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    FENÔMENOS NATURAIS VERSUS FENÔMENOS SOCIAIS: CUBA E AS LIÇÕES DO KATRINA

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    A comoção em torno das observações feitas por Ray Nagin, o prefeito da “cidade chocolate”, durante a celebração do aniversário de Martin Luther King Júnior, em Nova Orleans, acabou obscurecendo um comentário particularmente insidioso feito por aquela autoridade inabalável. De acordo com Nagin, a morte e a destruição trazidas pelo Furacão Katrina significam que “Deus, certamente, está contrariado com a América Negra”. Como demonstração desta manifestação de sabedoria, Nagin mencionou uma bem conhecida litania de males que os negros têm, supostamente, infligido a si mesmos – crianças nascendo fora do casamento, crimes de negros contra negros, uso de drogas etc. Seria difícil recuperar uma declaração mais racista realizada por uma autoridade pública na história recente dos Estados Unidos. A ausência de indignação por parte dos autodenominados porta-vozes da América Negra e a atenção que o comentário recebeu da grande imprensa são também reveladores. Raramente um pronunciamento público, e os eventos que o provocaram, deixaram tão clara a necessidade de uma análise científica da realidade social, não obstante os protestos dos pós-modernistas. Para efeito de explicação do que efetivamente aconteceu em Nova Orleans e adjacências, tomemos em consideração uma localidade situada a algumas centenas de milhas ao Sul, também ameaçada pelos furacões: a ilha de Cuba. Um relatório editado pela Oxfam América em 2004, intitulado Cuba – sobrevivendo à tempestade: as lições cubanas sobre a redução de riscos, detalha como o governo comunista da ilha, com muito menos recursos do que o seu vizinho temente a Deus do Norte, obteve muito mais sucesso na proteção das vidas de seus cidadãos quando atingida pela tempestade. Como afirmam os autores no sumário da publicação, as realizações cubanas na redução dos riscos emanam de um impressionante processo multidimensional. O seu fundamento é um modelo sócio-econômico que reduz a vulnerabilidade e investe no capital social através do acesso universal aos serviços governamentais e da promoção da igualdade social. Os níveis elevados de alfabetização, desenvolvimento de infra-estrutura nas áreas rurais e acesso a um sistema eficiente de saúde daí resultantes desempenham uma função capital na produção de “efeitos multiplicadores” para os esforços nacionais de mitigação, preparação e resposta aos desastres naturais. (...) No âmbito nacional, a legislação cubana sobre desastres naturais, os programas educacionais sobre desastres naturais no sistema público de educação, a investigação meteorológica, o sistema de alerta preliminar, um sistema efetivo para a comunicação de desastres, um plano de emergência abrangente e a estrutura da Defesa Civil são recursos importantes na prevenção dos desastres naturais. A estrutura da Defesa Civil depende da mobilização da comunidade ao nível das pessoas comuns sob a liderança das autoridades locais, da ampla participação da população na montagem dos mecanismos de preparação e resposta e do capital social acumulado. (...) Tanto o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP) quanto a Federação Internacional da Cruz Vermelha e das Sociedades do Crescente Vermelho (IFRC) têm repetidamente apontado Cuba como um exemplo a ser emulado por outros países em matéria de redução de riscos (Thompson e Gaviria, 2004) No próprio texto do relatório, os autores deixam muito claro o que eles entendem por “realizações cubanas”: “durante os sete anos situados entre 1996 e 2002, seis grandes furacões atingiram Cuba, mas apenas um total de 16 pessoas morreram”. O que é notável neste relatório é que ele foi escrito um ano antes que a ilha fosse atingida pelos dois furacões mais poderosos de sua história: Ivan, uma tempestade de categoria cinco, em 2004, e Dennis, uma tempestade de categoria quatro, em 2005. Quase milagrosamente nem um só cubano faleceu na passagem do Ivan. E, em relação a Dennis, que precedeu o Katrina em cerca de dois meses e possuía a mesma intensidade quando alcançou a ilha, somente quinze cubanos perderam suas vidas. Isto contrasta em termos agudos com o que aconteceu na costa do Golfo dos Estados Unidos. A pergunta é: por quê? Mais especificamente, o que explica que um país subdesenvolvido, incessantemente acusado por seus detratores de se encontrar sob a ditadura de Fidel Castro, consegue realizar melhor a tarefa de salvar as vidas de seus cidadãos quando atingido por um fenômeno natural como um furacão do que o mais rico e supostamente – de acordo com sua própria auto-avaliação – mais liberal e democrático dos regimes existentes no planeta? Como os acontecimentos de Nova Orleans e adjacências demonstraram tragicamente, não se trata de uma questão de mero interesse acadêmico, mas sim de vida ou morte

    Marx and Engels on the Revolutionary Party

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    Engels began his brief remarks at Marx’s funeral in 1883 by describing his life-long political companion’s ‘scientific’ accomplishments. ‘But he looked upon science above all things as a grand historical lever, as a revolutionary power in the most eminent sense of the word … For he was indeed, what he called himself, a Revolutionist’. As his closest collaborator, Engels knew better than anyone about this indispensable dimension of Marx’s project. If it wasn’t enough, as the young Marx had concluded in 1845, to ‘interpret the world’ but also necessary ‘to change it’, then action and organization were essential. Yet nowhere did Marx lay out a set of clearly articulated principles for revolutionary organization. But if all of his organized political activities are examined – along with those of Engels after Marx’s death – this essay demonstrates it is possible to distill in broad outlines the norms that guided Marx’s approach to revolutionary organizing.Almost fifty years ago, in the 1967 Socialist Register, Monty Johnstone performed an invaluable service in synthesizing for the first time – certainly in English – Marx and Engels’s views on the revolutionary party. But aside from materials Johnstone didn’t have access to when he published his still quite valuable essay (above all the Marx-Engels Collected Works (MECW), the most complete compilation of their writings in any language) it’s now easier to verify citations of their writings and, more importantly, to see the larger context in which the citations were originally written. Also, much has passed in real world politics since 1967, not least the collapse of the Soviet Union and its satellite regimes after 1989, reigniting much-debated questions (which Johnstone didn’t address) about whether the actions of Lenin, let alone Stalin and his successors, were consistent with the views of Marx and Engels. For today’s activists, what are – the question Marx and Engels would have posed – the organizational lessons inspired by their example

    The Surprise of Trump's Election: Polling, Election Analysis, and Populism

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    Political scientists, pollsters, election modellers, and pundits predicted Donald Trump's demise months before the election right up until election eve. Why were they wrong? What did they miss? Are polling methods and the way that we study politics and elections the culprits?Center for the Study of Politics and Governance, Humphrey School of Public Affairs, UM

    Race in Cuba: Essays on the Revolution and Racial Inequality

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    As a young militant in the 26th of July Movement, Esteban Morales Domínguez participated in the overthrow of the Batista regime and the triumph of the Cuban Revolution. The revolutionaries, he understood, sought to establish a more just and egalitarian society. But Morales Dominguez, an Afro-Cuban, knew that the complicated question of race could not be ignored, or simply willed away in a post-revolutionary context. Today, he is one of Cuba\u27s most prominent Afro-Cuban intellectuals and its leading authority on the race question. Available for the first time in English, the essays collected here describe the problem of racial inequality in Cuba, provide evidence of its existence, constructively criticize efforts by the Cuban political leadership to end discrimination, and point to a possible way forward. Morales Dominguez surveys the major advancements in race relations that occurred as a result of the revolution, but does not ignore continuing signs of inequality and discrimination. Instead, he argues that the revolution must be an ongoing process and that to truly transform society it must continue to confront the question of race in Cuba.https://digitalcommons.csbsju.edu/polsci_books/1022/thumbnail.jp
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