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    Estados depressivos em diabetes tipo 2

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    Tese de doutoramento, Medicina (Psiquiatria e Saúde Mental), Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2013A diabetes tipo 2 e a depressão são duas patologias com incidência crescente. A comorbilidade diabetes tipo 2 e depressão tem sido amplamente investigada, nomeadamente num óptica de influência recíproca e de impacto da depressão sobre a evolução da diabetes. O presente trabalho sobre estados depressivos em diabetes tipo 2 respondeu a perguntas em áreas carenciadas de estudos, nomeadamente na população portuguesa, ou contribuiu com perspetivas inovadoras com interesse clínico. Os principais objetivos foram: a) determinar a prevalência da depressão numa amostra clínica portuguesa de 997 doentes com diabetes tipo 2; b) avaliar a associação dos estados depressivos com a adaptação psicológica à diabetes, nomeadamente a restruturação cognitiva positiva em 121 doentes, maioritariamente com diabetes tipo 2; c) detetar a relação entre condições psicológicas de risco para incidência de estados depressivos e a deterioração do controlo glicémico em duas populações de doentes com diabetes tipo 2, numa de 90 doentes, e predominantemente deprimida, onde a condição de risco avaliada foi o temperamento afetivo, e noutra com 273 doentes e predominantemente não deprimida, onde a condição de risco estudada foi a vulnerabilidade ao “stress”; d) avaliar a resposta à terapêutica com psicoterapia interpessoal ou sertralina em 34 doentes com diabetes tipo 2 e depressão major num estudo prospetivo de 6 meses quanto à depressão e outras variáveis adicionais, nomeadamente o controlo metabólico. A prevalência de depressão (detetada por questionário) foi de 25.4%. A depressão estava associada a menos aspetos positivos relacionados com a diabetes referidos pelos doentes. O temperamento depressivo excessivo aumentava a probabilidade de deterioração do controlo metabólico, sendo este efeito mediado parcialmente pela adaptação à diabetes. A vulnerabilidade ao “stress” não aumentava a probabilidade de agravamento do controlo metabólico, mas a depressão sim. A intervenção psicoterapêutica interpessoal melhorou a depressão sem diferenças face à sertralina. O controlo metabólico melhorou em ambas as intervenções, mas não significativamente. O nosso trabalho confirma o impacto negativo da depressão sobre parâmetros psicológicos e clínicos relacionados com a diabetes tipo 2 e sugere a importância de a rastrear regularmente nas consultas específicas dado o valor alto da sua prevalência. Este pressuposto também pareceu válido nas condições temperamentais ou de vulnerabilidade ao “stress” associadas ao aumento de risco para depressão, sugerindo que nestas condições a depressão deva ser prevenida. A adaptação à diabetes constituiu um importante parâmetro de interesse clínico. A psicoterapia interpessoal conseguiu obter resultados comparáveis a um tratamento já validado.Type 2 diabetes and depression are two expanding diseases.The comorbidity of type 2 diabetes and depression has been subjected to intensive study, namely its reciprocal influence and the negative impact depression has on diabetes outcomes. The present work on depressive states in type 2 diabetes patients answered questions on areas with less published results, as occuring with the Portuguese population, or contributing with inovation concerning the clinical practice. Main goals were: a) to detect the prevalence of depression in a Portuguese clinical sample of 997 patients with type 2 diabetes, b) to evaluate the relationship between depressive states and the psychological adaptation to diabetes, namely the cognitive positive reestructuration in 121 patients, mostly belonging to the type 2 diabetes; c) to detect the association between two psychological conditions, related to an increased risk for depression, and metabolic control worsening, in two samples of patients with type 2 diabetes, one with 90 mostly depressed patients, where affective temperament was the designed condition, and another with 273 patients, mostly not depressed, where the evaluated condition was vulnerability to stress; d) to investigate the improvement of depression and other variables, such as glycemic control, in a 6 months prospective study with 34 patients with type 12 diabetes and major depression, treated with interpersonal psychotherapy or sertraline. The prevalence of depression was 25.4% (detected by questionnaire). Depression was related to less benefits with diabetes. Excessive depressive temperament increased the probability of worsening metabolic control. This effect was partially mediated by psychological adjustment to diabetes. Vulnerabilty to stress was not predictive of poor metabolic control, but depressive symptoms were. Interpersonal psychotherapy improved depression without differences comparing to the treatment with sertraline. Metabolic control was better after both therapeutic interventions, but not significantly. Our work underlines the negative impact of depression on psychological and clinical characteristics related with type 2 diabetes and points towards the need of a regular screening of depression in clinical practice. This finding seemed valid with conditions associated with increased risk for depression, such as depressive temperament or vulnerability to stress, where a preventive attitude towards depression should be undertaken. Psychological adaptation to diabetes seemed to be an useful clinical tool. Interpersonal psychotherapy was able to get similar results comparing with an already validated treatment such as sertraline
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