2 research outputs found

    Os caminhos da encruzilhada natureza/humano(s)/agricultura(s) : as resistências e os projetos com vida do Quilombo Ribeirão Grande/Terra Seca e do assentamento recanto da natureza

    Get PDF
    Orientador: Prof. Dr. Valter Roberto SchaffrathTese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Defesa : Curitiba, 30/05/2022Inclui referências: p. 266-281Resumo: Está em curso o avanço de um modo de vida, vinculado à lógica colonial/moderna, que visa ocupar o planeta com uma única e universal forma de existência. Essa lógica atua em diversas dimensões da vida, sendo que a imposição de uma relação dicotômica entre humanos e natureza pautada na dominação/exploração dos humanos, não humanos e os sistemas ecológicos é um aspecto central. Embora existam resistências e formas outras, essa relação entre humanos e entre humanos e a natureza, historicamente, contribuiu para disseminar severos problemas socioambientais, especialmente na América. É nesse contexto que emerge este trabalho. Ele procurou trazer elementos para problematizar a seguinte pergunta de pesquisa: como a relação humanos e a natureza, com ênfase na agricultura, está contribuindo para a constituição da vida no Quilombo Ribeirão Grande/Terra Seca, localizado na parte do Estado de São Paulo/BR do Vale do Ribeira, e no Assentamento Recanto da Natureza, inserido no Território da Cantuquiriguaçu na região Centro Sul do Paraná/BR? Para isso, o objetivo principal proposto foi analisar como os caminhos da encruzilhada natureza/humanos/agriculturas, estão sendo (re)construídos nesses territórios. A perspectiva teórica usou como referência os seguintes conceitos, categorizados como chaves, do grupo modernidade/colonialidade: sistema/mundo, colonialismo, colonialidade, decolonialidade e resistências. O método baseou-se em princípios da etnografia colaborativa, em diálogo com a pedagogia do oprimido e da investigação ação participante, para construir um processo vivencial com as comunidades, dividido em dois momentos complementares. Descrição dos mundos da pesquisa e das situações existenciais típicas e análise da encruzilhada natureza/humanos/agriculturas. Como resultado, destaco a identificação de um projeto de morte, tributário da lógica colonial/moderna, que está colocando em risco a vida no planeta. No âmbito da agricultura, proponho o conceito de colonialidade da agricultura para entender tal projeto que promove as seguintes tendências: eliminação e invisibilidade da herança socioambiental da América; dominação/exploração das plantas e das paisagens; epistemicídios e homogeneização dos saberes e; inclusão na globalização neoliberal e intensificação da produção de commodities. Por outro lado, historicamente, há resistências e projetos decoloniais com maneiras outras de tecer a relação humanos e natureza. Algumas buscam contribuir para a constituição da vida. No contexto da agricultura, proponho o conceito de decolonialidade das agriculturas para analisar este processo que se materializa nas tendências: valorização e multiplicação da herança socioambiental da América; (re)construção de processos coevolutivos com as plantas e paisagens; promoção de encontros plurais e diálogos de saberes e; fortalecimento de outras globalizações e modos outros de (re)existir. Nas considerações finais, aponto que os caminhos da encruzilhada natureza/humanos/agriculturas são resultados de um processo coevolutivo onde os grupos humanos, em cada tempo e espaço, (re)constroem modos de cuidar das plantas e paisagens que podem promover ou eliminam a vida. Atualmente, as resistências e seus projetos decoloniais, como o A-RN e o Q-RGTS, tem potencial para (re)construir processos que são capazes de ser referência para multiplicar a vida no sistema/mundo.Abstract: The progress of a way of life linked to colonial/modern logic is underway, which aims to occupy the planet with a single and universal form of existence. This logic operates in several dimensions of life, having the imposition of a dichotomous relationship between humans and nature based on the domination/exploitation of humans, non-humans, and ecological systems as a central aspect. Although there are forms of resistance, this relationship between humans and nature has historically contributed to the spread of severe socio-environmental problems, especially in America. It is in this context that this work emerges. It sought to bring elements to problematize the following research question: how the relationship between humans and nature, with an emphasis on agriculture, is contributing to the constitution of life in Quilombo Ribeirão Grande/Terra Seca (or Q-RGTS), located in the part of the State of São Paulo/BR in Vale do Ribeira, and in the Assentamento Recanto da Natureza (or A-RN), located in the Cantuquiriguaçu Territory in the South-Center region of Paraná/BR? For this, the main objective proposed was to analyze how the crossroads of nature/humans/agriculture are being (re)built in those territories. The theoretical perspective used as reference are the following concepts, categorized as keys, of the modernity/coloniality group: system/world, colonialism, coloniality, decoloniality, and resistance. The method was based on principles of collaborative ethnography, in dialogue with the pedagogy of the oppressed and on participatory action research, to build an experiential process with the communities, divided into two complementary moments: Description of research worlds and typical existential situations and analysis of the nature/humans/agriculture crossroads. As a result, I highlight the identification of a project of death, a tributary of the colonial/modern logic which is putting life on the planet at risk. In the field of agriculture, I propose the concept of coloniality of agriculture to understand such a project that promotes the following trends: elimination and invisibility of the socio-environmental heritage of America; domination/exploitation of plants and landscapes; epistemicides and homogenization of knowledge; and inclusion in neoliberal globalization and intensification of commodity production. On the other hand, historically, there are decolonial resistances and projects with other ways of weaving the relationship between humans and nature. Some seek to contribute to the constitution of life. In the context of agriculture, I propose the concept of decoloniality of agriculture to analyze this process that is materialized in the trends: appreciation and multiplication of the socioenvironmental heritage of America; (re)construction of co-evolutionary processes with plants and landscapes; promotion of plural meetings and dialogues of knowledge; and strengthening of other globalization and other ways of (re)existing. In the final considerations, I point out that the nature/humans/agriculture crossroads can be considered as a co-evolutionary process where human groups, in each time and space, (re)construct ways of caring for plants and landscapes that can promote or eliminate life. Currently, the resistances and their decolonial projects, such as the A-RN and the Q-RGTS, have the potential to (re)build processes that are capable of being a reference to multiply life in the system/world
    corecore