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    Nascimento de um corpo, origem de uma história

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    Partindo do pressuposto de que toda história significante se constrói a partir do nascimento de um corpo – corpo este que deverá ser investido libidinalmente – a autora discute os movimentos constitutivos da psique e sua relação com o corpo. A ênfase é dada ao postulado do auto-engendramento que diz que enquanto o espaço psíquico e o espaço somático estão indissociáveis, a psique imputará à atividade das zonas sensoriais o poder de engendrar suas experiências. A autora parte daquilo que o corpo torna visível nos registros da emoção e do sofrimento somático, para compreender seu papel na construção do “corpo latente”, que é o seu duplo psíquico. A “aquisição” do corpo pelo Eu (Je) é seguida passo a passo no texto. A “historização” da vida somática só pode ser feita por um biógrafo: o Eu. Este Eu (Je) deve, entretanto, ser capaz de reconhecer como seus os eventos que marcaram significativamente sua vida. Para que o biógrafo e biografia existam é necessário que psique e corpo passem a se relacionar como pólos separados, marcando assim a passagem do corpo sensorial ao corpo relacional. O Eu (Je) só pode ocupar um corpo que possua uma história. A primeira versão desta história é elaborada pela psique que acolhe este corpo. Nesta história estará contido um “Eu (Je) antecipado”, referente à imagem do corpo da criança que a mãe antecipa, permitindo assim que a criança seja inserida num sistema de parentesco. Contudo, a situação pode complicar-se quando a imagem criada pela mãe não corresponde ao corpo com o qual a criança vem ao mundo. Os conflitos insuportáveis e os lutos irrealizáveis gerados por essa situação são ampla e longamente debatidos: a psicose, o autismo, as manifestações psicossomáticas, as somatizações polimorfas. No final do texto são analisadas, de forma pormenorizada, as conseqüências da não ancoragem do representante psíquico que a mãe traz do corpo do infans na realidade do corpo com o qual a criança nasce

    A perversão como estrutura

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    Este artigo, inédito em português, resulta de um seminário oferecido pela autora em 1966 e se tornou um clássico da psicanálise francesa, desde sua publicação, em 1967. Ele examina a perversão como uma estrutura clínica. Recusa, Lei e Desafio são os três marcos que a autora destaca no sentido de tomar a resposta que o perverso forja diante do que Freud designa sob o termo “horror”. Horror que surge quando o perverso é confrontado com a realidade da diferença dos sexos. Ao seu olhar fascinado, essa diferença se apresenta como a confirmação de estar condenado a perder o objeto do desejo (a Mãe) e o instrumento do prazer (o pênis), em lugar de ter podido reconhecer a Lei que, apenas ela, poderia ter-lhe garantido seu estatuto de sujeito desejante
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