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    Cultura, paisagem e educação no contexto da retomada Mbyá Guarani em Maquiné, Rio Grande do Sul

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    A partir do movimento de Retomada no Yvyrupá, território ancestral Guarani, e a recente retomada, no dia 27 de janeiro de 2017, de área abandonada, mas sob posse jurídica do Estado, em Maquiné, RS, propôs-se um estudo em parceria com a comunidade Mbyá Guarani da recém-formada Tekoá Ka’aguy Porã, no qual seu modo de se relacionar com a paisagem, sua luta política e suas perspectivas de educação foram focos vivenciadas em campo, buscando-se uma tradução interpretativa das vozes dos indígenas com quem se conviveu. Para tanto, o estudo traz reflexões sobre as vivências, a tradução do conceito de tekó jeapó, “cultura em ação”, bem como as motivações envolvidas no projeto de escola Tekó Jeapó, dessa comunidade. O trabalho de Ingold (2000), Carneiro da Cunha (2009) e Wagner (2010) constituem as principais bases teóricas do estudo. Os cerca de 85 Mbyá Guarani estão vivendo no território onde funcionava a Fepagro, extinta pelo governo estadual então vigente. O cacique da Tekoá Ka’aguy Porã, André Benites, explica que não se trata de invasão, nem ocupação, mas de uma retomada de um território que sempre foi do seu povo. A retomada em Maquiné integra um movimento mais amplo, em que lideranças das comunidades Mbyá Guarani do Rio Grande do Sul, apoiadas por suas comunidades, em consonância com outros movimentos indígenas no Brasil, investem num processo de articulação com pessoas e organizações não indígenas, buscando apoio para a conquista de direitos já garantidos em lei, mas que na prática não funcionam. Um dos direitos mais importantes é a garantia de territórios que permitam um viver saudável, contemplando seus jeitos tradicionais de relação com a paisagem, com o mundo, possibilitando retomar esses processos geradores de conhecimentos, ensinar aos jovens ao permitir-lhes a vivência. Portanto, a Retomada no Yvyrupá é muito mais que a retomada do território, o qual foi apropriado, invadido pelos colonizadores europeus. Retomada é a retomada da vida, da possibilidade de viver numa paisagem que possibilite o nhanderekó, jeito de ser Guarani. A criação de uma escola própria, desvinculada do Estado, representa a retomada da autonomia, um objetivo da luta política dos Mbyá Guarani do Estado

    O fogo e o ancião : poéticas do sagrado-cotidiano junto a uma família Mbyá Guarani na Tekoá Pindó Mirim

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    Situado entre os anos de 2018 e 2021, no sul do Brasil, na aldeia Mbyá Guarani Tekoá Pindó Mirim, Itapuã, Rio Grande do Sul (RS), este trabalho visa narrar o encontro de uma família com seu avô, o ancião Alcindo Werá Tupã. Deste encontro, brotam ensinamentos éticos a partir de uma espiritualidade que faz sagrado o cotidiano. O fogo rezado pelo ancião é um portal de acesso a conhecimentos transcendentais, entidade viva, capaz de curar e transmitir visões. O fogo e o ancião são o cerne da comunidade, força que une e que guia o coletivo. O processo de viver junto à família e afetar-se pela perspectiva existencial ensinada pelo ancião faz o autor viver uma ambivalência enquanto aprendiz do mundo Guarani e pesquisador não indígena. A metodologia se dá pela orientação Guarani, de modo que se busca um rigor ético ao construir um trabalho guiado pela teoria que se apresenta no encontro com a alteridade Mbyá. A escrita, portanto, se faz com o coração. A partir da relação com o imaginário de quem as observa, as imagens têm o poder de criar histórias por si mesmas. Neste trabalho, há imagens tanto em meio ao texto como também em ensaios livres de condução por palavras. A noção de desenvolvimento rural, que rege o campo acadêmico vinculado a esta dissertação de mestrado, é interpelada pela ideia de envolvimento comunitário, que melhor sintoniza com a perspectiva existencial Guarani. O ser humano busca um significado para sua existência. O fogo sagrado, junto à sabedoria do ancião Mbyá Alcindo Werá Tupã, são o elo entre o presente e uma ancestralidade que transcende a ideia de tempo e ensina o significado sagrado da vida.Kova'e ma Kuaia Pará Re Regua Amombeu'i Onhepyrü He'y Re. Kova'e tembiapó ma onhepyrū 2018, ha'e gui oo 2021 peve,Tekoa Pindó Mirim,Itapuã,RS py... Ha'e vyma, omombe'u petei joegua kue'iry xamoī,Karai Alcindo Werá Tupã reve nhovãixi hague... Ha'e rire,ha'e guive oiko teko nhembo'e Nhamandú Nhemopuã kuere ikuai joo rami meme'i... Ha'e gui Xamoi ma Tatá Rekove renheno'ãa,oguerojapyxaka'i oikovy mbovy ára rei pa, noguērokãne'õi. Xamoi oikuaa rupi vyma, tatá rekovy oexauka tenonderã, haegui mbaeaxy ombopiro'y avi...Tatá rekove aegui Karai ma petei hapyta rami ikuai tekoa py. Kova'e tembiapó ma petei jurua ojapo avã,oiko mbovy ára rei tekoa py, oexa marã rami pa mbya reko ambopara avã.Opamba'e oexa, aegui oiko mbya reko py... Kova'e tembiapó ma oiko kuaxia pará re,petei jurua oexauka avã onhembo'e apy... Opamba'e ma oexauka, kuaxia Pará py ha'egui tangaa py avi. Ha'egui kova'e kuaxia Pará py ma omombe'u avi marã rami pa Nhe'ē rete'i kuery,oikuaa avã mba'e pa teko rekove... Tatá rekove aegui Xamoi Alcindo Werá Tupã ma ,omombe'u marã rami pa yma gua kuery ikuai raka'e,a'ý ma omombe'u ju, nhande kuery nhanerakate'y avã nhande rete'i re.Situado entre los años 2018 y 2021, en el sur de Brasil, en la aldea Mbyá Guaraní Tekoá Pindó Mirim, en Itapuã, Rio Grande do Sul (RS), este trabajo tiene como objetivo narrar el encuentro de una familia con su abuelo, el anciano Alcindo Werá Tupã. De este encuentro, surgen enseñanzas éticas desde una espiritualidad que vuelve sagrado lo cotidiano. El fuego que reza el anciano es una puerta de entrada para acceder a conocimientos trascendentales, una entidad viva, capaz de curar y transmitir visiones. El fuego y el anciano son el núcleo de la comunidad, una fuerza que une y que guía al colectivo. El proceso de vivir junto con la familia y ser afectado por la perspectiva existencial enseñada por el anciano hace que el autor viva una ambivalencia como aprendiz del mundo Guaraní y investigador no indígena. La metodología es de orientación Guaraní, de modo que se busca un rigor ético al construir un trabajo guiado por la teoría que se presenta en el encuentro con la alteridad Mbyá. La escritura, por lo tanto, se hace con el corazón. A partir de la relación con el imaginario de quien las observa, las imágenes tienen el poder de crear historias por sí mismas. En este trabajo, hay imágenes tanto en medio del texto como también en ensayos libres de manejo de palabras. La noción de desarrollo rural, que rige el campo académico que se vincula a esta tesis de maestría, es interpelada por la idea de participación comunitaria, que está más en sintonía con la perspectiva existencial Guaraní. El ser humano busca un significado a su existencia. El fuego sagrado, junto con la sabiduría del anciano Mbyá Alcindo Werá Tupã, es el eslabón entre el presente y una ancestralidad que trasciende la idea de tiempo y enseña el significado sagrado de la vida

    Cultura, paisagem e educação no contexto da retomada Mbyá Guarani em Maquiné, Rio Grande do Sul

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    A partir do movimento de Retomada no Yvyrupá, território ancestral Guarani, e a recente retomada, no dia 27 de janeiro de 2017, de área abandonada, mas sob posse jurídica do Estado, em Maquiné, RS, propôs-se um estudo em parceria com a comunidade Mbyá Guarani da recém-formada Tekoá Ka’aguy Porã, no qual seu modo de se relacionar com a paisagem, sua luta política e suas perspectivas de educação foram focos vivenciadas em campo, buscando-se uma tradução interpretativa das vozes dos indígenas com quem se conviveu. Para tanto, o estudo traz reflexões sobre as vivências, a tradução do conceito de tekó jeapó, “cultura em ação”, bem como as motivações envolvidas no projeto de escola Tekó Jeapó, dessa comunidade. O trabalho de Ingold (2000), Carneiro da Cunha (2009) e Wagner (2010) constituem as principais bases teóricas do estudo. Os cerca de 85 Mbyá Guarani estão vivendo no território onde funcionava a Fepagro, extinta pelo governo estadual então vigente. O cacique da Tekoá Ka’aguy Porã, André Benites, explica que não se trata de invasão, nem ocupação, mas de uma retomada de um território que sempre foi do seu povo. A retomada em Maquiné integra um movimento mais amplo, em que lideranças das comunidades Mbyá Guarani do Rio Grande do Sul, apoiadas por suas comunidades, em consonância com outros movimentos indígenas no Brasil, investem num processo de articulação com pessoas e organizações não indígenas, buscando apoio para a conquista de direitos já garantidos em lei, mas que na prática não funcionam. Um dos direitos mais importantes é a garantia de territórios que permitam um viver saudável, contemplando seus jeitos tradicionais de relação com a paisagem, com o mundo, possibilitando retomar esses processos geradores de conhecimentos, ensinar aos jovens ao permitir-lhes a vivência. Portanto, a Retomada no Yvyrupá é muito mais que a retomada do território, o qual foi apropriado, invadido pelos colonizadores europeus. Retomada é a retomada da vida, da possibilidade de viver numa paisagem que possibilite o nhanderekó, jeito de ser Guarani. A criação de uma escola própria, desvinculada do Estado, representa a retomada da autonomia, um objetivo da luta política dos Mbyá Guarani do Estado

    Comentarios a una sentencia anunciada : el proceso Lula

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    El centenar de textos que conforman este libro -escritos por un movimiento de prestigiosos/as juristas y abogados- desgranan el procedimiento al que fue sometido Lula. En la opinión de las y los autores de los artículos las normas no fueron observadas, y su inobservancia llevó a que se dictaminase una decisión injusta. Frases del estilo "Voy a tomar una decisión revolucionaria, dejando de lado la ley, porque por la ley no se puede condenarlo de ninguna manera”, dichas en los juicios por las más altas autoridades judiciales militares y civiles, hoy son conocidas gracias a quienes se abocaron al trabajo de escuchar los audios de aquellas sesiones, nutriendo las reflexiones que argumentan sobre el imperativo de la hora: restablecer el estado de derecho y absolver al presidente Lula Da Silva
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