Corpo e currículo oculto na educação básica: discursos e práticas opressoras

Sem a pretensão de generalizar a temática, propõe-se no presente artigo uma reflexão sobre os sentidos e as práticas hauridas nos discursos hegemônicos da inumanidade do outro, sobretudo pelo viés dos estigmas da corporeidade. Busca-se, por meio do estudo de caso, compreender a forma como os adolescentes nas escolas, compreendidas como instituições sociais, assumem a legitimidade dos discursos opressores, pautando suas ações em exclusão, agressão e intolerância. A partir dos ideais de beleza e estereótipos da corporeidade e sexualidade, as palavras de ordem da estética e do consumo determinam as categorizações do humano e do inumano, permitindo as expressões da barbárie como ação, sob o desinteresse dos profissionais da educação, ou mesmo com a conivência passiva e discreta destes. Para uma abordagem do corpo, não apenas como objeto da cultura, mas como produtor de sentido, pautar-se-á nos pensamentos de Freire (1997), Derrida (2011), Foucault (2009) e Gil (2000). Apresentar-se-á, neste texto, uma breve análise do currículo oculto que aclara as etiquetagens da condição humana e que põe a nu os tratamentos dados aos estudantes que são oprimidos e empurrados para a condição de inumanos.

EDUCAÇÃO PERMANENTE E O CÍRCULO DE CULTURA FREIREANO: DIÁLOGOS COM IDOSOS

O objetivo desse estudo foi caracterizar o perfil dos idosos participantes da oficina -Diálogos com quem gosta de ler e escrever- e analisar suas produções escritas para averiguar os significados e sentimentos atribuídos à prática educativa, inspirada no Círculo de Cultura Freireano. Tratou-se de um estudo de abordagem quanti-qualitativa com 66 idosos, escolarizados, saudáveis, que frequentaram a Universidade Aberta à Terceira Idade da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Os dados quantitativos foram descritos por meio da estatística inferencial e os qualitativos foram tratados por meio da análise de conteúdo proposto por Bardin. Os resultados revelaram que a oficina trouxe mudanças positivas, possibilitando novos sentidos e sentimentos de bem-estar nos idosos.

FORMAÇÃO DO LEITOR INICIANTE NA EJA: direito à educação ao longo da vida

O presente artigo tem como tema a formação do leitor iniciante na Educação de Jovens e Adultos (EJA) considerando-a como um direito à educação ao longo da vida. O objetivo foi consolidar uma revisão sistemática (RS) de trabalhos realizados entre os anos de 2017 a 2022. Metodologicamente, a RS partiu de um universo de trinta e quatro artigos e, depois do refinamento, identificamos vinte e sete, sendo realizada a análise de dez para este artigo. Os resultados nos mostram que, por vezes, essa formação ocorre buscando levar em conta os conhecimentos prévios dos estudantes, e tendo como apoio as ideias de Paulo Freire para esse público. Já, por outro lado, também há ocorrências de uma abordagem técnica focando apenas em codificar e decodificar o sistema de escrita. A RS ressaltou que ainda existe um longo caminho a ser percorrido e explorado em relação a formação de leitores na EJA, quando se trata da perspectiva do direito à educação ao longo da vida

O legado de Paulo Freire sobre a velhice: história de vida e o contexto brasileiro atual

Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921. Completou 60 anos de idade no Brasil, uma vez que seu retorno do exílio se deu em 1980. Morreu antes de completar 76 anos; portanto, segundo o critério etário, viveu a fase da velhice por 15 anos. Nesse sentido, o objetivo deste texto é buscar na obra À sombra desta mangueira, de Freire, reflexões sobre a velhice. A questão que nos moveu a realizar o estudo foi: Que legado esse criador de ideias pedagógicas deixou sobre velhice para os seus leitores? A análise da obra permitiu identificar a concepção de velhice trazida por Freire, à luz do contexto brasileiro de envelhecimento populacional e das pesquisas da área de Gerontologia. Foi possível concluir que o autor não admite que os critérios da velhice possam ser puramente os do calendário, o que aproximou sua história de vida dos estudos acadêmico-científicos sobre velhice

Reasons to attend a course for caregivers of the elderly: a comparative study

Senility represents a challenge to families and to the community concerning the provision of care to the elderly. In this context, caregivers aim to help and accompany seniors in daily tasks, preserving their autonomy and independence, and providing them a better quality of life. Investigating the reasons to attend an elderly caregiver course makes possible to understand family and social demands and the search for new municipal actions concerning the question

Education Program for Healthy Aging

In this study were performed educational interventions in two groups of elderly from the perspective of Paulo Freire and the politics of aging assets (WHO). The themes were chosen by the participants and the program consisted of a 150-minute weekly meeting, from August to December 2009. The present article focuses on the pedagogical course developed and carry out a reflection on the effectiveness of the program on attitudes toward aging, the subjective well-being and health of older people

APRESENTAÇÃO DO DOSSIÊ: Educação ao longo da vida

O envelhecimento é parte integrante da condição humana, mas, mesmo assim, existe muito desconhecimento e preconceito sobre este fenômeno, provavelmente porque está associado ao declínio e à morte, ideias mal toleradas pelo ser humano. O aumento da esperança de vida e a melhoria das condições físicas dos idosos são uma decorrência dos avanços sociais, científicos e tecnológicos ocorridos no século XX. Nas últimas décadas, avanços conceituais e metodológicos consideráveis favoreceram a compreensão da velhice. Porém, a complexidade das mudanças socioeconômicas, tecnológicas e culturais desafiam a educação à leitura de um mundo gestante de um novo fenômeno: a diversidade dos modos de viver a velhice. Tal cenário nos convida a pensar no direito à Educação ao Longo da Vida.A expressão ‘Educação ao longo da vida’ é utilizada para designar uma perspectiva educacional na qual diferentes saberes são considerados importantes e novas aprendizagens podem ser adquiridas em qualquer idade, em contextos distintos. Em relação à educação no Brasil, sabemos que o país ainda passa por muitos desafios para oferecer uma educação que seja pensada como direito para todas as pessoas, quando se trata especificamente de pessoas idosas.O presente dossiê recebeu contribuições de pesquisadores (as) de universidades situadas em diversas regiões do Brasil e de Portugal, com práticas profissionais e trajetórias de investigações singulares

Teatro com e para caminhoneiros e caminhoneiras e as ideias de Paulo Freire para a educação libertadora

Este artigo é resultado da pesquisa “Teatro da Caravana Siga Bem: projeto com e para caminhoneiros à luz do legado de Paulo Freire”, apresentada no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal de São João del-Rei, Minas Gerais. De 2006 a 2016, o Teatro da Caravana Siga Bem ajudou a olhar para as questões sociais abordadas nos espetáculos que apresentava para caminhoneiros e caminhoneiras em postos de combustível do país com um elenco também de caminhoneiros e caminhoneiras. O quadro teórico baseia-se em Paulo Freire, Bertolt Brecht e autores que discutem cultura popular. A análise dos espetáculos foi feita à luz das ideias freireanas e brechtianas, a qual revelou afinidades entre esse projeto de teatro popular e pedagógico, que discutia temas como violência infantil e direitos humanos, e as ideias de Paulo Freire para uma educação libertadora e de Bertolt Brecht sobre Teatro Épico e didático