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PROLAPSO DA GLÂNDULA DA TERCEIRA PÁLPEBRA UNILATERAL E ENTRÓPIO BILATERAL EM UM CANINO SHAR-PEI: RELATO DE CASO
O prolapso da glândula da terceira pálpebra (Cherry eye) ocorre em filhotes e em cães com menos de um ano de idade, quando a glândula emerge do bordo livre palpebral, saindo de sua posição normal. O entrópio é uma inversão da margem palpebral, fazendo com que a pele e os pelos entrem em contato com a superfície conjuntival e corneal, podendo afetar os anexos oftálmicos de forma unilateral ou bilateral. O presente trabalho teve o objetivo de relatar um caso atendido no Hospital Veterinário da Unoesc Xanxerê. Um canino da raça Shar-Pei com quatro meses de idade, 12 kg, apresentando sobra de pele periocular tornando impossível a visualização dos olhos, não apresentando outras alterações ao exame físico. De acordo com a avaliação física, concluiu-se tratar de prolapso da glândula da terceira pálpebra unilateral direita e entrópio bilateral. Foi prescrito tratamento com colírio biamotil D ou maxitrol, duas gostas três vezes ao dia. Após sete dias, o animal voltou para o Hospital Veterinário para o procedimento cirúrgico. Para a correção do entrópio foi realizada a técnica de pregueamento palpebral, sendo utilizado fio de sutura 3-0 ou 4-0, com agulha circular traumática de tamanho médio (3/8), múltiplas suturas do tipo Lembert foram realizadas na porção afetada. O prolapso foi reduzido com o emprego da técnica de Morgan. Animais com seis meses de idade são mais acometidos pelo prolapso da glândula da terceira pálpebra, e as raças predispostas são: Beagle, Buldogue Inglês e Shar-Pei, visto que pode ser decorrente da fraqueza dos tecidos conectivos da periórbita, caracterizado por edema e inflamação da glândula, resultando na exposição desta no dorso lateralmente ao globo ocular. Quando a exposição da glândula for crônica, pode permanecer exposta à abrasão e à poeira, o que resulta em processo inflamatório. Em qualquer entrópio, o defeito primário causa irritação trigeminal, fazendo com que grande parte do quadro clínico seja produzido por espasticidade palpebral. O entrópio primário resulta da diferença de tensão entre os músculos orbicular do olho e malar, sendo ainda influenciada por inúmeras condições, como conformação do crânio, anatomia da órbita e quantidade de pregas na pele da face ao redor do olho. A técnica de pregueamento palpebral é realizada em animais jovens, sendo um procedimento de eversão temporária das pálpebras, principalmente em filhotes da raça Shar-Pei. Após o procedimento cirúrgico para a correção do prolapso e do entrópio, o animal apresentou melhora do quadro clínico. Por tratar-se de um animal jovem, este permanecerá com a correção paliativa do entrópio até ser realizada a correção definitiva na fase adulta.Palavras-chave: Cherry eye. Olho de cereja. Cirurgia. Cão. Técnica de Morgan
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE MICRO-ORGANISMOS ISOLADOS DE LESÕES PULMONARES COLETADAS AO ABATE EM SUÍNOS NA FASE DE TERMINAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM LESÕES HISTOLÓGICAS
As pneumonias caracterizam as patologias mais importantes e frequentes na clínica de suínos, atividade econômica de destaque nos cenários nacional e mundial. Essas patologias acometem suínos na fase de terminação, têm etiologia multifatorial e acarretam perdas produtivas e econômicas. Em razão da magnitude dessas enfermidades, seu controle é indispensável, porém, por sua característica multifatorial e infecções mistas, tornam-se um desafio para médicos veterinários. Objetivou-se com este estudo identificar os principais agentes envolvidos nas lesões de pneumonias encontradas em suínos por ocasião do abate e correlacionar com as lesões histológicas, caracterizando o tipo de pneumonia e o tempo de evolução. Para as análises, foram colhidos 25 pulmões com lesão de consolidação em um frigorífico localizado na região Oeste de Santa Catarina. Os pulmões foram avaliados macroscopicamente e foi calculada a área média de parênquima afetada pela lesão. Posteriormente, foram realizadas colheitas de amostras de lobos pulmonares com lesões (fragmentos de aproximadamente 10 cm) para diagnóstico no laboratório de microbiologia da Unoesc Xanxerê. Os agentes isolados foram identificados de acordo com suas características morfo-tintoriais. Fragmentos pulmonares de 1,5 cm em área de lesão foram coletados para exame histológico, acondicionados em formol 10% e posteriormente processados rotineiramente e corados com hematoxilina e eosina no laboratório de patologia veterinária da Unoesc Xanxerê. As lesões histológicas foram descritas de acordo com o tipo de patologia e grau de acometimento do tecido. Do total de amostras avaliadas, a área média pulmonar afetada por lesão foi de 19,85%; o pulmão com área mínima de lesão foi de 2,2% e área máxima, de 53%. Quanto ao isolamento, nove amostras (36%) não apresentaram crescimento e 16 (64%) apresentaram crescimento, sendo Pasteurella multocida (Pm) o agente mais frequentemente isolado, em 13 amostras (81,25%). Na avaliação histopatológica, a lesão predominante foi pneumonia intersticial associada à hiperplasia linfoide peribronquiolar (hiperplasia BALT) em 10 amostras (40,0%), e observou-se que em seis (60,0%) não houve crescimento bacteriano. A lesão de broncopneumonia supurativa (Bp) foi observada em sete amostras (28,0%) e Bp associada à hiperplasia BALT, em cinco amostras (20,0%). Dessas amostras com lesão de Bp supurativa e Bp supurativa com hiperplasia BALT, o agente predominante foi Pm em oito amostras (66,7%). A partir dos achados, observa-se uma alta ocorrência de lesões pulmonares com isolamento bacteriano e uma porcentagem de área pulmonar afetada relativamente alta. Cabe ressaltar que nos animais doentes a literatura relata que há prejuízos em ganhos produtivos. A não identificação de agentes etiológicos pela técnica de bacteriologia convencional nas lesões de hiperplasia de BALT confere com o descrito na literatura, uma vez que o agente relacionado a essa lesão é o Mycoplasma hyopneumoniae, identificado por técnicas moleculares ou imunohistoquímica, pois, em razão da sua característica de crescimento fastidiosa, não é isolado em meios de cultura convencionais. Por outro lado, a identificação de Pm nas lesões supurativas já era esperada, uma vez que o agente tem capacidade de induzir uma resposta inflamatória com infiltrado de neutrófilos, nesse caso, predominando a reação supurativa em vias aéreas, que na macroscopia se observa como exsudato mucoso a purulento e quadros produtivos de tosse na clínica.Palavras-chave: Micro-organismos. Consolidação pulmonar. Hiperplasia peribronquiolar. Suínos abate. Fonte de Financiamento: PIBIC/Unoes
SURTO DE INTOXICAÇÃO POR MONENSINA E MORTALIDADE DE BOVINOS EM MUNICÍPIO DA REGIÃO DA AMAI
Os antimicrobianos ionóforos são utilizados na nutrição animal como aditivos que auxiliam no combate à coccidiose, regulação do pH ruminal e promotores do crescimento. Embora benéficas, superdosagens para qualquer espécie animal podem acarretar intoxicação e mortalidade. Esse relato apresenta aspectos clínicos e patológicos de um caso de intoxicação por monensina em bovinos em um município da região da Associação Municípios Alto Irani (AMAI). O surto ocorreu após o fornecimento de ração com adição de monensina a nove bovinos que estavam em piquete de azevém, dos quais sete morreram, um bovino morreu após uma única ingestão de ração. Transcorridos 10 dias da mudança alimentar, os animais reduziram o consumo de alimento e apresentavam dificuldade de locomoção com rigidez de membros posteriores, que progrediu para o decúbito. Alguns animais apresentaram diarreia transitória de coloração verde-escura e timpanismo. Foi realizada necropsia em dois bovinos; o animal A morreu de forma aguda e o animal B apresentou sintomatologia clínica. Os animais apresentavam edema de subcutâneo, hidrotórax, hidropericárdio e hidroperitônio, e no esôfago, linha do timpanismo. Áreas pálidas multifocais na musculatura intercaladas com áreas normais foram observadas no coração e na musculatura esquelética dos membros. O animal A apresentou dilatação cardíaca e hiperplasia de polpa vermelha no baço, o animal B apresentou deposição de fibrina nas cavidades torácica e abdominal. O pulmão apresentava edema interlobular difuso e áreas de consolidação sugestivas de broncopneumonia. O fígado era de coloração vermelho-escuro e ao corte, aspecto de noz-moscada. Em ambos os animais, as lesões histológicas de coração e musculatura esquelética consistiam em tumefação e necrose de miofibras multifocal acompanhadas de infiltrado mononuclear moderado, proliferação de fibroblastos e deposição de tecido conjuntivo (fibrose) entre fibras. No animal B, o fígado apresentava congestão centrolobular acentuada e necrose de coagulação multifocal associada a infiltrado de macrófagos. Essa lesão, associada ao edema em cavidades, e a lesão cardíaca são compatíveis com a insuficiência cardíaca congestiva (ICC). Nos dois animais necropsiados, com as lesões macroscópicas e histológicas da musculatura esquelética e miocárdio com dados do histórico, pode ter ocorrido intoxicação por monensina. Essas lesões se explicam em razão do efeito tóxico dos ionóforos, que em superdosagens alteram a permeabilidade da membrana celular, comprometendo o equilíbrio hidroeletrolítico. No caso do animal B, a lesão de miocárdio induzida pela monensina e a evolução subaguda do caso acarretou um quadro de ICC com alteração hepática evidente. Fatores que favorecem a intoxicação incluem: ingestão de doses maiores que as preconizadas para a espécie em decorrência de erro de dosagem ou na mistura do fármaco à ração; utilização de produtos para espécies diferentes das indicadas no rótulo; e, uso em associação com fármacos que potencializam seus efeitos.Palavras-chave: Bovino. Intoxicação. Monensina. Insuficiência cardíaca. Necrose
INTOXICAÇÃO ESPONTÂNEA AGUDA APÓS INGESTÃO DE BROTOS DE PTERIDIUM AQUILINUM “SAMAMBAIA” EM BOVINO NO MUNICÍPIO DE XANXERÊ, SC
Pteridium aquilinum (samambaia) é uma das plantas tóxicas de maior importância no Brasil e causa de intoxicações frequentes na clínica médica de bovinos. Relata-se um caso de intoxicação espontânea na forma aguda por ingestão de brotos de P. aquilinum em bovino, fêmea, 18 meses de idade, raça holandesa, no mês de abril de 2014 no Município de Xanxerê, SC. O animal encontrava-se em piquete de Hermarthria altissima e apresentou apatia, anorexia, seguida de episódios de diarreia aquosa escura, e nas 24 horas seguintes apresentou hipertermia. O quadro progrediu rapidamente, e em 48 horas, o animal posicionou-se em decúbito, morrendo 96 horas após o início da sintomatologia clínica, totalizando um curso clínico de cinco dias. O animal foi medicado com antitóxico e enrofloxacina, mas sem melhora clínica. Na necropsia, observou-se conteúdo ruminal seco, petéquias no omento, fígado com múltiplas áreas arredondadas amareladas e material gelatinoso de coloração amarelada (edema) adjacente ao órgão. Foram observadas hemorragias na cápsula esplênica e áreas vermelho-escuras no intestino (infartos), ao corte, conteúdo aquoso. Fragmentos de órgãos foram colhidos para exame histopatológico e remetidos ao laboratório de patologia veterinária da Unoesc de Xanxerê. As amostras foram processadas rotineiramente para histopatologia e coradas com Hematoxilina e Eosina. Na histopatologia, observaram-se hemorragias localmente extensas em múltiplos órgãos (rim, cápsula esplênica, endocárdio e epicárdio), e o fígado apresentava áreas de necrose de coagulação juntamente com infiltrado inflamatório misto, restos celulares, bactérias (bacilos) e enfisema multifocal, caracterizando uma hepatite necrótica associada a colônias bacterianas. Após a manifestação dos sinais clínicos e a realização da necropsia, suspeitou-se de intoxicação aguda por P. aquilinun. Baseado nisso, optou-se pela investigação epidemiológica do local onde os bovinos permaneceram nas últimas semanas, e verificou-se a presença da samambaia e sinais de consumo de brotos. Os animais que consomem a planta podem apresentar quadros agudos da doença, como diátese hemorrágica, ou crônicos com neoplasias na bexiga e vias digestivas superiores. Na intoxicação aguda, o animal ingere doses maiores que 10 g/kg por dia, sendo a lesão primária uma grave aplasia de medula óssea, causando trombocitopenia e leucopenia. Como consequência da diminuição de plaquetas e leucócitos, ocorrem hemorragias e multiplicação bacteriana com possível migração embólica, resultando em infarto de órgãos. A ingestão do broto favorece quadros agudos da intoxicação, uma vez que este apresenta elevadas concentrações do princípio tóxico. Superlotação, fome e carência de fibra favorecem a ingestão da planta por bovinos. O histórico da ingestão da planta, sinais clínicos e anátomo-patologia caracterizam um quadro de intoxicação aguda por samambaia, entretanto, para diagnóstico definitivo, recomenda-se a avaliação histológica de medula óssea. Salienta-se ainda que, para diagnóstico diferencial, devem ser consideradas babesiose e anaplasmose, pasteurelose septicêmica, leptospirose, intoxicação por rodenticidas, entre outros.Palavras-chave: Pteridium aquilinum. Samambaia. Diátese hemorrágica. Infarto. Bovino
CORRELAÇÃO ENTRE CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E CALIFORNIA MASTITIS TEST NO LEITE OVINO
A produção de leite ovino vem crescendo na última década. Dentro da cadeia leiteira a mastite é uma importante doença, e pode se apresentar na forma clínica ou subclínica. O objetivo deste estudo foi verificar a relação entre contagem de células somáticas (CCS), que é um meio direto de verificar mastite subclínica e o California Mastitis Test (CMT), um método indireto. Foram analisados as metades mamárias de 62 ovelhas da raça Lacaune (31 ovelhas primíparas e 31 ovelhas multíparas). As amostras de leite foram coletadas em seis momentos:dia do parto, um dia, três dias, sete dias, 15 dias e 30 dias após o parto. A contagem de células somáticas (CCS) foram realizados por meio automático pelo método de infravermelho. No California Mastitis Test (CMT) observou-se intensidade da reação, sendo negativa, traços, +, ++ e +++.Pelo teste t de Student com significância P = 0,01 observou-se o comportamento da CCS com relação ao CMT. Para CMT negativo o intervalo de confiança para a média de CCS variou de 260354 a 495611 cel/ml, para traços a variação foi de 347824a 1132538cel/ml, + variou de 773388 a 1761481cel/ml, ++, variou de 1103598 a 2753002cel/ml e +++ variou de 3821766 a 5457034cel/ml. Quando se realizou-se o ajuste da curva para verificar a correlação entre CMT e CCS observou-se que as medidas de CCS crescem de uma forma aproximadamente exponencial a medida que o CMT aumenta, mas pode ser ajustado como linear já que R2=0,81. Também verificou-se por teste de proporção significativo a 5% de probabilidade uma incidência maior da doença nas vacas de categoria multiparas
AVALIAÇÃO DA CELULARIDADE DO LEITE DE OVELHAS DA RAÇA LACAUNE DURANTE OS TRINTA PRIMEIROS DIAS DA LACTAÇÃO – DADOS PRELIMINARES
A mastite é uma doença multifatorial que ainda causa grandes prejuízos à produção leiteira. Entretanto, poucos são os dados relacionados a esse problema em ovelhas leiteiras. Dessa forma, o objetivo do presente estudo é avaliar a celularidade do leite de ovelhas da raça Lacaune durante o período inicial da lactação. Estão sendo colhidas amostras de leite de 68 ovelhas para a avaliação do exame do fundo escuro (F.E.), do exame do California Mastitis Test (CMT), da contagem de células somáticas automáticas (CCS automática), contagem de células somáticas microscópicas (CCS microscópica) e para a contagem de células diferenciais (CCS diferencial) durante seis momentos da lactação de ovelhas da raça Lacaune: M1: dia do parto, M2: um dia após o parto, M3: três dias após o parto, M4: sete dias após o parto, M5: 15 dias após o parto e M6: 30 dias após o parto. Após a colheita, as amostras são encaminhadas ao Laboratório de microbiologia da Unoesc Xanxerê onde são preparadas para as avaliações de celularidade. Para a técnica de CCS automática, as amostras estão sendo colhidas em frascos contendo conservante celular bronopol e encaminhadas ao Laboratório de referência localizado na cidade de Concórdia, SC. As amostras para a CCS microscópica e para a CCS diferencial estão sendo processadas no laboratório da Unoesc Xanxerê. A avaliação da CCS microscópica está sendo realizada conforme as recomendações descritas por Gomes (2008) durante o período colostral (M1 e M2) e conforme as recomendações de Della Libera et al. (2004) para os outros momentos (M2, M3, M4, M5 e M6). O estudo encontra-se em fase de encerramento do processo de coleta. Até o momento, estão disponíveis apenas os dados parciais da CCS automática. No M1 foram analisadas 27 amostras, no M2, 58 amostras, no M3, 89 amostras, no M4, 73 amostras, no M5, 38 amostras e no M6 não foram colhidas amostras até o momento. As médias e os desvios padrões da CCS automática foram Log 5,77 (± 0.85); Log 5,92 (± 0,72); Log 5,88 (± 0,54); Log 5,79 (± 0,13); Log 5,70 (± 0,63). Na próxima etapa será realizada a leitura das lâminas de CCS microscópica e de CCS diferencial.Palavras-chave: Ovelhas. Lacaune. CCS automática. CCS microscópica. CCS diferencial.
PROLAPSO DA GLÂNDULA DA TERCEIRA PÁLPEBRA UNILATERAL E ENTRÓPIO BILATERAL EM UM CANINO SHAR-PEI: RELATO DE CASO
O prolapso da glândula da terceira pálpebra (Cherry eye) ocorre em filhotes e em cães com menos de um ano de idade, quando a glândula emerge do bordo livre palpebral, saindo de sua posição normal. O entrópio é uma inversão da margem palpebral, fazendo com que a pele e os pelos entrem em contato com a superfície conjuntival e corneal, podendo afetar os anexos oftálmicos de forma unilateral ou bilateral. O presente trabalho teve o objetivo de relatar um caso atendido no Hospital Veterinário da Unoesc Xanxerê. Um canino da raça Shar-Pei com quatro meses de idade, 12 kg, apresentando sobra de pele periocular tornando impossível a visualização dos olhos, não apresentando outras alterações ao exame físico. De acordo com a avaliação física, concluiu-se tratar de prolapso da glândula da terceira pálpebra unilateral direita e entrópio bilateral. Foi prescrito tratamento com colírio biamotil D ou maxitrol, duas gostas três vezes ao dia. Após sete dias, o animal voltou para o Hospital Veterinário para o procedimento cirúrgico. Para a correção do entrópio foi realizada a técnica de pregueamento palpebral, sendo utilizado fio de sutura 3-0 ou 4-0, com agulha circular traumática de tamanho médio (3/8), múltiplas suturas do tipo Lembert foram realizadas na porção afetada. O prolapso foi reduzido com o emprego da técnica de Morgan. Animais com seis meses de idade são mais acometidos pelo prolapso da glândula da terceira pálpebra, e as raças predispostas são: Beagle, Buldogue Inglês e Shar-Pei, visto que pode ser decorrente da fraqueza dos tecidos conectivos da periórbita, caracterizado por edema e inflamação da glândula, resultando na exposição desta no dorso lateralmente ao globo ocular. Quando a exposição da glândula for crônica, pode permanecer exposta à abrasão e à poeira, o que resulta em processo inflamatório. Em qualquer entrópio, o defeito primário causa irritação trigeminal, fazendo com que grande parte do quadro clínico seja produzido por espasticidade palpebral. O entrópio primário resulta da diferença de tensão entre os músculos orbicular do olho e malar, sendo ainda influenciada por inúmeras condições, como conformação do crânio, anatomia da órbita e quantidade de pregas na pele da face ao redor do olho. A técnica de pregueamento palpebral é realizada em animais jovens, sendo um procedimento de eversão temporária das pálpebras, principalmente em filhotes da raça Shar-Pei. Após o procedimento cirúrgico para a correção do prolapso e do entrópio, o animal apresentou melhora do quadro clínico. Por tratar-se de um animal jovem, este permanecerá com a correção paliativa do entrópio até ser realizada a correção definitiva na fase adulta.Palavras-chave: Cherry eye. Olho de cereja. Cirurgia. Cão. Técnica de Morgan
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE MICRO-ORGANISMOS ISOLADOS DE LESÕES PULMONARES COLETADAS AO ABATE EM SUÍNOS NA FASE DE TERMINAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM LESÕES HISTOLÓGICAS
As pneumonias caracterizam as patologias mais importantes e frequentes na clínica de suínos, atividade econômica de destaque nos cenários nacional e mundial. Essas patologias acometem suínos na fase de terminação, têm etiologia multifatorial e acarretam perdas produtivas e econômicas. Em razão da magnitude dessas enfermidades, seu controle é indispensável, porém, por sua característica multifatorial e infecções mistas, tornam-se um desafio para médicos veterinários. Objetivou-se com este estudo identificar os principais agentes envolvidos nas lesões de pneumonias encontradas em suínos por ocasião do abate e correlacionar com as lesões histológicas, caracterizando o tipo de pneumonia e o tempo de evolução. Para as análises, foram colhidos 25 pulmões com lesão de consolidação em um frigorífico localizado na região Oeste de Santa Catarina. Os pulmões foram avaliados macroscopicamente e foi calculada a área média de parênquima afetada pela lesão. Posteriormente, foram realizadas colheitas de amostras de lobos pulmonares com lesões (fragmentos de aproximadamente 10 cm) para diagnóstico no laboratório de microbiologia da Unoesc Xanxerê. Os agentes isolados foram identificados de acordo com suas características morfo-tintoriais. Fragmentos pulmonares de 1,5 cm em área de lesão foram coletados para exame histológico, acondicionados em formol 10% e posteriormente processados rotineiramente e corados com hematoxilina e eosina no laboratório de patologia veterinária da Unoesc Xanxerê. As lesões histológicas foram descritas de acordo com o tipo de patologia e grau de acometimento do tecido. Do total de amostras avaliadas, a área média pulmonar afetada por lesão foi de 19,85%; o pulmão com área mínima de lesão foi de 2,2% e área máxima, de 53%. Quanto ao isolamento, nove amostras (36%) não apresentaram crescimento e 16 (64%) apresentaram crescimento, sendo Pasteurella multocida (Pm) o agente mais frequentemente isolado, em 13 amostras (81,25%). Na avaliação histopatológica, a lesão predominante foi pneumonia intersticial associada à hiperplasia linfoide peribronquiolar (hiperplasia BALT) em 10 amostras (40,0%), e observou-se que em seis (60,0%) não houve crescimento bacteriano. A lesão de broncopneumonia supurativa (Bp) foi observada em sete amostras (28,0%) e Bp associada à hiperplasia BALT, em cinco amostras (20,0%). Dessas amostras com lesão de Bp supurativa e Bp supurativa com hiperplasia BALT, o agente predominante foi Pm em oito amostras (66,7%). A partir dos achados, observa-se uma alta ocorrência de lesões pulmonares com isolamento bacteriano e uma porcentagem de área pulmonar afetada relativamente alta. Cabe ressaltar que nos animais doentes a literatura relata que há prejuízos em ganhos produtivos. A não identificação de agentes etiológicos pela técnica de bacteriologia convencional nas lesões de hiperplasia de BALT confere com o descrito na literatura, uma vez que o agente relacionado a essa lesão é o Mycoplasma hyopneumoniae, identificado por técnicas moleculares ou imunohistoquímica, pois, em razão da sua característica de crescimento fastidiosa, não é isolado em meios de cultura convencionais. Por outro lado, a identificação de Pm nas lesões supurativas já era esperada, uma vez que o agente tem capacidade de induzir uma resposta inflamatória com infiltrado de neutrófilos, nesse caso, predominando a reação supurativa em vias aéreas, que na macroscopia se observa como exsudato mucoso a purulento e quadros produtivos de tosse na clínica.Palavras-chave: Micro-organismos. Consolidação pulmonar. Hiperplasia peribronquiolar. Suínos abate. Fonte de Financiamento: PIBIC/Unoes
SURTO DE INTOXICAÇÃO POR MONENSINA E MORTALIDADE DE BOVINOS EM MUNICÍPIO DA REGIÃO DA AMAI
Os antimicrobianos ionóforos são utilizados na nutrição animal como aditivos que auxiliam no combate à coccidiose, regulação do pH ruminal e promotores do crescimento. Embora benéficas, superdosagens para qualquer espécie animal podem acarretar intoxicação e mortalidade. Esse relato apresenta aspectos clínicos e patológicos de um caso de intoxicação por monensina em bovinos em um município da região da Associação Municípios Alto Irani (AMAI). O surto ocorreu após o fornecimento de ração com adição de monensina a nove bovinos que estavam em piquete de azevém, dos quais sete morreram, um bovino morreu após uma única ingestão de ração. Transcorridos 10 dias da mudança alimentar, os animais reduziram o consumo de alimento e apresentavam dificuldade de locomoção com rigidez de membros posteriores, que progrediu para o decúbito. Alguns animais apresentaram diarreia transitória de coloração verde-escura e timpanismo. Foi realizada necropsia em dois bovinos; o animal A morreu de forma aguda e o animal B apresentou sintomatologia clínica. Os animais apresentavam edema de subcutâneo, hidrotórax, hidropericárdio e hidroperitônio, e no esôfago, linha do timpanismo. Áreas pálidas multifocais na musculatura intercaladas com áreas normais foram observadas no coração e na musculatura esquelética dos membros. O animal A apresentou dilatação cardíaca e hiperplasia de polpa vermelha no baço, o animal B apresentou deposição de fibrina nas cavidades torácica e abdominal. O pulmão apresentava edema interlobular difuso e áreas de consolidação sugestivas de broncopneumonia. O fígado era de coloração vermelho-escuro e ao corte, aspecto de noz-moscada. Em ambos os animais, as lesões histológicas de coração e musculatura esquelética consistiam em tumefação e necrose de miofibras multifocal acompanhadas de infiltrado mononuclear moderado, proliferação de fibroblastos e deposição de tecido conjuntivo (fibrose) entre fibras. No animal B, o fígado apresentava congestão centrolobular acentuada e necrose de coagulação multifocal associada a infiltrado de macrófagos. Essa lesão, associada ao edema em cavidades, e a lesão cardíaca são compatíveis com a insuficiência cardíaca congestiva (ICC). Nos dois animais necropsiados, com as lesões macroscópicas e histológicas da musculatura esquelética e miocárdio com dados do histórico, pode ter ocorrido intoxicação por monensina. Essas lesões se explicam em razão do efeito tóxico dos ionóforos, que em superdosagens alteram a permeabilidade da membrana celular, comprometendo o equilíbrio hidroeletrolítico. No caso do animal B, a lesão de miocárdio induzida pela monensina e a evolução subaguda do caso acarretou um quadro de ICC com alteração hepática evidente. Fatores que favorecem a intoxicação incluem: ingestão de doses maiores que as preconizadas para a espécie em decorrência de erro de dosagem ou na mistura do fármaco à ração; utilização de produtos para espécies diferentes das indicadas no rótulo; e, uso em associação com fármacos que potencializam seus efeitos.Palavras-chave: Bovino. Intoxicação. Monensina. Insuficiência cardíaca. Necrose
INTOXICAÇÃO ESPONTÂNEA AGUDA APÓS INGESTÃO DE BROTOS DE PTERIDIUM AQUILINUM “SAMAMBAIA” EM BOVINO NO MUNICÍPIO DE XANXERÊ, SC
Pteridium aquilinum (samambaia) é uma das plantas tóxicas de maior importância no Brasil e causa de intoxicações frequentes na clínica médica de bovinos. Relata-se um caso de intoxicação espontânea na forma aguda por ingestão de brotos de P. aquilinum em bovino, fêmea, 18 meses de idade, raça holandesa, no mês de abril de 2014 no Município de Xanxerê, SC. O animal encontrava-se em piquete de Hermarthria altissima e apresentou apatia, anorexia, seguida de episódios de diarreia aquosa escura, e nas 24 horas seguintes apresentou hipertermia. O quadro progrediu rapidamente, e em 48 horas, o animal posicionou-se em decúbito, morrendo 96 horas após o início da sintomatologia clínica, totalizando um curso clínico de cinco dias. O animal foi medicado com antitóxico e enrofloxacina, mas sem melhora clínica. Na necropsia, observou-se conteúdo ruminal seco, petéquias no omento, fígado com múltiplas áreas arredondadas amareladas e material gelatinoso de coloração amarelada (edema) adjacente ao órgão. Foram observadas hemorragias na cápsula esplênica e áreas vermelho-escuras no intestino (infartos), ao corte, conteúdo aquoso. Fragmentos de órgãos foram colhidos para exame histopatológico e remetidos ao laboratório de patologia veterinária da Unoesc de Xanxerê. As amostras foram processadas rotineiramente para histopatologia e coradas com Hematoxilina e Eosina. Na histopatologia, observaram-se hemorragias localmente extensas em múltiplos órgãos (rim, cápsula esplênica, endocárdio e epicárdio), e o fígado apresentava áreas de necrose de coagulação juntamente com infiltrado inflamatório misto, restos celulares, bactérias (bacilos) e enfisema multifocal, caracterizando uma hepatite necrótica associada a colônias bacterianas. Após a manifestação dos sinais clínicos e a realização da necropsia, suspeitou-se de intoxicação aguda por P. aquilinun. Baseado nisso, optou-se pela investigação epidemiológica do local onde os bovinos permaneceram nas últimas semanas, e verificou-se a presença da samambaia e sinais de consumo de brotos. Os animais que consomem a planta podem apresentar quadros agudos da doença, como diátese hemorrágica, ou crônicos com neoplasias na bexiga e vias digestivas superiores. Na intoxicação aguda, o animal ingere doses maiores que 10 g/kg por dia, sendo a lesão primária uma grave aplasia de medula óssea, causando trombocitopenia e leucopenia. Como consequência da diminuição de plaquetas e leucócitos, ocorrem hemorragias e multiplicação bacteriana com possível migração embólica, resultando em infarto de órgãos. A ingestão do broto favorece quadros agudos da intoxicação, uma vez que este apresenta elevadas concentrações do princípio tóxico. Superlotação, fome e carência de fibra favorecem a ingestão da planta por bovinos. O histórico da ingestão da planta, sinais clínicos e anátomo-patologia caracterizam um quadro de intoxicação aguda por samambaia, entretanto, para diagnóstico definitivo, recomenda-se a avaliação histológica de medula óssea. Salienta-se ainda que, para diagnóstico diferencial, devem ser consideradas babesiose e anaplasmose, pasteurelose septicêmica, leptospirose, intoxicação por rodenticidas, entre outros.Palavras-chave: Pteridium aquilinum. Samambaia. Diátese hemorrágica. Infarto. Bovino