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    Leituras e compreensões de cerrado pela comunidade do Assentamento de Rio Bonito, em Cavalcante, Goiás

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    Monografia (graduação)—Universidade de Brasília, Faculdade de Planaltina, Curso de Graduação em Gestão Ambiental, 2014.Este trabalho é um mergulho no universo dos moradores do Assentamento Rural Rio Bonito/Órfãos, no Norte de Goiás, para entender as percepções e interrelações deles com o lugar e com o Cerrado. Os conceitos utilizados foram os de Pertencimento, Topofilia e Representação Social. Na pesquisa, foram feitas entrevistas semi-estruturadas, com abordagem direta e coleta de dados por meio de interações e descrições de pessoas e lugares. A técnica para análise do material é a do Discurso do Sujeito Coletivo, que tem como foco captar as representações sociais, com fundamento na teoria da Representação Social. Consiste na sistematização de dados qualitativos por meio da tabulação dos dados. Para isso, foi empregada a ferramenta Qualiquantisoft, que auxilia na identificação das representações sociais. O trabalho identificou de que forma os moradores se apropriam do ambiente e interagem com ele e em que medida sua relação com o lugar lhes é relevante ou indiferente. Viu-se que essa tarefa, ao mesmo tempo em que é facilitada pelo fato de 70% dos entrevistados terem afeição pelo lugar e de 47% se sentirem pertencentes a ele, é dificultada pela precariedade da infraestrutura e pela carência de serviços públicos básicos no assentamento. Mas o senso de pertencimento e as representações sociais que as pessoas têm sobre o Cerrado podem ajudar a impedir a degradação ambiental. Ao mesmo tempo em que 29% demonstram, em suas respostas, manter com o Cerrado uma relação sustentável, e 30%, uma relação de fruição, é expressiva (32%) a parcela dos que não expressam uma compreensão conceitual do Cerrado. Para esses a interação com o bioma se dá puramente pela vivência. Quanto ao significado do Cerrado, as visões dos moradores são muito diversificadas – a maioria o vê como reserva ambiental (22%) ou tem dele uma visão utilitarista (22%). Outras visões são a beleza cênica (12%), o aspecto lúdico (6%). Chega a 13% o total dos moradores que vêem o Cerrado como área a ser desmatada para produção. As múltiplas formas de representação dos moradores com o Cerrado evidenciam que, na maioria, eles estabelecem uma relação de fruição com o ambiente e têm dele uma visão utilitarista, de aproveitamento do solo para agricultura e pecuária e de extração de madeira para construção. Na prática, aceitam que uma parte do Cerrado seja removida para o plantio e para a criação de gado. Outros têm o Cerrado como lugar de coleta de frutas e plantas medicinais. Ou seja, o bioma é de suma relevância para as pessoas, pois podem usufruir dos recursos naturais. Uma parcela mínima da comunidade considera o Cerrado irrelevante para reproduzir modos de vida. E alguns até vendem madeira, retirada da reserva legal, sem se preocupar com o replantio, como forma de conseguir renda para amenizar a situação precária em que vivem. _____________________________________________________________________________ ABSTRACTThis paper explores the universe of rural settlers of Rio Bonito-Órfãos, Northern Goiás, in order to understand their perceptions and interrelations to the place and the Cerrado vegetation. The concepts used were that of belonging, topophilia and social representation. Semi-structured interviews were conducted during the research, with a direct approach, and data collected through interactions and descriptions of individuals and places. The technique to analyse the material is the Collective Subject Discourse, targeted to seize social representations, based on the Social Representation Theory. It consists on systematizing qualitative data by data charting. For this reason, the tool Qualiquantisoft was used in order to assist on identifying social representations. The research identified the way in which the settlers avail of, and interact with the environment and to what extent their relation with the place is either relevant or indifferent to them. It became clear that the task, while facilitated by the fact that 70% of the respondents have affection for the place and 47% feel belonging to it, is hampered by poor infrastructure and want of basic public services in the settlement. However, the sense of belonging and social representation that the individuals have towards the Cerrado may help preventing environmental degradation. While 29% displayed, in their responses, keeping a sustainable relation with the Cerrado, and 30% a relation of fruition, a large part of settlers fail to express a conceptual understanding of the Cerrado. For them, interaction with the biome takes place by experience only. Regarding the Cerrado significance, the perception of settlers are widely scattered – the majority of them sees it as an environmental reserve (22%) or favour an utilitarian approach (22%). Other views are that of scenic beauty (12%) and playfulness (6%). The percentage of settlers that see the Cerrado as an area to be deforested for production reaches 13%. The inhabitants’ multiple ways of representation within the Cerrado highlight that most of them set up a fruition relation with the environment and have a utilitarian view about the use of land for agriculture, livestock and logging for constructions. In practice, they accept that part of the Cerrado be removed for planting and cattle farming. Some of them see the Cerrado as a place for gathering fruit and medicinal plants. In other words, the biome is extremely important for the people because they can take advantage of natural resources. A small part of the community considers the Cerrado irrelevant for reproducing ways of life. And some of them even sell wood from the legal forest reserve, not taking into account the reforestation as a way of profiting to soften their precarious situation
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