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    A recusa da definição de homem como animal racional na Segunda Meditação (primeira parte)

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    Este artigo prolonga a análise do argumento apresentado por Descartes em favor da primeira certeza no início da Segunda Meditação, iniciada em um artigo anterior. É examinada a passagem subsequente ao referido argumento com vistas a estabelecer que sua compreensão aponta para um debate velado entre Descartes e seus leitores versados na doutrina escolástica, mais particularmente nas concepções da definição como estruturada pela composição do gênero e da diferença e de específica e de conceito universal abstrato. Procuro mostrar que as razões que Descartes dispõe para recusar essas concepções podem ser extraídas de certa interpretação do argumento em favor da certeza da proposição eu existo e que essa recusa é imprescindível para a compreensão adequada do penso, logo existo e, portanto, de seu argumento em favor do dualismo. RésuméCet article prolonge l´analyse, publiée dans un article précédent, sur l´argumentation cartésienne qui le conduit à la première certitude au début de la Seconde Méditation. Je propose une interprétation du passage, qui vient juste après cet argument, où Descartes décline la réponse « animal rational » à la question sur sa nature. Ce passage, comme j´essaierai de le montrer, cache un dialogue masqué entre l'auteur et ses lecteurs ayant une formation scolastique. Plus particulièrement, il s´agit de montrer que la critique de Descartes vise de façon plus générale la conception de la définition par genre et différence spécifique, ainsi que la notion de concept en tant qu'universel abstrait. Les raisons qui peuvent justifier cette critique et la rendre plus qu'un simple préjugé de la part de Descartes sont ici puisées dans l´interprétation de l´argumentation cartésienne en faveur de la première certitude, proposée auparavant. On verra alors que la compréhension correcte de ce qui est en question dans ce texte révèle une condition capitale et pour l´acceptation du je pense, donc j´existe et donc pour son raisonnement en faveur du dualisme

    Les rapports entre l'esprit et le corps dans la proposition 23 de la seconde partie de l'Ethique

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    L'article avance l'hypothèse selon laquelle la distinction entre les conceptions cartésienne et spinoziste des rapports esprit/corps se situe dans le niveau plus profond des différents diagnostiques que ces doctrines supposent concernant les conditions d'emergence du problème éthique por l'être humain

    Afetividade e Fluxo de Consciência: uma hipótese de inspiração espinosista

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    O artigo apresenta uma concepção do fluxo de consciência a partir de um modelo de naturalização da consciência de base metafísica não-materialista, inspirado na filosofia de Espinosa. Procura-se responder à questão colocada por Arthur Prior, em seu artigo ?Thank Goodness That?s Over? , acerca do caráter problemático do significado de um certo tipo de proposições indexadas temporalmente no quadro de teorias que recusam a realidade do tempo. Para tanto, defende-se a hipótese de que essas proposições são irredutíveis a proposições não temporalizadas, seu sentido sendo determinado pelo caráter adverbial dos indexadores temporais e pela função de expressar estados subjetivos referencialmente opacos . Essa função, por sua vez, seria determinante para a constituição do mental enquanto tal e para a realidade do domínio prático. // The article proposes a conception of the flow of consciousness based on a non-materialistic metaphysical model of naturalization of consciousness, inspired in Spinoza's philosophy. I will try to answer Arthur Prior’s question (Thank Goodness That's Over, 1959) concerning the problematic character of the meaning of a certain type of propositions containing temporal indexes for the theories that refuse the reality of time. My hypothesis is that those propositions cannot be reduced to tenseless ones since their meaning is determined by the adverbial character of the temporal indexes and since they express subjective referentially opaque states (that are taken to be close to the Spinozistic concept of affection). I will also show that their function is crucial for the constitution of the mental and for the reality of the practical domai

    "Espinosa não sabia lógica". Liberdade sem contingência?

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    Luiz Henrique Lopes dos Santos, em seu texto sobre "Leibniz e a questão dos futuros contingentes”, argumenta em favor de seu diagnóstico segundo o qual, no fundo, a principal diferença entre as doutrinas de Espinosa e Leibniz reside no fato de que o primeiro, diferentemente do segundo, não sabia lógica. Este texto procura objetar à sua posição, respondendo às críticas do autor à posição de Espinosa quanto à liberdade divina. Procurarei mostrar que, sob o aspecto preciso da articulação aí estabelecida entre a distinção vontade/entendimento e a questão dos possíveis jamais realizados, ela não poderia estar disponível para a metafísica de Espinosa, não por ele ter ignorado um princípio básico da lógica modal, como alega o autor, mas porque ele compreende diferentemente o estatuto ontológico da unidade das coisas individuais e, portanto, dos agentes humanos

    O conceito cartesiano de atributo principal

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    In 1995, the publication of Marleen Rozemond’s paper, Descartes’s Case for Dualism, triggered the revival of the discussion on his argument in favor of the real distinction between body and soul among the Anglo-Saxon scholars. In particular, the discussion then resumed on the necessity of introducing a hidden premise (the so-called attribute premise) in order to regain its probatory character. This debate has reflected on the Cartesian studies in Brazil, and my objective in this text is to bring to the debate two texts still unexplored in relation to this interpretative problem. My hypothesis is that the attempts to justify the thesis that the substance has exactly one principal attribute have not yet succeeded because they underestimated the contribution brought about by the transformation of the notion of nature entailed by the introduction of the concept of principal attribute. Understanding the Cartesian proof of substantial dualism, and more particularly the "attribute premise", would involve, I suggest, the thesis according to which the concept of principal attribute, insofar as it expresses the essence of the substance, is not, and cannot be, according to Descartes, an abstract universal, but rather one of a particular nature

    Ainda o cogito: uma reconstrução do argumento da Segunda Meditação

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    O termo “cogito” designa de modo genérico e impreciso um argumento que Descartes propõe em diversos momentos de sua obra. De um modo geral, os comentadores, tal como o fizeram os interlocutores contemporâneos ao autor, consideram que a expressão “penso, logo existo” (cogito ergo sum), ausente das Meditações Metafísicas, resume adequadamente este argumento único e procuram esclarecê-lo ou criticá-lo, nem sempre levando em consideração as diferentes formulações que recebe e os diferentes contextos em que ocorre. Meu objetivo neste texto é simplesmente analisar o quarto parágrafo da Segunda Meditação (AT VII, 24-25; IX-1,19), no qual ele supostamente apresenta este mesmo argumento sem empregar a famosa expressão. Das muitas, diversas e relevantes questões filosóficas que este argumento suscita, gostaria de me concentrar em investigar se ele pode ser reconstruído sem que seja necessário introduzir – como uma premissa não justificada – a concepção do pensamento como sendo essencialmente consciência de si e, portanto, como envolvendo - por definição, a auto-referência imediata e incorrigível do sujeito a si mesmo. Gostaria de poder mostrar que o argumento não apenas independe dessa concepção como, além disso, conduz a essa concepção; todavia, somente o primeiro passo em direção a esta interpretação será dado neste artigo. Quanto à expressão “penso, logo existo”, minha hipótese é que, embora ausente do texto, ela, de fato, resume o sentido geral da posição cartesiana. Sua ausência explica-se pelo fato de que Descartes pretende apresentar nas Meditações a versão mais completa de seu argumento e a passagem que será aqui analisada constitui, na realidade, apenas uma primeira etapa dessa versão. A análise e a reconstrução que serão propostas supõe que o argumento apresentado no parágrafo 4 deva ser compreendido, como propõe H. G. Frankfurt, como composto de quatro etapas, cujo sentido depende do contexto argumentativo mais amplo no qual estão inseridas, como observou Jean-Claude Pariente, em seu artigo sobre o cogito nas Meditações Metafísicas. Nesse sentido, a estrutura do presente artigo seguirá essas etapas

    Duas traduções e um argumento - o 'sonho' do livre arbítrio segundo Espinosa

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    Duas traduções e um argumento. Um argumento esquecido em um verdadeiro arsenal de guerra que Espinosa se dedicou a reunir contra o que considerava um dos maiores, senão o maior, empecilho para que os homens alcançassem a verdadeira felicidade, a saber, o falso conceito que possuem da liberdade humana quando a tomam por uma liberdade de arbítrio, contrária a toda e qualquer necessidade. Argumento forjado, certamente, com boa dose de ironia e ânimo polemista contra um objetor que se diz defensor do cartesianismo, e, portanto, em certa medida contra Descartes. Apresentar um argumento que envolva a referência a situações oníricas contra a concepção cartesiana de liberdade como poder dos contrários é, certamente, pretender fazer o feitiço virar contra o feiticeiro. No entanto, para além desse encanto particular e quase anedótico, creio que esse argumento contribui com um bom ponto à inesgotável discussão sobre a natureza da liberdade, debate caro às inquietações filosóficas do nosso querido amigo. Ponto para cuja elucidação espero poder contar com sua ajuda, pois, como se poderá ver na sequência, minha compreensão do argumento é ainda bastante preliminar. Duas traduções porque as cartas onde esse argumento muito provavelmente surgiu pela primeira vez não contam ainda, até onde eu saiba, com uma tradução para a língua portuguesa que permita um acesso mais fácil ao pensamento do filósofo. Legitima preocupação pedagógica, uma entre muitas que caracterizam o professo Boeira

    "Eu sou, eu existo: isto é certo; mas por quanto tempo?" (AT, VII, 27; IX-1, 21). O tempo, o eu e os outros eus

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    RésuméCe texte prétend fournir une justification de la critique que Spinoza adresse à Descartes, par l'intermédiaire de Louis Meyer, dans la Préface des Principes de la Philosophie de Descartes ; plus particulièrement, il s'agit de reconstruire ses raisons pour affirmer qu'il n'a pas été prouvé, dans la Seconde Méditation, que la chose qui est désignée par le terme 'je' puisse être une substance. L'argument qui doit soutenir cette affirmation peut être schématisé de la façon suivante : Descartes ne peut introduire un indice temporel dans la certitude de la proposition Je suis, j'existe que s'il accepte que la compréhension de cette proposition enveloppe la possibilité de l'existence d'autres choses pensantes finies, ce qui contredit l'unes des conditions de la conception d'une chose comme substance, telles que lui-même les a définies dans l'article 60 de la première partie des Principes de la Philosophie

    Conhecimento humano e a ideia de afecção na Ética de Espinosa

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    A tese de que o conceito espinosista de ideia de afecção, introduzido na Ética, expressa o sentido mais preciso do que seja, para o autor, o conceito de ideia da imaginação. Este texto pretende problematizar essa leitura, procurando fornecer subsídios para a hipótese de que ela não é nem inequivocamente corroborada pelo texto da Ética, nem exigida pela doutrina aí apresentada. Abstract It is widely accepted by scholars that Spinoza's concept of idea of affection, introduced in the Ethics, states his notion of the idea of imagination. In this paper I address this reading, claiming that it is not either unequivocally corroborated by the text of the Ethics, or required by the doctrine developed there. Recebido em 08/2014 Aprovado em 09/201
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