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    Materialização discursiva da cis-heteronormatividade em perspectiva escalar: contribuições para a Linguística Queer

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    This article aims to present a proposal for a non-dichotomous interpretation of the way in which macrosocial norms, notably cis-heteronormativity, are linked to micronormativities, built between subjects, in the situated interactions in which they participate. To this end, articulating notions of discursive materialization and scale, I highlight the procedural character of the pragmatic and semiotic work at play in the local processes of naturalization of cis-heteronormativity. From the analysis of data from online interactions, generated in an ethnography of the scale, I demonstrate how the discursive features of cisnormativity, as postulated by transfeminist epistemologies (binarity, pre-discursiveness and permanence), are seen in constant intersection with ideological contents of heteronormativity. Finally, using contemporary tensions in the Brazilian field of Queer Theories, I reflect on policies of affection, translation and displacement that can inspire new imaginations to Queer Linguistics practiced in BrazilEste artículo tiene como objetivo presentar una propuesta de interpretación teórico-analítica de cómo los sistemas normativos macrosociales, en particular la cis-heteronormatividad, se vinculan a las micronormatividades, construidas entre sujetos, en las interacciones situadas en las que participan. Para ello, articulando nociones de materialización discursiva y escala, destaco el carácter procedimental del trabajo pragmático y semiótico en juego en los procesos locales de naturalización de la cis-heteronormatividad. A partir del análisis de datos de interacciones online, generados en una etnografía de la escala, demuestro cómo los rasgos discursivos de la cisnormatividad, postulados por las epistemologías transfeministas (binaria, prediscursividad y permanencia), se ven en constante fricción con contenidos ideológicos de heteronormatividade. Finalmente, recurriendo a las tensiones contemporáneas en el campo de las Teorías Queer Brasileñas, reflexiono sobre políticas de afectación, traducción y desplazamiento que pueden inspirar nuevas imaginaciones a la Lingüística Queer en Brasil.Este artigo tem como objetivo apresentar uma proposta de interpretação não-dicotômica para o modo como normas macrossociais, notadamente a cis-heteronormatividade, estão atrelados a micronormatividades, construídas entre sujeitos, nas interações situadas de que participam. Para isso, articulando noções de materialização discursiva e de escala, destaco o caráter processual do trabalho pragmático e semiótico em jogo nos processos locais de naturalização da cis-heteronormatividade. A partir da análise de dados de interações online, gerados numa etnografia da escala, demonstro como os traços discursivos da cisnormatividade, conforme postulados por epistemologias transfeministas (binariedade, pré-discursividade e permanência), são perspectivados em constante fricção com conteúdos ideológicos da heteronormatividade. Por fim, recorrendo a tensionamentos contemporâneos no campo das Teorias Queer brasileiras, reflito sobre políticas de afetação, de tradução e de deslocamento que podem inspirar novas imaginações à Linguística Queer no Brasil

    Embates semiótico-discursivos em redes digitais bolsonaristas

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    Este artigo discute práticas discursivas relacionadas ao bolsonarismo online, enquanto manifestação de um populismo digital de extrema-direita. Para tanto, são focalizados embates semiótico-discursivos instaurados em trajetórias textuais mobilizadas para significar os processos históricos relativos à Ditadura Civil-Militar brasileira (1964-1985). As interações analisadas foram desencadeadas a partir de uma postagem na conta oficial do presidente Jair Bolsonaro no Twitter, em 27 de março de 2019, às vésperas dos 55 anos do Golpe de 1964. Partindo de uma perspectiva teórico-metodológica pautada no rastreamento textual em redes digitais e em concepções pragmáticas e semióticas dos processos de significação, oferecemos algumas interpretações contingentes acerca do problema investigado. São elas: a cooptação de significantes vazios próprios da racionalidade populista para a instauração de negacionismos históricos estratégicos; a insistente (re)atualização de sentidos indexicais autoritários, antidemocráticos e antidireitos humanos nas trajetórias textuais e espaço-temporais do discurso bolsonarista online; e a fricção semiótico-discursiva nas disputas por enquadres metapragmáticos entre agentes discursivos bolsonaristas e seus oponentes em espaços públicos virtuais

    (Meta)pragmática da violência linguística: Patologização das vidas trans em comentários online

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    Este artigo tem como objetivo construir inteligibilidades contingentes acerca de eventos interacionais marcados pela violência linguística praticada contra pessoas trans, a partir da análise de atos de fala em circulação em comentários online. Nesse sentido, discuto os resultados de uma pesquisa qualitativa, inspirada na etnografia virtual, feita entre julho de 2015 e julho de 2016, na seção de comentários do site de notícias brasileiro G1, em três matérias jornalísticas relacionadas à encenação de uma crucificação realizada pela atriz e modelo transexual Viviany Beleboni, durante a 19ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Do ponto de vista teórico, são mobilizados saberes relativos à noção de linguagem como performance, às discussões sobre a violência linguística e ao processo de patologização das vidas trans. No trabalho analítico empreendido, foram focalizados os processos de entextualização acionados pelos participantes em seus comentários online. Assim, em razão do olhar adotado sobre os dados gerados, o que se observa é a produção de uma (meta)pragmática engajada no reestabelecimento de contextos violentos, relativos a discursos médico-científicos patologizantes, com vistas a dotar de força ilocucionária os atos de fala transfóbicos, capazes de subalternizar e ferir pessoas trans por meio da linguagem. Desse modo, a pesquisa realizada permitiu salientar o potencial de um modelo indisciplinar e descentrado de investigação em linguagem, comprometido com a compreensão de práticas semióticas situadas na elaboração da realidade social, particularmente em tempos de alta reflexividade e trânsitos textuais intensos

    Swings and scales of democracy

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    Brazilian democracy moves like a pendulum: from time to time its limits are expanded or retracted (Avritzer 2019). After a virulent dictatorial period, re-democratization was strengthened in the first decade of the 21st century. Public policies for the enfranchisement of the LGBT+ population were particularly important in this process. The rise of bolsonarism has been pushing the democratic pendulum back to its extreme opposite. This, however, does not go unchallenged. Against this backdrop, we analyze the online circulation of a poster for a lecture about a “transgender epidemic”, which was due to take place the Legislative Assembly of Porto Alegre in March 2020. Such textual disputes may help us reconceptualize the current state of Brazilian democracy as a friction between distinct scalar projects (Carr and Lempert, 2016). The textual trajectories we analyze suggest that the back and forth movement of democracy is not linear as Avritzer (2019) seems to assume. The illiberal retraction of recent years coexists with values forged in periods of democratic expansion, which explains the fact that the lecture was canceled due to online protests. Such resistance suggests that de-democratizing scalar projects are neither homogenous nor totalizing, which allows new political collectivities to contest attempts to disenfranchise them

    LINGUAGEM, SOCIEDADE E POLÍTICA: DIÁLOGOS COM KANAVILLIL RAJAGOPALAN SOBRE A NOVA PRAGMÁTICA

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    A presente entrevista registra um diálogo, mediado por computador, estabelecido entre mim e o professor Kanavillil Rajagopalan, Professor Titular na área de Semântica e Pragmática de Línguas Naturais do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. A ênfase da nossa discussão recaiu na proposta de uma Nova Pragmática, como por ele cunhada e defendida nas últimas décadas, suas perspectivas epistemológicas, desdobramentos críticos e inflexões políticas. Dentre outras coisas, ficou demarcado como fundante para tal abordagem dos estudos da linguagem o afastamento de uma tradição de pensamento logicista e positivista para pensar os problemas de linguagem, como amplamente adotado por perspectivas tradicionais em Pragmática, em específico, e em Linguística, em geral. Desse modo, ao assumir a linguagem como constitutivamente social e política, assim, implicada na vida de sujeitos concretos, em seus modos de agência mais diversos e em suas identidades, a Nova Pragmática se põe aberta ao diálogo com diferentes campos dos estudos da sociedade, a exemplo da Sociologia e da Antropologia, assumindo uma postura abertamente crítica e engajada frente aos problemas sociais cujas dimensões de linguagem em uso investiga. Em linhas gerais, abordamos a relação entre a Teoria dos Atos de Fala de Austin e o duelo entre interpretações formalizantes e críticas,  as implicações entre linguagem e identidade,  as relações entre ato de fala e texto, as confusões na interpretação da intencionalidade do sujeito, a negativa influência de modelos objetivistas e utilitaristas de ciência nos estudos da linguagem, a Nova Pragmática como uma perspectiva descolonial, as intervenções políticas na linguagem por parte dos ativismos linguísticos de gênero e sexualidade, e, por fim, sobre as dimensões éticas do ato de fala frente ao acirramento dos discursos de ódio, das violências linguísticas e de discursos populistas no o atual momento político do Brasil

    Linguagem, antirracismos e questões Queer no Brasil: conversa com Kassandra Muniz

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    A presente entrevista nos foi concedida pela professora Dra. Kassandra Muniz, especialemnte para o dossiê “Perspectivas Queer nos estudos da Linguagem” da Revista Cadernos de Linguagem e Sociedade (UnB). A interação que deu corpo a este texto aconteceu entre o final de outubro e o início de novembro de 2020. Na verdade, o que aqui discutimos registra boa parte das tensões teóricas e políticas promovidas por linguistas aplicadxs e linguistas queer brasileirxs, engajadxs com a desnaturalização dos processos discurisvos que subalternizam sujeitos desviantes da cis-heteronormatividade e da branquitude, como eixos importantes de opressão. Dentre outras coisas, nossa conversa girou em torno da decolonização de epistemologias e de práticas políticas; da volta do corpo para os estudos da lingaugem; do potencial antiessencialista e estratégico da perspectiva de linguagem como performance nos estudos racais, de gênero e de sexualidade; da noção de “Linguagem como Mandinga” enquanto “artimanha ancestral” para (des)pensar colonialidades, cis-hetronormatividades e brancocentrismos;  da consideração da interseccionalidade como lente analítica para a compreensão do cruzamento entre eixos de subordinação e de resistência; e, por fim, do papel dos processos educativos para a produção de subjetividades críticas ao cis-patricado, à heteronormatividade e à branquitude
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