Centro Latino-Americano de Estudos em Cultura - CLAEC
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HAITIANOS EM CUIABÁ: A VOZ DE UM POVO NAS HISTÓRIAS DE VIDA
O presente trabalho reflete as inquietações provocadas pelo movimento migratório de haitianos para Cuiabá, Mato Grosso, após o terremoto em 2010, no que refere à reconfiguração identitária, presente nas situações vivenciadas noutro contexto sociocultural. Trata-se de análise do relato de três sujeitos, através de histórias de vida, colhidas via entrevista semiestruturada. Indivíduos com patrimônio cultural consolidado dentro de um processo histórico modificam-se pela incorporação de outros elementos da nova realidade, tornando os processos reais de solidariedade, um lugar para refazer a subjetividade humana e suas expressões identitárias situacionais. É na reemergência do sujeito que observamos o surgimento de novas identidades, uma multiplicação de identidades locais com o colapso da identidade de origem. Com o objetivo de dar voz aos sujeitos, esta perspectiva implica num novo olhar e outros aportes teóricos para a captação da realidade do sujeito-objeto. A narrativa como ferramenta para pesquisa contribui para a construção histórica da realidade a partir do relato de fatos passados, numa perspectiva para o futuro. Assim o sujeito relata sua experiência, atribuindo-lhe outro significado, e possibilita ao entrevistador a escuta e transformação de si por impregnar-se desses conteúdos, proporcionando diversas possibilidades de interpretação. Os resultados indicam, de maneira geral, preocupação com inserção no mercado de trabalho, procura por espaços de preservação da cultura haitiana, e pela aprendizagem da cultura e idioma locais. Palavras-chave: Cuiabá; Identidade; Haitianos; Narrativa.
Entre a Casa e a Rua: reflexões teóricas sobre o ócio em tempos de COVID-19
O ano de 2020 será marcado pela presença devastadora de um inimigo invisível, que circulou não só nos países pobres, mas também nas nações mais poderosas do planeta: o COVID-19. Novo vírus que paralisou a vida social e a economia mundial e que trouxe novas dinâmicas sociais em âmbito global. Nesse sentido, o presente artigo busca refletir sobre a relação entre casa e rua em tempos de pandemia, analisando como o processo de isolamento social inviabilizou práticas de lazer fora de casa e estimulou experiências de ócio em âmbito doméstico que vão de encontro à sociedade capitalista de consumo. Para tanto, buscamos o suporte teórico da pesquisa bibliográfica e documental de autores que se debruçaram sobre o mundo pandêmico e sobre a realidade brasileira durante a crise sanitária, por meio de livros, textos, artigos, matérias jornalísticas e entrevistas disponíveis na web. Além disso, buscamos pensar o lazer e o ócio no contexto brasileiro por meio das categorias casa e rua tratadas pelo antropólogo Roberto DaMatta. Diante do estudo, identificamos que o uso da rua como espaço de lazer tornou-se inviável pelo perigo de transmissão descontrolada do vírus, tornando-se seu uso restritivo, como medida de contenção e proteção social. Nesse sentido, o ócio foi recuperado como uma possibilidade de redescoberta individual e de adaptabilidade ao isolamento social, convidando os indivíduos a voltarem-se para si como experiência de bem-estar. Entretanto, se faz necessário salientar que no Brasil nem todos os cidadãos tiveram a possibilidade de vivenciar o ócio, sobretudo pelas próprias desigualdades sociais e laborais, uma vez que no âmbito brasileiro a possibilidade de usufruto dessa experiência passou a ser vivida apenas por àqueles que puderam manter-se em casa
Sheherazade’s Telejournalism and the One Thousand and Six Nights: An Analysis based on Bauman, Wolton, Maffesoli, and on the Inquisitorial Events of an Apocalyptic Era
Following Raquel Sheherazade’s statement – a television newscaster at the Brazilian Television System (SBT) – when commenting on a collective aggression to a young man - accused of mugging who was tied to a lamp post and beaten up - numerous cases of lynching were reported in several localities in Brazil. The impact of such conduct and the cycle of events that followed have encouraged us to debate the phenomenon. From such an exposed scenario, we have observed, based on a bibliographical review of Paulo Freire, Zygmunt Bauman, Dominique Wolton and Michel Maffesoli, and also on an observational analysis of the matter, we have attempted to determine how much the system sponsors dehumanization on the relations and uses of the mass media to propagate their interests towards an apocalyptic era. Investigating and reflecting over these contemporary inquisitorial phenomena, we call attention to the Cycle of Oppression as a visible vehicle of our contemporaneity and its prevailing system. This has led us to infer that the Pedagogy of the Oppressed can be a strategy for re-humanizing human relations and for opposing the recurrent hatred and the mass media oppression in various Brazilian cities.
Projeto Teresa de Benguela: Construindo novos percursos para mulheres vítimas de violência
Atualmente os direitos das mulheresestão sendo garantidos poe Leis, e iniciativas, que buscam reivindicações, asegurar uma sociedade igualitária. Nesta perspectiva, percebe-se que embora estejam sendo tomadas muitas ações que visam garantir os direitos das mulheres, muitas encontram-se às margens de uma sociedade desigual. Indo de encontro a esses apontamnetos, foi desenvolvido um projeto de extensão aprovado e financiado pelo Instituto Federal de Educação e Tecnologia de Mato Grosso-IFMT, que visava o ensino de um ofício, primando a qualificação profissional, voltado às mulheres em situação de vulnerabilidade social frequentadoras do Centro de Referência de Assistência Social São Domingos (CRAS), em Sorriso-MT. O artigo apresenta as etapas do desenvolvimento metodológico do projeto e os resultados alcançados. Para ser executado foi preciso passar por várias etapas: A primeira correspondeu a estudos bibliográficos de autores que embasaram a parte metodológica e pesquisa de materiais. O segundo momento, correspondeu a aula inaugural e o ensino de técnicas de pintura, colagem, recortes e aplicações texturais em peças de MDF. A terceira etapa consistiu na aplicação da metodologia Mapa da Vida, possibilitando o conhecer melhor as mulheres e suas histórias de vida. Os resultados finais do projeto foram verificados por meio da aplicação de um questionário de pesquisa, entrevistas gravadas e filmadas, observações dos relatos ocorridos durante o decorrer das aulas. Por meio dessas estratégias e métodos de pesquisa qualitativa, percebeu-se que as alunas trocaram saberes, aprenderam um ofício que ajudou na renda familiar. Palavras-Chave: Arte-educação; Qualificação profissional; Empoderamento feminino
INTERCULTURALIDADE NA ESCOLA: O CORPO NA CONTEMPORANEIDADE
Resumo: A partir de um projeto desenvolvido com os discentes do Ensino Médio Técnico, cujo tema foi o corpo na contemporaneidade, que teve como mote a arte do colombiano Fernando Botero, visamos ampliar este projeto inicial e alinhá-lo à literatura argentina, englobando, assim, expressões artísticas sul-americanas nas aulas de língua espanhola. Para tanto, nos propomos a uma análise que aproxime as esculturas e telas de Botero ao romance Rafaela, da escritora argentina Mariana Furiasse (2002). Propomos, desse modo, uma análise que tenha como tema o corpo na contemporaneidade nas expressões artísticas sul-americanas, observando como se dá (re)inscrição de corpos plurais nas artes, os quais fogem a determinados padrões previamente estabelecidos. Sobretudo, buscamos observar como essas discussões podem ser ampliadas e debatidas em sala de aula, no contexto das aulas de Língua Espanhola, no Ensino Médio, a partir de uma abordagem intercultural. A metodologia do estudo é de caráter essencialmente bibliográfico e, enquanto aporte teórico, nos fundamentamos na interculturalidade, bem como na crítica especializada do ensino de literatura espanhola. Palavras-chave: Fernando Botero. Mariana Furiasse. Ensino-aprendizagem de língua espanhola. Ensino de literatura
Da caixa ao cubo: análise da obra “Parede da Memória” de Rosana Paulino
Este artigo tem como objetivo, por meio da obra Parede da Memória (1994/2015) da artista Rosana Paulino, relacionar o objeto artístico com aspectos sobre a construção de representações na arte e no espaço expositivo. O conceito de representação foi definido a partir das discussões estabelecidas por Stuart Hall (2016). E a ideia das relações entre a obra como fonte de reflexão e o espaço museológico foram pautadas no pensamento de Ulpiano de Meneses (2013) e Francisco R. L. Ramos (2004). As estratégias representacionais expostas neste trabalho apresentam a obra de Rosana Paulino em um diálogo contínuo com questões étnicas, raciais e de gênero sob o olhar da obra dentro do espaço museológico
Um olhar sobre a presença feminina na história: análise de narrativas de jovens da cidade de Ponta Grossa sobre a história do Brasil
Nas última décadas, tem havido em todos os campos do conhecimento uma emergência por temas antes pouco visitados pelos pesquisadores. Essa circunstância têm raízes nas reivindicações dos novos movimentos sociais que afloraram a partir da década de 1960, organizados por grupos colocados à margem dos debates sociais e acadêmicos. O estudo de mulheres, negros e jovens, para se limitar aos três dos grupos que mais lograram visibilidade naquele contexto, entrou na ordem do dia. Em âmbito acadêmico, esse acontecimento é acompanhado de uma expansão epistêmica do conceito de cultura, que causou uma multiplicação de novos objetos de estudo. Esses processos tem reverberação, dentre outros espaços, na educação. Currículos, provas e documentos que regem o ensino-aprendizagem passaram a integrar ações afirmativas que incluem esses grupos desprivilegiados. Tendo em vista esse panorama, a presente pesquisa teve por foco analisar a presença e o protagonismo dado a personagens femininas a partir da análise de narrativas de jovens sobre a história da nação coletadas na cidade de Ponta Grossa no ano de 2018. Para a análise foram utilizados softwares que transformaram as narrativas, coletadas por meio de questionários impressos compostos de questões dissertativas, em grafos para análise em rede. Como resultado é possível perceber que questões relacionadas a esse tema ainda são marginais na construção da história dos jovens, mesmo das mulheres
EXTRANJERIDAD, INESPECIFICIDAD Y VOCES FEMENINAS EN LAS AMÉRICAS: UNA LECTURA CONTRASTIVA DE LOS VIDEOPOEMAS “LA INMIGRANTE” (NICARAGUA, 2017) Y “DEAF BROWN GURL” (EUA-INDIA, 2015)
La videopoesía es una manifestación artística que se construye desde la década de los años 1970, y que borra las fronteras entre el arte escrito y la tecnología del entretenimiento que es el video. Los videopoemas son formas de creación que se caracterizan por su intersemiosis, su intermedialidad y por ser producciones colectivas e interdisciplinares; asimismo, se han expandido gracias a la tecnología intermedia y a las plataformas online de video. Las ideas de Julia Kristeva en su libro Estrangeiros para nós mesmos (1994), en el cual habla sobre la condición de extranjero y critica el rechazo hacia migrantes y refugiados, así como hacia aquellos que son considerados como los otros, son base para el análisis del cruce de fronteras (geográficas, culturales, tecnológicas, estéticas), de los videopoemas “La inmigrante” (2017) y “Deaf Brown Gurl” (EUA-India), en los cuales dos mujeres protagonistas son consideradas como “extranjeras” y deben enfrentar la alienación de esas etiquetas dadas por una comunidad a la que no pertenecen. Así mismo, los apuntes de Florencia Garramuño en su libro Frutos Estranhos (2014) aportan al análisis de la inespecificidad del videopoema y a la determinación de las peculiaridades de este tipo de producciones y su interacción entre lenguajes, recursos y elementos de este tipo de productos en constante transformación. Esta investigación es financiada por medio de la bolsa de Demanda Social de la Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), canalizada a través del programa Becas Brasil PAEC OEA-GCUB
UMA TRAVESSIA EPISTÊMICA FRONTEIRIÇA: dois lados ao Sul
Este trabalho tem como objetivo uma leitura da obra ‘Si me permiten hablar...’ testimonio de Domitila, una mujer de las minas de Bolivia (1999) transcrito e organizado pela brasileira Moema Viezzer a partir da noção de fronteira epistêmica. Para a leitura, utilizamos de uma metodologia bibliográfica pautada nos estudos descoloniais de críticos como Edgar Cézar Nolasco, Walter Mignolo, Boaventura de Sousa Santos, entre outros. Ademais, buscamos estabelecer interrelações entre nosso bios e o de Domitila, desde nossos discursos de sujeitos da exterioridade, além de pensar e escrever a partir de loci subalternos nós na/da fronteira-sul do Brasil e Domitila Chungara de um acampamento mineiro na Bolívia, pensada por meio de nossa condição de divíduos que escrevem e vivem em um lócus geoistórico fronteiriço específico, o estado de Mato Grosso do Sul, fronteira seca com os países Paraguai e Bolívia. Palavras-Chave: Si me permiten hablar; fronteira-sul; Domitila Chungara; Bolívia; mineiros.
Conectivivências: (im)possibilidades no contexto pandêmico e no que está por vir
O ano de 2020 foi totalmente atípico na educação e na convivência social no Brasil e no mundo. Transformações profundas na vivência da humanidade em meio à necessidade de isolamento social foi um grande desafio para o desenvolvimento educacional em todo o planeta nesse período. Plataformas digitais, redes sociais e diversos meios de atividades remotas passaram a fazer parte da realidade das tentativas de interações entre estudantes e professores. Por isso, nesse trabalho temos como objetivo discutir as possibilidades e impossibilidades no contexto da educação pública na cidade do Rio de Janeiro durante a Pandemia do COVID-19. Para tanto iremos refletir sobre algumas ações adotadas pela Secretaria Estadual de Educação (SEEDUC) e pela Secretaria Municipal de Educação (SME) bem como a dificuldade de acesso aos meios disponibilizados por parte de estudantes e professores