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    Ocorrências bicarbonatadas sódicas associadas ao acidente de Gerês - Lobios: diversidade composicional e termalidade

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    O acidente Gerês – Lobios constitui a porção intermédia de uma megaestrutura de orientação N17ºE que recorta o Maciço Ibérico ao longo de uma extensão de cerca de 250 km. A este acidente estão associadas emergências bicarbonatadas sódicas, exóticas em termos regionais, nomeadamente nas localidades de Gerês (Portugal) e Lobios (Espanha), onde ocorrem manifestações de termalidade significativa. São águas de mineralização relativamente baixa, com valores de condutividade de 350 μS/cm ou um pouco superiores. Possuem pH no domínio alcalino e potencial redox que lhes confere características oxidantes. O sódio e o par bicarbonato/carbonato são claramente os mineralizadores principais destes fluidos termais que se distinguem das restantes águas subterrâneas por possuírem alguns elementos em concentrações inusitadas: Entre estes elementos destacam-se o flúor e o boro, que atingem concentrações de 12,5 mg/L e 136 μg/L, respectivamente. Tratando-se de águas com quimismos semelhantes, ocorrem contudo diferenças, usualmente pouco significativas. O principal parâmetro distintivo das duas águas situa-se ao nível da sua termalidade. Assim, enquanto a temperatura de emergência da água do Gerês é de, aproximadamente, 45,5 ºC, na emergência de Lobios registaram-se valores de temperatura superiores a 75 ºC. . Esta termalidade é adquirida devido a um circuito profundo, onde a água deverá atingir uma temperatura de reservatório da ordem dos 150 ºC. Admitindo um reservatório comum para as duas ocorrências, a diferença de temperatura na emergência entre as duas águas poderá traduzir, pelo menos em parte, o menor grau de mistura do fluido profundo de Lobios durante a ascensão

    O uso de técnicas isotópicas na discriminação dos processos envolvidos na mineralização das águas subterrâneas da ilha de Maio (Cabo Verde): contributo para a gestão dos recursos hídricos subterrâneos

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    Para além dos processos naturais, a mineralização das águas subterrâneas em ambientes costeiros e insulares pode ser influenciada diretamente pela massa de água oceânica. Este processo está relacionado com o equilíbrio da chamada interface água doce/água salgada que, mesmo em condições naturais, poderá contribuir para a salinização das águas doces continentais. O presente estudo foi realizado na ilha de Maio (Cabo Verde), uma das quatro ilhas pertencentes ao grupo do sotavento. É uma das mais planas ilhas do Arquipélago, atingindo uma altitude máxima de 436 m no Monte Penoso. Inserida na região Saheliana, a ilha de Maio apresenta um clima do tipo árido, com uma precipitação média anual de 124 mm e uma temperatura média de 24,4 ºC. Os aspectos climáticos da ilha do Maio e as suas características geológicas determinam uma mineralização relativamente elevada das águas subterrâneas, com valores de condutividade eléctrica maioritariamente superiores a 1 mS/cm. Além dos factores antes referidos, a mineralização destas águas parece estar, pelo menos em alguns casos, influenciada pela fraca inclinação da interface água doce/água salgada nas áreas litorais. Não obstante, subsistem dúvidas sobre a intervenção relativa dos diferentes processos na mineralização global das águas subterrâneas. As técnicas isotópicas têm-se revelado uma ferramenta útil na discriminação dos diferentes processos e na identificação do fenómeno de intrusão salina. Desta forma, no presente estudo apresentam-se resultados isotópicos de amostras de águas subterrâneas da ilha de Maio, no sentido de averiguar da existência de situações de salinização resultantes da intrusão das massas de água oceânicas.Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT

    Modelo conceptual da ocorrência hidromineral do Gerês : fundamentos sobre a delimitação da área de recarga do sistema hidrotermal

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    A ocorrência hidromineral do Gerês localiza-se na freguesia de Vilar da Veiga, concelho de Terras de Bouro, distrito de Braga. Está associada ao acidente Gerês – Lobios, a porção intermédia de uma megaestrutura que se prolonga desde Lugo (Espanha) até Vila da Feira (Portugal), seguindo uma orientação geral N17ºE. O acidente Gerês – Lobios originou um vale de factura profundamente encaixado, que recorta o maciço granítico da Serra do Gerês. É na vertente oriental deste vale que se situam as emergências termais, aproveitando fracturas paralelas e transversais à falha principal. Tratando-se de um fluido de origem meteórica, a conceptualização do funcionamento hidrogeológico do sistema hidrotermal do Gerês pressupõe, à partida, a identificação e a delimitação da respectiva área de recarga. Com base no gradiente isotópico altimétrico regional, estima-se que a altitude média de recarga do sistema hidrotermal é de 1300 m, admitindo-se que as áreas situadas a altitudes superiores a 1100 m podem estar envolvidas na recarga do sistema. Estas áreas localizam-se predominantemente no sector Este da vale de fractura associado do acidente Gerês – Lobios. No entanto, as assinaturas isotópicas de águas superficiais e subterrâneas de áreas situadas a cotas inferiores sugerem que a área de recarga é de âmbito mais alargado, incluindo o vale de fractura do Rio Gerês. Assim, com base em critérios de natureza isotópica, geomorfológica e estrutural, admite-se que a área de recarga do sistema hidrotermal está circunscrita às bacias hidrográficas do Rio Homem e do Rio Gerês, a montante da Portela do Homem e das emergências termais, respectivamente

    Origens do fluido e da mineralização das águas sulfúreas

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    As águas sulfúreas constituem o tipo hidrogeoquímico dominante entre as ocorrências hidrominerais de Portugal continental. A característica mais marcante deste grupo é a presença de enxofre sob espécies químicas reduzidas, nomeadamente HS- e H2S, esta última responsável pelo odor fétido característico das águas sulfúreas. Baseado na investigação efectuada à água sulfúrea de Caldas da Saúde (noroeste de Portugal), o presente trabalho constitui uma discussão sobre a origem do fluido e da mineralização desta água, admitindo-se que o modelo proposto possa ser generalizado a outras ocorrências congéneres, dada a similitude composicional das ocorrências sulfúreas, sem prejuízo das suas especificidades individuais. O quadro geotectónico das emergências sulfúreas é também compatível com a definição de uma província hidrogeoquímica que, em termos gerais, se pode considerar circunscrita à Zona Centro Ibérica. Não sendo axiomático, o modelo hidrogeoquímico prevê uma origem exclusivamente meteórica para as águas sulfúreas, não obstante a presença de espécies químicas pouco frequentes, em concentrações também invulgares. Dados isotópicos sugerem que o carbono inorgânico dissolvido tem essencialmente origem na dissolução do CO2 presente no solo, mas a hipótese da origem biogénica do CID na água pressupõe a existência de uma fonte contínua de CO2, ainda não identificada. Ainda com base em dados isotópicos, admite-se que o hidrogenossulfureto e outras espécies reduzidas de enxofre tenham proveniência a partir da redução de sulfatos, embora permaneça por esclarecer a origem destes, já que a sua concentração afigura-se anómala em termos regionais

    Gestão de recursos hídricos subterrâneos: elaboração de um plano de exploração de água de nascente

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    De acordo com dados oficiais do INE e da DGEG relativos ao ano de 2008, o sector das Águas Minerais Naturais e das Águas de Nascente representa cerca de 3% do conjunto da indústria portuguesa alimentar, assegurando, direta ou indiretamente, mais de 10 000 postos de trabalho. O desenvolvimento desta atividade económica baseia-se na exploração de recursos hídricos subterrâneos, muitas vezes realizada de uma forma não controlada, tendo como consequência o aumento dos custos de produção e colocando em causa a sustentabilidade das explorações. Em Portugal, o Decreto-Lei nº 84/90 de 16 de Março desenvolve os princípios orientadores do exercício das atividades de prospecção, pesquisa e exploração de águas de nascente, com vista ao seu racional aproveitamento técnico-económico e valorização. No âmbito daquele diploma, faz-se, no presente estudo, a avaliação das características hidráulicas de uma captação de água de nascente, com monitorização da qualidade da água durante as fases de extração, visando estabelecer um plano de exploração sustentado e fornecer indicações sobre medidas a tomar em caso de necessidade de modificação pontual do regime de exploração. Com este propósito, realizaram-se ensaios de caudal, tendo sido monitorizada a qualidade da água, através da caraterização da carga em suspensão. Da interpretação dos dados obtidos, determinou-se um valor de transmissividade de 0,22 m2/dia, tendo sido também identificadas correlações entre o regime de exploração e a qualidade da água. Em função destes resultados, definem-se as condições específicas de exploração da captação, de forma a garantir a sustentabilidade da exploração, quer ao nível quantitativo, quer no que respeita à qualidade da água, principalmente em termos da carga em suspensão

    Prospecção de recursos hidrominerais em terrenos cristalinos: caso de estudo em Caminha, noroeste de Portugal

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    Grande parte dos recursos hidrominerais de Portugal continental está localizada no Maciço Ibérico, a porção ibérica do orógeno varisco, constituída essencialmente por granitos e metassedimentos, ou seja, rochas com porosidade e permeabilidade primárias negligenciáveis. Nestes terrenos cristalinos, a água subterrânea está essencialmente associada a descontinuidades dos maciços rochosos, pelo que a prospecção e pesquisa de águas subterrâneas nestes ambientes visa fundamentalmente a identificação e, se possível, a caraterização das zonas de fractura que afectam os maciços. Neste processo, os métodos geofísicos de superfície têm-se revelado ferramentas fundamentais. Entre os métodos geofísicos, a resistividade eléctrica tem sido utilizada com êxito em programas de prospecção e pesquisa de água subterrânea em meios fracturados. Do mesmo modo, também o método eletromagnético de muito baixa frequência (EM-VLF) tem-se mostrado bastante promissor na detecção de fracturas saturadas verticais e subverticais e apresenta vantagens em relação à resistividade eléctrica, sobretudo na simplicidade e economia da sua aplicação. No âmbito de um trabalho de prospecção e pesquisa de águas minerais naturais na região de Caminha/Vila Nova de Cerveira (NW de Portugal), foram utilizados os métodos antes referidos. Na aplicação do método da resistividade eléctrica foi adoptado um protocolo baseado no dispositivo de Wenner, tendo sido usado um resistivímetro ABEM SAS 1000 com sistema LUND acoplado, segundo um perfil com a extensão de 400 m. Os dados foram interpretados por modelação inversa, com recurso ao software RES2DINV. Para a realização dos perfis de VLF foi utilizado um equipamento ABEM Wadi, tendo sido efetuados 2 perfis, com extensões de 220 m e intervalos de aquisição de 5 m. Para a interpretação dos dados foi utilizado o software Ramag VLF. Da interpretação dos perfis de resistividade e de VLF foi possível identificar zonas de baixa resistividade, provavelmente relacionadas com o contacto entre a rocha granítica e a formação metassedimentar e/ou com a faixa deformacional onde está parcialmente instalada a Ribeira das Amoladouras. Estas zonas afiguram-se como as mais promissoras para a realização de sondagens mecânicas de pesquisa e eventualmente para a construção de captações definitivas, visando a revelação e exploração do recurso hidromineral

    Qualidade das águas subterrâneas em zonas costeiras: caso de estudo do aquífero livre de Esposende - Vila do Conde (NW de Portugal)

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    As regiões costeiras são áreas que têm sido intensamente ocupadas pelos aglomerados populacionais, pela agricultura e pelo turismo, pelo que as solicitações de água nestas zonas são, em geral, elevadas. Do ponto de vista hidrogeológico, estas regiões apresentam algumas peculiaridades, por constituírem áreas predominantemente de descarga aquífera e por se situarem próximas do oceano, onde o equilíbrio da interface água doce/água salgada pode facilmente ser alterado. O sector estudado encontra-se inserido na Zona Vulnerável de Esposende – Vila do Conde, uma das oito zonas vulneráveis identificadas em Portugal continental. Estas zonas são definidas como “…aquelas que drenam para águas poluídas ou susceptíveis de serem poluídas por nitratos, se não forem tomadas medidas” (Directiva 91/676/CEE, do Conselho, de 12 de Dezembro de 1991). Na área em estudo, o abastecimento de água de consumo às populações é feito maioritariamente a partir da rede pública. No entanto, as águas subterrâneas constituem importantes recursos hídricos, particularmente para a actividade agrícola, muito intensa na região. Na zona em estudo, as águas subterrâneas associadas ao aquífero livre costeiro apresentam mineralizações anormalmente elevadas, traduzindo-se por valores de condutividade eléctrica entre 600 μS/cm e 1200 μS/cm. Apresentam maioritariamente pH no domínio alcalino, aparentemente devido ao uso intensivo de corretores da acidez natural dos solos. Pela mesma razão, os teores de bicarbonato e de cálcio são muito elevados. De um modo geral, as águas subterrâneas estudadas não apresentam qualidade compatível com o uso agrícola. Não obstante a proximidade ao mar, a influência marinha apresentou-se de pouca relevância

    Gestão de águas subterrâneas em ambientes insulares: caso de estudo da Ilha do Maio (Cabo Verde)

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    A gestão de águas subterrâneas em zonas costeiras assume particular relevância em ambientes insulares, devido a elevada proporção de terrenos adjacentes às massas de água oceânicas. Em ilhas planas, de reduzida dimensão e com clima árido ou semiárido, a problemática é ainda mais sensível, já que a escassa precipitação atmosférica e a elevada evapotranspiração potencial determinam reservas de água subterrânea muito limitadas. A estes aspectos de natureza climática, há que acrescentar a reduzida inclinação da interface água doce/água salgada e a consequente possibilidade de intrusão salina nas áreas costeiras. O presente estudo foi efectuado na ilha de Maio, a mais antiga e uma das mais planas ilhas do Arquipélago de Cabo Verde. Apresenta um comprimento máximo de 24,1 km e uma largura máxima de 16,3 km, ocupando uma área de, aproximadamente, 269 km2. A maior parte da ilha apresenta cotas muito baixas, frequentemente inferiores a 100 m. Constitui exceção o maciço central, onde se erguem algumas elevações, culminando no Monte Penoso com uma altitude de 436 m. Em termos hidrogeológicos, o escoamento geral é do tipo centrífugo e processa-se segundo gradientes hidráulicos que, nas regiões litorais, podem assumir valores muito baixos, favorecendo a intrusão salina. Não obstante, as captações de água subterrânea localizam-se essencialmente nestas zonas e acusam indícios de salinização, particularmente no sector setentrional. Numa perspectiva de gestão de recursos hídricos, sugere-se a construção de captações no maciço central, onde se aliam critérios de quantidade e qualidade dos recursos hídricos subterrâneos

    Determinação da interface água doce/água salgada no litoral de Viana do Castelo (NW de Portugal) com recurso ao método da resistividade eléctrica

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    O tema da intrusão salina é cada vez mais estudado por parte da comunidade científica, por suscitar grande preocupação relativamente à contaminação de aquíferos costeiros, relacionada com o avanço da água salgada para a zona continental. Este problema pode ser causado pela sobreexploração dos aquíferos costeiros e é sentido essencialmente em zonas urbanisticamente mais desenvolvidas, onde a necessidade deste recurso é maior e onde nem sempre as questões de Planeamento e Ordenamento são tidas em conta. As consequências desta situação são essencialmente de carácter ambiental e apresentam grande impacto na vida das populações costeiras. Este estudo teve como objectivo determinar a posição da interface água doce /água salgada através do método da resistividade eléctrica. O estudo foi realizado na zona de Viana do Castelo, Noroeste de Portugal. Os equipamentos utilizados foram os resistivímetros ABEM Terrameter SAS 300C e ABEM Terrameter SAS 1000, realizando sondagens eléctricas verticais (SEV’s) e perfis multi-eléctrodos, respectivamente. Foram realizadas 6 sondagens eléctricas verticais e um perfil multi-eléctrodos, aproximadamente paralelo à linha de costa. Os dados foram interpretados com recurso a software específico, designadamente, IPI2win – versão 3.0.1 (Freeware) e RES2DINV – versão 3.59.03 (Semi-Demo). De acordo com a modelação efectuada, detectou-se uma lentícula de água salgada na zona de praia, a qual não tem continuidade em profundidade, provavelmente devido à presença do substrato cristalino. Por sua vez, nas SEV’s e no perfil multi-eléctrodos, realizados sobre o cordão dunar, não foram encontrados dados que justifiquem a presença de água salgada, sugerindo que a água que circula em profundidade seja água doce.Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT
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