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    A língua guarani (ainda) viva no Brasil: a cultura originária que a colonização não conseguiu eliminar

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    Brazil presents itself to the world by means of a single language, Portuguese. This fact hides the data raised by the IBGE’s 2010 census: the existence of 274 different languages, according to the respondents’ spontaneous answers. Thus, Brazil cannot be considered a monolingual country. Once called Pindoráma by the Guarani, Brazil’s main language used to be an original language mixed with Portuguese (the General Language). However, in 1757, under the influence of the Marquis of Pombal, the Portuguese government issued a decree that banned the use of that language. This paper aims to demonstrate that, despite the language ban, in the historical context of colonization, the Guarani language remains alive in today's Brazilian Portuguese. In order to do so, we refer to grammars and dictionaries from past centuries and compare them with what would correspond to today's indigenous language. Through the lexical study of Portuguese, grammatical expressions, names of rivers, and some localities in the city of São Paulo have been enumerated to finally exemplify how some Brazilian states’ names also originated from the same language family. Thus, we conclude that despite the linguistic-cultural ethnocide, and even if denied by the official language, the Guarani language in Brazil has been keeping its original culture alive, which constitutes a fundamental reason to value the surviving human beings who, even today, speak that same language.  O Brasil se apresenta ao mundo com o único idioma, o português. Este fato esconde os dados que o censo do IBGE indicou em 2010: a presença de 274 línguas diferentes, segundo a resposta espontânea dos brasileiros. Assim, não podemos falar de monolinguismo neste país. O Brasil, denominado Pindoráma pelos Guarani, tinha como o seu principal idioma uma língua originária misturada com português (Língua Geral). Mas, em 1757, sob a influência do Marquês de Pombal, o governo português baixou um decreto proibindo o uso daquele idioma. Este trabalho objetiva demonstrar que, apesar da proibição, no contexto histórico da colonização, essa língua originária permanece viva no português brasileiro atual. Para isso, nos remetemos a gramáticas e dicionários de séculos passados e os comparamos com o que corresponderia à língua indígena atual. Por meio de observações lexicais na língua portuguesa enumeramos algumas expressões gramaticais, nomes de rios, e algumas localidades da cidade de São Paulo para, finalmente, exemplificar alguns estados brasileiros cujos nomes também foram originados da mesma família lingüística. Assim, concluímos que a língua guarani no Brasil, apesar do etnocídio linguístico-cultural, e mesmo negada pela língua oficial, mantém viva a cultura originária, motivo fundamental para que se valorizem os seres humanos sobreviventes que, ainda hoje, falam essa mesma língua

    Narrações e preconceitos no contato das línguas guarani e castelhana no Paraguai

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    O compexo fenômeno linguístico no Paraguai tem sido estudado e analisado por muitos como “bilinguismo”, em que o guarani e o espanhol, duas línguas de origens muito diferentes, convivem juntas. A princípio, os europeus foram se adaptando à língua originária e, assim, em toda a região do Pindorama (Brasil) e no Paraguai, a língua originária foi mantida majoritariamente como a língua da colonia, porém isso foi mudando posteriormente: no Brasil em 1759, a reforma educacional implementada pelo Marquês de Pombal indicou o início da supremacia da língua europeia sobre a originária, e, da mesma forma que fora proibida no Brasil, assim também ocorreu no Paraguai. Hoje, depois de mais de 500 anos, o guarani se mantém no Brasil quase que exclusivamente nos grupos originários; por outro lado, no Paraguai, o guarani é a língua falada pela maioria da população não indígena, sendo oficializada em 1992. Apresentamos alguns motivos que poderiam ter ajudado a população paraguaia a manter a sua língua originária até os dias de hoje: defendemos, neste trabalho, que um desses motivos constitui-se a partir da responsabilidade das mulheres guarani. Também fica claro que os usos das duas línguas se dão em espaços difereciados, dando margem a que alguns questionem o real bilinguismo, considerando o status de supremacia da língua européia em relação à lingua originária. Entretanto, tal supremacia se vê invertida em épocas de contatos profundos, principalmente conflitos, com outros países por causa do uso político dessa cultura. Ao final deste trabalho, concluímos apresentando como as forças públicas e políticas do país estão realizando vários trabalhos de revitalização da lingua guarani para que o seu uso seja incluído naqueles outros espaços nos quais ainda não está inserida
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