30 research outputs found

    O Género na Educação Física

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    O género, enquanto construção social e conteúdo fundamental do currículo oculto, encontra na Educação Física um dos seus terrenos privilegiados de construção e de acção. Esta problemática tem, porém, sido praticamente ignorada no nosso país,a nível investigativo, o que, cremos, tem dificultado a inovação pedagógica e a emergência de respostas adequadas ao desafio da inclusão, da diferenciação e da equidade, nomeadamente da equidade de género. Este trabalho surgiu, precisamente, neste cenário, ainda embrionário, com a pretensão de poder contribuir para o conhecimento e a compreensão do modo como os factores psicossociais medeiam os processos de ensino e de aprendizagem em Educação Física, procurando, nomeadamente, caracterizar as dinâmicas mediadoras que o género e os estereótipos de género podem estabelecer com as percepções e as atitudes dos alunos e alunas perante as actividades de aprendizagem das aulas de Educação Física e os contextos de interacção criados pela forma de organização dos grupos de trabalho dessas actividades. O desenho do estudo foi sustentado em vários referenciais epistemológicos convergentes, com particular destaque para a perspectiva interpretativista, e foi estruturado tendo por base a utilização integrada de procedimentos metodológicos de orientação qualitativa e quantitativa. Assim, foram entrevistados cinquenta e dois alunos do 1º ciclo do ensino básico (vinte e seis rapazes e vinte e seis raparigas) e trinta e dois do 2º ciclo (quinze rapazes e dezassete raparigas), com o objectivo de conhecer e compreender as suas percepções em relação às vivências reais nas aulas de Educação Física, particularmente aquelas que diziam respeito à apropriação ao género e ao desempenho motor de rapazes e raparigas e de si próprio/a, nas actividades que os respectivos professores tinham previamente considerado mais importantes para a concretização dos objectivos dessas aulas. Este estudo estendeu-se também às referências pelo tipo de constituição, em função do género, dos grupos de trabalho formados para a realização dessas mesmas actividades e à satisfação com as actividades da aula. As entrevistas (semi-estruturadas) foram suportadas na utilização complementar de instrumentos parcelares de recolha de informação, quer de natureza quantitativa quer qualitativa. Com o objectivo de gerir melhor a dinâmica das entrevistas e interpretar mais fielmente as afirmações das crianças, foram observadas as aulas sobre as quais cada entrevista iria incidir, registando a sequência das actividades e as opções estratégicas dos professores, no que diz respeito à formação de grupos de trabalho. Os resultados evidenciaram, de forma genérica, uma grande variabilidade nas percepções e nos fundamentos para elas apresentados pelos alunos e pelas alunas, o que tem como implicação manifesta a necessidade de reflectir sobre o grande desafio pedagógico que passa por procurar acomodar e dar resposta à individualidade no seio da diversidade e da pluralidade. Os conteúdos dos estereótipos de género revelaram-se, por outro lado, um recurso essencial na justificação das percepções da apropriação ao género e do desempenho motor nas várias actividades de aprendizagem das aulas, deixando os/as alunos/as antever, nas suas argumentações, concepções padronizadas, dicotómicas e complementares, perante o que é ser feminino e ser masculino. As variações encontradas nas percepções e seus fundamentos entre os/as alunos/as do 1º e do 2º ciclo repousavam sobretudo na natureza diferenciada das actividades de aprendizagem e nos processos de construção da identidade de género característicos destas idades. Outra inferência que se destacou foi o facto de os jogos colectivos terem sido das actividades de aprendizagem das aulas de Educação Física em que a diferenciação de género foi mais perceptível e onde se fez um uso mais explícito de argumentos estereotipados, focalizando o comportamento e as aptidões de cada género, bem como o relacionamento entre os géneros. Foi também perante estas actividades que as raparigas mais denunciaram e expressaram uma clara consciência das desiguais oportunidades de prática e sucesso provocadas pelas relações de poder assimétricas entre os géneros, durante a realização dessas actividades. As conclusões deste estudo problematizam, em síntese, a tão recorrente presunção da neutralidade de género na Educação Física e fornecem elementos importantes para a discussão e o diálogo entre todos aqueles que se preocupam com a inclusão, a diferenciação pedagógica e a equidade, mais especificamente a equidade de género

    Promover o desenvolvimento da criança através do jogo de peças soltas na educação pré-escolar

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    Investigação que foi desenvolvida no âmbito da Prática de Ensino Supervisionada em Educação Pré-Escolar de outubro de 2020 a janeiro de 2021. O principal objetivo desta investigação foi compreender como se pode promover o desenvolvimento da criança através do “jogo de peças soltas” (JPS). Subsidiários deste, surgiram três objetivos específicos: Melhorar o ambiente educativo enriquecendo os recursos materiais e espaciais com base no diagnóstico das possibilidades do contexto e nos interesses e necessidades das crianças; Pesquisar/explorar práticas pedagógicas que promovam o JPS; Analisar e compreender os efeitos do envolvimento das crianças no JPS ao nível da promoção do desenvolvimento da criatividade, da resolução de problemas e das interações sociais. O JPS deriva da utilização de uma grande diversidade de materiais não estruturados e sem finalidade definida. Não foram concebidos para brincar, mas podem ser aproveitados e explorados pela criança de diversas formas, como por exemplo, em construções, explorações, projetos e várias atividades lúdicas que potenciam a criatividade da criança, promovendo as suas aprendizagens e as suas interações sociais. Ao contrário dos brinquedos tradicionais, estes materiais apelam a que a criança os manuseie, analise, descubra e invente novas hipóteses de utilização, resolvendo problemas e transformando as suas próprias construções e ideias durante o jogo. O estudo centrou-se na metodologia de investigação-ação, utilizando os seguintes instrumentos de recolha e análise de dados: planificações, notas de campo e reflexões semanais, ficha de observação dos comportamentos da criança sustentada pelos registos audiovisuais e pelas conversas com as crianças durante a observação participante. Os resultados que emergiram deste estudo indicam que o JPS beneficia as crianças em várias áreas do seu desenvolvimento promovendo a interação entre pares (fortificando as relações de entreajuda) e gerando nas crianças múltiplas formas de aprendizagem ativa, na medida em que são elas próprias os agentes condutores dessas aprendizagens. As competências associadas à resolução de problemas foram bastante observadas durante toda a investigação, pois as crianças manifestaram utilizar este tipo de materiais para criar questões, procurar resolver problemas e ainda auxiliar ou cooperar com os colegas durante a exploração e construção

    Educar para a igualdade de género na infância: nas diferenças nos respeitamos.

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    Este estudo, realizado no âmbito da Prática de Ensino Supervisionada (PES) do Mestrado em Educação Pré́-escolar e Ensino do 1.o Ciclo do Ensino Básico (CEB), focou-se na temática da Educação para a Igualdade de Género procurando, por um lado, compreender de que forma as conceções estereotipadas de género influenciam os comportamentos e as relações entre as crianças e, por outro lado, explorar praticas pedagógicas que permitam desconstruir os estereótipos de género e promover atitudes favoráveis à igualdade de género. A pertinência deste estudo justifica-se pelo facto de a igualdade de género ser um conteúdo transversal à ação educativa e um pilar da educação para a cidadania, fundamental em todos o sistema educativo. Promover a igualdade de género em contexto educativo requer um processo intencional de tomada de consciência dos estereótipos de género e a consequente discussão num ambiente livre e plural, respeitador das diferenças, que promova nas crianças o sentido crítico, aprendendo a não emitir juízos sem fundamento e a fazer escolhas libertas de conceções estereotipadas. A investigação foi realizada com recurso à metodologia de investigação-ação utilizando como instrumentos de produção/recolha de dados as planificações, as notas de campo e reflexões sustentadas na observação participante, os registos audiovisuais e os produtos dos trabalhos realizados pelas crianças. Na PES no 1.o CEB foram realizadas várias atividades na sala de aula, devidamente integradas no desenvolvimento de várias áreas curriculares, adotando-se o seguinte percurso metodológico: colocar a descoberto as conceções estereotipadas de género; discutir as suas consequências, tanto a nível individual, como social; promover, de forma consciente e justificada, atitudes favorecedoras da igualdade de género. Os dados recolhidos revelaram, de um modo geral, que as crianças manifestavam conceções estereotipadas, diferenciando atividades de tempo livre, jogos, profissões, roupas, tarefas domésticas segundo os padrões socialmente atribuídos ao género masculino e ao género feminino. As atividades revelaram-se promotoras de ambientes facilitadores da igualdade de género, com efeitos nos comportamentos e interações entre as crianças e entre as crianças e a professora. As crianças envolveram- se ativamente, e de forma cooperativa, no desenvolvimento das atividades, participaram com interesse e entusiasmo nas discussões que foram promovidas e na produção de materiais não estereotipados

    EFEITOS DAS TRANSIÇÕES ESCOLARES NO RENDIMENTO ACADÉMICO: OS CAPITAIS ECONÓMICO, CULTURAL E SOCIAL COMO FATORES EXPLICATIVOS, NUM ESTUDO LONGITUDINAL INTERDISCIPLINAR COM ALUNOS PORTUGUESES.

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    Este texto procura submeter ao crivo da comunidade científica luso-afro-brasileira a fundamentação, o modelo teórico e aspetos de natureza metodológica de um projeto de investigação em curso sob o título “RED - Rendimento Escolar e Desenvolvimento: um estudo longitudinal sobre os efeitos das transições em alunos Portugueses”. Uma vez enquadrado o problema e justificada a abordagem, enfatiza-se a importância das «variáveis contextuais», designadamente no contributo de fatores económicos, culturais e sociais para a explicação da complexidade dos efeitos das transições escolares no rendimento escolar

    Contributos e desafios da formação contínua de docentes para a construção da igualdade de género e cidadania

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    A prevenção e eliminação dos estereótipos de género e do sexismo constitui-se como uma problemática de intervenção prioritária (European Council, 2018). O sistema educativo, em particular as práticas pedagógicas, desempenham um papel fundamental na construção dos princípios de cidadania e igualdade de género. É crucial que a formação contínua de docentes integre esta problemática, sensibilizando, fornecendo conhecimentos e desenvolvendo competências de intervenção eficazes. Neste artigo, pretendemos descrever a refletir sobre uma experiência de formação contínua de docentes que possibilitou o desenvolvimento de atividades e projetos de intervenção em contexto real de ensino. Começaremos por apresentar os pressupostos e a metodologia de formação e, em seguida, descreveremos e analisaremos criticamente alguns dos resultados das intervenções realizadas pelos/as docentes

    Promovendo a competência sócio-emocional de crianças em idade pré-escolar: efeitos de uma intervenção de mediação corporal na autorregulação

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    Despite the increase of scientific evidence, there is a lack of studies focusing on the effects of specific BOI in educational context, such as loose parts play (LPP), on children’s social- emotional competence. The present study aims to analyze the impact of a 12-week loose parts play program (two 30-min sessions per week) on behavioral self-regulation of preschool children. Thirty-two children participated in this study, having been allocated into 2 groups: experimental group (LPP program; n=17); and control group (no intervention; n=15). No significant differences were observed between groups after the 12-week program, however significant improvements were found in the intervention group after the program, t(16) = 3.339, p = .004. Regarding the results found, i.e., intra-group (LPP) but not between groups improvements, it is suggested to increase the duration of the intervention in future studies to prove the potential of LPP on the ability of self-regulate behaviors of preschool children

    OUT to IN: a body-oriented intervention program to promote preschoolers’ self-regulation and relationship skills in the outdoors

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    IntroductionTime for movement and outdoor experiences has decreased in children’s daily lives. Nevertheless, a growing body of research has shown that body-oriented interventions and outdoor time benefit preschoolers’ social–emotional development, a foundation for mental health. OUT to IN is a body-oriented intervention program implemented outdoors, designed to promote preschoolers’ social–emotional competence. This study aimed to evaluate the effects of OUT to IN on preschoolers’ self-regulation and relationship skills.MethodsA cluster randomized trial with multi-method and multi-informant assessment was implemented including 233 children between 3 and 6 years (122 boys, Mage = 5.07 years), from 4 preschools (8 groups with OUT to IN intervention, 4 groups without intervention – control group). The 153 children allocated to the OUT to IN group participated in biweekly sessions for 10 weeks. OUT to IN sessions followed a body-oriented approach comprising exercise play, relaxation, and symbolization activities, implemented outdoors by a psychomotor therapist and the preschool teacher. Sessions enabled children to feel, observe and control their bodily states and understand the relationship between their bodies and emotions. Teachers participated in a brief course and on 20 biweekly relaxation sessions. Children’s self-regulation was measured through specific tasks and a parent questionnaire. Relationship skills (i.e., empathy, communication, cooperation and sociability) were measured through parents’ and preschool teachers’ questionnaires. Mann–Whitney test was used to study differences at baseline between the OUT to IN group and the control group, and to study differences in the 10-week changes between both groups. Wilcoxon Test was used for intragroup comparisons.ResultsAfter the 10-week intervention period, children who participated in OUT to IN showed significant improvements on self-regulation and relationship skills (empathy, cooperation and sociability), in comparison to the control group who did not show any significant improvements. Large size effects (η2 > 0.14) were found for most of the variables related to self-regulation and small (η2 > 0.01), medium (η2 > 0.06) and large size effects (η2 > 0.14) were found for the variables related to relationship skills.ConclusionOUT to IN showed to be an effective body-oriented intervention program in improving children’s self-regulation and relationship skills, which are recognized foundations for mental health and well-being

    A Formação de Educador@s e Professor@s: Olhares a partir da UniverCidade de Évora.

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    Este livro é resultado do II Seminário de educador@s/professor@s da univerCidade de Évora. Nesta edição registámos a partilha de experiências de formação que se cruzaram por diversas vias e da totalidade dos artigos propostos, destacámos a convergência para pensamentos e ações no âmbito da Formação e Identidades Profissionais, dando origem ao primeiro eixo constituído por 13 artigos. Um alinhamento por relações entre Investigação e Práticas Profissionais constituiu o segundo eixo do livro e conta com 14 artigos. Os textos são de professores/as e investigadores/as de diferentes regiões de Portugal e incluem-se, ainda, alguns contributos oriundos do Brasil. Revela-se nas temáticas e problemáticas que encerram que as parcerias e projetos de internacionalização de estudantes e de docentes podem ser fonte de pensar e de fazer melhor. Olhares sobre e a partir do que ocorre fora de Évora e que reforçaram a compreensão do que vai acontecendo nesta universidade, em cooperação com as instituições, as pessoas e a própria cidade
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