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Síndrome de Guillain-Barré e Neurossífilis: uma abordagem multiprofissional
Introdução: A Síndrome Guillain-Barré e a Neurossífilis são doenças que acometem o sistema nervoso periférico e central. Sendo a primeira possui origem autoimune, inflamatória aguda e de rápida evolução conduzindo a desmielinização e/ou degeneração axonal dos nervos periféricos por consequência dos mecanismos complexos de mimetismo molecular. Já a neurossífilis não é mais do que um quadro de meningovasculite crônica, capaz de produzir lesões vasculares e parenquimatosas no cérebro e na medula espinhal. Relato de caso: Paciente sexo feminino, 20 anos, previamente hígida, com história de perda da função motora e evolução rápida em um dia. Foi admitida no pronto atendimento médico de hospital terciário com história de dor cervical e fraqueza nos membros inferiores com progressão para membros superiores, de disfagia, parestesia na língua e lábios, com possível diagnóstico de Síndrome Guillain-Barré e Neurosífilis. Foi atendida pela equipe multiprofissional que realizou escuta qualificada e acolhimento através de abordagem social humanizada. Na avaliação inicial apresentou Escala de Coma de Glasgow 15, Escore MRC: 42, Braden: 16 apresentando risco moderado para lesão por pressão (LPP). No diagnóstico nutricional apresentava-se eutrófica, com base no peso relatado de 54Kg, mas no exame físico indicava sinais de desnutrição. Os exames laboratoriais realizados no líquor mostraram elevação proteica de 610 mg/dL e exame VDRL reagente, com titulação de 1/16 confirmando as suspeitas diagnósticas iniciais. Para o tratamento da Síndrome de Guillain-Barré fez uso de Imunoglobulina Humana por 5 dias e Benzilpenicilina Cristalina por 14 dias para o tratamento da Neurossifilis. Discussão: A paciente teve resposta satisfatória aos tratamento medicamentosos, porém apresentou flebite como reação adversa à Penicilina onde foram realizados cuidados e orientações. Na avaliação nutricional a paciente apresentou ganho de 8.7 kg. Obteve também ganho da força muscular, apresentando no momento da alta MRC: 50, bem como melhora da coordenação motora, equilíbrio estático e dinâmico, conseguindo realizar marcha com auxílio. Na escala de Braden: 18, evidenciando baixo risco para LPP. Para dar continuidade a sua reabilitação, a paciente foi transferida para hospital de retaguarda. Palavras-chave: Guillain-barré, Equipe Multiprofissional, Neurossífilis
Intoxicação exógena voluntária por organofosforado: relato de caso
Introdução: A intoxicação exógena é o conjunto de efeitos nocivos representados por manifestações clínicas ou laboratoriais que revelam desequilíbrio orgânico. Segundo o SINITOX, em 2015foram registrados 28778 casos de intoxicações exógenas no Brasil. Objetivo: Relatar o caso de paciente com intoxicação exógena voluntária por organofosforado contido em carrapaticida. Método: As informações contidas neste trabalho foram obtidas através de visitas diárias à beira leito e acesso ao prontuário da paciente, realizada por uma equipe de residentes multiprofissionais em UTI de um hospital terciário de Mato Grosso do Sul (MS). Resultados: Paciente do sexo feminino, 23 anos de idade, adestradora de animais, reside com a mãe e a irmã em município do interior de MS. Fazia acompanhamento irregular de quadro depressivo, comparecendo em somente duas consultas nos últimos dois anos. Foi admitida em hospital da cidade de origem, acompanhada da mãe, com relato de intoxicação exógena por carrapaticida, sendo realizada lavagem gástrica com soro fisiológico e carvão ativado via sonda nasogástrica, além da administração de 2 ampolas de dexametasona e 8 ampolas de atropina de 15 em 15 minutos por 5 vezes, 30 em 30 minutos por 2 vezes e 45 em 45 minutos por 2 vezes, sucessivamente. Após RNC e cianose de extremidades, a paciente evoluiu com parada cardiorrespiratória, sendo intubada e encaminhada para hospital terciário de MS com hipersialorreia e fasciculações. Os exames laboratoriais demonstraram leucocitose (24680/mm³) e elevação discreta da enzima CPK (212 U/L) e o diagnóstico nutricional era de eutrofia, com peso estimado de 52,7 kg e peso ideal de 53,4 kg. A paciente passou a receber, então, atropina em Bomba de Infusão Contínua (BIC) 2 mg/h, e posteriormente a vazão foi aumentada para 8 mg/h conforme recomendação do “Up to date”. Após dois dias de internação a atropina foi suspensa, havendo a necessidade da realização desta medicação em bollus (2 mg) no dia seguinte, devido aos sinais muscarínicos. Após episódio de extubação acidental, a paciente realizou ventilação não invasiva, no entanto, devido agitação e IRpA, houve a necessidade de nova intubação. Além disso, foi realizada Tomografia de Crânio, que não evidenciou alterações. Devido ao tempo prolongado de intubação, a paciente foi traqueostomizada e realizou o desmame da ventilação mecânica, ficando em macronebulização. Conclusões: Após 45 dias de internação houve nova avaliação nutricional, constatando uma perda de 7,3 kg, mas o diagnóstico manteve-se em eutrofia. A paciente recebeu alta para hospital de retaguarda visando sua reabilitação, eupneica com TQT ocluída, sem sinais de desconforto respiratório, conseguindo manter diálogo com interlocutor e alimentando-se por via oral sem intercorrências.
Palavras-chave: Intoxicação. Organofosforado. Agrotóxico