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    DIAGNÓSTICO CLÍNICO, LABORATORIAL E NECROSCÓPICO DA PERITONITE INFECCIOSA FELINA: RELATO DE CASO 

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    Foi atendida em um centro veterinário particular na cidade de Ponta Grossa, estado do Paraná, uma paciente felina, da raça Persa, com oito meses de idade e pesando 1,9 kg, com histórico de perda de peso, inapetência e diarreia esporádica. Ao exame físico apresentou mucosas normocoradas, desidratação, secreção ocular discreta e leve dor abdominal à palpação. Foram solicitados exames complementares para delinear o diagnóstico. As principais alterações ultrassonográficas foram dilatação de vasculatura hepática, dilatação de pelve renal esquerda, enterite difusa, mesentério com intenso sinal positivo ao doppler e presença de líquido livre abdominal. No hemograma observou-se microcitose, hipoproteinemia, linfopenia, desvio nuclear de neutrófilos a esquerda degenerativo, trombocitose e anisocitose plaquetária. Nos exames bioquímicos as alterações foram hipercolesterolemia e hiperglicemia. A coleta de urina foi realizada por cistocentese, e, após análise, a urina apresentou densidade aumentada, uma cruz de proteínas presentes, leucocitose, presença de hemácias e células epiteliais, sem bactérias sensíveis ao Gram. O resultado do teste SNAP para FIV e FeLV (IDEXX®) foi negativo para ambas as doenças. Procedeu-se com a coleta e análise do líquido ascítico, o líquido ao exame físico era de coloração amarelo palha, com pH aumentado (8,0), aumento das proteínas totais e da glicose, na contagem total de células verificou-se a presença de células nucleadas acima da referência descrita, sem bactérias sensíveis ao Gram.  Após a análise da efusão, devido à coloração amarelo-palha ser característica da peritonite infecciosa felina (PIF) (KENNEDY; LITTLE, 2016), procedeu-se com a coleta hematológica para realizar o PCR (reação em cadeia da polimerase) para a PIF. A paciente foi internada para tratamento de suporte, correção da desidratação e manejo alimentar. Instituiu-se fluidoterapia considerando 8% de desidratação, alimentação com alimento hipercalórico (Nutralife®) via seringa, administração de dipirona 25 mg/kg a cada oito horas, omeprazol 1 mg/kg a cada 12 horas, citrato de maropitant (Cerenia®) 1 mg/kg a cada 24 horas e suplemento vitamínico (Bionew®) 0,2 mL/kg a cada 24 horas. Durante o primeiro dia de internação, a paciente permaneceu apática, com parâmetros vitais dentro da normalidade, não aceitando alimentação espontaneamente e, a partir do segundo dia, além dos sinais descritos, apresentou hipotermia e hipoglicemia, a segunda corrigida com a administração de glicose endovenosa, no entanto ainda no segundo dia de internação a paciente entrou em óbito. Para concluir o diagnóstico, devido à espera do resultado do exame de PCR, solicitou-se a realização de exame necroscópico. O laudo constatou, como principal alteração, lesão vascular (arterite) observada em vários órgãos, levando, devido à ausência de integridade do endotélio vascular, ao extravasamento de líquido do meio intravascular para o extravascular, causando grave choque hipovolêmico, insuficiência cardiorrespiratória e óbito. As causas infecciosas para arterite relatadas em felinos são os fungos, não sendo observadas estruturas fúngicas à microscopia neste caso, e as infecções por coronavírus felino (FCoV), como a PIF (JONES; HUNT; KING, 2000). O resultado do PCR, feito com amostra de sangue total, foi positivo para o vírus da PIF

    ASSOCIAÇÃO ENTRE OS ACHADOS LABORATORIAIS E DE IMAGEM PARA O DIAGNÓSTICO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA EM CÃES E GATOS: UM ESTUDO DE 22 CASOS

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    A doença renal crônica é progressiva e irreversível. Diante disso, o monitoramento deve ser realizado em todos os pacientes, pois sua detecção precoce é o fator mais importante para auxiliar no delineamento de um prognóstico mais favorável. Como cada biomarcador tem funções específicas e diferentes sensibilidades e especificidades, o método mais eficaz de diagnóstico implica na utilização de vários marcadores de forma conjunta. O objetivo deste trabalho foi abordar as características laboratoriais e ultrassonográficas da doença renal crônica (DRC), assim como o uso de diferentes biomarcadores de função renal, com a finalidade de instituir melhor tratamento e monitoração do paciente. Para realizar o presente estudo os pacientes foram selecionados sem predileção por espécie, raça ou idade. Os dados coletados de 22 pacientes foram provenientes de um centro médico veterinário particular localizado na cidade de Ponta Grossa, no Paraná. Os pacientes foram submetidos à ultrassonografia abdominal realizada com o aparelho Esaote MyLab™Gamma, após tricotomia da região abdominal, com o animal em decúbito dorsal e utilizando gel como meio de contato para transmissão ultrassônica. As principais alterações renais encontradas foram alterações de ecogenicidade (13/22), perdas da relação corticomedular (19/22), redução na perfusão renal ao doppler (22/22), aumento das dimensões habituais (3/22) e perda da morfologia (3/22). Após a tricotomia e assepsia do local, foi obtida a amostra de sangue colhida da veia jugular dos pacientes para realizar exames de ureia, creatinina e dimetilargininina simétrica (SDMA). Os resultados variaram de 40 a 114 mg/dL para a ureia (referência utilizada 15,0 - 50,0 mg/dL na espécie canina e 10,0 – 60,0 mg/dL na espécie felina), 0,7 a 1,8 mg/dL para a creatinina (0,5 a 1,5 mg/dL em cães e 0,5 a 1,7 mg/dL para gatos) e 12,5 a 61,1 µg/dL para a SDMA (referência utilizada 0,0 a 14,0 µg/dL). No presente estudo, 15 de 22 pacientes apresentaram aumento da ureia, 5 de 22 aumento da creatinina e, por fim, 18 de 22 animais demonstraram aumento de SDMA. Os resultados do estudo foram compatíveis com a literatura consultada, indicando que as concentrações séricas de ureia e creatinina têm baixa sensibilidade, sendo a dosagem de SDMA mais fidedigna como biomarcador precoce de lesão renal e monitoramento de pacientes nefropatas. O diagnóstico específico e sensível da doença renal crônica favorece o prognóstico, auxiliando na escolha de um protocolo terapêutico adequado e na manutenção da qualidade de vida dos animais diagnosticados
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