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    A ENFERMAGEM ATUANDO NA EDUCAÇÃO DE PACIENTES E FAMILIARES: UMA VISÃO AMPLIADA

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    Ana Cristina Silva de Carvalho1, Alessandra Cabral de Lacerda2Descritores: Educação em saúde, EnfermagemINTRODUÇÃO:Em nossa vivência e atuação em uma Instituição de Alta Complexidade nas áreas de Traumatologia e  Ortopedia no Estado do Rio de Janeiro, uma instituição que obtém o certificado de acreditação hospitalar, observamos que a maioria dos clientes e acompanhantes permaneciam durante o período de admissão e internação hospitalar ansiosos em virtude das rotinas hospitalares e procedimentos desconhecidos no seu dia-a-dia. A Instituição atende clientes da especialidade de Ortopedia e Traumatologia de alta complexidade. Apoiados nas premissas da Acreditação Hospitalar, principalmente no que se refere aos Direitos do Paciente e Familiares e Educação de Pacientes e Familiares e no Programa de Humanização do Ministério da Saúde no que refere à Clínica Ampliada, desenvolvemos na Instituição a partir de setembro de 2006 o Serviço de Pré-Internação Hospitalar onde os clientes que encontram-se em um período próximo a sua internação para realização de procedimento cirúrgico são convocados para assistir uma palestra contendo informações sobre as rotinas hospitalares e posterior consulta interdisciplinar. Nesta consulta utilizamos um roteiro previamente estabelecido para coleta de dados denominado Instrumento de Avaliação de Enfermagem. Buscamos com esta proposta de atendimento, minimizar a ansiedade e realizar avaliação individual das necessidades de clientes e familiares para o período de internação. OBJETIVOS: Objetivamos com este estudo identificar as ações de saúde empregadas neste tipo de serviço que contribuem para minimizar a ansiedade e analisar o impacto desta estratégia quanto à melhoria da qualidade de vida desta população. METODOLOGIA: O trabalho é descritivo com abordagem qualitativa. Durante o desenvolvimento deste projeto observamos se os pacientes e familiares realizam mudanças de comportamento nos seus hábitos de vida. Através desta observação levantamos os principais pontos por eles identificados fazendo, assim, uma avaliação deste projeto que em síntese visa  a educação em saúde para o autocuidado no atendimento humanizado e melhora na qualidade de vida destes clientes. VASCONCELOS et al (2000) afirma que devemos estimular a participação mais ativa do paciente no seu tratamento diário. Torna-se necessário o desenvolvimento de atividades de ensino ou práticas educativas de saúde dirigidas ao paciente e família que o conscientize da importância da mudança de comportamentos e atitudes a fim de conquistar auto - estima, vontade de aprender, controlar a patologia, proporcionando uma convivência mais feliz no seio familiar e no contexto social. RESULTADOS:  Percebemos que as ações de saúde que contribuem para minimizar a ansiedade estão relacionadas a orientação sobre a patologia de base, as possíveis respostas humanas na decorrência da doença e a necessidade de auto-cuidado. Estas orientações fornecidas em um momento que antecede a internação favorece melhor apreensão deste conhecimento, reflexões sobre o mesmo e principalmente, participação da família no que diz respeito enfaticamente às estratégias que serão empregadas para o autocuidado e melhora da qualidade de vida. Segundo SANTOS et al (2001), a educação desempenha papel de destaque na equipe multidisciplinar, para a promoção do autocuidado do sujeito. Nesse contexto o sujeito possui uma responsabilidade pelo seu próprio cuidado, necessitando de apoio estímulo e motivação, que são fatores necessários na facilitação do processo de aprendizagem e cumprimento dos objetivos da educação para a sua saúde. A relação entre o autocuidado, o trabalho e a educação residem no fato de um fator poder ajudar o outro. A educação para o autocuidado enfoca as necessidades e objetivos do sujeito, sendo determinada por um processo histórico-cultural, privilegiando os afetos, emoções, sentimentos e reações dos sujeitos em relação a patologia, no delineamento de seu cuidado com a saúde. Observamos ainda que a estratégia empregada promove aumento do vínculo do cliente com a instituição e com os profissionais que atuam nesta atividade, além de proporcionar um momento de troca de experiências com outros usuários do serviço de saúde e consequentemente, redução da ansiedade relacionada ao período de internação, cirurgia, anestesia, rotinas hospitalares, complicações possíveis entre outras dúvidas  comuns no período que antecede a internação. Assim consideramos que esta atividade de enfermagem tem impacto positivo na qualidade de vida desta população que se encontra em um período anterior a internação hospitalar e que requer este momento de troca de experiências, de conhecimento voltado à sua condição de saúde, de orientações relacionadas à saúde e aos direitos dos clientes e seus familiares enquanto usuários do serviço de saúde. Neste sentido, é fundamental compreendermos a importância da aplicação do conceito de  clínica ampliada em nossa prática de cuidado hospitalar, pois de acordo com CAMPOS & AMARAL (2007) este conceito amplia o "objeto de trabalho" da clínica. Para a clínica ampliada, há necessidade de se ampliar o foco da doença apenas, agregando a ele, também problemas de saúde (situações que ampliam o risco ou vulnerabilidade das pessoas). A clínica ampliada é uma proposta do Ministério da Saúde (2007) que visa o compromisso com o sujeito, assumindo a responsabilidade sobre ele, buscando a intersetorialidade, reconhecendo os limites de conhecimento e tecnologias utilizadas baseados nos princípios éticos.  Deste modo, a ampliação mais importante, contudo, seria a consideração de que, em concreto, não há problema de saúde ou doença sem que estejam encarnadas em sujeitos, em pessoas. Além disso, considera-se essencial a ampliação também do objetivo ou da finalidade do trabalho clínico: além de buscar a produção de saúde, por distintos meios – curativos, preventivos, de reabilitação ou com cuidados paliativos –, a clínica poderá também contribuir para a ampliação do grau de autonomia dos usuários. Autonomia entendida aqui como um conceito relativo, não como a ausência de qualquer tipo de dependência, mas como uma ampliação da capacidade do usuário de lidar com sua própria rede ou sistema de dependências. A idade, a condição debilitante, enfim o contexto social e cultural, e, até mesmo, a própria subjetividade e a relação de afetos em que cada pessoa inevitavelmente estará envolvida. CONCLUSÕES:  Para que isso ocorra, se faz necessária a compreensão da importância do enfermeiro neste processo, uma vez que na área de saúde, o enfermeiro é o educador por excelência e a educação em saúde promove o autocuidado e a melhora da qualidade de vida. Porém é fundamental que não esqueçamos que esta educação deve ser feita a partir da realidade do cliente, do seu dia-a-dia, devemos torná-lo um sujeito ativo, dando a ele a autonomia para agir em benefício da sua saúde pois sabemos que a participação do cliente na sua recuperação é de extrema importância, e para tanto, é necessário que ele conheça seu estado de saúde e seus recursos para obter melhora em sua saúde.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: SANTOS, Z. S. A.; SILVA, R. M. Hipertensäo arterial: modelo de educação em saúde para o autocuidado. Fortaleza; Unifor; 2002. VASCONCELOS, L.B.; ADORNO, J.; BARBOSA, M.A.; SOUSA, J. T. Consulta de enfermagem como oportunidade de conscientização em diabetes. Revista. Eletrônica de Enfermagem, v.2, n.2, 2000. Disponível: http://www.fen.ufg.br/revista/revista2_2/diabete.html. CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa Campos & AMARAL, Márcia Aparecida do. A clínica ampliada e compartilhada, a gestão democrática e redes de atenção como referenciais teórico-operacionais para a reforma do hospital. Ciênc. saúde coletiva v.12 n.4 Rio de Janeiro jul./ago. 2007.BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento nas Práticas de Produção de Saúde. 2°edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. _____. Ministério da Saúde. Clínica Ampliada, Equipe de Referência e Projeto Terapêutico Singular. 2°edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.                                         1Mestre em Enfermagem pela EEAP/UNIRIO. Enfermeira do Serviço de Educação de Pacientes e Familiares do INTO. Docente da Escola de Ciências da Saúde da UNIGRANRIO. Email: [email protected] em Enfermagem pela EEAP/UNIRIO. Enfermeira responsável pelo Serviço de Educação de Pacientes e Familiares do INTO. Docente da Escola de Ciências da Saúde da UNIGRANRIO. Email: [email protected]

    GESTÃO DE CONFLITOS: COMPETÊNCIA GERENCIAL DO ENFERMEIRO

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     Cristiano Bertolossi Marta1 , Alessandra Cabral de Lacerda2, Ana Cristina Silva de Carvalho3, Marluci  Andrade Conceição Stipp4,  Josete Luzia Leite5 Palavras-chave:  Gerência; Conflito; Enfermagem INTRODUÇÃO: A visão tradicional de conflitos estava associada sempre a situações desagradáveis, geralmente ocorridas devido a diferenças de personalidades ou deficiência de liderança. Nesse contexto, acreditava-se que os conflitos não deveriam ser admitidos na organização e que, caso ocorressem, normalmente demandavam intervenção direta da gerência. Contudo, a moderna abordagem relacionada à resolução de conflitos considera que estes são inevitáveis conseqüências das interações entre as pessoas e que, dependente da sua intensidade e da maneira como forem tratados, podem ser benéficos ao ambiente de trabalho. De maneira geral, a sua resolução deve levar em conta a causa-raiz que lhes deu origem, e os mesmos devem ser solucionados diretamente pelos envolvidos. Se necessário, o gerente pode agir como facilitador nesse processo. 1 A gestão do conhecimento e capital humano é considerada um conjunto de conhecimentos, treino e capacidades das pessoas, que lhes permite realizar trabalhos úteis, com diferentes graus de complexidade e especialização. 2OBJETIVO: este estudo objetiva refletir sobre a competência gerencial do enfermeiro na gestão de conflitos nas organizações de saúde.METODOLOGIA: O trabalho proposto foi desenvolvido através de uma pesquisa bibliográfica em livros e artigos de periódicos, isto é, material acessível ao publico em geral, que fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa. A busca foi feita utilizando-se as palavras-chave: “gerencia’, “conflito” e “enfermagem” nos bancos de dados SCIELO, BDENF, MEDLINE e LILACS, nos meses de abril a maio de 2010. Não foi delimitado o período de busca, mas sim a pertinência de seus conteúdos com o tema proposto.RESULTADOS: O conflito pode ser definido como desacordo interno ou externo resultantes de diferenças de idéias, valores, culturas ou sentimentos de duas ou mais pessoas. 8 Para se administrar os conflitos nas unidades assistenciais é essencial conhecer a sua origem. Muitas vezes estes se originam de problemas de comunicação, de estrutura organizacional e comportamento individual. É fundamental reconhecer estas diferenças entre as pessoas, pois sabemos que todo ser humano consiste um ser único, ou seja, possui aptidões, valores, cultura e experiências que o tornam diferente como indivíduo e, por conseqüência, como profissional. Assim, no trabalho em equipe, devem ser aproveitadas essas diferenças, buscando aproveitar as desigualdades para que a organização represente mais do que a soma das partes desse indivíduo. A escolha da estratégia mais adequada depende deste aspecto, mas também de outros que devem ser considerados, tais como: a situação em si, a urgência da decisão, o poder e o status dos envolvidos, a importância da questão e a maturidade dos envolvidos. Comumente, observamos grande gasto de tempo com as estratégias dos gestores na área de enfermagem para solução de conflitos. Porém nem sempre os mesmos são resolvidos da melhor maneira possível. É comum encontrarmos insatisfação dos envolvidos ou de uma parte dos envolvidos com a decisão tomada. Lidar com pessoas é função que demanda uma sensibilidade constante e a complexidade do assunto exige um contínuo aperfeiçoamento técnico. Muitos consideram as pessoas como recursos, alguns estudiosos preferem considerá-las como talentos. Talentos humanos são o que temos para ser desenvolvido, aproveitado e incentivado nas organizações. Mas, a sociedade os denomina humanos e, assim, temos de seguir pensando em pessoas como capital ou, em outras palavras, como recursos humanos. 10 Na vivência hospitalar cabe ressaltar que a necessidade e exigência da capacidade administrativa devem ser aliadas a necessidade de desenvolvimento técnico. Cabe ao enfermeiro tomar decisões, controlar, administrar equipes, manter a equipe satisfeita e produtiva e evitar conflitos desconstrutivos. A Instituição espera que o enfermeiro seja um mediador de conflitos não só entre a própria equipe, mas também em todo o contexto interdisciplinar. O enfermeiro dispõe de exemplos marcantes de complexidade gerencial, de preocupações constantes. Soma-se a isso a incerteza presente no ambiente interno e externo à organização, trazendo por vezes, experiências conflitantes, sabendo com isso, que o conflito faz parte do processo de gerenciar ou de viver em conjunto. 3   A gestão de conflitos tende a crescer de importância dentro das organizações contemporâneas, tendo em vista a importância, cada vez maior, dada às pessoas que nelas trabalham; já que um dos pilares gerenciais atuais consiste no fato de os indivíduos constituírem o fator diferencial entre as empresas, os conflitos que os envolvem passam a ser um problema, uma vez que podem reduzir a produtividade, conseqüentemente, afetando a lucratividade e rentabilidade da instituição. No contexto específico da habilidade do enfermeiro em administrar conflitos, cabe refletirmos sobre o papel do enfermeiro nas Instituições de Saúde. Vale lembrar que o enfermeiro também é um líder da gestão de pessoas na medida em que, direta e continuamente, interage com a equipe de trabalho. Sendo assim, não só o gestor de enfermagem, mas cada enfermeiro, como líder, também é responsável pela administração do capital humano. Entretanto, habilidades de liderança e administração são necessárias à mudança de gestão, independentemente da área de atuação. Nas instituições públicas de saúde, os enfermeiros têm importante papel sobre as decisões relacionadas à assistência aos clientes. A equipe de enfermagem é a que está mais próxima das necessidades humanas básicas dos indivíduos e suas famílias. Considerando-se a necessidade da implementação da sistematização do cuidado, além da necessidade de interdependência com os demais profissionais da área da saúde, o enfermeiro deve ser capaz de desenvolver durante suas atividades a capacidade de ajuste de necessidades de espaço e interesses interdisciplinares. A função gerencial do enfermeiro no Brasil é uma questão ainda mesclada por desentendimentos e incompreensões, contendo as interpretações de administradores, “donos” do poder sobre o que deve ser e conter a assistência de enfermagem6. Esta polêmica avança na medida em que se torna evidente a dicotomia entre o que se espera do enfermeiro na visão dos profissionais de nível médio de enfermagem, e dos pacientes e o que se verifica na prática de suas ações cotidianas, frente às precárias condições de trabalho e de pessoal escasso nas Instituições publicas de saúde. O gerente não deve utilizar decisões individuais, considerando-se que o indivíduo como processador de informações tem seu comportamento mais baseado em suas percepções, do que em fatos objetivos e concretos. Diante disso, o profissional responsável pela gerência do processo deve fazer uso de formas de administrar os conflitos, assim como deve possuir habilidades baseadas para gerenciar a negociação. Existem diferentes formas de administrar os conflitos, são elas7: 1) Acomodação; 2) Dominação; 3) Barganha / compromisso; 4) Solução integrativa de problemas. Porém, o gerenciamento de conflitos deve ter como protagonista, um profissional capaz e com as seguintes habilidades básicas em negociação7: 1) Pro atividade; 2) Não aceitação das coisas como elas são, sem antes perguntar porque elas não poderiam ser feitas melhor; 3)Trabalhar o medo da perda e do ataque que surge diante do enfrentamento de situações desconhecidas; 4) Quebrar resistências e acreditar que é possível aprender a negociar.  Além disso, os profissionais gestores necessitam ter o conhecimento de que existem alguns estilos de negociação e que eles estão diretamente relacionados a ética presente em cada situação. Conclusão: Diante de nossas vivências em nosso cotidiano hospitalar notamos que administrar conflitos na enfermagem exige do enfermeiro habilidades administrativas, competência profissional e tempo disponível. O enfermeiro conforme analisado por alguns autores é um profissional diretamente relacionado às questões que por si só são conflitantes como determinar os espaços interdisciplinares no ambiente de cuidado de saúde. Via de regra, somos nós, enfermeiros que determinamos função de funcionários administrativos que colaboram nas unidades assistenciais, determinamos regras, horários relacionados aos clientes e seus familiares. Estabelecemos, então que fornecemos regras, baseadas em valores institucionais, mas também baseadas em valores e crenças individuais. Os conflitos na área de enfermagem em ambientes hospitalares estão relacionados em muitas situações a escalas de trabalho, escalas de tarefas, entre outras situações. Não é simples administrar na área de enfermagem uma equipe em conflito, pois a insatisfação pode gerar uma assistência de má qualidade ao cliente sob seus cuidados. Observamos nessa trajetória profissional, que o enfermeiro tem desempenhado nítido papel de controlador do trabalho dos demais elementos da equipe de enfermagem, sendo visto apenas como um profissional que determina e checa as atividades a serem executadas.  Sabemos que nosso cotidiano de trabalho está repleto de dificuldades para seu desempenho satisfatório, dentre os quais destacamos a falta de motivação e insatisfação profissional. A falta de criatividade e satisfação por parte dos trabalhadores, se deve principalmente a alguns fatores, dos quais podemos destacar o desenvolvimento de tarefas limitadas e repetitivas14.  Atualmente os trabalhadores não querem ser apenas parte de uma engrenagem, mas sim pessoas ativas e participantes do processo de trabalho. Sendo assim, devemos estimular a participação dos membros das equipes nas decisões, pois equipes integradas e participativas costumam ter mais satisfação em seus ambientes de trabalho.  A organização do trabalho baseada na formação de equipes, certamente tem sido a forma mais democrática, produtiva e humanizada de se efetuar o trabalho em saúde14. Compartilhar as responsabilidades é um método que tem se mostrado muito eficaz no controle de conflitos, para tal, nós, enfermeiros devemos estar sempre atentos aos aspectos gerenciais de nossa profissão.  Os enfermeiros responsáveis por liderarem a equipe de enfermagem necessitam desenvolver habilidades relativas à comunicação e ao relacionamento interpessoal, pois, os líderes do futuro assumirão diferentes posturas no desenvolvimento de suas funções, destacando dentre outras o papel de professor e guia potencializador, auxiliando as pessoas a desenvolverem-se, propiciando o trabalho em grupo 15. Desta forma, acreditamos que, através do trabalho em grupo com motivação e satisfação pessoal, o conflito seja atenuado ou resolvido de maneira precoce sem maiores transtornos ou danos ao trabalho de enfermagem. REFERENCIASDINSMORE, P. C; BARBOSA, A. M. C. Como se tornar um profissional em gerenciamento de projetos. 2 edição – Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. 384p.RUTHES, R. M. CUNHA, I. C. K. O. Competência do enfermeiro na gestão do conhecimento e capital intelectual. Revista Brasileira de Enfermagem. Vol. 62. Brasília. Nov./Dez. 2009.MAITLAND, Lain. Como motivar pessoas. São Paulo: Nobel, 2000.PROCHNOW, A. G; LEITE, J. L; ERDMANN, A. L; TREVISAN, M. A. O Conflito como realidade e desafio cultural no exercício da gerência do enfermeiro. Revista da Escola de Enfermagem da USP, vol. 41. São Paulo: Dezembro, 2007.LEOPARDI, M. T. Metodologia de Pesquisa na Saúde. Santa Maria: Pallotti p. 244, 2001.DUTRA, J Gestão de pessoas. Ed. Atlas, 2006.KURGANT, P. Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.TREVIZAN MA. Liderança do enfermeiro: o ideal e o real no contexto hospitalar. São Paulo (SP): Sarvier; 1993.   FÁVERO, N. O gerenciamento do enfermeiro na assistência ao paciente hospitalizado. [tese]. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 1996.  CECÍLIO, L. C. de O. É possível trabalhar o conflito como matéria-prima da gestão em saúde? Caderno de Saúde Pública, vol. 21. número 2, Rio de Janeiro: Março/Abril. 2005. WILLING, M. H; LENARDT, M. H; TRENTINI, M. Gerenciamento e cuidado em unidades de hemodiálise. Revista Brasileira de Enfermagem. Vol. 59, número 2. Brasília: Março/abril, 2006.  

    GESTÃO DE CONFLITOS: COMPETÊNCIA GERENCIAL DO ENFERMEIRO

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      Cristiano Bertolossi Marta1 , Alessandra Cabral de Lacerda2, Ana Cristina Silva de Carvalho3, Marluci  Andrade Conceição Stipp4,  Josete Luzia Leite5  Palavras-chave:  Gerência; Conflito; Enfermagem   INTRODUÇÃO: A visão tradicional de conflitos estava associada sempre a situações desagradáveis, geralmente ocorridas devido a diferenças de personalidades ou deficiência de liderança. Nesse contexto, acreditava-se que os conflitos não deveriam ser admitidos na organização e que, caso ocorressem, normalmente demandavam intervenção direta da gerência. Contudo, a moderna abordagem relacionada à resolução de conflitos considera que estes são inevitáveis conseqüências das interações entre as pessoas e que, dependente da sua intensidade e da maneira como forem tratados, podem ser benéficos ao ambiente de trabalho. De maneira geral, a sua resolução deve levar em conta a causa-raiz que lhes deu origem, e os mesmos devem ser solucionados diretamente pelos envolvidos. Se necessário, o gerente pode agir como facilitador nesse processo. 1 A gestão do conhecimento e capital humano é considerada um conjunto de conhecimentos, treino e capacidades das pessoas, que lhes permite realizar trabalhos úteis, com diferentes graus de complexidade e especialização. 2 OBJETIVO: este estudo objetiva refletir sobre a competência gerencial do enfermeiro na gestão de conflitos nas organizações de saúde. METODOLOGIA: O trabalho proposto foi desenvolvido através de uma pesquisa bibliográfica em livros e artigos de periódicos, isto é, material acessível ao publico em geral, que fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa. A busca foi feita utilizando-se as palavras-chave: “gerencia’, “conflito” e “enfermagem” nos bancos de dados SCIELO, BDENF, MEDLINE e LILACS, nos meses de abril a maio de 2010. Não foi delimitado o período de busca, mas sim a pertinência de seus conteúdos com o tema proposto. RESULTADOS: O conflito pode ser definido como desacordo interno ou externo resultantes de diferenças de idéias, valores, culturas ou sentimentos de duas ou mais pessoas. 8 Para se administrar os conflitos nas unidades assistenciais é essencial conhecer a sua origem. Muitas vezes estes se originam de problemas de comunicação, de estrutura organizacional e comportamento individual. É fundamental reconhecer estas diferenças entre as pessoas, pois sabemos que todo ser humano consiste um ser único, ou seja, possui aptidões, valores, cultura e experiências que o tornam diferente como indivíduo e, por conseqüência, como profissional. Assim, no trabalho em equipe, devem ser aproveitadas essas diferenças, buscando aproveitar as desigualdades para que a organização represente mais do que a soma das partes desse indivíduo. A escolha da estratégia mais adequada depende deste aspecto, mas também de outros que devem ser considerados, tais como: a situação em si, a urgência da decisão, o poder e o status dos envolvidos, a importância da questão e a maturidade dos envolvidos. Comumente, observamos grande gasto de tempo com as estratégias dos gestores na área de enfermagem para solução de conflitos. Porém nem sempre os mesmos são resolvidos da melhor maneira possível. É comum encontrarmos insatisfação dos envolvidos ou de uma parte dos envolvidos com a decisão tomada. Lidar com pessoas é função que demanda uma sensibilidade constante e a complexidade do assunto exige um contínuo aperfeiçoamento técnico. Muitos consideram as pessoas como recursos, alguns estudiosos preferem considerá-las como talentos. Talentos humanos são o que temos para ser desenvolvido, aproveitado e incentivado nas organizações. Mas, a sociedade os denomina humanos e, assim, temos de seguir pensando em pessoas como capital ou, em outras palavras, como recursos humanos. 10 Na vivência hospitalar cabe ressaltar que a necessidade e exigência da capacidade administrativa devem ser aliadas a necessidade de desenvolvimento técnico. Cabe ao enfermeiro tomar decisões, controlar, administrar equipes, manter a equipe satisfeita e produtiva e evitar conflitos desconstrutivos. A Instituição espera que o enfermeiro seja um mediador de conflitos não só entre a própria equipe, mas também em todo o contexto interdisciplinar. O enfermeiro dispõe de exemplos marcantes de complexidade gerencial, de preocupações constantes. Soma-se a isso a incerteza presente no ambiente interno e externo à organização, trazendo por vezes, experiências conflitantes, sabendo com isso, que o conflito faz parte do processo de gerenciar ou de viver em conjunto. 3   A gestão de conflitos tende a crescer de importância dentro das organizações contemporâneas, tendo em vista a importância, cada vez maior, dada às pessoas que nelas trabalham; já que um dos pilares gerenciais atuais consiste no fato de os indivíduos constituírem o fator diferencial entre as empresas, os conflitos que os envolvem passam a ser um problema, uma vez que podem reduzir a produtividade, conseqüentemente, afetando a lucratividade e rentabilidade da instituição. No contexto específico da habilidade do enfermeiro em administrar conflitos, cabe refletirmos sobre o papel do enfermeiro nas Instituições de Saúde. Vale lembrar que o enfermeiro também é um líder da gestão de pessoas na medida em que, direta e continuamente, interage com a equipe de trabalho. Sendo assim, não só o gestor de enfermagem, mas cada enfermeiro, como líder, também é responsável pela administração do capital humano. Entretanto, habilidades de liderança e administração são necessárias à mudança de gestão, independentemente da área de atuação. Nas instituições públicas de saúde, os enfermeiros têm importante papel sobre as decisões relacionadas à assistência aos clientes. A equipe de enfermagem é a que está mais próxima das necessidades humanas básicas dos indivíduos e suas famílias. Considerando-se a necessidade da implementação da sistematização do cuidado, além da necessidade de interdependência com os demais profissionais da área da saúde, o enfermeiro deve ser capaz de desenvolver durante suas atividades a capacidade de ajuste de necessidades de espaço e interesses interdisciplinares. A função gerencial do enfermeiro no Brasil é uma questão ainda mesclada por desentendimentos e incompreensões, contendo as interpretações de administradores, “donos” do poder sobre o que deve ser e conter a assistência de enfermagem6. Esta polêmica avança na medida em que se torna evidente a dicotomia entre o que se espera do enfermeiro na visão dos profissionais de nível médio de enfermagem, e dos pacientes e o que se verifica na prática de suas ações cotidianas, frente às precárias condições de trabalho e de pessoal escasso nas Instituições publicas de saúde. O gerente não deve utilizar decisões individuais, considerando-se que o indivíduo como processador de informações tem seu comportamento mais baseado em suas percepções, do que em fatos objetivos e concretos. Diante disso, o profissional responsável pela gerência do processo deve fazer uso de formas de administrar os conflitos, assim como deve possuir habilidades baseadas para gerenciar a negociação. Existem diferentes formas de administrar os conflitos, são elas7: 1) Acomodação; 2) Dominação; 3) Barganha / compromisso; 4) Solução integrativa de problemas. Porém, o gerenciamento de conflitos deve ter como protagonista, um profissional capaz e com as seguintes habilidades básicas em negociação7: 1) Pro atividade; 2) Não aceitação das coisas como elas são, sem antes perguntar porque elas não poderiam ser feitas melhor; 3)Trabalhar o medo da perda e do ataque que surge diante do enfrentamento de situações desconhecidas; 4) Quebrar resistências e acreditar que é possível aprender a negociar.  Além disso, os profissionais gestores necessitam ter o conhecimento de que existem alguns estilos de negociação e que eles estão diretamente relacionados a ética presente em cada situação. Conclusão: Diante de nossas vivências em nosso cotidiano hospitalar notamos que administrar conflitos na enfermagem exige do enfermeiro habilidades administrativas, competência profissional e tempo disponível. O enfermeiro conforme analisado por alguns autores é um profissional diretamente relacionado às questões que por si só são conflitantes como determinar os espaços interdisciplinares no ambiente de cuidado de saúde. Via de regra, somos nós, enfermeiros que determinamos função de funcionários administrativos que colaboram nas unidades assistenciais, determinamos regras, horários relacionados aos clientes e seus familiares. Estabelecemos, então que fornecemos regras, baseadas em valores institucionais, mas também baseadas em valores e crenças individuais. Os conflitos na área de enfermagem em ambientes hospitalares estão relacionados em muitas situações a escalas de trabalho, escalas de tarefas, entre outras situações. Não é simples administrar na área de enfermagem uma equipe em conflito, pois a insatisfação pode gerar uma assistência de má qualidade ao cliente sob seus cuidados. Observamos nessa trajetória profissional, que o enfermeiro tem desempenhado nítido papel de controlador do trabalho dos demais elementos da equipe de enfermagem, sendo visto apenas como um profissional que determina e checa as atividades a serem executadas.  Sabemos que nosso cotidiano de trabalho está repleto de dificuldades para seu desempenho satisfatório, dentre os quais destacamos a falta de motivação e insatisfação profissional. A falta de criatividade e satisfação por parte dos trabalhadores, se deve principalmente a alguns fatores, dos quais podemos destacar o desenvolvimento de tarefas limitadas e repetitivas14.  Atualmente os trabalhadores não querem ser apenas parte de uma engrenagem, mas sim pessoas ativas e participantes do processo de trabalho. Sendo assim, devemos estimular a participação dos membros das equipes nas decisões, pois equipes integradas e participativas costumam ter mais satisfação em seus ambientes de trabalho.  A organização do trabalho baseada na formação de equipes, certamente tem sido a forma mais democrática, produtiva e humanizada de se efetuar o trabalho em saúde14. Compartilhar as responsabilidades é um método que tem se mostrado muito eficaz no controle de conflitos, para tal, nós, enfermeiros devemos estar sempre atentos aos aspectos gerenciais de nossa profissão.  Os enfermeiros responsáveis por liderarem a equipe de enfermagem necessitam desenvolver habilidades relativas à comunicação e ao relacionamento interpessoal, pois, os líderes do futuro assumirão diferentes posturas no desenvolvimento de suas funções, destacando dentre outras o papel de professor e guia potencializador, auxiliando as pessoas a desenvolverem-se, propiciando o trabalho em grupo 15. Desta forma, acreditamos que, através do trabalho em grupo com motivação e satisfação pessoal, o conflito seja atenuado ou resolvido de maneira precoce sem maiores transtornos ou danos ao trabalho de enfermagem. REFERENCIAS DINSMORE, P. C; BARBOSA, A. M. C. Como se tornar um profissional em gerenciamento de projetos. 2 edição – Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. 384p. RUTHES, R. M. CUNHA, I. C. K. O. Competência do enfermeiro na gestão do conhecimento e capital intelectual. Revista Brasileira de Enfermagem. Vol. 62. Brasília. Nov./Dez. 2009. MAITLAND, Lain. Como motivar pessoas. São Paulo: Nobel, 2000. PROCHNOW, A. G; LEITE, J. L; ERDMANN, A. L; TREVISAN, M. A. O Conflito como realidade e desafio cultural no exercício da gerência do enfermeiro. Revista da Escola de Enfermagem da USP, vol. 41. São Paulo: Dezembro, 2007. LEOPARDI, M. T. Metodologia de Pesquisa na Saúde. Santa Maria: Pallotti p. 244, 2001. DUTRA, J Gestão de pessoas. Ed. Atlas, 2006. KURGANT, P. Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. TREVIZAN MA. Liderança do enfermeiro: o ideal e o real no contexto hospitalar. São Paulo (SP): Sarvier; 1993.    FÁVERO, N. O gerenciamento do enfermeiro na assistência ao paciente hospitalizado. [tese]. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 1996.   CECÍLIO, L. C. de O. É possível trabalhar o conflito como matéria-prima da gestão em saúde? Caderno de Saúde Pública, vol. 21. número 2, Rio de Janeiro: Março/Abril. 2005. WILLING, M. H; LENARDT, M. H; TRENTINI, M. Gerenciamento e cuidado em unidades de hemodiálise. Revista Brasileira de Enfermagem. Vol. 59, número 2. Brasília: Março/abril, 2006.    

    APLICAÇÃO DA TEORIA DE DOROTHEA OREM NA PRÁTICA HOSPITALAR: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

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     Alessandra Cabral de Lacerda1; Ana Cristina Silva de Carvalho2; Célia Maria de Andrade Bruno3; Ivanise Arouche Gomes de Souza4; Jane de Oliveira Conceição5; Milena Mota Brasil6. Descritores: Assistência de Enfermagem; Teorias. INTRODUÇÃO: A abordagem deste estudo trata-se da experiência de enfermeiras na adaptação de uma abordagem teórica para aplicação da sistematização da assistência de enfermagem (SAE). Movidas pela necessidade de padronizar o planejamento da assistência de enfermagem, no ano de 2000, iniciamos um trabalho em uma Instituição Federal e referência em trauma e ortopedia no Rio de Janeiro, onde todos os clientes admitidos na Instituição são avaliados em uma Consulta de Enfermagem onde aplicamos parte do Processo de Enfermagem de cinco fases (IYER, 1993). Na admissão realizamos a etapa de Histórico de Enfermagem, Diagnósticos de Enfermagem e Planejamento Assistencial. Ressaltamos que nesta etapa inicial, realizada durante a admissão do paciente, contemplamos apenas os dois primeiros estágios de desenvolvimento do Planejamento estabelecendo prioridades e traçando os resultados esperados (objetivos ou metas). As duas fases seguintes são contempladas nas Unidades de Internação, local, onde há enfermeiro durante todo o período que complementará a partir do Planejamento Assistencial realizado na Sala de Admissão, o Plano Diário de Cuidados que será descrito posteriormente e  a Avaliação subseqüente.Tal simplificação se deve ao fato de que no momento da admissão do paciente não ser possível fazermos uma previsão da evolução do mesmo, o que dificulta neste momento uma abordagem mais detalhada de Planejamento Assistencial uma vez que sabemos que para traçarmos o Plano de Cuidados, precisamos de observação constante,  o que acreditamos só ser possível com a avaliação diária e permanente nas Unidades de Internação. Os objetivos da construção deste modelo de admissão foram: realizar a admissão de enfermagem com embasamento em um suporte teórico-científico a fim de evitar suspensões de cirurgias ou complicações decorrentes de pouca informação do cliente e ou familiares, tais como o uso incorreto de medicações, e elaborar no momento da consulta admissional Diagnósticos de Enfermagem existentes e prováveis baseados na taxonomia da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA, 2009-2011) assim como os objetivos esperados pela enfermagem para internação hospitalar, configurando assim uma consulta ambulatorial de enfermagem em um hospital cirúrgico através de um modelo de planejamento assistencial de enfermagem previamente estruturado. Após estes dez anos de implementação desta atividade e embasados na necessidade de compreensão e aplicação da metodologia assistencial a ser desenvolvida na Instituição entendemos que para a adequada aplicação de uma sistematização da assistência de enfermagem devemos utilizar uma Teoria de Enfermagem, onde não só estaremos executando o trabalho em si, através da utilização do Processo de Enfermagem, mas também, possibilitando a organização do trabalho de enfermagem quanto ao método, pessoal e instrumentos de modo que seja possível a realização do processo de enfermagem que são as premissas da SAE (BACKES & SCHWARTZ, 2005). A SAE prevê a definição da natureza do trabalho a ser realizado e a definição do processo de enfermagem, desde a base teórico-filosófica, até o tipo de profissional, os métodos, os objetivos e os recursos materiais, para a produção do cuidado (LEOPARDI, 2006). Inicialmente para a escolha da Teoria de Enfermagem traçamos um perfil da clientela atendida no Instituto e decidimos através de reuniões com os enfermeiros e lideranças da Instituição utilizarmos a Teoria de Enfermagem do Déficit do Auto-Cuidado de Dorothea Orem. A escolha da teórica se deve ao fato de trabalharmos em uma Instituição de traumatologia e ortopedia onde temos clientes com diversificado grau de dependência de cuidados e por entendermos que a estratégia central de Orem no incentivo ao autocuidado vem de acordo com a proposta Institucional de Humanização dos Serviços de Saúde, através do Programa Humanizasus, onde há necessidade de aplicação e valorização dos conceitos de autocuidado e autonomia. (Brasil, 2004). A partir da escolha desta teórica, entramos na segunda etapa do trabalho que é validar um instrumento de coleta de dados baseado na Teoria escolhida e passível de ser utilizado através do recurso da informatização dos dados hospitalares e ainda sem ferir as premissas básicas da Instituição com caráter fortemente curativo do ponto de vista biológico e voltada para cirurgias de alta complexidade. Desta maneira, elaboramos um novo impresso de admissão dos clientes baseados na Teoria de enfermagem proposta e estamos em fase de utilização para futura validação do mesmo. OBJETIVOS: Desta maneira, traçamos como objetivos deste trabalho: Apresentar o Instrumento sugerido pelas autoras baseado na Teoria de enfermagem e discutir os principais resultados obtidos com a mudança de ferramenta de coleta de dados já habitualmente utilizada na Instituição. METODOLOGIA: Este trabalho é descritivo, exploratório com abordagem qualitativa. Para POLIT & HUNGLER (1995) a pesquisa qualitativa envolve a coleta e análise de informações pouco estruturadas, quanto às pessoas, em ambientes naturais. A pesquisa qualitativa em enfermagem vem se constituindo em um método cada vez mais atraente de indagação, especialmente adequado à descrição, geração de hipóteses e elaboração de teorias. Os métodos qualitativos tendem a produzir insights em profundidade e holísticos sobre um fenômeno, porque a coleta dos dados tende a ser rica e intensa, focalizando a totalidade do fenômeno". RESULTADOS: Estamos iniciando a aplicação deste novo instrumento e resultados preliminares demonstram certa dificuldade de aplicação desta nova ferramenta uma vez que utilizamos de acordo com a proposta da teórica terminologias pouco utilizadas em nossa prática tais como Requisitos de autocuidado universais, de desenvolvimento e de desvios de saúde, entre outros que para aqueles que não estão atualizados com novas terminologias e principalmente para outros profissionais da equipe de saúde que não são enfermeiros, torna-se de difícil compreensão. FULY et al. (2008) afirmam que ainda que a literatura publicada sobre a SAE apresente crescimento gradual desde 2000, a mesma ainda denota uma profunda disparidade de conceitos que são próprios da prática profissional de enfermagem. Completa as autoras que isso se traduz na prática por enfraquecimento e desarticulação da teoria com a prática, o que gera conflitos ideológicos que prejudicam não somente o entendimento da prática de enfermagem, bem como o ensino das teorias de enfermagem, bem como do processo de enfermagem e da metodologia da assistência. Além disso trabalhar com uma proposta de um modelo cujo foco são condições determinantes que indicam as necessidades de cuidados de enfermagem causa uma mudança do paradigma do cuidado baseado apenas na doença. Nesta nova proposta o modelo a ser seguido deixa de ser a doença e passa a ser o sujeito, com seus fatores condicionantes básicos e a demanda terapêutica de autocuidado. CONCLUSÕES: Diante dos resultados observados até o momento consideramos essencial nosso aprofundamento enquanto enfermeiros no que diz respeito a SAE, uma vez que a implementação da SAE  não se dá apenas através do processo de enfermagem, ela pode ocorrer por meio de outras ferramentas como a consulta de enfermagem (FULY et al., 2008), ferramentas estas que utilizamos há tantos anos na Instituição, porém ainda assim, far-se-á necessário o emprego de algum método para sistematizar a assistência, onde cada cenário de atuação utilize  da metodologia mais adequada a sua realidade; baseada na teoria de enfermagem que irá nortear a prática de enfermagem (FULY et al., 2008). Sendo assim, devemos considerar a frequente necessidade de discussão sobre a temática afim de buscarmos um consenso no sentido de aprimorarmos nossa linguagem, promovendo desta maneira a qualificação crescente da enfermagem.  REFERÊNCIAS:IYER, P.W. Tapitch B.J., Bernocchi – Losey D. Processo e Diagnóstico de enfermagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.NANDA, Diagnóstico de Enfermagem da: definições e classificação 2009 -2011. Porto Alegre: Artmed, 2010. BACKES DS, SCHWARTZ E. Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem: Desafios e Conquistas do Ponto de vista Gerencial. Ver. Ciência Cuidado Saúde 2005; 4(2): 182-8.LEOPARDI, MT. Teoria e método em assistência de enfermagem. 2ª ed. Florianópolis: Soldasof: 2006.POLIT & HUNGLER. Fundamentos de Pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação e utilização. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed: 2004.FULY, Patrícia dos Santos Claro; LEITE, Josete Luzia & LIMA, Suzinara Beatriz Soares. Correntes de pensamento nacionais sobre sistematização da assistência de enfermagem. Ver. Bras. Enf, Brasília 2008 nov-dez; 61 (6): 883-7.Brasil/Ministério da Saúde Cartilha PNH - Gestão Participativa e Co-gestão. Brasília; 2004.                          1Mestre em Enfermagem pela EEAP/UNIRIO. Enfermeira responsável pelo Serviço de Educação de Pacientes e Familiares do INTO. Docente da Escola de Ciências da Saúde da UNIGRANRIO. Email: [email protected] em Enfermagem pela EEAP/UNIRIO. Enfermeira do Serviço de Educação de Pacientes e Familiares do INTO. Docente da Escola de Ciências da Saúde da UNIGRANRIO. Email: [email protected] em Enfermagem em Traumato e Ortopedia. Especialista em Administração de Empresa – MBA pela COPEAD. Especialista em Gestão em Saúde pela ENSP/FIOCRUZ. Enfermeira do Serviço de Qualidade do INTO.4Especialista em Administração de Empresa – MBA pela COPEAD. Especialista em Gestão em Saúde pela ENSP/FIOCRUZ. Chefe substituta da área de Enfermagem do INTO.5Coordenadora das Enfermeiras dos Centros de Atenção Especializada (CAE) no INTO. Especialista em Enfermagem na Cirurgia do HUPE.

    A ENFERMAGEM ATUANDO NA EDUCAÇÃO DE PACIENTES E FAMILIARES: UMA VISÃO AMPLIADA

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    Ana Cristina Silva de Carvalho1, Alessandra Cabral de Lacerda2 Descritores: Educação em saúde, Enfermagem INTRODUÇÃO:Em nossa vivência e atuação em uma Instituição de Alta Complexidade nas áreas de Traumatologia e  Ortopedia no Estado do Rio de Janeiro, uma instituição que obtém o certificado de acreditação hospitalar, observamos que a maioria dos clientes e acompanhantes permaneciam durante o período de admissão e internação hospitalar ansiosos em virtude das rotinas hospitalares e procedimentos desconhecidos no seu dia-a-dia. A Instituição atende clientes da especialidade de Ortopedia e Traumatologia de alta complexidade. Apoiados nas premissas da Acreditação Hospitalar, principalmente no que se refere aos Direitos do Paciente e Familiares e Educação de Pacientes e Familiares e no Programa de Humanização do Ministério da Saúde no que refere à Clínica Ampliada, desenvolvemos na Instituição a partir de setembro de 2006 o Serviço de Pré-Internação Hospitalar onde os clientes que encontram-se em um período próximo a sua internação para realização de procedimento cirúrgico são convocados para assistir uma palestra contendo informações sobre as rotinas hospitalares e posterior consulta interdisciplinar. Nesta consulta utilizamos um roteiro previamente estabelecido para coleta de dados denominado Instrumento de Avaliação de Enfermagem. Buscamos com esta proposta de atendimento, minimizar a ansiedade e realizar avaliação individual das necessidades de clientes e familiares para o período de internação. OBJETIVOS: Objetivamos com este estudo identificar as ações de saúde empregadas neste tipo de serviço que contribuem para minimizar a ansiedade e analisar o impacto desta estratégia quanto à melhoria da qualidade de vida desta população. METODOLOGIA: O trabalho é descritivo com abordagem qualitativa. Durante o desenvolvimento deste projeto observamos se os pacientes e familiares realizam mudanças de comportamento nos seus hábitos de vida. Através desta observação levantamos os principais pontos por eles identificados fazendo, assim, uma avaliação deste projeto que em síntese visa  a educação em saúde para o autocuidado no atendimento humanizado e melhora na qualidade de vida destes clientes. VASCONCELOS et al (2000) afirma que devemos estimular a participação mais ativa do paciente no seu tratamento diário. Torna-se necessário o desenvolvimento de atividades de ensino ou práticas educativas de saúde dirigidas ao paciente e família que o conscientize da importância da mudança de comportamentos e atitudes a fim de conquistar auto - estima, vontade de aprender, controlar a patologia, proporcionando uma convivência mais feliz no seio familiar e no contexto social. RESULTADOS:  Percebemos que as ações de saúde que contribuem para minimizar a ansiedade estão relacionadas a orientação sobre a patologia de base, as possíveis respostas humanas na decorrência da doença e a necessidade de auto-cuidado. Estas orientações fornecidas em um momento que antecede a internação favorece melhor apreensão deste conhecimento, reflexões sobre o mesmo e principalmente, participação da família no que diz respeito enfaticamente às estratégias que serão empregadas para o autocuidado e melhora da qualidade de vida. Segundo SANTOS et al (2001), a educação desempenha papel de destaque na equipe multidisciplinar, para a promoção do autocuidado do sujeito. Nesse contexto o sujeito possui uma responsabilidade pelo seu próprio cuidado, necessitando de apoio estímulo e motivação, que são fatores necessários na facilitação do processo de aprendizagem e cumprimento dos objetivos da educação para a sua saúde. A relação entre o autocuidado, o trabalho e a educação residem no fato de um fator poder ajudar o outro. A educação para o autocuidado enfoca as necessidades e objetivos do sujeito, sendo determinada por um processo histórico-cultural, privilegiando os afetos, emoções, sentimentos e reações dos sujeitos em relação a patologia, no delineamento de seu cuidado com a saúde. Observamos ainda que a estratégia empregada promove aumento do vínculo do cliente com a instituição e com os profissionais que atuam nesta atividade, além de proporcionar um momento de troca de experiências com outros usuários do serviço de saúde e consequentemente, redução da ansiedade relacionada ao período de internação, cirurgia, anestesia, rotinas hospitalares, complicações possíveis entre outras dúvidas  comuns no período que antecede a internação. Assim consideramos que esta atividade de enfermagem tem impacto positivo na qualidade de vida desta população que se encontra em um período anterior a internação hospitalar e que requer este momento de troca de experiências, de conhecimento voltado à sua condição de saúde, de orientações relacionadas à saúde e aos direitos dos clientes e seus familiares enquanto usuários do serviço de saúde. Neste sentido, é fundamental compreendermos a importância da aplicação do conceito de  clínica ampliada em nossa prática de cuidado hospitalar, pois de acordo com CAMPOS & AMARAL (2007) este conceito amplia o "objeto de trabalho" da clínica. Para a clínica ampliada, há necessidade de se ampliar o foco da doença apenas, agregando a ele, também problemas de saúde (situações que ampliam o risco ou vulnerabilidade das pessoas). A clínica ampliada é uma proposta do Ministério da Saúde (2007) que visa o compromisso com o sujeito, assumindo a responsabilidade sobre ele, buscando a intersetorialidade, reconhecendo os limites de conhecimento e tecnologias utilizadas baseados nos princípios éticos.  Deste modo, a ampliação mais importante, contudo, seria a consideração de que, em concreto, não há problema de saúde ou doença sem que estejam encarnadas em sujeitos, em pessoas. Além disso, considera-se essencial a ampliação também do objetivo ou da finalidade do trabalho clínico: além de buscar a produção de saúde, por distintos meios – curativos, preventivos, de reabilitação ou com cuidados paliativos –, a clínica poderá também contribuir para a ampliação do grau de autonomia dos usuários. Autonomia entendida aqui como um conceito relativo, não como a ausência de qualquer tipo de dependência, mas como uma ampliação da capacidade do usuário de lidar com sua própria rede ou sistema de dependências. A idade, a condição debilitante, enfim o contexto social e cultural, e, até mesmo, a própria subjetividade e a relação de afetos em que cada pessoa inevitavelmente estará envolvida. CONCLUSÕES:  Para que isso ocorra, se faz necessária a compreensão da importância do enfermeiro neste processo, uma vez que na área de saúde, o enfermeiro é o educador por excelência e a educação em saúde promove o autocuidado e a melhora da qualidade de vida. Porém é fundamental que não esqueçamos que esta educação deve ser feita a partir da realidade do cliente, do seu dia-a-dia, devemos torná-lo um sujeito ativo, dando a ele a autonomia para agir em benefício da sua saúde pois sabemos que a participação do cliente na sua recuperação é de extrema importância, e para tanto, é necessário que ele conheça seu estado de saúde e seus recursos para obter melhora em sua saúde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: SANTOS, Z. S. A.; SILVA, R. M. Hipertensäo arterial: modelo de educação em saúde para o autocuidado. Fortaleza; Unifor; 2002.  VASCONCELOS, L.B.; ADORNO, J.; BARBOSA, M.A.; SOUSA, J. T. Consulta de enfermagem como oportunidade de conscientização em diabetes. Revista. Eletrônica de Enfermagem, v.2, n.2, 2000. Disponível: http://www.fen.ufg.br/revista/revista2_2/diabete.html. CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa Campos & AMARAL, Márcia Aparecida do. A clínica ampliada e compartilhada, a gestão democrática e redes de atenção como referenciais teórico-operacionais para a reforma do hospital. Ciênc. saúde coletiva v.12 n.4 Rio de Janeiro jul./ago. 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento nas Práticas de Produção de Saúde. 2°edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. _____. Ministério da Saúde. Clínica Ampliada, Equipe de Referência e Projeto Terapêutico Singular. 2°edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.                                                                                   1Mestre em Enfermagem pela EEAP/UNIRIO. Enfermeira do Serviço de Educação de Pacientes e Familiares do INTO. Docente da Escola de Ciências da Saúde da UNIGRANRIO. Email: [email protected] 2Mestre em Enfermagem pela EEAP/UNIRIO. Enfermeira responsável pelo Serviço de Educação de Pacientes e Familiares do INTO. Docente da Escola de Ciências da Saúde da UNIGRANRIO. Email: [email protected]

    A ENFERMAGEM ATUANDO NA EDUCAÇÃO DE PACIENTES E FAMILIARES: UMA VISÃO AMPLIADA

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    Ana Cristina Silva de Carvalho1, Alessandra Cabral de Lacerda2 Descritores: Educação em saúde, Enfermagem INTRODUÇÃO:Em nossa vivência e atuação em uma Instituição de Alta Complexidade nas áreas de Traumatologia e  Ortopedia no Estado do Rio de Janeiro, uma instituição que obtém o certificado de acreditação hospitalar, observamos que a maioria dos clientes e acompanhantes permaneciam durante o período de admissão e internação hospitalar ansiosos em virtude das rotinas hospitalares e procedimentos desconhecidos no seu dia-a-dia. A Instituição atende clientes da especialidade de Ortopedia e Traumatologia de alta complexidade. Apoiados nas premissas da Acreditação Hospitalar, principalmente no que se refere aos Direitos do Paciente e Familiares e Educação de Pacientes e Familiares e no Programa de Humanização do Ministério da Saúde no que refere à Clínica Ampliada, desenvolvemos na Instituição a partir de setembro de 2006 o Serviço de Pré-Internação Hospitalar onde os clientes que encontram-se em um período próximo a sua internação para realização de procedimento cirúrgico são convocados para assistir uma palestra contendo informações sobre as rotinas hospitalares e posterior consulta interdisciplinar. Nesta consulta utilizamos um roteiro previamente estabelecido para coleta de dados denominado Instrumento de Avaliação de Enfermagem. Buscamos com esta proposta de atendimento, minimizar a ansiedade e realizar avaliação individual das necessidades de clientes e familiares para o período de internação. OBJETIVOS: Objetivamos com este estudo identificar as ações de saúde empregadas neste tipo de serviço que contribuem para minimizar a ansiedade e analisar o impacto desta estratégia quanto à melhoria da qualidade de vida desta população. METODOLOGIA: O trabalho é descritivo com abordagem qualitativa. Durante o desenvolvimento deste projeto observamos se os pacientes e familiares realizam mudanças de comportamento nos seus hábitos de vida. Através desta observação levantamos os principais pontos por eles identificados fazendo, assim, uma avaliação deste projeto que em síntese visa  a educação em saúde para o autocuidado no atendimento humanizado e melhora na qualidade de vida destes clientes. VASCONCELOS et al (2000) afirma que devemos estimular a participação mais ativa do paciente no seu tratamento diário. Torna-se necessário o desenvolvimento de atividades de ensino ou práticas educativas de saúde dirigidas ao paciente e família que o conscientize da importância da mudança de comportamentos e atitudes a fim de conquistar auto - estima, vontade de aprender, controlar a patologia, proporcionando uma convivência mais feliz no seio familiar e no contexto social. RESULTADOS:  Percebemos que as ações de saúde que contribuem para minimizar a ansiedade estão relacionadas a orientação sobre a patologia de base, as possíveis respostas humanas na decorrência da doença e a necessidade de auto-cuidado. Estas orientações fornecidas em um momento que antecede a internação favorece melhor apreensão deste conhecimento, reflexões sobre o mesmo e principalmente, participação da família no que diz respeito enfaticamente às estratégias que serão empregadas para o autocuidado e melhora da qualidade de vida. Segundo SANTOS et al (2001), a educação desempenha papel de destaque na equipe multidisciplinar, para a promoção do autocuidado do sujeito. Nesse contexto o sujeito possui uma responsabilidade pelo seu próprio cuidado, necessitando de apoio estímulo e motivação, que são fatores necessários na facilitação do processo de aprendizagem e cumprimento dos objetivos da educação para a sua saúde. A relação entre o autocuidado, o trabalho e a educação residem no fato de um fator poder ajudar o outro. A educação para o autocuidado enfoca as necessidades e objetivos do sujeito, sendo determinada por um processo histórico-cultural, privilegiando os afetos, emoções, sentimentos e reações dos sujeitos em relação a patologia, no delineamento de seu cuidado com a saúde. Observamos ainda que a estratégia empregada promove aumento do vínculo do cliente com a instituição e com os profissionais que atuam nesta atividade, além de proporcionar um momento de troca de experiências com outros usuários do serviço de saúde e consequentemente, redução da ansiedade relacionada ao período de internação, cirurgia, anestesia, rotinas hospitalares, complicações possíveis entre outras dúvidas  comuns no período que antecede a internação. Assim consideramos que esta atividade de enfermagem tem impacto positivo na qualidade de vida desta população que se encontra em um período anterior a internação hospitalar e que requer este momento de troca de experiências, de conhecimento voltado à sua condição de saúde, de orientações relacionadas à saúde e aos direitos dos clientes e seus familiares enquanto usuários do serviço de saúde. Neste sentido, é fundamental compreendermos a importância da aplicação do conceito de  clínica ampliada em nossa prática de cuidado hospitalar, pois de acordo com CAMPOS & AMARAL (2007) este conceito amplia o "objeto de trabalho" da clínica. Para a clínica ampliada, há necessidade de se ampliar o foco da doença apenas, agregando a ele, também problemas de saúde (situações que ampliam o risco ou vulnerabilidade das pessoas). A clínica ampliada é uma proposta do Ministério da Saúde (2007) que visa o compromisso com o sujeito, assumindo a responsabilidade sobre ele, buscando a intersetorialidade, reconhecendo os limites de conhecimento e tecnologias utilizadas baseados nos princípios éticos.  Deste modo, a ampliação mais importante, contudo, seria a consideração de que, em concreto, não há problema de saúde ou doença sem que estejam encarnadas em sujeitos, em pessoas. Além disso, considera-se essencial a ampliação também do objetivo ou da finalidade do trabalho clínico: além de buscar a produção de saúde, por distintos meios – curativos, preventivos, de reabilitação ou com cuidados paliativos –, a clínica poderá também contribuir para a ampliação do grau de autonomia dos usuários. Autonomia entendida aqui como um conceito relativo, não como a ausência de qualquer tipo de dependência, mas como uma ampliação da capacidade do usuário de lidar com sua própria rede ou sistema de dependências. A idade, a condição debilitante, enfim o contexto social e cultural, e, até mesmo, a própria subjetividade e a relação de afetos em que cada pessoa inevitavelmente estará envolvida. CONCLUSÕES:  Para que isso ocorra, se faz necessária a compreensão da importância do enfermeiro neste processo, uma vez que na área de saúde, o enfermeiro é o educador por excelência e a educação em saúde promove o autocuidado e a melhora da qualidade de vida. Porém é fundamental que não esqueçamos que esta educação deve ser feita a partir da realidade do cliente, do seu dia-a-dia, devemos torná-lo um sujeito ativo, dando a ele a autonomia para agir em benefício da sua saúde pois sabemos que a participação do cliente na sua recuperação é de extrema importância, e para tanto, é necessário que ele conheça seu estado de saúde e seus recursos para obter melhora em sua saúde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: SANTOS, Z. S. A.; SILVA, R. M. Hipertensäo arterial: modelo de educação em saúde para o autocuidado. Fortaleza; Unifor; 2002.  VASCONCELOS, L.B.; ADORNO, J.; BARBOSA, M.A.; SOUSA, J. T. Consulta de enfermagem como oportunidade de conscientização em diabetes. Revista. Eletrônica de Enfermagem, v.2, n.2, 2000. Disponível: http://www.fen.ufg.br/revista/revista2_2/diabete.html. CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa Campos & AMARAL, Márcia Aparecida do. A clínica ampliada e compartilhada, a gestão democrática e redes de atenção como referenciais teórico-operacionais para a reforma do hospital. Ciênc. saúde coletiva v.12 n.4 Rio de Janeiro jul./ago. 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento nas Práticas de Produção de Saúde. 2°edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. _____. Ministério da Saúde. Clínica Ampliada, Equipe de Referência e Projeto Terapêutico Singular. 2°edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.                                                                                   1Mestre em Enfermagem pela EEAP/UNIRIO. Enfermeira do Serviço de Educação de Pacientes e Familiares do INTO. Docente da Escola de Ciências da Saúde da UNIGRANRIO. Email: [email protected] 2Mestre em Enfermagem pela EEAP/UNIRIO. Enfermeira responsável pelo Serviço de Educação de Pacientes e Familiares do INTO. Docente da Escola de Ciências da Saúde da UNIGRANRIO. Email: [email protected]

    A enfermagem atuando na educação de pacientes e familiares: Uma visão ampliada

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    Ana Cristina Silva de Carvalho1, Alessandra Cabral de Lacerda2Descritores: Educação em saúde, EnfermagemINTRODUÇÃO:Em nossa vivência e atuação em uma Instituição de Alta Complexidade nas áreas de Traumatologia e  Ortopedia no Estado do Rio de Janeiro, uma instituição que obtém o certificado de acreditação hospitalar, observamos que a maioria dos clientes e acompanhantes permaneciam durante o período de admissão e internação hospitalar ansiosos em virtude das rotinas hospitalares e procedimentos desconhecidos no seu dia-a-dia. A Instituição atende clientes da especialidade de Ortopedia e Traumatologia de alta complexidade. Apoiados nas premissas da Acreditação Hospitalar, principalmente no que se refere aos Direitos do Paciente e Familiares e Educação de Pacientes e Familiares e no Programa de Humanização do Ministério da Saúde no que refere à Clínica Ampliada, desenvolvemos na Instituição a partir de setembro de 2006 o Serviço de Pré-Internação Hospitalar onde os clientes que encontram-se em um período próximo a sua internação para realização de procedimento cirúrgico são convocados para assistir uma palestra contendo informações sobre as rotinas hospitalares e posterior consulta interdisciplinar. Nesta consulta utilizamos um roteiro previamente estabelecido para coleta de dados denominado Instrumento de Avaliação de Enfermagem. Buscamos com esta proposta de atendimento, minimizar a ansiedade e realizar avaliação individual das necessidades de clientes e familiares para o período de internação. OBJETIVOS: Objetivamos com este estudo identificar as ações de saúde empregadas neste tipo de serviço que contribuem para minimizar a ansiedade e analisar o impacto desta estratégia quanto à melhoria da qualidade de vida desta população. METODOLOGIA: O trabalho é descritivo com abordagem qualitativa. Durante o desenvolvimento deste projeto observamos se os pacientes e familiares realizam mudanças de comportamento nos seus hábitos de vida. Através desta observação levantamos os principais pontos por eles identificados fazendo, assim, uma avaliação deste projeto que em síntese visa  a educação em saúde para o autocuidado no atendimento humanizado e melhora na qualidade de vida destes clientes. VASCONCELOS et al (2000) afirma que devemos estimular a participação mais ativa do paciente no seu tratamento diário. Torna-se necessário o desenvolvimento de atividades de ensino ou práticas educativas de saúde dirigidas ao paciente e família que o conscientize da importância da mudança de comportamentos e atitudes a fim de conquistar auto - estima, vontade de aprender, controlar a patologia, proporcionando uma convivência mais feliz no seio familiar e no contexto social. RESULTADOS:  Percebemos que as ações de saúde que contribuem para minimizar a ansiedade estão relacionadas a orientação sobre a patologia de base, as possíveis respostas humanas na decorrência da doença e a necessidade de auto-cuidado. Estas orientações fornecidas em um momento que antecede a internação favorece melhor apreensão deste conhecimento, reflexões sobre o mesmo e principalmente, participação da família no que diz respeito enfaticamente às estratégias que serão empregadas para o autocuidado e melhora da qualidade de vida. Segundo SANTOS et al (2001), a educação desempenha papel de destaque na equipe multidisciplinar, para a promoção do autocuidado do sujeito. Nesse contexto o sujeito possui uma responsabilidade pelo seu próprio cuidado, necessitando de apoio estímulo e motivação, que são fatores necessários na facilitação do processo de aprendizagem e cumprimento dos objetivos da educação para a sua saúde. A relação entre o autocuidado, o trabalho e a educação residem no fato de um fator poder ajudar o outro. A educação para o autocuidado enfoca as necessidades e objetivos do sujeito, sendo determinada por um processo histórico-cultural, privilegiando os afetos, emoções, sentimentos e reações dos sujeitos em relação a patologia, no delineamento de seu cuidado com a saúde. Observamos ainda que a estratégia empregada promove aumento do vínculo do cliente com a instituição e com os profissionais que atuam nesta atividade, além de proporcionar um momento de troca de experiências com outros usuários do serviço de saúde e consequentemente, redução da ansiedade relacionada ao período de internação, cirurgia, anestesia, rotinas hospitalares, complicações possíveis entre outras dúvidas  comuns no período que antecede a internação. Assim consideramos que esta atividade de enfermagem tem impacto positivo na qualidade de vida desta população que se encontra em um período anterior a internação hospitalar e que requer este momento de troca de experiências, de conhecimento voltado à sua condição de saúde, de orientações relacionadas à saúde e aos direitos dos clientes e seus familiares enquanto usuários do serviço de saúde. Neste sentido, é fundamental compreendermos a importância da aplicação do conceito de  clínica ampliada em nossa prática de cuidado hospitalar, pois de acordo com CAMPOS & AMARAL (2007) este conceito amplia o "objeto de trabalho" da clínica. Para a clínica ampliada, há necessidade de se ampliar o foco da doença apenas, agregando a ele, também problemas de saúde (situações que ampliam o risco ou vulnerabilidade das pessoas). A clínica ampliada é uma proposta do Ministério da Saúde (2007) que visa o compromisso com o sujeito, assumindo a responsabilidade sobre ele, buscando a intersetorialidade, reconhecendo os limites de conhecimento e tecnologias utilizadas baseados nos princípios éticos.  Deste modo, a ampliação mais importante, contudo, seria a consideração de que, em concreto, não há problema de saúde ou doença sem que estejam encarnadas em sujeitos, em pessoas. Além disso, considera-se essencial a ampliação também do objetivo ou da finalidade do trabalho clínico: além de buscar a produção de saúde, por distintos meios – curativos, preventivos, de reabilitação ou com cuidados paliativos –, a clínica poderá também contribuir para a ampliação do grau de autonomia dos usuários. Autonomia entendida aqui como um conceito relativo, não como a ausência de qualquer tipo de dependência, mas como uma ampliação da capacidade do usuário de lidar com sua própria rede ou sistema de dependências. A idade, a condição debilitante, enfim o contexto social e cultural, e, até mesmo, a própria subjetividade e a relação de afetos em que cada pessoa inevitavelmente estará envolvida. CONCLUSÕES:  Para que isso ocorra, se faz necessária a compreensão da importância do enfermeiro neste processo, uma vez que na área de saúde, o enfermeiro é o educador por excelência e a educação em saúde promove o autocuidado e a melhora da qualidade de vida. Porém é fundamental que não esqueçamos que esta educação deve ser feita a partir da realidade do cliente, do seu dia-a-dia, devemos torná-lo um sujeito ativo, dando a ele a autonomia para agir em benefício da sua saúde pois sabemos que a participação do cliente na sua recuperação é de extrema importância, e para tanto, é necessário que ele conheça seu estado de saúde e seus recursos para obter melhora em sua saúde.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: SANTOS, Z. S. A.; SILVA, R. M. Hipertensäo arterial: modelo de educação em saúde para o autocuidado. Fortaleza; Unifor; 2002. VASCONCELOS, L.B.; ADORNO, J.; BARBOSA, M.A.; SOUSA, J. T. Consulta de enfermagem como oportunidade de conscientização em diabetes. Revista. Eletrônica de Enfermagem, v.2, n.2, 2000. Disponível: http://www.fen.ufg.br/revista/revista2_2/diabete.html. CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa Campos & AMARAL, Márcia Aparecida do. A clínica ampliada e compartilhada, a gestão democrática e redes de atenção como referenciais teórico-operacionais para a reforma do hospital. Ciênc. saúde coletiva v.12 n.4 Rio de Janeiro jul./ago. 2007.BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento nas Práticas de Produção de Saúde. 2°edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. _____. Ministério da Saúde. Clínica Ampliada, Equipe de Referência e Projeto Terapêutico Singular. 2°edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.                                         1Mestre em Enfermagem pela EEAP/UNIRIO. Enfermeira do Serviço de Educação de Pacientes e Familiares do INTO. Docente da Escola de Ciências da Saúde da UNIGRANRIO. Email: [email protected] em Enfermagem pela EEAP/UNIRIO. Enfermeira responsável pelo Serviço de Educação de Pacientes e Familiares do INTO. Docente da Escola de Ciências da Saúde da UNIGRANRIO. Email: [email protected]

    Gestão de conflitos: Competência gerencial do enfermeiro

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     Cristiano Bertolossi Marta1 , Alessandra Cabral de Lacerda2, Ana Cristina Silva de Carvalho3, Marluci  Andrade Conceição Stipp4,  Josete Luzia Leite5 Palavras-chave:  Gerência; Conflito; Enfermagem INTRODUÇÃO: A visão tradicional de conflitos estava associada sempre a situações desagradáveis, geralmente ocorridas devido a diferenças de personalidades ou deficiência de liderança. Nesse contexto, acreditava-se que os conflitos não deveriam ser admitidos na organização e que, caso ocorressem, normalmente demandavam intervenção direta da gerência. Contudo, a moderna abordagem relacionada à resolução de conflitos considera que estes são inevitáveis conseqüências das interações entre as pessoas e que, dependente da sua intensidade e da maneira como forem tratados, podem ser benéficos ao ambiente de trabalho. De maneira geral, a sua resolução deve levar em conta a causa-raiz que lhes deu origem, e os mesmos devem ser solucionados diretamente pelos envolvidos. Se necessário, o gerente pode agir como facilitador nesse processo. 1 A gestão do conhecimento e capital humano é considerada um conjunto de conhecimentos, treino e capacidades das pessoas, que lhes permite realizar trabalhos úteis, com diferentes graus de complexidade e especialização. 2OBJETIVO: este estudo objetiva refletir sobre a competência gerencial do enfermeiro na gestão de conflitos nas organizações de saúde.METODOLOGIA: O trabalho proposto foi desenvolvido através de uma pesquisa bibliográfica em livros e artigos de periódicos, isto é, material acessível ao publico em geral, que fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa. A busca foi feita utilizando-se as palavras-chave: “gerencia’, “conflito” e “enfermagem” nos bancos de dados SCIELO, BDENF, MEDLINE e LILACS, nos meses de abril a maio de 2010. Não foi delimitado o período de busca, mas sim a pertinência de seus conteúdos com o tema proposto.RESULTADOS: O conflito pode ser definido como desacordo interno ou externo resultantes de diferenças de idéias, valores, culturas ou sentimentos de duas ou mais pessoas. 8 Para se administrar os conflitos nas unidades assistenciais é essencial conhecer a sua origem. Muitas vezes estes se originam de problemas de comunicação, de estrutura organizacional e comportamento individual. É fundamental reconhecer estas diferenças entre as pessoas, pois sabemos que todo ser humano consiste um ser único, ou seja, possui aptidões, valores, cultura e experiências que o tornam diferente como indivíduo e, por conseqüência, como profissional. Assim, no trabalho em equipe, devem ser aproveitadas essas diferenças, buscando aproveitar as desigualdades para que a organização represente mais do que a soma das partes desse indivíduo. A escolha da estratégia mais adequada depende deste aspecto, mas também de outros que devem ser considerados, tais como: a situação em si, a urgência da decisão, o poder e o status dos envolvidos, a importância da questão e a maturidade dos envolvidos. Comumente, observamos grande gasto de tempo com as estratégias dos gestores na área de enfermagem para solução de conflitos. Porém nem sempre os mesmos são resolvidos da melhor maneira possível. É comum encontrarmos insatisfação dos envolvidos ou de uma parte dos envolvidos com a decisão tomada. Lidar com pessoas é função que demanda uma sensibilidade constante e a complexidade do assunto exige um contínuo aperfeiçoamento técnico. Muitos consideram as pessoas como recursos, alguns estudiosos preferem considerá-las como talentos. Talentos humanos são o que temos para ser desenvolvido, aproveitado e incentivado nas organizações. Mas, a sociedade os denomina humanos e, assim, temos de seguir pensando em pessoas como capital ou, em outras palavras, como recursos humanos. 10 Na vivência hospitalar cabe ressaltar que a necessidade e exigência da capacidade administrativa devem ser aliadas a necessidade de desenvolvimento técnico. Cabe ao enfermeiro tomar decisões, controlar, administrar equipes, manter a equipe satisfeita e produtiva e evitar conflitos desconstrutivos. A Instituição espera que o enfermeiro seja um mediador de conflitos não só entre a própria equipe, mas também em todo o contexto interdisciplinar. O enfermeiro dispõe de exemplos marcantes de complexidade gerencial, de preocupações constantes. Soma-se a isso a incerteza presente no ambiente interno e externo à organização, trazendo por vezes, experiências conflitantes, sabendo com isso, que o conflito faz parte do processo de gerenciar ou de viver em conjunto. 3   A gestão de conflitos tende a crescer de importância dentro das organizações contemporâneas, tendo em vista a importância, cada vez maior, dada às pessoas que nelas trabalham; já que um dos pilares gerenciais atuais consiste no fato de os indivíduos constituírem o fator diferencial entre as empresas, os conflitos que os envolvem passam a ser um problema, uma vez que podem reduzir a produtividade, conseqüentemente, afetando a lucratividade e rentabilidade da instituição. No contexto específico da habilidade do enfermeiro em administrar conflitos, cabe refletirmos sobre o papel do enfermeiro nas Instituições de Saúde. Vale lembrar que o enfermeiro também é um líder da gestão de pessoas na medida em que, direta e continuamente, interage com a equipe de trabalho. Sendo assim, não só o gestor de enfermagem, mas cada enfermeiro, como líder, também é responsável pela administração do capital humano. Entretanto, habilidades de liderança e administração são necessárias à mudança de gestão, independentemente da área de atuação. Nas instituições públicas de saúde, os enfermeiros têm importante papel sobre as decisões relacionadas à assistência aos clientes. A equipe de enfermagem é a que está mais próxima das necessidades humanas básicas dos indivíduos e suas famílias. Considerando-se a necessidade da implementação da sistematização do cuidado, além da necessidade de interdependência com os demais profissionais da área da saúde, o enfermeiro deve ser capaz de desenvolver durante suas atividades a capacidade de ajuste de necessidades de espaço e interesses interdisciplinares. A função gerencial do enfermeiro no Brasil é uma questão ainda mesclada por desentendimentos e incompreensões, contendo as interpretações de administradores, “donos” do poder sobre o que deve ser e conter a assistência de enfermagem6. Esta polêmica avança na medida em que se torna evidente a dicotomia entre o que se espera do enfermeiro na visão dos profissionais de nível médio de enfermagem, e dos pacientes e o que se verifica na prática de suas ações cotidianas, frente às precárias condições de trabalho e de pessoal escasso nas Instituições publicas de saúde. O gerente não deve utilizar decisões individuais, considerando-se que o indivíduo como processador de informações tem seu comportamento mais baseado em suas percepções, do que em fatos objetivos e concretos. Diante disso, o profissional responsável pela gerência do processo deve fazer uso de formas de administrar os conflitos, assim como deve possuir habilidades baseadas para gerenciar a negociação. Existem diferentes formas de administrar os conflitos, são elas7: 1) Acomodação; 2) Dominação; 3) Barganha / compromisso; 4) Solução integrativa de problemas. Porém, o gerenciamento de conflitos deve ter como protagonista, um profissional capaz e com as seguintes habilidades básicas em negociação7: 1) Pro atividade; 2) Não aceitação das coisas como elas são, sem antes perguntar porque elas não poderiam ser feitas melhor; 3)Trabalhar o medo da perda e do ataque que surge diante do enfrentamento de situações desconhecidas; 4) Quebrar resistências e acreditar que é possível aprender a negociar.  Além disso, os profissionais gestores necessitam ter o conhecimento de que existem alguns estilos de negociação e que eles estão diretamente relacionados a ética presente em cada situação. Conclusão: Diante de nossas vivências em nosso cotidiano hospitalar notamos que administrar conflitos na enfermagem exige do enfermeiro habilidades administrativas, competência profissional e tempo disponível. O enfermeiro conforme analisado por alguns autores é um profissional diretamente relacionado às questões que por si só são conflitantes como determinar os espaços interdisciplinares no ambiente de cuidado de saúde. Via de regra, somos nós, enfermeiros que determinamos função de funcionários administrativos que colaboram nas unidades assistenciais, determinamos regras, horários relacionados aos clientes e seus familiares. Estabelecemos, então que fornecemos regras, baseadas em valores institucionais, mas também baseadas em valores e crenças individuais. Os conflitos na área de enfermagem em ambientes hospitalares estão relacionados em muitas situações a escalas de trabalho, escalas de tarefas, entre outras situações. Não é simples administrar na área de enfermagem uma equipe em conflito, pois a insatisfação pode gerar uma assistência de má qualidade ao cliente sob seus cuidados. Observamos nessa trajetória profissional, que o enfermeiro tem desempenhado nítido papel de controlador do trabalho dos demais elementos da equipe de enfermagem, sendo visto apenas como um profissional que determina e checa as atividades a serem executadas.  Sabemos que nosso cotidiano de trabalho está repleto de dificuldades para seu desempenho satisfatório, dentre os quais destacamos a falta de motivação e insatisfação profissional. A falta de criatividade e satisfação por parte dos trabalhadores, se deve principalmente a alguns fatores, dos quais podemos destacar o desenvolvimento de tarefas limitadas e repetitivas14.  Atualmente os trabalhadores não querem ser apenas parte de uma engrenagem, mas sim pessoas ativas e participantes do processo de trabalho. Sendo assim, devemos estimular a participação dos membros das equipes nas decisões, pois equipes integradas e participativas costumam ter mais satisfação em seus ambientes de trabalho.  A organização do trabalho baseada na formação de equipes, certamente tem sido a forma mais democrática, produtiva e humanizada de se efetuar o trabalho em saúde14. Compartilhar as responsabilidades é um método que tem se mostrado muito eficaz no controle de conflitos, para tal, nós, enfermeiros devemos estar sempre atentos aos aspectos gerenciais de nossa profissão.  Os enfermeiros responsáveis por liderarem a equipe de enfermagem necessitam desenvolver habilidades relativas à comunicação e ao relacionamento interpessoal, pois, os líderes do futuro assumirão diferentes posturas no desenvolvimento de suas funções, destacando dentre outras o papel de professor e guia potencializador, auxiliando as pessoas a desenvolverem-se, propiciando o trabalho em grupo 15. Desta forma, acreditamos que, através do trabalho em grupo com motivação e satisfação pessoal, o conflito seja atenuado ou resolvido de maneira precoce sem maiores transtornos ou danos ao trabalho de enfermagem. REFERENCIASDINSMORE, P. C; BARBOSA, A. M. C. Como se tornar um profissional em gerenciamento de projetos. 2 edição – Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. 384p.RUTHES, R. M. CUNHA, I. C. K. O. Competência do enfermeiro na gestão do conhecimento e capital intelectual. Revista Brasileira de Enfermagem. Vol. 62. Brasília. Nov./Dez. 2009.MAITLAND, Lain. Como motivar pessoas. São Paulo: Nobel, 2000.PROCHNOW, A. G; LEITE, J. L; ERDMANN, A. L; TREVISAN, M. A. O Conflito como realidade e desafio cultural no exercício da gerência do enfermeiro. Revista da Escola de Enfermagem da USP, vol. 41. São Paulo: Dezembro, 2007.LEOPARDI, M. T. Metodologia de Pesquisa na Saúde. Santa Maria: Pallotti p. 244, 2001.DUTRA, J Gestão de pessoas. Ed. Atlas, 2006.KURGANT, P. Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.TREVIZAN MA. Liderança do enfermeiro: o ideal e o real no contexto hospitalar. São Paulo (SP): Sarvier; 1993.   FÁVERO, N. O gerenciamento do enfermeiro na assistência ao paciente hospitalizado. [tese]. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 1996.  CECÍLIO, L. C. de O. É possível trabalhar o conflito como matéria-prima da gestão em saúde? Caderno de Saúde Pública, vol. 21. número 2, Rio de Janeiro: Março/Abril. 2005. WILLING, M. H; LENARDT, M. H; TRENTINI, M. Gerenciamento e cuidado em unidades de hemodiálise. Revista Brasileira de Enfermagem. Vol. 59, número 2. Brasília: Março/abril, 2006.  

    APLICAÇÃO DA TEORIA DE DOROTHEA OREM NA PRÁTICA HOSPITALAR: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

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      Alessandra Cabral de Lacerda1; Ana Cristina Silva de Carvalho2; Célia Maria de Andrade Bruno3; Ivanise Arouche Gomes de Souza4; Jane de Oliveira Conceição5; Milena Mota Brasil6.   Descritores: Assistência de Enfermagem; Teorias.   INTRODUÇÃO: A abordagem deste estudo trata-se da experiência de enfermeiras na adaptação de uma abordagem teórica para aplicação da sistematização da assistência de enfermagem (SAE). Movidas pela necessidade de padronizar o planejamento da assistência de enfermagem, no ano de 2000, iniciamos um trabalho em uma Instituição Federal e referência em trauma e ortopedia no Rio de Janeiro, onde todos os clientes admitidos na Instituição são avaliados em uma Consulta de Enfermagem onde aplicamos parte do Processo de Enfermagem de cinco fases (IYER, 1993). Na admissão realizamos a etapa de Histórico de Enfermagem, Diagnósticos de Enfermagem e Planejamento Assistencial. Ressaltamos que nesta etapa inicial, realizada durante a admissão do paciente, contemplamos apenas os dois primeiros estágios de desenvolvimento do Planejamento estabelecendo prioridades e traçando os resultados esperados (objetivos ou metas). As duas fases seguintes são contempladas nas Unidades de Internação, local, onde há enfermeiro durante todo o período que complementará a partir do Planejamento Assistencial realizado na Sala de Admissão, o Plano Diário de Cuidados que será descrito posteriormente e  a Avaliação subseqüente.Tal simplificação se deve ao fato de que no momento da admissão do paciente não ser possível fazermos uma previsão da evolução do mesmo, o que dificulta neste momento uma abordagem mais detalhada de Planejamento Assistencial uma vez que sabemos que para traçarmos o Plano de Cuidados, precisamos de observação constante,  o que acreditamos só ser possível com a avaliação diária e permanente nas Unidades de Internação. Os objetivos da construção deste modelo de admissão foram: realizar a admissão de enfermagem com embasamento em um suporte teórico-científico a fim de evitar suspensões de cirurgias ou complicações decorrentes de pouca informação do cliente e ou familiares, tais como o uso incorreto de medicações, e elaborar no momento da consulta admissional Diagnósticos de Enfermagem existentes e prováveis baseados na taxonomia da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA, 2009-2011) assim como os objetivos esperados pela enfermagem para internação hospitalar, configurando assim uma consulta ambulatorial de enfermagem em um hospital cirúrgico através de um modelo de planejamento assistencial de enfermagem previamente estruturado. Após estes dez anos de implementação desta atividade e embasados na necessidade de compreensão e aplicação da metodologia assistencial a ser desenvolvida na Instituição entendemos que para a adequada aplicação de uma sistematização da assistência de enfermagem devemos utilizar uma Teoria de Enfermagem, onde não só estaremos executando o trabalho em si, através da utilização do Processo de Enfermagem, mas também, possibilitando a organização do trabalho de enfermagem quanto ao método, pessoal e instrumentos de modo que seja possível a realização do processo de enfermagem que são as premissas da SAE (BACKES & SCHWARTZ, 2005). A SAE prevê a definição da natureza do trabalho a ser realizado e a definição do processo de enfermagem, desde a base teórico-filosófica, até o tipo de profissional, os métodos, os objetivos e os recursos materiais, para a produção do cuidado (LEOPARDI, 2006). Inicialmente para a escolha da Teoria de Enfermagem traçamos um perfil da clientela atendida no Instituto e decidimos através de reuniões com os enfermeiros e lideranças da Instituição utilizarmos a Teoria de Enfermagem do Déficit do Auto-Cuidado de Dorothea Orem. A escolha da teórica se deve ao fato de trabalharmos em uma Instituição de traumatologia e ortopedia onde temos clientes com diversificado grau de dependência de cuidados e por entendermos que a estratégia central de Orem no incentivo ao autocuidado vem de acordo com a proposta Institucional de Humanização dos Serviços de Saúde, através do Programa Humanizasus, onde há necessidade de aplicação e valorização dos conceitos de autocuidado e autonomia. (Brasil, 2004). A partir da escolha desta teórica, entramos na segunda etapa do trabalho que é validar um instrumento de coleta de dados baseado na Teoria escolhida e passível de ser utilizado através do recurso da informatização dos dados hospitalares e ainda sem ferir as premissas básicas da Instituição com caráter fortemente curativo do ponto de vista biológico e voltada para cirurgias de alta complexidade. Desta maneira, elaboramos um novo impresso de admissão dos clientes baseados na Teoria de enfermagem proposta e estamos em fase de utilização para futura validação do mesmo. OBJETIVOS: Desta maneira, traçamos como objetivos deste trabalho: Apresentar o Instrumento sugerido pelas autoras baseado na Teoria de enfermagem e discutir os principais resultados obtidos com a mudança de ferramenta de coleta de dados já habitualmente utilizada na Instituição. METODOLOGIA: Este trabalho é descritivo, exploratório com abordagem qualitativa. Para POLIT & HUNGLER (1995) a pesquisa qualitativa envolve a coleta e análise de informações pouco estruturadas, quanto às pessoas, em ambientes naturais. A pesquisa qualitativa em enfermagem vem se constituindo em um método cada vez mais atraente de indagação, especialmente adequado à descrição, geração de hipóteses e elaboração de teorias. Os métodos qualitativos tendem a produzir insights em profundidade e holísticos sobre um fenômeno, porque a coleta dos dados tende a ser rica e intensa, focalizando a totalidade do fenômeno". RESULTADOS: Estamos iniciando a aplicação deste novo instrumento e resultados preliminares demonstram certa dificuldade de aplicação desta nova ferramenta uma vez que utilizamos de acordo com a proposta da teórica terminologias pouco utilizadas em nossa prática tais como Requisitos de autocuidado universais, de desenvolvimento e de desvios de saúde, entre outros que para aqueles que não estão atualizados com novas terminologias e principalmente para outros profissionais da equipe de saúde que não são enfermeiros, torna-se de difícil compreensão. FULY et al. (2008) afirmam que ainda que a literatura publicada sobre a SAE apresente crescimento gradual desde 2000, a mesma ainda denota uma profunda disparidade de conceitos que são próprios da prática profissional de enfermagem. Completa as autoras que isso se traduz na prática por enfraquecimento e desarticulação da teoria com a prática, o que gera conflitos ideológicos que prejudicam não somente o entendimento da prática de enfermagem, bem como o ensino das teorias de enfermagem, bem como do processo de enfermagem e da metodologia da assistência. Além disso trabalhar com uma proposta de um modelo cujo foco são condições determinantes que indicam as necessidades de cuidados de enfermagem causa uma mudança do paradigma do cuidado baseado apenas na doença. Nesta nova proposta o modelo a ser seguido deixa de ser a doença e passa a ser o sujeito, com seus fatores condicionantes básicos e a demanda terapêutica de autocuidado. CONCLUSÕES: Diante dos resultados observados até o momento consideramos essencial nosso aprofundamento enquanto enfermeiros no que diz respeito a SAE, uma vez que a implementação da SAE  não se dá apenas através do processo de enfermagem, ela pode ocorrer por meio de outras ferramentas como a consulta de enfermagem (FULY et al., 2008), ferramentas estas que utilizamos há tantos anos na Instituição, porém ainda assim, far-se-á necessário o emprego de algum método para sistematizar a assistência, onde cada cenário de atuação utilize  da metodologia mais adequada a sua realidade; baseada na teoria de enfermagem que irá nortear a prática de enfermagem (FULY et al., 2008). Sendo assim, devemos considerar a frequente necessidade de discussão sobre a temática afim de buscarmos um consenso no sentido de aprimorarmos nossa linguagem, promovendo desta maneira a qualificação crescente da enfermagem.    REFERÊNCIAS: IYER, P.W. Tapitch B.J., Bernocchi – Losey D. Processo e Diagnóstico de enfermagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. NANDA, Diagnóstico de Enfermagem da: definições e classificação 2009 -2011. Porto Alegre: Artmed, 2010.   BACKES DS, SCHWARTZ E. Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem: Desafios e Conquistas do Ponto de vista Gerencial. Ver. Ciência Cuidado Saúde 2005; 4(2): 182-8. LEOPARDI, MT. Teoria e método em assistência de enfermagem. 2ª ed. Florianópolis: Soldasof: 2006. POLIT & HUNGLER. Fundamentos de Pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação e utilização. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed: 2004. FULY, Patrícia dos Santos Claro; LEITE, Josete Luzia & LIMA, Suzinara Beatriz Soares. Correntes de pensamento nacionais sobre sistematização da assistência de enfermagem. Ver. Bras. Enf, Brasília 2008 nov-dez; 61 (6): 883-7. Brasil/Ministério da Saúde Cartilha PNH - Gestão Participativa e Co-gestão. Brasília; 2004.                                                     1Mestre em Enfermagem pela EEAP/UNIRIO. Enfermeira responsável pelo Serviço de Educação de Pacientes e Familiares do INTO. Docente da Escola de Ciências da Saúde da UNIGRANRIO. Email: [email protected] 2Mestre em Enfermagem pela EEAP/UNIRIO. Enfermeira do Serviço de Educação de Pacientes e Familiares do INTO. Docente da Escola de Ciências da Saúde da UNIGRANRIO. Email: [email protected] 3Especialista em Enfermagem em Traumato e Ortopedia. Especialista em Administração de Empresa – MBA pela COPEAD. Especialista em Gestão em Saúde pela ENSP/FIOCRUZ. Enfermeira do Serviço de Qualidade do INTO. 4Especialista em Administração de Empresa – MBA pela COPEAD. Especialista em Gestão em Saúde pela ENSP/FIOCRUZ. Chefe substituta da área de Enfermagem do INTO. 5Coordenadora das Enfermeiras dos Centros de Atenção Especializada (CAE) no INTO. Especialista em Enfermagem na Cirurgia do HUPE.

    APLICAÇÃO DA TEORIA DE DOROTHEA OREM NA PRÁTICA HOSPITALAR: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

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      Alessandra Cabral de Lacerda1; Ana Cristina Silva de Carvalho2; Célia Maria de Andrade Bruno3; Ivanise Arouche Gomes de Souza4; Jane de Oliveira Conceição5; Milena Mota Brasil6.   Descritores: Assistência de Enfermagem; Teorias.   INTRODUÇÃO: A abordagem deste estudo trata-se da experiência de enfermeiras na adaptação de uma abordagem teórica para aplicação da sistematização da assistência de enfermagem (SAE). Movidas pela necessidade de padronizar o planejamento da assistência de enfermagem, no ano de 2000, iniciamos um trabalho em uma Instituição Federal e referência em trauma e ortopedia no Rio de Janeiro, onde todos os clientes admitidos na Instituição são avaliados em uma Consulta de Enfermagem onde aplicamos parte do Processo de Enfermagem de cinco fases (IYER, 1993). Na admissão realizamos a etapa de Histórico de Enfermagem, Diagnósticos de Enfermagem e Planejamento Assistencial. Ressaltamos que nesta etapa inicial, realizada durante a admissão do paciente, contemplamos apenas os dois primeiros estágios de desenvolvimento do Planejamento estabelecendo prioridades e traçando os resultados esperados (objetivos ou metas). As duas fases seguintes são contempladas nas Unidades de Internação, local, onde há enfermeiro durante todo o período que complementará a partir do Planejamento Assistencial realizado na Sala de Admissão, o Plano Diário de Cuidados que será descrito posteriormente e  a Avaliação subseqüente.Tal simplificação se deve ao fato de que no momento da admissão do paciente não ser possível fazermos uma previsão da evolução do mesmo, o que dificulta neste momento uma abordagem mais detalhada de Planejamento Assistencial uma vez que sabemos que para traçarmos o Plano de Cuidados, precisamos de observação constante,  o que acreditamos só ser possível com a avaliação diária e permanente nas Unidades de Internação. Os objetivos da construção deste modelo de admissão foram: realizar a admissão de enfermagem com embasamento em um suporte teórico-científico a fim de evitar suspensões de cirurgias ou complicações decorrentes de pouca informação do cliente e ou familiares, tais como o uso incorreto de medicações, e elaborar no momento da consulta admissional Diagnósticos de Enfermagem existentes e prováveis baseados na taxonomia da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA, 2009-2011) assim como os objetivos esperados pela enfermagem para internação hospitalar, configurando assim uma consulta ambulatorial de enfermagem em um hospital cirúrgico através de um modelo de planejamento assistencial de enfermagem previamente estruturado. Após estes dez anos de implementação desta atividade e embasados na necessidade de compreensão e aplicação da metodologia assistencial a ser desenvolvida na Instituição entendemos que para a adequada aplicação de uma sistematização da assistência de enfermagem devemos utilizar uma Teoria de Enfermagem, onde não só estaremos executando o trabalho em si, através da utilização do Processo de Enfermagem, mas também, possibilitando a organização do trabalho de enfermagem quanto ao método, pessoal e instrumentos de modo que seja possível a realização do processo de enfermagem que são as premissas da SAE (BACKES & SCHWARTZ, 2005). A SAE prevê a definição da natureza do trabalho a ser realizado e a definição do processo de enfermagem, desde a base teórico-filosófica, até o tipo de profissional, os métodos, os objetivos e os recursos materiais, para a produção do cuidado (LEOPARDI, 2006). Inicialmente para a escolha da Teoria de Enfermagem traçamos um perfil da clientela atendida no Instituto e decidimos através de reuniões com os enfermeiros e lideranças da Instituição utilizarmos a Teoria de Enfermagem do Déficit do Auto-Cuidado de Dorothea Orem. A escolha da teórica se deve ao fato de trabalharmos em uma Instituição de traumatologia e ortopedia onde temos clientes com diversificado grau de dependência de cuidados e por entendermos que a estratégia central de Orem no incentivo ao autocuidado vem de acordo com a proposta Institucional de Humanização dos Serviços de Saúde, através do Programa Humanizasus, onde há necessidade de aplicação e valorização dos conceitos de autocuidado e autonomia. (Brasil, 2004). A partir da escolha desta teórica, entramos na segunda etapa do trabalho que é validar um instrumento de coleta de dados baseado na Teoria escolhida e passível de ser utilizado através do recurso da informatização dos dados hospitalares e ainda sem ferir as premissas básicas da Instituição com caráter fortemente curativo do ponto de vista biológico e voltada para cirurgias de alta complexidade. Desta maneira, elaboramos um novo impresso de admissão dos clientes baseados na Teoria de enfermagem proposta e estamos em fase de utilização para futura validação do mesmo. OBJETIVOS: Desta maneira, traçamos como objetivos deste trabalho: Apresentar o Instrumento sugerido pelas autoras baseado na Teoria de enfermagem e discutir os principais resultados obtidos com a mudança de ferramenta de coleta de dados já habitualmente utilizada na Instituição. METODOLOGIA: Este trabalho é descritivo, exploratório com abordagem qualitativa. Para POLIT & HUNGLER (1995) a pesquisa qualitativa envolve a coleta e análise de informações pouco estruturadas, quanto às pessoas, em ambientes naturais. A pesquisa qualitativa em enfermagem vem se constituindo em um método cada vez mais atraente de indagação, especialmente adequado à descrição, geração de hipóteses e elaboração de teorias. Os métodos qualitativos tendem a produzir insights em profundidade e holísticos sobre um fenômeno, porque a coleta dos dados tende a ser rica e intensa, focalizando a totalidade do fenômeno". RESULTADOS: Estamos iniciando a aplicação deste novo instrumento e resultados preliminares demonstram certa dificuldade de aplicação desta nova ferramenta uma vez que utilizamos de acordo com a proposta da teórica terminologias pouco utilizadas em nossa prática tais como Requisitos de autocuidado universais, de desenvolvimento e de desvios de saúde, entre outros que para aqueles que não estão atualizados com novas terminologias e principalmente para outros profissionais da equipe de saúde que não são enfermeiros, torna-se de difícil compreensão. FULY et al. (2008) afirmam que ainda que a literatura publicada sobre a SAE apresente crescimento gradual desde 2000, a mesma ainda denota uma profunda disparidade de conceitos que são próprios da prática profissional de enfermagem. Completa as autoras que isso se traduz na prática por enfraquecimento e desarticulação da teoria com a prática, o que gera conflitos ideológicos que prejudicam não somente o entendimento da prática de enfermagem, bem como o ensino das teorias de enfermagem, bem como do processo de enfermagem e da metodologia da assistência. Além disso trabalhar com uma proposta de um modelo cujo foco são condições determinantes que indicam as necessidades de cuidados de enfermagem causa uma mudança do paradigma do cuidado baseado apenas na doença. Nesta nova proposta o modelo a ser seguido deixa de ser a doença e passa a ser o sujeito, com seus fatores condicionantes básicos e a demanda terapêutica de autocuidado. CONCLUSÕES: Diante dos resultados observados até o momento consideramos essencial nosso aprofundamento enquanto enfermeiros no que diz respeito a SAE, uma vez que a implementação da SAE  não se dá apenas através do processo de enfermagem, ela pode ocorrer por meio de outras ferramentas como a consulta de enfermagem (FULY et al., 2008), ferramentas estas que utilizamos há tantos anos na Instituição, porém ainda assim, far-se-á necessário o emprego de algum método para sistematizar a assistência, onde cada cenário de atuação utilize  da metodologia mais adequada a sua realidade; baseada na teoria de enfermagem que irá nortear a prática de enfermagem (FULY et al., 2008). Sendo assim, devemos considerar a frequente necessidade de discussão sobre a temática afim de buscarmos um consenso no sentido de aprimorarmos nossa linguagem, promovendo desta maneira a qualificação crescente da enfermagem.    REFERÊNCIAS: IYER, P.W. Tapitch B.J., Bernocchi – Losey D. Processo e Diagnóstico de enfermagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. NANDA, Diagnóstico de Enfermagem da: definições e classificação 2009 -2011. Porto Alegre: Artmed, 2010.   BACKES DS, SCHWARTZ E. Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem: Desafios e Conquistas do Ponto de vista Gerencial. Ver. Ciência Cuidado Saúde 2005; 4(2): 182-8. LEOPARDI, MT. Teoria e método em assistência de enfermagem. 2ª ed. Florianópolis: Soldasof: 2006. POLIT & HUNGLER. Fundamentos de Pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação e utilização. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed: 2004. FULY, Patrícia dos Santos Claro; LEITE, Josete Luzia & LIMA, Suzinara Beatriz Soares. Correntes de pensamento nacionais sobre sistematização da assistência de enfermagem. Ver. Bras. Enf, Brasília 2008 nov-dez; 61 (6): 883-7. Brasil/Ministério da Saúde Cartilha PNH - Gestão Participativa e Co-gestão. Brasília; 2004.                                                     1Mestre em Enfermagem pela EEAP/UNIRIO. Enfermeira responsável pelo Serviço de Educação de Pacientes e Familiares do INTO. Docente da Escola de Ciências da Saúde da UNIGRANRIO. Email: [email protected] 2Mestre em Enfermagem pela EEAP/UNIRIO. Enfermeira do Serviço de Educação de Pacientes e Familiares do INTO. Docente da Escola de Ciências da Saúde da UNIGRANRIO. Email: [email protected] 3Especialista em Enfermagem em Traumato e Ortopedia. Especialista em Administração de Empresa – MBA pela COPEAD. Especialista em Gestão em Saúde pela ENSP/FIOCRUZ. Enfermeira do Serviço de Qualidade do INTO. 4Especialista em Administração de Empresa – MBA pela COPEAD. Especialista em Gestão em Saúde pela ENSP/FIOCRUZ. Chefe substituta da área de Enfermagem do INTO. 5Coordenadora das Enfermeiras dos Centros de Atenção Especializada (CAE) no INTO. Especialista em Enfermagem na Cirurgia do HUPE.
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