3 research outputs found

    O mito da homogeneidade biológica na população paleoíndia de Lagoa Santa: implicações antropológicas

    Get PDF
    Since their first discovery in 1842-1843, by Peter Lund, the human skeletal remains from Lagoa Santa, Brazil, were destined to influence, substantially, the discussion about the settlement of the Americas, from a biological perspective. Until 1970 several authors have refered to these remains as a homogenous collection, implying that these individuals represented just one biological population or "race". Mello e Alvim (1977; see also Mello e Alvim et al., 1983-1984) was the first to use explicitly the term "homogeneity" as implying a very low intra-population diversity among these late paleoindians. For her, the extremely low diversity among the Lagoa Santa specimens could be explained only by a narrow bottle neck occuring during the occupation of the region, followed by geographic isolation from other contemporary groups. The idea of a extremely low diverse population in ancient Lagoa Santa led some brazilian archeologists to elaborate on the "isolation hypothesis", and to use it to explain local characteristics of material culture and social organization. In this paper we show that even very simple quantification techniques is able to demonstrate that the Lagoa Santa early inhabitants are among the most diverse populations in the planet, as it is normally the case with Late Pleistocene/Early Holocene hunter-gatherers.Desde sua primeira descoberta entre 1842 e 1843, pelo naturalista dinamarquês Peter W. Lund, os remanescentes ósseos humanos de Lagoa Santa, Brasil Central, estavam destinados a impactar de forma indelével os estudos sobre as origens dos primeiros americanos. Entre sua primeira descoberta e a década de 1970, a palavra homogeneidade biológica foi sempre aplicada a esses remanescentes como sinônimo de identidade biológica populacional. Mello e Alvim (1977; ver também Mello e Alvim et al., 1983-1984) associou a esse termo um novo significado: o de que tal população apresentava uma diversidade biológica extremamente reduzida, quando comparada a outras populações humanas, tendo sugerido, a partir daí, que a população antiga de Lagoa Santa teria sido formada originalmente por poucos indivíduos e vivido de forma isolada de outras populações contemporâneas. Essa sugestão teve grande impacto na comunidade arqueológica brasileira, levando alguns arqueólogos a tentar compreender certos aspectos da cultura material e da organização social desses primeiros americanos da perspectiva do isolamento. Neste trabalho demonstramos, com a ajuda de cálculos simples sobre quantificação em antropologia, disponíveis na literatura há pelo menos um século, que a proposta de Mello e Alvim (1977) não resiste nem mesmo a uma análise superficial dos dados disponíveis sobre a variabilidade craniométrica desses primeiros americanos. Contrariamente à proposta daquela autora, a população paleoíndia tardia de Lagoa Santa está entre as populações humanas mundiais mais diversas biologicamente

    Human occupation and paleoenvironments in South America: expanding the notion of an “Archaic Gap”

    Get PDF
    Uma revisão das informações arqueológicas produzidas no Brasil e países vizinhos durante as últimas décadas, aliada a uma análise de estudos paleoambientais recentes, sugerem que durante o Holoceno Médio amplas áreas da América do Sul deixaram de ser ocupadas por grupos humanos. Dados independentes, como datações de esqueletos humanos, estratigrafia de abrigos rochosos e cronologia de sítios arqueológicos a céu aberto convergem para a idéia de que tais áreas foram, no mínimo, fortemente depopuladas. Dados paleoambientais sugerem que eventos de seca constituíram a principal causa por trás das tendências observadas. Nossas conclusões expandem a noção já existente de que estresses climáticos têm um papel importante na conformação de assentamentos humanos em ambientes marginais, como desertos e altitudes elevadas, mostrando que o mesmo pode ocorrer nas terras baixas tropicais e subtropicais.An overview of the archaeological data produced in the last decades for Brazil and neighbouring countries, coupled with a background of recent studies on paleoenvironments, suggests that during the mid-Holocene vast areas of South America ceased to be occupied by human groups. Independent data coming from dated human skeletons, rockshelter stratigraphy, and chronology of open-air sites converge to the idea that these areas were, at least, strongly depopulated. Paleoenvironmental data suggest that dryness events constitute the major cause behind the observed trends. Our conclusions expand the already perceived notion that climatic stresses had a major role in the shaping of human settlement patterns in marginal environments, such as deserts and high-altitude settings, showing that the same can occur in tropical and subtropical lowlands
    corecore