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    Meio século de valvopatias no Brasil: cuidando e fazendo história

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    Introdução. Em mais de 50 anos de atuação, a Liga acompanhou e influenciou o cenário da Cardiologia no Brasil. Seu principal foco é o acompanhamento longitudinal do paciente com sequela valvar reumática, doença negligenciada pelas vanguardas internacionais de pesquisa devido a sua baixa prevalência nos países desenvolvidos. Hoje, tem orgulho em expandir sua atuação abrangendo toda a Clínica Médica, oferecendo um atendimento global ao paciente cardiopata e um amplo aprendizado aos acadêmicos. Objetivos. Apresentar as atividades de uma liga acadêmica, analisando de forma crítica os resultados obtidos com enfoque no tripé universitário Ensino-Pesquisa-Assistência. Atividades da Liga. A principal atividade da Liga é o atendimento ambulatorial semanal, realizado por acadêmicos do segundo ao sexto ano de medicina e supervisionado por médicos residentes, preceptores e assistentes de um hospital universitário, que discutem os casos atendidos pelos acadêmicos e orientam a conduta. A liga é administrada por seis alunos de graduação em medicina e dois médicos assistentes e conta com um corpo discente de 40 alunos e um corpo clínico de dez discutidores. Ensino. Um dos trunfos da Liga é proporcionar ao aluno o acompanhamento longitudinal do paciente, não compreendido no currículo médico convencional. Esse acompanhamento transcende os limites da graduação, dado que muitos dos acadêmicos da liga retornam a ela como médicos discutidores ao seguirem a residência de Clínica Médica. A rotina do atendimento consiste na tradicional combinação de anamnese e exame clínico. Contudo, o acadêmico dispõe de um tempo maior que o habitual de uma consulta médica para praticar os princípios semiológicos. O número de casos e sua variedade se torna um rico instrumento pedagógico. Dos nossos pacientes, 335 (62%) apresentam alterações à ausculta cardíaca. Como atividades complementares a liga promove anualmente seu Curso Introdutório e um Curso Teórico-Prático de Eletrocardiograma, direcionados principalmente a acadêmicos. Assistência. Atualmente, 541 pacientes frequentam o ambulatório da Liga. Desses, 164 (30,3%) apresentavam sintomas de insuficiência cardíaca na última consulta. O tempo de seguimento do paciente varia de acordo com sua patologia e gravidade, sendo os pacientes descompensados agendados num intervalo de tempo menor comparado aos demais. Essas características são muito valorizadas, pois a forte relação criada gera maior confiança e consequentemente maior adesão ao tratamento. Pesquisa. A Liga já publicou trabalhos em revistas nacionais e relatos de caso em um congresso médico acadêmico. Recentemente foi responsável por escrever um capítulo de um livro de diretrizes em cardiologia destinado a acadêmicos, além de ter participado em um Simpósio destinado a ligas acadêmicas cardiológicas em um congresso estadual. Desafios. Uma das grandes metas é a incorporação do conceito de multidisciplinaridade no atendimento, capaz de gerar ganhos incalculáveis na qualidade de vida dos pacientes. Neste quesito a liga não possui vertentes, porém, há planos visando incluir a fisioterapia e a nutrição. Um fator limitante é a falta de supervisores dos cursos supracitados. Outro ponto a ser melhorado é a pesquisa desenvolvida. A produção científica era maior, sendo alguns trabalhos premiados em congressos. Acreditamos que o potencial da Liga é grande o suficiente para expandirmos esse braço de atuação

    Transplante cardíaco na doença de Chagas

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    Among the several etiologies of heart failure, the chagasic myocardiopathy is considered the most aggressive. Once there is no treatment capable of reverting the disease evolution, the heart transplantation becomes the only option. We analyzed 107 patients with Chagas disease submitted to heart transplantation, aged between 11 and 62 years (42.7 ± 15.3 years). Patients with symptomatic megacolon and megaesophagus are automatically excluded from transplant programs due to a higher possibility of postoperative short and long term complications. The expectation of inferior results for the transplantation of chagasic patients in comparison with other myocardiopathies was not confirmed and, paradoxically, were found better survival rates. We noticed an immediate mortality rated in 17.7% (19 cases), whose main cause of death were: infection (6 cases, 31.5%), graft dysfunction (6 cases, 31.5%), rejection (4 cases 21,1%), sudden cardiopulmonary arrest (2 cases 10.5%) and ABO incompatibilities (1 case 5,3%). Late after transplant, 27 (25.2%) patients died, and the major causes were: rejection (6 cases, 22.2%), infection (6 casos, 22.2%), lymphoma (4 cases, 14.8%), Kaposi sarcoma (2 cases, 7.4%), constrictive pericarditis (2 cases, 7.4%) and Chagas disease reactivation in the central nervous system (1 case, 7.1%). Finally, the conclusions are: 1) heart transplantation is still the only way to modify the natural course of chagasic myocardiopathy, 2) early diagnosis coupled to the rapid introduction of benzonidazol leads to a pattern recognition of normal myocardial histology without sequelae and 3) the doses of immunosuppressants used should be lower than those used in other etiologies.Dentre as diversas etiologias da insuficiência cardíaca, a miocardiopatia chagásica é considerada a mais agressiva. Como não há tratamento capaz de reverter a evolução da doença o transplante cardíaco torna-se a única opção. Foram analisados 107 pacientes portadores da doença de Chagas submetidos a transplante cardíaco, com idades compreendidas entre 11 e 62 anos (42,7±15,3 anos). Os pacientesportadores de megaesôfago e megacólon sintomáticos são automaticamente excluídos dos programas de transplante devido a uma maior possibilidade de complicações no pós-operatório a curto e longo prazo. A expectativa de resultados inferiores para o transplante em chagásicos em relação às demais cardiomiopatias não foi confirmada e, paradoxalmente, se encontram melhores taxas de sobrevida. Notou-se uma mortalidade imediata de 17,7% (19 casos), sendo as principais causas de morte: infecção (6 casos, 31,5%), disfunção do enxerto (6 casos, 31,5%), rejeição (4 casos 21,1%), parada cardiorrespiratória súbita (2 casos 10,5%) e incompatibilidades ABO (1 caso 5,3%). Tardiamente ao transplante, 27 (25,2%) pacientes morreram, sendo as principais causas de morte: rejeição (6 casos, 22,2%), infecção (6 casos, 22,2%), linfoma(4 casos, 14,8%), Kaposi (2 casos, 7,4%), pericardite constritiva (2 casos, 7,4%) e reativação da doença de Chagas no sistemanervoso central (1 caso, 7,1%). Por fim, pode-se concluir que: 1) o transplante cardíaco ainda é a única forma capaz de modificar a evolução natural da cardiomiopatia chagásica; 2) o diagnóstico precoce aliado à rápida introdução de benzonidazolleva a um reconhecimento de padrões histológicos normais do miocárdio sem que haja sequelas e 3) as doses de imunossupressores empregadas devem ser inferiores às utilizadas em outras etiologias
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