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    Actualização da prevalência de Leishmaniose canina nos concelhos de Setúbal e de Palmela

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    A leishmaniose constitui uma das doenças tropicais mais negligenciadas em todo o Mundo. Na região Mediterrânica, a doença na forma visceral atinge preferencialmente crianças com idade inferior a três anos e adultos imunocomprometidos. É causada por protozoários da espécie Leishmania infantum. O cão é considerado o principal reservatório peridoméstico para a infecção humana, conferindo grande importância a esta zoonose em termos de Saúde Pública. A leishmaniose também possui elevada importância em Medicina Veterinária, por causar doença grave no cão. Não obstante, embora a infecção por Leishmania infantum esteja amplamente difundida na população canina das áreas endémicas, apenas uma fracção destes cães desenvolve doença clínica. O diagnóstico e tratamento precoces da leishmaniose canina são essenciais, quer para controlar a expansão da doença, quer como parte integrante de um sistema de controlo da leishmaniose visceral humana zoonótica. Estudos realizados na Península de Setúbal na década de 1980 estabeleceram a seroprevalência da doença na população canina em 11,5% (Abranches et al, 1983). Outro estudo, realizado na região de Lisboa entre Dezembro de 2002 e Dezembro de 2003, estimou a prevalência da infecção por L. infantum em 18,4% nos cães domésticos e 21,6% nos cães sem dono (Cortes et al, 2007). Neste trabalho foi efectuada uma actualização da prevalência de leishmaniose canina nos Concelhos de Palmela e Setúbal. Realizaram-se colheitas de sangue periférico a uma amostra aleatória constituída por dois grupos de cães: 100 que se apresentaram à consulta a uma clínica veterinária localizada em Palmela (representando cães com dono) e 83 cães abrigados por uma associação de defesa de animais, situada em Setúbal (considerados sem dono). O rastreio serológico foi efectuado com recurso ao teste de aglutinação directa e os soros com resultados positivos naquela reacção foram também analisados por contra-imunoelectroforese e imunofluorescência indirecta. Também foi feita pesquisa parasitológica por PCR no sangue periférico. Determinou-se a seroprevalência total de leishmaniose de 7,1%, para a população canina estudada (5% no grupo de cães da clínica e 9,6% para o grupo de cães da associação). Utilizando o teste de qui-quadrado, não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos estudados. Foi preenchido um questionário no acto da colheita das amostras biológicas, para avaliar a importância de determinados factores (género, porte, proveniência, tipo de habitat, uso de repelentes do vector e co-habitação com outros cães) envolvidos na infecção. Embora os testes aplicados sugerissem algumas tendências, nenhum dos parâmetros avaliados se revelou como factor de risco de forma estatisticamente significativa.Leishmaniasis is one of the most neglected tropical diseases worldwide. In the Mediterranean Region, the disease, in the visceral form, is most important in children under three years old and immunocomprised adults. It is caused by a protozoan of the species Leishmania infantum. The dog is considered the main peridomestic reservoir for the human infection, which makes canine leishmaniasis a very important zoonosis as far as Public Health is concerned. Canine leishmaniasis is also highly important in Veterinary Medicine, because it can cause severe disease in canines. Nevertheless, although L. infantum infection is widely distributed in the canine population living in endemic regions, only a small proportion of these dogs will develop clinical disease. Early diagnosis and treatment of canine leishmaniasis are essential to control the spread of the disease and as part of a zoonotic human visceral leishmaniasis control system. In the 1980’s, studies developed at the Setúbal’s Peninsula established the seroprevalence of canine leishmaniasis at 11,5% (Abranches et al, 1983). In another study, developed in Lisbon area between December 2002 and December 2003, determined the prevalence of canine infection by Leishmania infantum as 18,4% for domestic dogs and 21,6% for stray dogs (Cortes et al, 2007). In the present study, the author intended to perform an update in the prevalence of canine leishmaniasis in Setúbal and Palmela regions. Blood was sampled from a random sample made of a hundred dogs that attended a veterinary practice in Palmela (representing dogs with owner), and 83 dogs from an animals’ shelter, located in Setúbal (considered stray dogs). The serum was used to perform direct agglutination test for leishmaniasis. Samples with positive results in this test were also analyzed trough counter-immunoelectrophoresis and indirect immunofluorescence test. Polymerase chain reaction was also preformed in peripheral blood samples. Total seroprevalence was 7,1% for the studied population (5% for the group of dogs from the veterinary practice and 9,6% for the group of dogs from the shelter). Based on chi-square test, there are no statistical significant differences between the studied samples. A quiz was filled, by the time of biological sample collection that allowed the author to evaluate the impact of some factors (such as origin, habitat, application of insecticides effective against the vector of the disease and living with other dogs) involved in this infection process. Although the tests suggested a few tendencies, none of the studied subjects proved to be a risk factor in a statistically significant manner
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