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    A Filosofia vai à cheche : construção de uma comunidade de investigação filosófica com crianças até aos 3 anos

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    Dissertação de Mestrado, Filosofia para Crianças, 13 de julho de 2021.Até há pouco tempo, a Filosofia tem-se mantido afastada da criança, e vice-versa. Se nos posicionarmos perante uma abordagem pedagógica e antropológica, a ideia de juntar a Filosofia e a infância pode mesmo continuar distante pois se, para uns, a capacidade de questionamento e perplexidade são naturais e espontâneas na criança, para outros, a capacidade de raciocínio necessária ao pensamento filosófico ainda está dependente de uma certa maturidade que, neste caso, ela ainda não atingiu. Mas como perceber se as crianças, na sua forma espontânea de ser, serão capazes de exercer um pensamento filosófico de indagação e questionamento, que se traduz como a ferramenta fundamental da Filosofia? A partir de uma prática profissional, como Educadora de Infância em contexto de creche, e também na qualidade de aluna do Mestrado em Filosofia para Crianças, este estudo investiga se serão as crianças em contexto de creche capazes de desenvolver habilidades e competências que lhes permitam constituir-se em Comunidade de Investigação Filosófica. Paralelamente, o trabalho realizado levou-nos a problematizar se a prática filosófica com crianças em contexto de creche pode trazer algum desafio ao próprio conceito de “comunidade de investigação filosófica” e aos seus pressupostos. Tentamos então, compreender quais os pressupostos do conceito de Comunidade de Investigação Filosófica, tal como foi pensado por Matthew Lipman e Ann Sharp, quando aplicado ao contexto de creche. Através da observação, na prática, do modo como crianças até aos 3 anos podem responder a esses pressupostos, e através da construção de Comunidade de Investigação Filosófica, explorámos os desafios que as crianças em contexto de Creche colocam à prática filosófica, verificando de que modo esse exercício pode permitir (re)pensar o próprio conceito de Comunidade de Investigação. Para justificar o tema da dissertação, relembramos o convite que Lipman lança à Filosofia para que olhe a infância de uma forma inovadora, através de uma abordagem dialógica que promove a investigação de questões ou perguntas, e oferece um leque de instrumentos dialógicos que facilitam o pensamento. Isto faz com que a presente investigação nos conduza à origem do conceito de Comunidade de Investigação Filosófica, infraestrutura pedagógica, epistemológica, ética, estética e política presente em algumas abordagens ao trabalho filosófico com as crianças. Além disso o texto conduz a leituras contemporâneas do conceito, perante uma abordagem sobre a prática facilitadora do pensar de forma livre e autorregulada. Através das múltiplas competências que promove, tenciona-se perceber até que ponto a prática da Comunidade de Investigação pode ser um meio por excelência para que a criança explore filosoficamente o seu pensamento. O presente estudo, para além do trabalho hermenêutico de análise e interpretação de textos, trata uma investigação de carácter exploratório, com a adoção de uma metodologia qualitativa.ABSTRACT: Until recently Philosophy has been kept away from children and vice versa. If we take a pedagogical and anthropological approach, the idea of bringing Philosophy and childhood together may even remain distant because if for some the capacity for questioning and perplexity are natural and spontaneous in the child, for others the capacity for reasoning necessary for philosophical thought is still dependent on a certain maturity that, in this case, the child has not reached yet. But how can we perceive if children in their own spontaneous way will be able to exercise a philosophical thought of inquiry and questioning which translates as the fundamental tool of Philosophy? From a professional practice and point of view, as a Kindergarten teacher in a creche context, and also as a Master Degree Student, this study investigates whether children in a creche context are capable of developing skills and competencies that allow them to constitute a Philosophical Research Community. At the same time this study has led us to problematize whether a philosophical practice with children in a creche context may bring a challenge to the very concept of Philosophical Research Community and its assumptions. This is an attempt to understand which the assumptions of the Philosophical Research Community concept are, in a creche context, as it was created and developed by Matthew Lipman and Ann Sharp. In practice by observing how children up to three years of age may respond to these assumptions and by creating a Philosophical Research Community, we explore the challenges that children in a creche context experience towards philosophical practice, verifying how this exercise can allow a (re)thinking of the proper concept of Research Community. To justify the dissertation topic, we recall Lipman´s invitation to Philosophy to look at childhood in an innovative way, through a dialogical approach that promotes the investigation of questions or issues and offers a range of dialogical tools that facilitate thinking. This leads us to the origin of the Philosophical Research Community concept, pedagogical, epistemological, ethical, aesthetic and political infrastructure present in some approaches to philosophical work with children. In addition, the text leads to a contemporary understanding of the concept, facing a practical approach that facilitates thinking in a free and self-regulated way. Through multiple skills that it promotes, the intention is to find out to what extend the Philosophical Research Community practice may be an excellent way for the child to explore its philosophical thinking. This study, besides the hermeneutic work of analysis and interpretation of texts, deals with an exploratory investigation with the adoption of a qualitative methodology
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