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Produção integrada de corvinas (Argyrosomus regius) e ostras (Crassostrea gigas) em tanques de terra
Em Portugal e no Sul da Europa o regime semi-intensivo em aquacultura tem-se mostrado economicamente insustentável o que levou, nas últimas duas décadas, a uma diminuição acentuada do número de empresas piscícolas. Para inverter esta tendência tem-se vindo a analisar várias possibilidades de incrementar a rentabilidade destes sistemas de produção sem aumentar o impacto ambiental. Uma dessas possibilidades é a utilização de sistemas multitróficos integrados em tanques de terra. Os resíduos resultantes do processo de produção de peixe neste sistema são utilizados e assimilados por outros organismos, igualmente valorizados no mercado, permitindo a redução de desperdícios e aumentando a rentabilidade das explorações piscícolas. Este trabalho teve como objetivo determinar o efeito de duas combinações de diferentes biomassas de corvinas (Argyrosomus regius) e ostras (Crassostrea gigas), postas em cultivo integrado, na qualidade de água e desempenho animal (taxas de crescimento e eficiência alimentar) de forma a avaliar qual das combinações permitia atingir uma maior rentabilidade com um menor impacto ambiental dos efluentes. As duas combinações foram testadas em dois tratamentos com três replicados cada. Os parâmetros de qualidade de água monitorizados foram temperatura, oxigénio dissolvido, turbidez, pH, nutrientes e clorofilas e os das espécies em cultura foram o peso e a sobrevivência. Os parâmetros técnicos controlados foram a distribuição de ração, renovação de água, e o arejamento. As duas combinações de biomassa (alta de corvina + baixa de ostra, vs. baixa de corvina + alta de ostra) apresentaram diferenças significativas na turbidez, amónia, nitritos, nitratos, clorofilas e tempo de arejamento. As taxas de crescimento (0.25%.dia-1 nas corvinas e 0.57%.dia-1 nas ostras) e a taxa de conversão alimentar das corvinas (1,75 e 1,83 respetivamente para tratamentos de alta e baixa densidade de corvina) foram semelhantes nos dois tratamentos. A rentabilidade estimada para uma produção por ha para cada um dos tratamentos revelou uma diferença de 50000 euros a favor do tratamento com maior biomassa de ostra mostrando que é possível ter rentabilidade com uma aquacultura multitrófica integrada. Numa perspetiva dos serviços ecossistémicos a utilização de cultivo multitrófico de corvina e ostra mostrou-se uma mais valia com uma grande redução nos valores de nutrientes libertados para o ambiente e grande rentabilidade monetária. Sugere-se que no cultivo integrado a eficiência alimentar tenha em conta toda a biomassa criada dentro do sistema de forma a melhor interpretar a eficiência na utilização de ração que é o componente mais dispendioso em aquacultura em tanques de terra