2 research outputs found

    O Inca Garcilaso de la Vega e seu trânsito entre a colônia e a metrópole: revisionismo histórico e literário

    Get PDF
    Os primeiros textos literários coloniais de autoria indígena e mestiça foram publicados na América hispânica no século XVII. Primeiramente foi publicado o livro intitulado Comentarios Reales de los Incas (1609) escrito pelo mestiço peruano Inca Garcilaso de la Vega (1539-1616), e em 1615 foi publicada a Nueva corónica y buen gobierno de autoria do cronista indígena Felipe Guaman Poma de Ayala (1534-1615). Essas obras constituem parte importante do corpus literário colonial, pois se situam nas denominadas zonas de contacto (PRATT, 2010, p. 31). Esses textos coloniais escritos por mestiços ou indígenas apresentam um relato oposto ao desenvolvido pelos cronistas europeus no que se refere à representação do indígena, e revelam uma versão pessoal e diferente da história desses povos. Dentro desse contexto, a obra do Inca Garcilaso de la Vega pode ser considerada uma das primeiras fontes escritas por um mestiço que enfrentou a história oficial da conquista. O Inca Garcilaso participou ativamente na construção e narração de sua própria história, acabando com a posição secundária e passiva que lhe conferiam os cronistas espanhóis

    O CARÁTER FRONTEIRIÇO DO SUJEITO CITADINO EM PABLO NERUDA

    Get PDF
    ABSTRACT: The imagetic process in Pablo Neruda's work is built through the creation of images resulting from life experiences kept in memories. It is also an existential questioning of the poet based upon the critical look on the historical and personal moment. In this creative process, Neruda's imagetic world strongly references Temuco's natural aspects, the everyday setting of his childhood and adolescence, part of the scenery that remained in his memory and crystalized in his works. The ascertainment that Neruda, in the transition from province to metropolis, does not reach his emotional final destination, remaining in a long transitory state (threshold), allowing us to highlight the emergence of a "border subject", situated between the provincial universe and the urban universe. In Neruda, the concept of border does not only references a territorial boundary between two regions that are politically and culturally different, but also temporal boundaries, since in his stay in the city the poet turns into a body that experiences the location and establishes a critical relationship towards it: he describes it poetically and develops a temporal mobility from the city to the province. This border state shows an intermediary position in individuals that by moving within his/her own country feel in the margins of his/her own culture. In neruda, the notion of border is a recurring issue in the subject of cities, in which the border is related to the geographical space (country, city and harbor) with the time space (present and past), and with cultural space in which concerns the regional identity differences of a certain country. Thus, it is important to approach the analysis of border overcoming regarding the geographical and cultural issues, but above all to the subjective formulations as a result of interpersonal processes. KEYWORDS: Border; Identity; Pablo Neruda.O processo imagético na obra de Pablo Neruda se constrói através da criação de imagens resultantes do resgate das experiências de vida guardadas na memória. Trata-se também de um questionamento existencial do poeta com base no olhar crítico sobre o momento histórico e pessoal. Neste processo criativo o mundo imagético de Neruda faz uma forte referência aos elementos da natureza de Temuco, cenário cotidiano de sua infância e adolescência, constituintes da paisagem que permaneceu em sua memória e se cristalizou em sua obra. A constatação de que na passagem da província para a capital Neruda não atinge emocionalmente seu destino final, permanecendo num longo estado de transição (limiar), permite apontar para o surgimento de um ‘sujeito fronteiriço’ situado entre o universo provinciano e o universo urbano.  Em Neruda, o conceito de fronteiriço não alude somente a uma demarcação territorial entre duas regiões que são política e culturalmente diferentes, mas também a delimitações temporais, já que em sua permanência na cidade o poeta se transforma num corpo que experimenta o lugar e estabelece uma relação crítica frente a ele: descreve-o poeticamente e desenvolve uma mobilidade temporal da cidade à província. Este estado fronteiriço demonstra uma posição intermediária em indivíduos que ao se deslocarem dentro do próprio país se sentem à margem de sua própria cultura. Em Neruda a noção de fronteira é uma problemática recorrente na temática das cidades, onde o fronteiriço tem relação com o espaço geográfico (campo, metrópole e porto), com o espaço temporal (presente e passado) e com o espaço cultural, no que se refere às diferenças identitárias regionais de um mesmo país. Por isto, é importante abordar a análise da superação de fronteiras no que diz respeito às questões de ordem geográfica e cultural, mas sobre tudo às formulações subjetivas decorrentes dos processos interpessoais
    corecore