7 research outputs found

    Filosofia e disposição afetiva em "O que é isto - a Filosofia?" de Martin Heidegger

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    O texto tem o propósito primário de expor a concepção de filosofia expressa pelo pensador alemão Martin Heidegger na conferência “Que é isto – a filosofia”, de 1955. O percurso exige apresentar alguns conceitos heideggerianos ali pressupostos, principalmente o de “disposição afetiva” (Befindlichkeit), que remonta a Ser e tempo (1927). Esse conceito indica uma estrutura ontológica própria do ser-aí (Dasein), ente “que nós mesmos somos”; enquanto tal, tem caráter originário. Trata-se da afinação prévia a toda experiência, que se vela sempre e toda vez na abertura dos humores particulares. Um dessas afinações do humor vê-se no espanto (thaumázein), fundamento do comportamento filosófico, segundo Platão e Aristóteles. Cabe mostrar, desse modo, como o espanto constitui-se como ‘humor’, e investigar, a partir do resultado, se a afinação pelo espanto se dá de forma universal, acometendo-nos ainda e sempre como motivo do filosofar, ou se é algo particular aos gregos. Indicam-se já, desse modo, a importância do conceito de disposição afetiva para a compreensão da conferência e, simultaneamente, a pergunta pelo sentido e medida em que “Befindlichkeit”, em uma de suas modalidades fundamentais, esclarece o comportamento filosófico

    SOBRE OS CONCEITOS DE DESCERRAMENTO E DESCOBRIMENTO EM HEIDEGGER

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    O objetivo da comunicação é desenvolver uma tentativa de interpretar a diferença ontológica em Heidegger. Esse termo quer designar, no interior dos contextos de sua filosofia, a diferenciação entre ser e ente. Nossa tentativa se baseia em uma outra diferenciação conceitual, a saber, a diferença entre os fenômenos de descobrimento (Entdecktheit) e descerramento (Erschlossenheit). Como problema a ser desdobrado na comunicação, vale a pergunta: a cisão conceitual entre descobrimento e descerramento nos oferece evidência para compreender a diferença ontológica? A fim de alcançar algum significado para esses conceitos em jogo e como meio para alcançar esse objetivo, basear-nos-emos em trechos da preleção “Os problemas fundamentais da fenomenologia” (1927). Nela há uma interpretação de Heidegger da tese de Kant segundo a qual “ser” (compreendido ali enquanto efetividade (Wirklichkeit), existência) não é um predicado real. No centro dessa encontramos o conceito de percepção (Wahrnehmung) que é interpretado por Heidegger como um modo de descobrimento. De acordo com a interpretação de Heidegger, na tese de Kant está implicitamente indicado: 1) que ser e ente são distintos, 2) que toda percepção de um ente efetivo precisa de um descerramento compreensivo prévio de seu ser efetivo e do seu ser percebido e 3) que apenas o ente efetivo é percebido, de sorte que a efetividade nunca é percebida ou descoberta. Com isso estabelecido, a presente proposta de interpretação passa a colocar o problema da diferença ontológica nesses termos. Essa diferença seria a base que orientaria todo modo de comportamento descobridor, pois sustentaria o descerramento do ser dos entes oferecendo a respectiva possibilidade de toda manifestação e comportamento em direção a eles. Isso dá margem para propor que a referida diferença não pode se tornar tema de uma investigação objetiva, uma vez que em si mesma não pode se comprometer com nenhum âmbito temático particular. Por fim, sugerimos que um caminho possível não objetivante de a problematizar residiria no fenômeno do mundo

    Ideia e percepção em Malebranche: análise da teoria da cognição em "A busca da verdade"

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    The present paper contextualizes the epistemological problem of perception in Nicolas Malebranche, from The Search after Truth, 1674, specifically in the second part of the third book. There he resolutely takes a stand on the following question: how are our perceptions of material things possible? The aim of the paper is to clarify Malebranche’s position, which searches to expose the logical, ontological, and epistemological conditions for perception. We follow the route: I) we clarify the question for the possibility of perception, II) expose some fundamental definitions of Malebranche’s philosophy, III) situate the problem within the authors’ epistemology, IV) follow Malebranche’s analysis of the five hypotheses (exhaustive) that answer to the problem at hand, and the counterarguments against four of them, V) follow the argument in favor of the fifth hypothesis: that we can perceive all things by seeing their ideas in God. The fifth moment is also our research’s result, that is, Malebranche excludes four of the five hypotheses, and by accepting the one (and only) remaining, he resolves the perception problem with his theory of ideas, according to which, we have perceptions of all things in God.O presente artigo contextualiza o problema epistemológico da percepção em Nicolas Malebranche, a partir de A busca da verdade, 1674, especificamente na parte II do Livro III, onde ele posiciona-se resolutamente quanto à pergunta: como são possíveis nossas percepções das coisas materiais? O objetivo de nosso artigo reside em esclarecer a posição de Malebranche no interior dessa pergunta que busca expor as condições lógicas, ontológicas e epistemológicas que possibilitam as percepções. Adotamos o seguinte trajeto: I) jogamos luz na pergunta da possibilidade da percepção, II) expomos algumas definições fundamentais na filosofia de Malebranche, III) situamos o problema no interior da epistemologia do autor, IV) acompanhamos a análise empreendida por Malebranche das cinco hipóteses (exaustivas) que respondem ao problema, e aos contra-argumentos face a quatro delas, V) acompanhamos o argumento em favor da quinta hipótese que podemos perceber as coisas vendo as ideias delas em Deus. O quinto momento constitui o resultado de nossa pesquisa, a saber, Malebranche exclui quatro das cinco hipóteses, e aceitando a última (e única) restante, resolve o problema da percepção com sua teoria das ideias, segundo a qual temos percepção das coisas em Deus

    Uma relação entre estética e ética

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    O objetivo da oficina é apresentar a importância da sensibilidade (como faculdade/capacidade) e seu funcionamento em conjunto com as outras faculdades (razão e entendimento) para a vida humana. Na primeira parte a oficina esclarece o significado do termo “Estética” para a Filosofia, mostrando que ela diz respeito a um campo de estudo que visa compreender o modo como a sensibilidade participa, a todo momento, do pensamento, do conhecimento e está presente na reflexão e na razão. Mas, afinal, o que é a faculdade da sensibilidade? É a capacidade do ser humano de afetar e ser afetado pelas coisas e pelas pessoas. Enquanto capacidade ela realiza um papel insubstituível no conjunto das atividades humanas. É também através dela que se chega ao sentimento de humanidade como a capacidade de se colocar no lugar do outro, de ver o outro como um igual, de compartilhar emoções e torná-las comuns a um grande número, expandindo o sentimento

    Oficina didática de filosofia: entre razão e emoção:: a estética se dá bem com a ética?

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    O objetivo da oficina é apresentar a importância da sensibilidade (como faculdade/capacidade) e seu funcionamento em conjunto com as outras faculdades (razão e entendimento) para a vida humana. Na primeira parte, a oficina esclarece o significado do termo “estética” para a Filosofia, mostrando que ela diz respeito a um campo de estudo que visa compreender o modo como a sensibilidade participa a todo momento do pensamento, do conhecimento e está presente na reflexão e na razão. Afinal, o que é a sensibilidade? É a capacidade do ser humano de afetar e ser afetado pelas coisas. Enquanto capacidade, ela realiza um papel insubstituível no conjunto das atividades humanas. É, também, através dela, que se chega ao sentimento de humanidade, como a capacidade de se colocar no lugar do outro, de ver o outro como um igual, de compartilhar as emoções e expandir o sentimento e torná-lo comum a todos
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