39 research outputs found

    Time and urban design in Abbas Kiarostami

    Get PDF
    Este texto coloca em diálogo obras de Kiarostami com o processo projetual em urbanismo. Saímos de um enfoque espacial e territorializante, para pensar o projeto desde uma matriz temporal. Estabelecemos pontes a partir de sua filmografia por dois caminhos: a ideia de projetar o tempo, enquanto capacidade de imaginar e ficcionalizar realidades futuras, passadas e presentes; e a possibilidade de temporalizar o projeto, espaçá-lo, para torná-lo mais permeável a outras vozes excluídas do processo. A investigação é guiada pela pergunta: que contribuições o legado de Kiarostami pode provocar no processo projetual em urbanismo? Nesse debate, nos aproximamos teoricamente de Deleuze e Rancière e problematizamos práticas projetuais consensuadas em nosso campo. A proposta resulta na inclusão de um viés necessariamente político em uma práxis pretensamente neutra e técnica do projeto da cidade. Lançamos, então, a sugestão de operar pela ideia de pensar-fazer, como possível tensionamento ao tradicional saber-fazer projetual. Palavras-chave: Abbas Kiarostami, projeto urbano, processo projetual, política, espaçamento.This text puts the production of Kiarostami in dialogue with the process of design practice in urbanism. We leave a spatial and territorial approach, to think about designing from a temporal matrix. We establish connections based on Kiarostami’s filmography in two ways: the idea of designing time as a capacity to imagine and fictionalize future realities, but also past and present ones; and the possibility of temporalizing designing process, enlarging it, in order to make it more permeable to other voices excluded. This research is guided by the question: What contributions can Kiarostami legacy make to urban design process? We approach Deleuze and Rancière theories and the proposal results in the inclusion of a necessarily political bias in an allegedly neutral and technical practice of the city design. Therefore, we suggest to work based on the idea of thinkinghow, as a possible tension to the traditional design based on know-how

    As margens espacializadas de Francis Alÿs

    Get PDF
    Francis Alÿs, artista belga naturalizado mexicano, tem uma poética notoriamente urbana e intimamente ligada à sua formação como arquiteto. Seus trabalhos, contudo, não são pautados pelos princípios vitruvianos de firmitas, tampouco de utilitas, e mesmo a beleza (ou venustas) de suas ações destoa dos cânones da história da arte. A trajetória de Alÿs emerge de fábulas que dão vida a rituais de desterritorialização-reterritorialização inventados pelo artista para cada cidade por que passa. Este texto propõe um diálogo entre trabalhos onde Alÿs molda o espaço-tempo comum através da participação coletiva e aportes teóricos de Jacques Rancière, Michel de Certeau e da dupla Gilles Deleuze e Félix Guattari. Interessa aqui problematizar as contribuições estéticas – e portanto políticas – de Alÿs, particularmente em situações de fronteira, tanto físicas quanto simbólicas, da cidade contemporânea

    Destabilize, deprogram, deform : peripherical aesthetics as design paths in Latin American cities

    Get PDF
    Este artigo lança uma reflexão acerca do planejamento e do projeto em urbanismo a partir de produções latinoamericanas recentes, que discutem a periferização enquanto processo territorializante e produção estética. A proposta toma corpo através do diálogo entre trabalhos dos artistas Ernesto Oroza (cubano) e Héctor Zamora (mexicano) e do grupo de arquitetura Elemental (chileno). Tratam-se de experiências calcadas na estética informal das periferias e na própria desconstrução de centralidades, onde a variável tempo emerge enquanto agente de transformação, provocadora de outras sensibilidades e lógicas urbanas. Nossa pergunta guia é: que desacomodações essas experiências estéticas provocam no planejamento e no projeto em urbanismo latinoamericano? O objetivo é problematizar o projeto a partir de sua dimensão temporal, a fim de convocar novas ferramentas para repensar a relação centro-periferia em nossas cidades contemporâneas. Propomos um contraponto crítico e reflexivo ao pensamento projetual clássico e moderno, identificado por modelos espaciais fixos, que negam a natureza dissensual e cambiante dos processos sociais e que reforçam matrizes sedentárias e segregadoras de produzir cidades. Buscando operar pelo avesso dos princípios de solidez, funcionalidade e beleza preconizados por Vitrúvio, lançamos o desafio de construir um pensamento projetual “periférico” a partir do trinômio desestabilizar, desprogramar, deformar.This paper is a critical reflection about urban planning and design based on Latin American artworks and practices, dating from the last two decades. It addresses a discussion on peripheralization as a territorial process and an aesthetic production. We put in dialogue works by Cuban artist Ernesto Oroza, Mexican artist Héctor Zamora and Chilean architects group Elemental. These are experiences based on the informal aesthetics of the peripheries, in which time emerges as protagonist, as an agent of transformation and provocateur of other sensibilities and urban logics. Our guiding question is: what dislocations do these aesthetic experiences cause in the urban design and planning? We aim to problematize urban design from its temporal dimension, in order to summon new tools to think about our contemporary cities. The idea is to make a critical counterpoint to classic and modern urban design and thinking, identified by fixed spatial models that deny the dissenting and changing nature of urban social processes (that reinforce sedentary and segregating matrices of city production). Seeking to operate in the opposite direction of the principles of solidity, functionality and beauty advocated by Vitrúvio, we suggest to think about Latin American cities based on the trinomial: destabilizing, deprogramming, deforming

    From the margins to the center : when art inhabits the minor

    Get PDF
    Este texto aborda um modo de produção do espaço urbano que é problematizado a partir da arte. Nosso olhar crítico recai sobre um saber-fazer oriundo da arquitetura e do urbanismo, validado pelo mercado, seguidor de modelos de excelência e de conhecimento técnico formal, legitimado pela Academia – aqui identificado com a ideia de arquitetura maior. O fundamento teórico é a noção de menor em Gilles Deleuze e Félix Guattari (2015), entrecruzada com as noções de estética e política em Jacques Rancière (2009). Já o mote empírico é a prática artística do mexicano Héctor Zamora, aqui representada por dois trabalhos recentes: Paracaidista, Av. Revolución 1608 Bis, 2004; e Bar Las Divas (Sustracción/ Adición), de 2007. O resultado é um tensionamento, disparado pela arte, desse saber-fazer hegemônico. Nas experiências estéticas de Zamora, o tradicional movimento centro-margens é invertido para margens-centro, nos convidando a refletir sobre modos informais e menores de produção do espaço.This text addresses the production of urban space which is problematized by art. Our critical gaze rests on a know-how derived from architecture and urbanism, validated by the market, following models of excellence and formal technical knowledge, legitimized by the Academy – here identified with the idea of great architecture. The theoretical basis is the notion of minor in Gilles Deleuze and Félix Guattari (2015), intertwined with notions of aesthetics and politics in Jacques Rancière (2009). The empirical motto, on the other hand, is the practice of Mexican artist Héctor Zamora, represented here by two recent works: Paracaidista, Av. Revolución 1608 Bis, 2004; and Bar Las Divas (Sustracción/ Adición), 2007. The result is a tension, triggered by art, of this hegemonic know-how. In Zamora’s aesthetic experiences, the traditional center-margins movement is inverted to margins-center, inviting us to reflect on informal and minor modes of urban space production

    The territory for the insurgent urban practices

    Get PDF
    O artigo apresenta um debate conceitual sobre a noção de território tomando-o como princípio para elucidar os estudos sobre práticas urbanas insurgentes. Para isto, propõe-se somar a abordagem da filosofia que entende o território como fluxo criativo e expressivo à concepção ligada à geografia que o entende como espaços delimitados a partir de relações de poder e controle social. Neste artigo, procura-se sinalizar como o espaço urbano passa a ser um locus de construção de um território discursivo de conflitos. Enquanto os discursos do poder do Estado-capitalista e do mercado materializam-se nas privatizações de áreas públicas, nestes mesmos espaços as práticas urbanas insurgentes operam discursos em contraposição. Essa situação é analisada neste artigo a partir do caso da Primavera Secundarista que ocupou mais de 1000 escolas em todo o Brasil, a fim de expor como esses discursos ganham visibilidade em um espaço público.The article presents a conceptual debate on the notion of territory, taking them as a principle to elucidate studies on insurgent urban practices. For this, it is proposed to add the approach of philosophy that understands the territory as a creative and expressive flow to the conception linked to geography that understands it as spaces delimited from relations of power and social control. In this article, we seek to signal how the urban space becomes a locus for the construction of a discursive territory conflict. While the discourses of sta04te-capitalit and market power materialize in the privatization of public areas, in these same spaces as insurgent urban practices operate discourses in opposition. This situation is analyzed in this article from the case of Primavera Secundarista that occupied more than 1000 schools throughout Brazil, in order to expose how these discourses gain visibility in a public space

    La ocupación del tiempo y espacio en la poética urbana de Francis Alÿs

    Get PDF
    Este artigo trata do potencial de transformação que trabalhos desenvolvidos pelo artista belga-mexicano, Francis Alÿs, apresentam em relação à nossa forma de pensar e de ocupar a cidade, tanto espacial quanto temporalmente. Muitas de suas ações têm o espaço público como território de atuação, questionando seus limites físicos e conceituais. Partimos de quatro delas, realizadas na América Latina, entre 1994 e 2006, para discutir a “burocratização do amanhã” que toma lugar na urbe contemporânea. O artigo fundamenta-se na noção de “direto à cidade” desenvolvida por Lefebvre, que é 30 Germana Konrath e Paulo Edison Belo Reyes InSitu, São Paulo, 5 (1): 29-48, Jan/Dez. 2019 atualizada através de autores contemporâneos a Alÿs: Rancière, Deleuze e Guattari. A intenção é identificar plataformas de pensamento crítico que proponham novos modos de pensabilidade e articulação de nossa vida urbana, fugindo à linearidade e ao pragmatismo dos discursos dominantes.This article approaches the transformation potential of works by Belgian-Mexican artist Francis Alÿs and its relations to our ways of thinking and occupying the city, both spatially and temporally. Many of the actions carried out by Alÿs have the public space as a territory of performance, questioning its physical and conceptual limits. The study explores four of them, held in Latin America between 1994 and 2006, in order to discuss the “bureaucratization of tomorrow” that takes place in the contemporary city. The article is based on the notion of “the right to the city” developed by Lefebvre, which is updated through other authors, contemporary to Alÿs: Rancière, Deleuze and Guattari. The article aims to identify platforms of critical thinking that propose new ways of thinkingness and articulations about urban life, avoiding the linearity and pragmatism of dominant discourses.Este artículo trata del potencial de transformación que trabajos desarrollados por el artista belga-mexicano, Francis Alÿs, presentan en relación a nuestra forma de pensar y de ocupar la ciudad, espacial y temporalmente. Muchas de sus acciones tienen el espacio público como territorio de actuación, cuestionando sus límites físicos y conceptuales. Partimos de cuatro de ellas, realizadas en América Latina, entre 1994 y 2006, para discutir la “burocratización del mañana” que toma lugar en la urbe contemporánea. El artículo se fundamenta en la noción de “derecho a la ciudad” desarrollada por Lefebvre, que es actualizada a través de autores contemporáneos a Alÿs: Rancière, Deleuze y Guattari. La intención es identificar plataformas de pensamiento crítico que propongan nuevos modos de pensabilidad y articulación de nuestra vida urbana, huyendo a la linealidad y al pragmatismo de los discursos dominantes

    Poética da mão : o pensar-fazer na produção do projeto

    Get PDF
    Este artigo recupera a dimensão de um fazer projetual presente nas práticas do Grupo Arquitetura Nova e na teoria de Sérgio Ferro. Primeiramente, por meio de um olhar analítico, extraímos o conceito de “poética da mão” de dentro da poética da economia e de suas periferias, atribuindo-lhe status próprio e papel criativo insurgente. Para tanto, nos dedicamos a organizar os fragmentos dessa poética, buscando alguns insights que facilitem pensar outros modos organizativos no canteiro de obras e no projeto. Em seguida nos perguntamos: é possível criar um trabalhador coletivo diferente daquele da manufatura capitalista sem evadir-se totalmente a seu propósito? No intuito de melhor compreender essa questão, propomos dois conceitos: a livre-necessidade e o pensar-fazer. o artigo buscou delinear previamente uma poética do fazer que desperte o impensado das relações e práticas, suge-rindo alianças voltadas a novos modos de projetar que estejam mais próximos das múltiplas realidades da produção.this article recovers the dimension of a project making present in the practices of Grupo Arquitetura Nova and in the theory of Sérgio Ferro. First, by means of an analytical look, we extract the concept of poetics from the inside and from the peripheries of the poetics of economics, giving it its own status and insurgent creative role. this article, therefore, is dedicated to organizing the fragments of this poetics, seeking some insights that make it easier to think about other organizational modes in the construction site and in the project. then we ask ourselves: is it possible to create a col-lective worker different from that of capitalist manufacturing wi-thout totally evading? In order to better understand this issue, we propose two concepts: free-need and think-do. the previously sought to delineate a poetics of doing that awakens the unthinkable of rela-tionships and practices, suggesting insistent alliances geared towar-ds new ways of designing that are closer to the multiple realities of production

    The territory as action : the body in the writing of the city

    Get PDF
    Este ensaio se inscreve num viés analítico que entende a cidade pelos seus movimentos corpóreos, que a adentram e a transformam desde seu viver e de suas vivências até a sua escritura. São táticas mais do que estratégias que entendemos ser os operadores da experiência da cidade. O objetivo posto neste texto é produzir uma espécie de cartografia histórica que recupera alguns dos principais pensadores ao longo do século XX que compreendiam a cidade a partir de experiências corporais. Iniciamos com a figura do flâneur de Charles Baudelaire que inspira Walter Benjamin nas descrições de Paris e que aqui se anuncia como “corpos agregados”; passamos aos “corpos lentos”, nomenclatura definida para expressar a apreensão do espaço operada pela teoria em Michel de Certeau; entramos com os “corpos suspensos” denotados na teoria dos não-lugares de Marc Augé; e por fim, adentramos pela filosofia da diferença, para introduzirmos os “corpos rizomáticos” deleuzianos.This essay is part of an analytical bias that understands the city through its corporeal movements that form part and transform it from its experiences to its writing. These are tactics more than strategies that we understand that are the operators in experiencing the city. Our goal in this paper is to produce a certain historical cartography through recovering some of the the main 20th century philosophical insights of thinkers who understood the city from corporeal experiences. Starting from the “aggregate bodies” applied from Charles Baudelaire´s flanêur figure, which inspired Walter Benjamin descriptions of Paris to move forward towards the “slow bodies” in order to synthetize Michel de Certeau’s apprehension of space theory; then introduce the “suspended bodies” depicted from Marc Augé’s theory of non-places to finally reach the “rhizomatic bodies” depicted from Deleuze´s philosophy of difference

    Ageing by the look of montage : or when the montage tells of ageing

    Get PDF
    Este ensaio se apresenta como um exercício do ver sobre o envelhecer na cidade contemporânea, apostando na montagem, conforme elaborada por Aby Warburg, como um procedimento de leitura da realidade urbana. A montagem, aqui neste texto, é produzida por fragmentos de obras literárias e registros fotográficos aleatórios sobre a cidade. Dessa forma nos perguntamos: pode a montagem dar a ver sobre o envelhecer na cidade? De que modo ela o faz? E ainda, como, dessa forma, isso contribuiria para um pensamento sobre a cidade contemporânea? Espera-se, através do procedimento, produzir uma reflexão sobre o envelhecer como um conjunto de fragmentos que permitam pautar novas questões. Essa reflexão toma como principais teóricos Walter Benjamin, Georges Didi-Huberman e Roland Barthes. Busca-se, através de um material textual e imagético, uma escrita que é um trabalho da imaginação, e, por isso, cheia de outros sentidos, estéticos e políticos, sobretudo.This essay proposes an exercise about seeing with the aging in the contemporary city, betting on montage, as elaborated by Aby Warburg, as a procedure for reading urban reality. The montage, here in this text, is produced by fragments from literary works and random photographic records about the city. So, in this way, we ask: can the montage show about aging in the city? How does it do? And yet, how, by this way, would the montage contribute to a thought about contemporary city? It is hoped, through the procedure, to produce a reflection on aging in the city as a set of fragments that allow new questions. This reflection takes as main theorists Walter Benjamin, Georges DidiHuberman and Roland Barthes. Through this textual and imagery material, we seek a text that is also a work of the imagination, and, therefore, full of other senses, aesthetic and political, above all
    corecore