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Desenvolvimento de tecnologia para extensão do shelf-life de produtos de panificação da empresa Panimafra
Este estudo tem por objetivo desenvolver tecnologia que permita alargar o tempo
de vida útil (shelf-life time) do Pão de Mafra, fabricado a partir de farinha de trigo
e centeio, levedura, sal e elevada % de água, na sua versão “pão de forma” fatiado.
A empresa garante apenas 1 dia de validade para o produto (o pão é produzido,
distribuído e recolhido diariamente) mas pretende alargar para 5 dias. Para tal
recorreu-se à utilização de aditivos alimentares com ação conservante.
A estratégia adotada consistiu na pulverização com aditivos sobre o pão fatiado,
sendo embalados de seguida e guardados num local seco e fresco. Diariamente
efetuou-se uma vistoria a todas as amostras para análise de eventuais
desenvolvimentos de bolores. Num primeiro ensaio utilizaram-se 6 aditivos,
selecionados de acordo com a legislação portuguesa e da EU (que se identificam
nesta fase por aditivos A, B, C, D, E e F), tendo-se desenvolvido 3 soluções para
cada aditivo com concentrações variadas dentro dos teores legais possíveis. Estas
soluções aplicaram-se sobre os pães com o auxílio de pulverizadores (10 mL de
cada solução em cada amostra – 3 fatias de pão x 3 réplicas). Deste primeiro ensaio
resultou a exclusão dos aditivos B e D dado que o aparecimento de bolores ocorreu
ao 3º dia após a aplicação e dos aditivos E e F devido ao aparecimento de bolores
entre o 4º e o 6º dia.
Num segundo ensaio utilizaram-se apenas os aditivos A e C (aditivos que
demonstraram eficácia até 13 dias no 1º ensaio) e aplicaram-se sobre as amostras
em 6 concentrações distintas (10 mL de cada solução em cada amostra – 3 fatias
de pão x 4 réplicas), tendo sido armazenados sob as mesmas condições do ensaio
inicial. Este ensaio serviu para corroborar a escolha dos aditivos e selecionar quais
as concentrações mais adequadas (aditivo A, concentração A6 e aditivo C,
concentrações C3 e C6). No terceiro ensaio aplicaram-se as soluções anteriores a
metades de pão para verificar a continuidade dos resultados, testando-se a aplicação
direta no pão e a aplicação na embalagem. Mais tarde far-se-á o scale up para a
máquina de embalamento da empresa que pulverizará a solução do aditivo
escolhida para a superfície do pão, sendo seguidamente colocado no interior do
saco microperfurado. Paralelamente caracterizou-se a farinha (HR = 13,99%,
Proteínas = 11,01%, Glúten = 26,01%, Índice de Glúten = 87,13%, Força W = 215,65), teor de cinzas (0,662%), teor de matéria orgânica (51,073%),
humidade relativa (48,265%), elementos minerais (com recurso ao XRF Analyzer)
(Cl, K, S, P, Ca, Si, Zn, Mo, Zr, Nb, U, Sr, Rb), colorimetria (com recurso a
colorímetro que atua no espaço de cor CIELab) (hº miolo = 87,26; 68,16 ≤ hº
côdeas ≤ 72,90) e análise sensorial descritiva e hedónica, para verificar se a
pulverização de aditivos afeta ou não as caraterísticas organoléticas do pão em
causa. Os três últimos parâmetros serão sujeitos ao teste ANOVA com um grau de
significância de 5%, recorrendo ao software de tratamento estatístico R.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Aspetos nutricionais do arroz biofortificado em selénio
O Selénio (Se) é um elemento considerado essencial na saúde humana. No entanto
regista-se um nível baixo de ingestão do mesmo, devido à sua escassez nos
alimentos. O arroz é um dos cereais mais consumidos em todo o mundo. O aumento
do teor de Se no arroz através de estratégias de melhoramento de plantas e de
biofortificação agronómica poderá contribuir para um maior consumo deste
elemento pelas populações. Este estudo pretende caracterizar alguns aspetos
nutricionais do arroz biofortificado naturalmente em Se, obtido em ensaios de campo
no Ribatejo, a partir de variedades comerciais (Ariete e Albatros) e linhas avançadas
portuguesas (OP1105 e OP1109, Programa de Melhoramento do Arroz -
INIAV/Cotarroz). Procedeu-se à aplicação foliar de Se sob a forma de selenato e
selenito de sódio, em várias concentrações, com e sem adubação de fundo com
selenato. A aplicação foliar (sem adubação de fundo) foi suficiente para obtenção de
resultados satisfatórios. O Se distribuiu-se uniformemente pelo grão em todos os
tratamentos. Alguns parâmetros nutricionais e de qualidade (lípidos, açúcares
solúveis, proteína) foram avaliados na farinha obtida a partir dos grãos
biofortificados.
A concentração de Se nos grãos aumentou com os teores foliares de selenito e
selenato aplicados, obtendo-se no entanto melhores resultados para o selenito.
Observou-se variabilidade genética entre os genótipos, destacando-se Albatros e
OP1105 pelos maiores teores de Se acumulados no grão, o que possibilita uma
manipulação tecnológica relevante. As aplicações de Se provocaram alterações nos
teores de ácidos gordos totais em alguns genótipos, resultantes de variações nos
teores dos ácidos palmítico (C16:0), oleico (C18:1) e linoleico (C18:2). Os teores de
açúcares solúveis e de proteína tenderam a aumentar com as concentrações mais
elevadas de Se. De uma forma geral o peso de mil grãos (PMG) não foi
significativamente afetado pelos tratamentos. Em síntese, os tratamentos aplicados
parecem ser adequados tendo em vista a acumulação de Se no grão, não
comprometendo a produção nem os parâmetros nutricionais. As concentrações de Se
a serem aplicadas dependerão da finalidade industrial do arroz. Concentrações mais
baixas de Se (30 a 60 g Se ha-1) serão mais adequadas para a biofortificação de arroz
em áreas de cultivo extensas, enquanto que as mais elevadas (até 180 g Se ha-1)
permitirão a obtenção de grãos com maior concentração de Se, que poderão ser
submetidos ao processamento industrial (i.e., produção de farinha) e incorporar
misturas com farinhas não biofortificadas.info:eu-repo/semantics/publishedVersio