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Maus-tratos e negligência a pessoas idosas: identificação e caracterização de casos no serviço de urgência de um hospital central
Neste trabalho realiza-se um estudo de prevalência e descrição dos factores de risco
associados ao fenómeno dos maus-tratos na pessoa idosa. Como população considera-se o conjunto de utentes idosos do Serviço de Urgência de um Hospital Central. A amostra integra 75 indivíduos. Utilizou-se o questionário como instrumento de recolha de dados. O número de indicadores de maus-tratos oscilou entre 0 e 10. Salienta-se que 86,7% dos indivíduos apresentaram pelo menos 1 indicador, sendo que a maioria dos inquiridos apresenta um indicador (21,3%). A negligência e o abuso emocional foram as tipologias mais referidas. A maior parte das pessoas idosas da nossa amostra assume uma atitude de passividade perante a situação. Identificaram-se como factores de risco para o abuso: o género feminino, a existência de depressão, viver sozinho, tal como ter uma percepção negativa da suficiência dos meios de
subsistência
Lições aprendidas através do despiste de abuso a pessoas idosas num serviço de urgência
Artigo realizado com dados de uma tese de mestrado da primeira autora em psicologia do desenvolvimento pela Universidade de Coimbra.Os serviços de urgência podem ser um dos contextos decisivos para o despiste e encaminhamento de casos de maus tratos a pessoas idosas. Queremos explorar a capacidade de detecção de casos de abuso e negligência que algumas medidas de despiste apresentam quando aplicadas por profissionais de saúde em serviços de urgência. Utilizou-se o questionário de eliciação de abuso de Carney, Kahan e Paris (2003),
adaptado por Ferreira-Alves e Sousa (2005). Os resultados mostraram indicadores preocupantes e mostraram implicitamente as vantagens de em serviços de urgência se aplicarem medidas de despiste do abuso. Caberá agora continuar a estudar se se deverá usar por rotina o despiste de abuso a pessoas idosas em serviços de urgência, dada a dimensão do abuso aqui detectado. No que diz respeito à tipologia das situações de abuso, verificou-se uma maioria de indicadores de negligência (81.5%) e abuso emocional (75.4%). Relativamente ao abuso financeiro, verificou-se que 35.4% das pessoas idosas inquiridas referiu este tipo de indicadores, cabendo ao abuso físico a menor percentagem (7.7%).info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Maus-tratos e negligência a pessoas idosas: identificação e caracterização de casos no Serviço de Urgência de um Hospital Central
Dissertação de mestrado em Psicologia , especialização em Psicologia do Desenvolvimento, apresentada à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de CoimbraPerspectivando o desenvolvimento humano numa abordagem co-extensiva à duração
da vida, engloba-se a ocorrência de situações de maus-tratos e negligência como factores que
interferem negativamente no crescimento e desenvolvimento da pessoa idosa.
O abuso de pessoas idosas afigura-se como uma realidade actual, cuja visibilidade
perante a sociedade no geral, e cuidados de saúde em particular, ainda não se encontra muito
desenvolvida. Desta forma, procurou-se com esta dissertação realizar um estudo de
prevalência e descrição dos factores de risco associados ao fenómeno dos maus-tratos e
negligência na pessoa idosa. Com este objectivo, aplicaram-se questionários que integram
colheita de dados sociodemográficos, instrumento de avaliação de indicadores de abuso autoreportados
(QEEA) de Carney, Kahan e Paris (2003) adaptado por Ferreira-Alves e Sousa
(2005), avaliação da atitude face ao abuso e avaliação da depressão através da GDS 15 de
Brink e Yesavage (1982 in Andrade, 2007) adaptada por Andrade (2007). A amostra integra 75
indivíduos utentes do Serviço de Urgência de um Hospital Central, com uma média de idades
de 78 anos. O número de indicadores de maus-tratos auto-reportados oscilou entre 0 e 10.
Salienta-se que 86.7% dos sujeitos apresentaram pelo menos um indicador, sendo que a
maioria dos inquiridos apresenta um indicador (21.3%). A negligência (81.5%) e o abuso
emocional (75.4%) foram as tipologias mais referidas. A maior parte das pessoas idosas da
amostra assume uma atitude de passividade perante a situação. Relativamente aos factores de
risco, verificam-se relações entre a ocorrência de abuso e o género feminino, a presença de
depressão, viver sozinho e apresentar uma percepção negativa da suficiência dos meios de
subsistência.
Os resultados advogam a necessidade de aplicar medidas de avaliação e despiste do
abuso de pessoas idosas, tal como ampliar a avaliação dos factores de risco, como forma de
impulsionar a compreensão do problema, sendo que os serviços de saúde constituem-se como
um campo privilegiado para a implementação de rotinas de avaliação. Será através do
conhecimento da realidade das pessoas idosas que se poderão tomar medidas baseadas
essencialmente na promoção do respeito pelo adulto idoso, e que abarquem acções de
prevenção e intervenção no abuso, multidisciplinares e concertadas para promover o seu bemestar
e desenvolvimento.Looking ahead to the human development in a long-life span perspective, we can
include the occurrence of situations of abuse and neglect as factors that negatively affect the
growth and development of the elderly.
The abuse of elder people seems to be a present reality whose visibility to society in
general and healthcare in particular doesn’t seem to be much developed yet. Thus, in this
study we made a description of the prevalence of risk factors associated with the phenomenon
of elder abuse. To this end, we applied questionnaires incorporating demographic data
collection, an instrument to assess self-reported indicators of abuse (QEEA) from Carney,
Kahan and Paris (2003) adapted by Ferreira-Alves and Sousa (2005), an evaluation of the
attitude towards the abuse and the assessment of depression through the GDS 15 from Brink
and Yesavage (1982 in Andrade, 2007) adapted by Andrade (2007). The sample includes 75
individuals, users of the Emergency Department of a Central Hospital, with a mean age of 78
years. The number of self-reported abuse indicators varied between 0 and 10. It should be
noted that 86.7% of subjects had at least one indicator, and the majority of respondents has
one indicator (21.3%). Neglect (81.5%) and emotional abuse (75.4%) were the most reported
types. Most of the elderly sample assumes an attitude of passivity towards the situation. With
regard to the risk factors, we found relations between the occurrence of abuse and the female
gender, presence of depression, living alone and having a negative perception of the adequacy
of the means of subsistence.
The results advocate the need to apply measures for the assessment and screening of
elder abuse, such as expanding the evaluation of risk factors, as a way to improve the
understanding of the problem, being the health services a privileged field to implement
routine assessment. Knowing the reality of elder people, we will be able to take actions based
primarily on the promotion of respect for the elder adult, including prevention and
intervention actions on abuse, which must integrate multidisciplinar and concerted procedures
to promote their welfare and development
Procedimentos de despiste do abuso e negligência a pessoas idosas: algumas reflexões
A pesquisa deste capítulo dará acesso ao livro completo onde ele se insere.O atendimento médico, e especialmente o atendimento psiquiátrico e
psicológico, tem uma história rica de interesse pelo mundo fenomenológico dos pacientes. Esta herança tem uma tradição que tem
vindo a ser desvalorizada face aos avanços na observação usando
medidas objetivas e medidas rápidas de autorrelato. Os domínios da
saúde, muito poderiam beneficiar se o atendimento aos pacientes
idosos fosse informado por competências de exercício de empatia e de
aceitação positiva dos pacientes. Este exercício da empatia é um
conjunto de competências que ajuda a tornar a avaliação e intervenção
em saúde um exercício mais compatível com a natureza
biopsicossocial dos seus problemas e grau de bem-estar. Neste
capítulo iremos explorar alguns aspetos principais dessa tradição
fenomenológica mais adequada à natureza desenvolvimental e à
dinâmica de mudança que caracteriza a vida dos indivíduos.
Efetivamente, muitos dos stressores e do sofrimento a que as pessoas
estão sujeitas só poderão ser adequadamente conhecidos e tratados no
contexto de uma relação de ajuda em que a escuta ativa esteja
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presente. Consequentemente, resumiremos as atitudes centrais de uma
relação de ajuda que crie condições para o conhecimento e mudança
dos contornos do sofrimento da pessoa. Adicionalmente
apresentaremos, fundamentados na evidência científica ou empírica,
algumas sugestões para a elaboração de uma proposta de protocolo de
despiste do abuso para uso em serviços de saúde, bem como o seu
enquadramento teórico.Serviço de Violência Familiar - Hospital Sobral Cid
CENTRO HOSPITALAR E UNIVERSITÁRIO DE COIMBR