão ao nível da redistribuição dos recursos educativos com vista a uma maior rendibilização dos recursos docentes, paradocentes ou outros
Questões de Demografia Escolar: explorando o diagrama de fluxos
A análise dos factores, natalidade, mortalidade e migração, enquanto variáveis, reconhecidamente influenciadoras do estado das populações, é agora substituída pela análise da procura social de educação (indicadores de escolarização e/ou inscrição), do abandono e das transferências de alunos, por exemplo. Na verdade, também em relação às populações escolares, se afigura igualmente relevante o desenvolvimento de análises de questões como a natalidade escolar (novos inscritos ou inscritos pela 1ª vez), a mortalidade escolar (abandono escolar) e a migração escolar (transferências de alunos), assumindo-se tais análises como um terceiro elemento fundamental a considerar. As variáveis anteriores, enquanto variáveis antecedentes, condicionam os aspectos globais e estruturais da população. Nas análises longitudinais, como no caso do acompanhamento das trajectórias escolares de um grupo de alunos, acontecimentos renováveis como a progressão e a repetência, ou não renováveis como a diplomação e o abandono, são transpostos para uma coorte imaginária , determinando indicadores globais de desempenho escolar ou outras relações desagregadas, nomeadamente, relações de disparidade e assimetria, de que a relação de masculinidade dos desempenhos escolares ou de rendimento das escolas básicas versus escolas secundárias, constituem apenas exemplos de como a variável microdemográfica progressão (p), pode ser usada, como elemento de análise em transversal, quer na determinação de indicadores de base longitudinal, quer na simulação de projecções de fluxos escolares, apoiadas em cenários com fixação prévia de coeficientes de produtividade e tendo por base critérios que estabelecem um determinado crescimento médio ano
Análises de fluxos e produtividade escolar
Neste artigo explora-se o conceito de produtividade escolar e apresentam-se diferentes perspectivas de abordagem do mesmo. Com recurso à análise trajectorial de gerações escolares apuram-se indicadores de eficiência e de eficácia escolares, cuja conjugação, através das relações produto e quociente, conduz ao apuramento e projecção gráfica de um índice sintético de produtividade escolar
O Ciclo de Estudos, unidade base da organização pedagógica da escola
O presente texto pretende contribuir para o debate da organização da escola para o sucesso e da importância do ciclo de estudos como unidade estruturante pelas suas implicações organizacionais e pedagógicas na flexibilização das dimensões curriculares e de plurianualidade do tempo escolar.
O Programa Mais Sucesso, medida de âmbito e alcance nacional, alicerçado em experiências em curso de promoção do sucesso escolar, iniciadas e afirmadas em escolas, como é o caso da TurmaMais, veio dar expressão à discussão sobre novas (velhas) lógicas de conformidade e à emergente e estratégica necessidade de pensar e organizar a escola em direcção ao que deve constituir o seu maior desafio: a sobrevivência escolar plena dos seus alunos e a melhoria progressiva da qualidade das aprendizagens e do sucesso escolar
Montoito e as Suas Gentes: A Sociedade União e a Sede Nova
“Montoito e as suas Gentes”, foi a designação escolhida para o projecto editorial que enquadra a edição de “A Sociedade União e a Sede Nova”. Funda-se numa vertente editorial apostada em testemunhar acontecimentos simbólicos e de relevo em termos de história local, conjugando fontes documentais primárias com narrações memoriais de episódios com eles relacionados. Em “A Sociedade União e a Sede Nova”, reavivam-se tempos de associativismo de grande iniciativa, dinâmica e empreendedorismo em torno da construção daquele que é hoje o actual edifício-sede da Sociedade União Montoitense, recordando-se muitas das dificuldades e vicissitudes por que passou a edificação de uma das maiores obras colectivas locais. Ainda que a construção das respostas se apresente arquitectada na sua quase totalidade sobre bases documentais primárias, a exposição alinha-se em torno de temas e episódios, expandindo-se, por vezes, sob um estilo ficcionado, porém, sustentada em elementos documentais verídicos ou, pelo menos, tomados como tal, já que deles se procedeu nesse tempo à sua exaração em acta ou em documento congénere e tal exaração mereceu à época a ratificação dos que nesses fóruns de discussão participaram
Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar: linhas gerais de enquadramento
O Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar (PNPSE), criado através da Resolução do Conselho de Ministros nº 23/2016, de 24 de março, coloca as escolas e as comunidades educativas no centro da decisão e encoraja-as a desenhar planos de ação estratégica, na base de compromissos e de parcerias de convergência escolar, com vista à construção de respostas e soluções, à escala local, para os problemas de aprendizagem e de integração socioeducativa diagnosticados nos seus territórios educativos. Assenta, por conseguinte, no princípio de que são as escolas e comunidades educativas quem melhor conhece os seus contextos, as suas dificuldades e potencialidades, sendo, por isso, quem melhor está preparado para conceber medidas e estratégias de ação, pensadas ao nível de cada escola, com o objetivo de melhorar as aprendizagens dos alunos.
Embora reconhecendo que continuam a existir fortes preditores externos de sucesso escolar, o papel da escola é não só crucial no esbater deste condicionalismo externo como na mobilização e vinculação de toda a comunidade ao compromisso com a educação e valorização das aprendizagens na escola. Na prossecução da sua missão, a escola pública precisa de garantir que todas as crianças e jovens têm acesso às aprendizagens que lhes permitem concluir a escolaridade no tempo certo e adequado à sua idade, com os saberes, as competências, as atitudes e os comportamentos necessários à vida em sociedade.
Assim, algumas das linhas gerais de orientação do PNPSE (RCM nº 23/2016), sugerem um quadro inspiracional do desenvolvimento educativo a promover em cada território alicerçado nas seguintes vertentes:
i) criação de dinâmicas locais de diagnóstico e intervenção, a partir do conhecimento produzido escolarmente, da sua capacitação para uma intervenção ajustada aos contextos locais e às necessidades específicas das suas populações escolares;
ii) promoção de práticas que permitam antecipar e prevenir o insucesso escolar, através de uma aposta na intervenção precoce, em detrimento de um enfoque em estratégias remediativas;
iii) dinamização da formação contínua de professores, que capacite as escolas para a reflexão sobre práticas locais e para o desenvolvimento de estratégias inovadoras e indutoras de mudança;
iv) acompanhamento e supervisão das estratégias locais de promoção do sucesso escolar;
v) produção de conhecimento científico sobre o sucesso escolar, suas condicionantes, fatores preditores, estratégias de prevenção, estratégias de remediação de insucesso, práticas letivas, monitorização de estratégias e medidas de avaliação do sucesso em educação;
vi) avaliação periódica do Programa, nas suas múltiplas dimensões, com principal enfoque na avaliação de impacto das estratégias localmente definidas e identificadas como relevantes para a promoção do sucesso escolar
A escola como organização: avaliação pela aplicação do modelo CAF nos departamentos curriculares de uma escola secundária
Uma das condições que mais influencia a competividade entre instituições de ensino é a qualidade educativa. As capacidades profissionais necessárias à sociedade obrigam a medições de qualidade na educação, no sentido do investimento da melhoria contínua para o atingir da excelência. Este estudo pretende apresentar uma nova perspectiva da importância das lideranças intermédias nos Departamentos de uma Escola Secundária