2 research outputs found

    Sexualidade e reprodução: usos e valores relativos ao desejo de filhos entre casais de camadas médias no Rio de Janeiro, Brasil Sexuality and reproduction: uses and values related to the desire for children among middle-class couples in Rio de Janeiro, Brazil

    No full text
    Este trabalho analisa aspectos constitutivos da dinâmica sexual conjugal moderna entre casais de orientação heterossexual como parte dos resultados de uma pesquisa etnográfica realizada com "casais inférteis" no Rio de Janeiro, Brasil (2004-2005). O grupo investigado pode ser culturalmente definido por sua imersão na configuração de valores individualistas. Analisamos certos aspectos referidos pelos casais a partir dos investimentos em recursos médicos conceptivos. Destacam-se as idéias de "privacidade" e "espontaneidade" como expressões obrigatórias do exercício da sexualidade e da reprodução. Partiu-se do pressuposto de que tanto a experiência reprodutiva quanto a sexual enfatizam a primazia da representação de uma suposta liberdade de escolha. Como estratégia metodológica, privilegiou-se a trajetória de vida dos casais utilizando entrevistas semi-estruturadas e observação no contexto das entrevistas. Os resultados apontam formas divergentes, ou mesmo contraditórias, de vivenciar a experiência da parentalidade: de um lado, o filho como resultado "natural" da relação conjugal e, de outro, como fruto de uma escolha racional.<br>This study analyzes aspects comprising the modern conjugal dynamics of heterosexual couples as part of the results of an ethnographic study of "infertile couples" in Rio de Janeiro, Brazil (2004-2005). The target group can be defined culturally by its immersion in the configuration of individualist values. We analyze certain aspects reported by the couples based on their investments in medical resources for conception. The notions of "privacy" and "spontaneity" stood out as obligatory expressions in the exercise of sexuality and reproduction. The premise was that reproductive and sexual experience emphasizes the primacy of the representation of a supposed freedom of choice. The central methodological strategy was the couple's life trajectory, using semi-structured interviews and observation within the context of the interviews. The findings show divergent or even contradictory forms of experiencing parenthood: on the one hand, the child as the "natural" result of the conjugal relationship, and on the other, as the result of a rational choice

    Indivíduo e pessoa na experiência da saúde e da doença The notions of the person and the individual in the experience of health and illness

    No full text
    Revisão de uma linha de pesquisa no campo das ciências sociais em saúde no Brasil que se centra na hipótese metodológica de uma diferença cultural fundamental entre os modelos relacionais de "pessoa" e o modelo do "indivíduo" ocidental moderno (pensado como livre, autônomo e igual). Essa diferença cultural é de particular importância na caracterização das formas diferenciais de experiência da saúde e da doença entre as classes populares das sociedades nacionais modernas e os segmentos portadores dos saberes biomédicos eruditos, dominantes e oficiais. Estes últimos têm um compromisso originário com algumas características da ideologia do individualismo, tais como o universalismo/racionalismo e o cientificismo/fisicalismo. As representações, práticas e instituições dela dependentes ocupam um espaço de oposição à forma integrada, relacional, holista, como são pensadas e experimentadas as "doenças" (ou, como prefiro, as "perturbações físico-morais") mesmo nos segmentos "individualizados", quanto mais nos segmentos regidos por representações hierárquicas, relacionais, de "pessoa". Apresentam-se os fundamentos antropológicos dessa perspectiva analítica e as diferentes dimensões da produção acadêmica a ela associada, em comparação com as de outras tendências do campo.<br>This is a review of a research line present in Brazilian social science studies about health and illness, characterized by a methodological emphasis in the cultural distinction between relational models of the "person" and the modern Western model of the "individual" (conceived as free, autonomous and equal). That distinction is particularly important for the perception of different forms of the experience of health and illness, mostly between working classes in modern national societies and the social segments responsible for biomedical knowledge, as a learned, dominant or official ideology. This knowledge is fundamentally related to the ideology of individualism, in its universalistic/rationalistic and physicalist/scientificist guises. The complex set of representations, practices and institutions derived from it are systematically opposed to the integrated, embedded and relational condition of the experience of illness (or of "physical-moral disturbances", as I prefer) mostly within those groups where hierarchical, relational, models of the "person" prevail. I evoke the anthropological grounds for this perspective of analysis and describe some of the aspects of the academic production related to it, in comparison with other tendencies in the field
    corecore