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    Impacto da pandemia por covid-19 na epidemiologia da bronquiolite viral aguda em uma unidade de emergência pediátrica no Sul do Brasil

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    Introdução: Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde declarou a covid- 19 uma pandemia e, durante esse período, foram implementadas intervenções para reduzir a transmissão do vírus SARS-CoV-2. Como consequência dessas medidas, especula-se que a circulação de vários vírus respiratórios foi reduzida, devendo, portanto, impactar na epidemiologia das bronquiolites virais agudas (BVAs) em todo o mundo. Objetivos: Avaliar as características epidemiológicas e clínicas da BVA em crianças menores de dois anos admitidas em sala de emergência pediátrica em um hospital terciário da região Sul do Brasil, durante a pandemia da covid-19. Metodologia: Estudo transversal. Foram incluídos todos os pacientes menores de dois anos admitidos na unidade de emergência pediátrica do hospital, de março de 2020 a junho de 2022, com diagnóstico de BVA. Foram excluídos pacientes com diagnóstico de fibrose cística, displasia broncopulmonar e pneumopatia do refluxo. Os dados foram coletados mediante prontuário eletrônico, sendo revisada a história clínica de cada paciente. Foram avaliados os agentes etiológicos virais, com foco no vírus sincicial respiratório (VSR), influenza e SARS-CoV-2 e mensuradas as possíveis associações com desfechos clínicos, como necessidade e tempo de oxigenoterapia por cateter extra nasal (CEN) e cateter nasal de alto fluxo (CNAF), tempo de internação e evolução clínica final. O programa utilizado para a análise estatística foi o SPSS v. 20.0 e considerou-se um nível de significância de 5% para as comparações estabelecidas. Resultados: Foram admitidos 356 pacientes com diagnóstico de BVA durante o período do estudo (26 em 2020; 181 em 2021; 149 em 2022). O VSR foi o agente etiológico mais prevalente (36%), responsável por 0 internações em 2020, 74 (40,8%) em 2021 e 54 (36,2%) em 2022 (p=0,001). Esses pacientes apresentaram maior necessidade de oxigenoterapia suplementar em relação à influenza e ao SARS-CoV-2 (95,3%; 86,7% e 77,3%, respectivamente) (p=0,01). Em relação à evolução clínica e terapêutica (uso e tempo de oxigenoterapia por CEN e CNAF, tempo de internação hospitalar e desfecho final), não houve diferença nos anos analisados, exceto que, em 2020, as BVAs tiveram menor necessidade de uso de O2 (61,5% x 81,1% em 2021 e 83,9% em 2022) (p=0,02). Poucos casos de BVA por SARS-CoV-2 foram constatados durante o período do estudo (2 em 2020, 5 em 2021 e 15 em 2022) (p=0,02). Conclusão: Constatou-se que durante a pandemia da covid-19 ocorreu redução do número de admissões por BVA e houve uma redução ainda maior do VSR. Em 2021, o VSR voltou a ser o vírus mais prevalente. Em relação à evolução clínica dos pacientes, não houve diferença nos anos analisados, constatando que as BVAs no período da pandemia não foram mais graves. Houve poucos casos de BVA por SARS-CoV-2, dado sugestivo de que lactentes não são gravemente afetados por esse vírus.Introduction: In March 2020, the World Health Organization declared covid-19 a pandemic, and during that time, interventions were implemented to reduce transmission of the SARS-CoV-2 virus. As a consequence of these measures, it is speculated that the circulation of several respiratory viruses has been reduced and should therefore impact the epidemiology of acute viral bronchiolitis (AVB) worldwide. Objectives: To evaluate the epidemiological and clinical characteristics of AVB in children under two years of age admitted to a pediatric emergency room in a tertiary hospital in southern Brazil during the covid-19 pandemic. Methodology: Cross-sectional study. All patients under two years of age admitted to the hospital's pediatric emergency unit from March 2020 to June 2022 with a diagnosis of AVB were included. Patients diagnosed with cystic fibrosis, bronchopulmonary dysplasia and reflux pneumopathy were excluded. Data were collected through electronic medical records, and the clinical history of each patient was reviewed. Viral etiologic agents were evaluated, focusing on the respiratory syncytial virus (RSV), influenza, and SARS-CoV-2 and possible associations with clinical outcomes, such as the need and duration of oxygen therapy by extra-nasal catheter (NSC) and high-flow nasal catheter (HFSC), length of hospital stay and final clinical evolution, were measured. The program used for the statistical analysis was SPSS v. 20.0 and a significance level of 5% was considered for the established comparisons. Results: A total of 356 patients diagnosed with AVB were admitted during the study period (26 in 2020; 181 in 2021; 149 in 2022). RSV was the most prevalent etiologic agent (36%) and accounted for 0 hospitalizations in 2020, 74 (40.8%) in 2021, and 54 (36.2%) in 2022 (p=0.001). These patients had a higher need for supplemental oxygen therapy concerning influenza and SARS-CoV-2 (95.3%; 86.7% and 77.3%, respectively) (p=0.01). Regarding the clinical and therapeutic evolution (use and duration of oxygen therapy by CEN and CNAF, length of hospital stay, and final outcome) there was no difference in the years analyzed, except that, in 2020, the AVBs had a lower need for O2 use (61.5% x 81.1% in 2021 and 83.9% in 2022) (p=0.02). Few cases of SARS-CoV-2 BVA were found during the study period (2 in 2020, 5 in 2021, and 15 in 2022) (p=0.02). Conclusion: It was found that during the covid-19 pandemic, there was a reduction in the number of admissions for BVA and there was an even greater reduction in RSV. In 2021, RSV returned to being the most prevalent virus. Regarding the clinical evolution of the patients, there was no difference in the years analyzed, noting that the AVBs during the pandemic were not more severe. There have been few cases of SARS-CoV-2 AVB, suggesting that infants are not severely affected by this virus
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