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O uso de carbonato de lítio na prevenção da doença de Alzheimer
Introdução: A doença de Alzheimer (DA) é uma condição neurodegenerativa progressiva e crônica com alta prevalência mundial. Afeta principalmente idosos, e seu número de casos deve aumentar significativamente no futuro. É uma doença multifatorial, cujos fatores de risco incluem idade avançada, história familiar e genética. A DA apresenta sintomas graduais, como perda de memória e distúrbios comportamentais. A causa exata da DA ainda não é conhecida, mas envolve emaranhados de proteínas e depósitos de β-amilóide no cérebro. O diagnóstico é principalmente clínico, e não há tratamento definitivo, apenas medicamentos que podem melhorar sintomas e retardar a progressão. Estudos investigam uma possível relação entre a DA e a infecção pelo SARS-CoV-2. Pacientes com doenças psiquiátricas têm maior risco de declínio cognitivo e demência, e o lítio, além de ser usado para transtornos mentais em idosos, pode ter efeitos benéficos na prevenção da DA, inibindo enzimas relacionadas à sua patologia. Metodologia: Revisão integrativa da literatura sobre a terapêutica do carbonato de lítio na Doença de Alzheimer. Foram selecionadas bases de dados importantes e descritores relevantes para filtrar os dados. Artigos publicados entre 2013 e 2023 em português e inglês foram incluídos, desde que estivessem relacionados ao tratamento e evolução da doença. Foram excluídos estudos com mais de 10 anos de publicação, disponíveis apenas como resumos, de baixo fator de impacto ou com metodologias inconclusivas. Ao todo, 9 referências foram selecionadas, incluindo ensaios clínicos, relatos de casos, revisões sistemáticas e metanálises. Discussão: A doença de Alzheimer (DA) é caracterizada por perda sináptica maciça e morte neuronal nas regiões cerebrais responsáveis pelas funções cognitivas, como o córtex cerebral, o hipocampo, o córtex entorrinal e o estriado ventral. No cérebro de pacientes com DA, são encontrados depósitos fibrilares amiloidais nas paredes dos vasos sanguíneos, placas senis, acúmulo de filamentos anormais da proteína tau (formando novelos neurofibrilares - NFTs), perda neuronal e sináptica, ativação da glia e inflamação. A cascata amiloide é considerada a hipótese etiológica da DA, iniciando a neurodegeneração pela clivagem proteolítica da proteína precursora amilóide (APP) e resultando na produção, agregação e deposição da substância β-amilóide (Aβ) e placas senis. As proteínas neuronais microtubulares (MAP) estabilizam os microtúbulos no citoesqueleto, sendo a proteína tau responsável por essa estabilização por meio de fosforilação de substâncias, como a glicogênio sintase quinase-3 beta (GSK-3 β). Na DA, há uma hiperfosforilação da proteína tau devido à hiperatividade da GSK-3 β, o que leva à formação de NFTs que causam toxicidade celular e dificultam o transporte de substâncias neuronais e a conexão entre células nervosas. O lítio, um metal da família IA da tabela periódica, é usado no tratamento do transtorno bipolar há mais de 50 anos e apresenta propriedades neuroprotetoras. Ele reduz a fosforilação da proteína tau por inibir a GSK-3, diminui a carga de Aβ e protege contra os efeitos neurotóxicos do Aβ42. Além disso, estimula a síntese e liberação de neurotrofinas, como o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) e fator de crescimento endotelial vascular (VEGF). O lítio também interfere nos processos de sinalização celular e pode modificar a expressão gênica, afetando positivamente o funcionamento do cérebro. Dessa forma, o lítio é considerado uma terapêutica modificadora da DA, pois pode interferir nos mecanismos essenciais da doença, como a cascata B-amilóide e a hiperfosforilação da proteína tau, evitando a morte neuronal e retardando a progressão da demência. Estudos sugerem que o lítio atua na melhoria da unidade do citoesqueleto, da condução, conexão e plasticidade neuronal, além de promover neuroproteção contra a morte celular por excitotoxicidade e regular a função mitocondrial em neurônios com altas concentrações de Aβ. Apesar de seus mecanismos de ação ainda não serem totalmente conhecidos, o lítio continua sendo um tratamento eficaz e indicado para o transtorno bipolar, bem como para abordagens neuroprotetoras na doença de Alzheimer. Conclusão: A demência, especialmente a doença de Alzheimer em idosos, é um problema significativo. O tratamento atual não retarda a progressão, levando à busca por novas abordagens. Estudos com carbonato de lítio mostram esperança como tratamento curativo, mas ainda são necessárias evidências mais robustas para sua implementação segura na prática clínica
Acidentes por animais ofídicos: repercussões sistêmicas e prognóstico
Introdução: Os acidentes por animais peçonhentos são um problema mundial, principalmente em países com regiões tropicais e subtropicais, com alto índice de morbidade e mortalidade. No Brasil, há quatro tipos de acidentes ofídicos de interesse em saúde: botrópico, crotálico, laquético e elapídico. O acidente botrópico, mais comum no país, é causado por serpentes dos gêneros Bothrops e Bothrocophias. O acidente é causado pelas cascavéis, as quais são identificadas pela presença de chocalho. Já o acidente laquêtico é causado pela surucucu, maior serpente peçonhenta do Brasil. São manifestações clínicas frequentes, de caráter precoce e progressivo a dor e o edema, podendo ocorrer também bolhas e sangramentos no local da picada. Em casos mais graves pode acontecer necrose de tecidos com formação de abscessos e desenvolvimento de síndrome compartimental. Também pode ocorrer náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão arterial e, mais raramente, choque, insuficiência renal aguda, septicemia e coagulação intravascular disseminada. O tratamento efetivo utilizado para neutralizar os envenenamentos é a administração de soroterapia específica. Já a terapêutica geral inclui hidratação, mantendo-se o fluxo urinário de 1 a 2 mL/kg/hora na criança e 30 a 40 mL/hora no adulto, com o auxílio, se necessário, de manitol e diuréticos de alça por via intravenosa. Deve-se orientar a vacinação contra tétano, devido ao risco de introdução de esporos da bactéria Clostridium tetani no local da ferida. O presente estudo objetivou avaliar as repercussões sistêmicas dos diferentes tipos de veneno, o manejo adequado e o prognóstico. Metodologia: revisão integrativa da literatura, nas bases de dados Pubmed, e Scielo, com os descritores: “Animais Peçonhentos”, “Mordedura de Serpentes” e “Snake Venoms”. Foram utilizados 11 artigos, com data de publicação entre 2014 e 2021. Desenvolvimento: As serpentes do grupo botrópico, como a jararaca e a cascavel, são responsáveis pela maioria dos acidentes ofídicos no país. Seus venenos contêm proteases e fosfolipases A2, que causam danos locais significativos, como inflamação, hemorragia, edema, dor e necrose. Além disso, podem ocorrer sintomas sistêmicos, como sangramentos na pele e mucosas, hipotensão e insuficiência renal aguda. O tratamento é realizado com o soro antibotrópico ou soro botrópico-laquético, que neutraliza os efeitos tóxicos do veneno. Os animais do grupo laquético apresentam venenos semelhantes aos botrópicos e manifestações clínicas parecidas. No entanto, sintomas vagais, como náuseas, vômitos e hipotensão, são mais comuns nos acidentes laquéticos, permitindo a diferenciação clínica. O tratamento também é realizado com o soro antibotrópico-laquético. As serpentes cortálicas, como a cascavel, possuem venenos com alta concentração de proteínas de alto peso molecular, como enzimas e peptídeos. Os sintomas locais, como dor, edema e parestesia, são geralmente discretos. No entanto, o veneno é principalmente neurotóxico, causando paralisia por bloqueio da transmissão neuromuscular. Também podem ocorrer efeitos proteolíticos e hemorrágicos. A insuficiência renal é uma complicação grave. O tratamento envolve o uso do soro anticrotálico. As serpentes elapídicas, como a Naja, possuem venenos primariamente neurotóxicos. Eles interferem na transmissão de impulsos nervosos, levando à paralisia, problemas respiratórios e, em casos graves, asfixia. O veneno elapídico também pode ter efeitos cardiotóxicos, causando arritmias e insuficiência cardíaca. Os sintomas locais geralmente são discretos. O tratamento é realizado com o soro antielapídico. É fundamental ressaltar que a gravidade dos acidentes com serpentes pode variar de acordo com a espécie, quantidade de veneno injetado, local da mordida e estado de saúde do indivíduo. O tratamento precoce com soroterapia específica é essencial para neutralizar os efeitos do veneno. Além disso, medidas de suporte, como hidratação adequada e administração de analgésicos, são importantes para o manejo dos pacientes. Conclusão: Em resumo, os acidentes com serpentes no Brasil são um problema de saúde pública que requer uma abordagem multidisciplinar. O diagnóstico e tratamento precoces, com o uso de soros específicos, são essenciais para reduzir complicações e aumentar as chances de recuperação. Além disso, medidas de suporte e a conscientização da população sobre serpentes peçonhentas são importantes para prevenir acidentes. A educação contínua e a promoção de medidas preventivas são fundamentais para reduzir o impacto desses acidentes na saúde pública