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Bacillus stearothermophilus: modelo para o estudo de interacções membranares do tamoxifeno.
O tamoxifeno (TAM) é um fármaco muito utilizado no tratamento e prevenção do cancro da mama. Apesar do tamoxifeno ser vulgarmente classificado como um antagonista de estrogénios, os múltiplos efeitos celulares deste fármaco não podem ser totalmente explicados com base na ligação ao receptor de estrogénio (RE).
O TAM é um composto lipofílico que perturba as propriedades físicas de membranas nativas e de lipossomas preparados com lípidos puros, e modifica a ordem membranar em células humanas de cancro da mama. Estes efeitos em biomembranas podem estar envolvidos, tanto na sua acção farmacológica como nos seus efeitos citotóxicos.
Com o objectivo de esclarecer os mecanismos de acção do TAM, a nível membranar, utilizámos, como modelo, uma bactéria. Bacillus stearothermophilus foi a bactéria utilizada neste trabalho, devido à grande experiência antecedente com este microrganismo, conhecendo-se bem a sua composição lipídica e o modo como varia ao longo do intervalo de temperaturas de crescimento. Por outro lado, esta bactéria é muito sensível a alterações ambientais, promovendo modificações da sua composição lipídica. Este apurado mecanismo de adaptação poderá também actuar em resposta à acção de moléculas estranhas, nomeadamente fármacos lipofílicos.
A adição de tamoxifeno ao meio de crescimento inibe o crescimento de Bacillus stearothermophilus e induz alterações ultrastruturais características de lesão membranar. Estudos biofíscos realizados por polarização de fluorescência e por calorimetria diferencial de varrimento mostraram que o tamoxifeno perturba a organização estrutural de lipossomas preparados com os lípidos extraídos de Bacillus stearothermophilus. Adicionalmente verificou-se que Bacillus stearothermophilus modifica a composição lipídica da membrana em resposta à presença de fármaco