Experiências profissionais de assistentes sociais na gestão da extensão universitária no Brasil

Este artigo tem por objetivo apresentar, a partir dos desafios postos a educação e extensão na contemporaneidade, o mapeamento realizado em 2016 das assistentes sociais que atuam no corpo técnico das Pró-Reitorias de extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras (IPES) e algumas experiências profissionais na gestão da extensão universitária, no desenvolvimento da política de extensão nas diferentes regiões do país.

A extensão universitária como possibilidade para a formação em Direitos Humanos

O curso de extensão Formação em Direitos Humanos para o Atendimento ao Público foi criado no ano de 2017 na modalidade presencial com o intuito de responder às demandas de servidores públicos das diferentes instâncias municipal, estadual e federal, que realizam atendimento ao público. No entanto, devido a grande procura e visando atender a um maior número de servidores, o curso passou a ser promovido na modalidade à distância. Vale ressaltar que a Extensão Universitária se trata de um processo educativo que busca possibilitar a interação dialógica entre a universidade e a comunidade. Assim, consideramos importante a atuação de servidores técnico-administrativos nas ações de extensão a partir da troca dialógica de saberes e vivências profissionais com os sujeitos diretamente envolvidos na prestação de serviço à população. Temos como pano de fundo o cenário macroestrutural de violação de direitos e precarização das políticas públicas para a população, em que a defesa dos Direitos Humanos se faz eminente. Neste sentido o curso tem por objetivo contribuir para a reflexão-ação de cursistas na defesa intransigente dos direitos humanos como compromisso ético do fazer profissional no serviço público. Como metodologia de trabalho são realizados debates presenciais e virtuais que buscam estimular a percepção das diferenças socioeconômicas que nos cercam cotidianamente e como estes processos caminham no sentido da violação de direitos. A equipe realiza reuniões periódicos de planejamento e pesquisas, com a orientação de estudantes de graduação, que subsidiam as ações desenvolvidas. Como um dos resultados deste trabalho, apresentaremos um perfil de cursistas que participaram do curso, sua respectiva área de atuação e motivação para realização. Assim, procuramos compreender quem é o público que busca e acessa este curso de extensão, bem como suas expectativas e demandas relativas a temática dos Direitos Humanos a partir da interação da comunidade com a universidade

Atendimento psicossocial à mulheres em situação de violência de gênero durante a pandemia da Covid-19: limites e desafios

A pandemia da Covid-19 e a consequente migração do trabalho na modalidade presencial para o remoto trouxe novas demandas e a necessidade de diversas categorias profissionais adequarem suas práticas à nova realidade. Neste trabalho, partimos das experiências profissionais no atendimento à mulheres em situação de violência de gênero no Centro  de Referência de Mulheres da Maré Carminha Rosa e no Centro de Referência para Mulheres Suely Souza de Almeida, que são projetos de extensão do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos da UFRJ, e que integram a Política de Enfrentamento da violência contra a mulher do Estado do Rio de Janeiro . Desde o início da suspensão das atividades não essenciais na UFRJ, ambos os centros tiveram que lidar com a problemática de dar continuidade aos acompanhamentos que já eram realizados de forma presencial em uma modalidade à distância, bem como a de criar condições para que outras mulheres em situação de violência pudessem acessar seus serviços de maneira remota. Isso demandou múltiplos e novos desafios, tais como: 1- A dificuldade de acesso à internet e às tecnologias  necessárias para o atendimento remoto por parte de algumas mulheres; 2- A criação de novas estratégias de ação e divulgação para o acesso de novas usuárias a esses centros; 3- O fato de algumas mulheres residirem com seus agressores, o que torna o atendimento remoto extremamente arriscado, já que o espaço de fala destas seria em seus próprios domicílios; 4- Os impactos na comunicação e no vínculo entre profissional e usuária devido à especificidade do atendimento o remoto, que é realizado por meio de chamadas de vídeo, áudio e mensagens de texto; 5 - As falas mais diretas das usuárias no primeiro atendimento que dificultam a identificação de demandas implícitas; 6- O próprio deslocamento do trabalho para o ambiente doméstico e os possíveis efeitos disso na vida privada do profissional, dado que o conteúdo de nossa escuta e intervenção - a violência e privação de direitos - que usualmente é permeado de forte conteúdo emocional. Temos por objetivo neste trabalho apontar os desafios do trabalho remoto mais especificamente no âmbito do atendimento psicossocial às mulheres em situação de violência realizados nos dois Centro de Referência. Para tanto, usaremos a metodologia de exposição oral das experiências e aprendizado nesse período. Como resultados pretendemos apontar a importância da continuidade deste atendimento no enfrentamento à violência de gênero contra a mulher.Palavras-chaveviolência de gênero contra a mulher; atendimento psicossocial; trabalho remot

A atuação do técnico-administrativo na Coordenação acadêmica da Extensão: a dimensão formativa do exercício profissional

Este trabalho se propõe a apresentar algumas atividades desenvolvidas pelos técnico-administrativos da Coordenação acadêmica da Extensão, que em sua dimensão formativa podem contribuir no desenvolvimento das práticas de extensão na universidade, na sua interlocução com o ensino e a pesquisa. Sendo assim, temos como principais objetivos a exposição das atividades desenvolvidas na oficina “Saberes em movimento: Desafios e perspectivas para a extensão universitária”; na atividade de orientação e acompanhamento às ações de extensão registradas; assim como a produção acadêmica e institucional de membros da equipe sobre a temática da extensão. Como metodologia adotaremos a exposição oral de cada uma das atividades, sua realização e principais objetivos alcançados. Como resultados parciais das duas primeiras atividades temos a possibilidade de trazer o debate conceitual da extensão de forma a favorecer a revisão e o aprimoramento das práticas, com vistas ao impacto e transformação social em articulação com as demais diretrizes da extensão. No tocante à produção acadêmica e institucional, temos uma tese de doutorado e duas de mestrado em andamento cujo tema central está relacionado a área da extensão, além de artigos em eventos científicos. Avaliamos, assim, que a atuação profissional no âmbito da extensão, em seu caráter formativo, pode contribuir significativamente para o fortalecimento desta dimensão acadêmica na sua visibilidade e difusão diante do compromisso social da universidade pública

Direitos Humanos no atendimento ao público: desafios e estratégias em tempos de pandemia

O atual contexto da pandemia da Covid-19 afeta diferentes aspectos da sociedade em que vivemos e aprofunda as fraturas sociais existentes, contribuindo para que o debate sobre Direitos Humanos se faça ainda mais necessário. Por isso, consideramos relevante dar continuidade às ações do Curso de Extensão “Direitos Humanos para Atendimento ao Público”, da UFRJ, por meio da utilização de novas estratégias em sua 4ª edição. Assim, apresentamos um panorama das ações realizadas à distância com servidores públicos das esferas municipal, estadual e federal de todo o território nacional. As atividades tiveram como eixo norteador o compromisso ético de servidores públicos com a defesa de direitos nos diferentes espaços em que atuam: saúde, educação, segurança pública, assistência social etc. Além disso, apresentamos também alguns dos resultados dos debates realizados, materializados em projetos de intervenção dos cursistas, que buscaram contribuir para práticas profissionais preocupadas com a garantia dos direitos humanos

Inserção dos técnicos administrativos em educação na Extensão Universitária a partir do registro e coordenação de ações de extensão

Esse trabalho visa contribuir ao apresentar um panorama quantitativo sobre a atuação dos técnicos administrativos em educação na Extensão Universitária a partir da inserção dos mesmos como proponentes de ações de extensão na UFRJ. Acreditamos que a participação dos técnicos contribui ao fortalecimento e desenvolvimento da política de extensão universitária, conjuntamente aos discentes e docentes no caso de ações creditáveis aos graduandos da UFRJ. Sendo assim, os principais objetivos do trabalho consistem no mapeamento quantitativo das ações registradas na UFRJ, cujos proponentes são técnicos administrativos em educação, a modalidade de ação de extensão registrada, suas unidades de origem e área de atuação. Além disto, apresentar dados referentes ao quantitativo de técnicos em atividades de coordenação relacionadas à extensão. A metodologia a ser aplicada será a coleta de dados, sistematização e tabulação via Sistema de Informação e Gestão de Projetos - SIGPROJ - dos técnicos administrativos em educação inseridos na Extensão Universitária. Como resultados parciais pretendemos demonstrar que, apesar de proporcionalmente o número de ações coordenadas por técnicos ser menor em comparação ao número de ações coordenadas por docentes, defendemos a importância da atuação profissional do técnico administrativo em educação na extensão universitária ao corroborar tanto na execução, quanto na coordenação de ações de extensão

Ser alguém na vida: um estudo sobre jovens do meio rural e seus projetos de vida

Este artigo discute as categorias juventude e projetos de vida, abordando-as a partir de uma pesquisa qualitativa realizada com jovens moradores da zona rural. O objetivo é problematizar a categoria projetos de vida, tomando como referência empírica um grupo de sujeitos de um município mineiro e refletindo sobre a importância dessa categoria para as discussões contemporâneas acerca da juventude. O estudo foi realizado com estudantes do ensino médio, moradores de uma região brasileira marcada pela cultura da migração e cujos projetos de vida mostraram-se sob pontos de vista distintos. A noção de projetos de vida é utiliza neste trabalho em uma perspectiva ampla, não se limitando às escolhas profissionais. Isso porque falar em projetos de vida não pode se limitar a falar em profissão. Afinal, a vida não se resume a trabalho. Para definir e caracterizar os projetos de vida do grupo pesquisado, lançou-se mão de algumas categorias analíticas discutidas a partir de: um arcabouço teórico acerca das noções de juventude, projetos de vida e campo de possibilidades; e das evidências empíricas captadas por meio do estudo etnográfico realizado. A pesquisa concluiu que, embora sejam distintos os modos como os jovens organizam suas condutas futuras, o desejo de “ser alguém na vida” é uma orientação comum à maioria dos sujeitos investigados