5 research outputs found

    Sobre o açaí no lago Capanã Grande/AM: relações sociais e circulação de valores e significados em uma cadeia de tradução

    Get PDF
    O modo de vida coletor, ligado ao extrativismo vegetal, sustenta relações em torno da vida comum entre espécies há milênios. Humanos e plantas criam espaços de coabitação em torno de paisagens repletas de marcas de um passado mútuo e interacionista, manifesto na longa duração pelo vestígio vivo de arqueologias, histórias, mitos e filosofias de coexistência. Parte desta interação com o mundo consiste na coordenação de grupos e sociedades aos diferentes ciclos das plantas. A relação humanos e plantas, distribuída em variações culturais diversas pelo globo, suscita interpretações diversas sobre a física e metafisica (ontologias), as regras (epistemes) e o ritmo (repetição) do mundo. A sazonalidade rítmica das plantas, para o nosso caso do açaí solteiro (Euterpe precatória), marca os tempos da vida em sociedade e os arranjos entre pessoas no lago do Capanã Grande, sul do estado do Amazonas. A venda pelas famílias e grupos extrativistas aos comerciantes da região faz com que o açaí deixe de ser apenas parentesco e aliança. Quando vendido, o fruto passa para sua ontologia mercadoria, atrelada a um valor-preço, à sua tradução econômica. O açaí é algo que carrega e circula significado, em descontinuidades e continuidades de interações que o requalificam a cada salto ao longo da cadeia de tradução. O açaí circula por múltiplos circuitos e sistemas de valoração, mobilizando ontologias, significados, modos de vida e trabalho. A ontologia e semântica culturalmente localizada (as práticas, rotinas, domínios técnicos, representações simbólicas, reciprocidade e valores) interage com os fluxos multi escalares de demanda por alimentos (mercados, estoques, contratos, indústria de transformação e consumo). Compreender como as sociabilidades florestais culturalmente localizadas interagem com fenômenos de mercado, emulando modalidades de combinações e prestações entre pessoas, é interpretar as várias possibilidades de tradução que conferem valor ao açaí ao longo de uma cadeia de dupla afetação entre humanos e plantas. Trata-se de reconhecer um percurso de significados a partir de interações que, para o nosso caso da pesquisa inclui, de um universo de possibilidades de tradução sobre o açaí, o seu valor-reciprocidade e o seu valor-preço. A hipótese formulada diz que a coleta sazonal do açaí desvela um repertório local de reciprocidade = {combinações e prestações (parentesco, aliança e trocas comerciais)} que mobiliza rotinas e práticas sazonais para a coleta e venda do açaí. A pesquisa apoiou-se em registros de campo pré-pandemia, aplicação de um formulário, na modalidade survey sobre produção trabalho e renda entre famílias de um projeto de desenvolvimento sustentável da cadeia do açaí e em pesquisa documental e bibliográfica

    Sobre o açaí no Lago Capanã Grande/AM : relações sociais e circulação de valores e significados em uma cadeia de tradução

    Get PDF
    Dissertação (mestrado) — Universidade de Brasília, Faculdade UnB Planaltina, Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural, 2022.A sazonalidade ritmada das plantas, para o caso do açaí solteiro (Euterpe precatoria), marca os tempos da vida em sociedade e as combinações de pessoas no Lago do Capanã Grande, sul do estado do Amazonas. A venda pelas famílias e pelos grupos extrativistas aos comerciantes da região faz com que o açaí deixe de ser apenas parentesco e aliança. Quando vendido, o fruto passa para sua ontologia mercadoria, atrelada ao seu valor-preço, à sua tradução econômica, e, ainda, para sua ontologia valor-conservação, na qualidade de vetor do desenvolvimento sustentável. A semântica culturalmente localizada (associada às práticas, rotinas, domínios técnicos, aliança e reciprocidade) interage com os fluxos multiescalares de demanda por alimentos (mercados, estoques, contratos, processamento e consumo), conectando comunidades amazônicas aos circuitos geopolíticos da cooperação internacional dedicados à agenda do desenvolvimento sustentável (conservação do meio ambiente, clima e biodiversidade). Compreender como as sociabilidades florestais culturalmente localizadas interagem com fenômenos de mercado e do desenvolvimento sustentável, emulando modalidades de combinações e prestações entre pessoas, é interpretar as várias possibilidades de tradução que conferem valor ao açaí ao longo de uma cadeia de mútua afetação entre humanos e plantas. A hipótese formulada diz que a coleta sazonal do açaí desvela um repertório local de reciprocidade = {combinações e prestações (parentesco, aliança e trocas comerciais)} que mobiliza rotinas e práticas sazonais para a coleta e venda do açaí, fazendo-o transitar pelos circuitos do mercado e do desenvolvimento sustentável. A pesquisa apoiou-se em registros de campo pré-pandemia do coronavírus; na aplicação de um formulário na modalidade survey sobre produção, trabalho e renda das famílias que participam do projeto de desenvolvimento sustentável; e também em pesquisa documental e bibliográfica. Verificou-se que o açaí é algo que carrega e circula valores em descontinuidades e continuidades de interações que o requalificam a cada salto ao longo da cadeia de tradução. Seu trânsito por múltiplos circuitos e sistemas de valoração mobiliza ontologias, significados, modos de vida e trabalho.The seasonality of plants, for the açaí (Euterpe precatória), marks the times of life in society and combinations of people in the Capanã Grande Lake, Southern Amazonas, Brazil. Açaí trade to regional merchants, by local families and extractivists, makes it no longer a matter of just kinship and alliance. When sold, the fruit passes to its commodity ontology, tied to its value-price, an economic translation, and also, to its conservation-value ontology, as sustainable development vector. Culturally-grounded semantic – associated with practices, routines, technical domains, alliance and reciprocity – interacts with multiscalar food-demand flows (markets, stocks, contracts, processing and consumption), connecting Amazonian communities to the geopolitical circuits of international cooperation dedicated to the sustainable development agenda (environmental conservation, climate and biodiversity). Understand how local-cultural forest sociabilities interact with market and sustainable development phenomena, emulating modalities of combinations and commitments between people, represents interpreting the various translation possibilities that give açaí value along a chain of mutual affection between humans and plants. The formulated hypothesis points that the seasonal harvest of açaí unveils a local repertory of reciprocity = {combinations and commitments (kinship, alliance and trade)}, which mobilizes seasonal routines and practices for its harvest and sale, making it transit through market and sustainable development circuits. This research was based on field data collection pre-coronavírus pandemic, through a survey on production, labor, and income of the families part of the sustainable development project; and also on documentary and bibliographic materials. It was found that açaí carries and circulates values in discontinuities and continuities of interactions which requalify it at each leap across the translation chain. Its transit through multiple circuits and value systems mobilizes ontologies, meanings, livelihoods and labor

    Participatory Mapping for Strengthening Environmental Governance on Socio-Ecological Impacts of Infrastructure in the Amazon: Lessons to Improve Tools and Strategies

    No full text
    The Amazon region has been viewed as a source of economic growth based on extractive industry and large-scale infrastructure development endeavors, such as roads, dams, oil and gas pipelines and mining. International and national policies advocating for the development of the Amazon often conflict with the environmental sector tasked with conserving its unique ecosystems and peoples through a sustainable development agenda. New practices of environmental governance can help mitigate adverse socio-economic and ecological effects. For example, forming a “community of practice and learning” (CoP-L) is an approach for improving governance via collaboration and knowledge exchange. The Governance and Infrastructure in the Amazon (GIA) project, in which this study is embedded, has proposed that fostering a CoP-L on tools and strategies to improve infrastructure governance can serve as a mechanism to promote learning and action on factors related to governance effectiveness. A particular tool used by the GIA project for generating and sharing knowledge has been participatory mapping (Pmap). This study analyzes Pmap exercises conducted through workshops in four different Amazonian regions. The goal of Pmap was to capture different perspectives from stakeholders based on their experiences and interests to visualize and reflect on (1) areas of value, (2) areas of concern and (3) recommended actions related to reducing impacts of infrastructure development and improvement of governance processes. We used a mixed-methods approach to explore textual analysis, regional multi-iteration discussion with stakeholders, participatory mapping and integration with ancillary geospatial datasets. We believe that by sharing local-knowledge-driven data and strengthening multi-actor dialogue and collaboration, this novel approach can improve day to day practices of CoP-L members and, therefore, the transparency of infrastructure planning and good governance

    Participatory Mapping for Strengthening Environmental Governance on Socio-Ecological Impacts of Infrastructure in the Amazon: Lessons to Improve Tools and Strategies

    No full text
    The Amazon region has been viewed as a source of economic growth based on extractive industry and large-scale infrastructure development endeavors, such as roads, dams, oil and gas pipelines and mining. International and national policies advocating for the development of the Amazon often conflict with the environmental sector tasked with conserving its unique ecosystems and peoples through a sustainable development agenda. New practices of environmental governance can help mitigate adverse socio-economic and ecological effects. For example, forming a “community of practice and learning” (CoP-L) is an approach for improving governance via collaboration and knowledge exchange. The Governance and Infrastructure in the Amazon (GIA) project, in which this study is embedded, has proposed that fostering a CoP-L on tools and strategies to improve infrastructure governance can serve as a mechanism to promote learning and action on factors related to governance effectiveness. A particular tool used by the GIA project for generating and sharing knowledge has been participatory mapping (Pmap). This study analyzes Pmap exercises conducted through workshops in four different Amazonian regions. The goal of Pmap was to capture different perspectives from stakeholders based on their experiences and interests to visualize and reflect on (1) areas of value, (2) areas of concern and (3) recommended actions related to reducing impacts of infrastructure development and improvement of governance processes. We used a mixed-methods approach to explore textual analysis, regional multi-iteration discussion with stakeholders, participatory mapping and integration with ancillary geospatial datasets. We believe that by sharing local-knowledge-driven data and strengthening multi-actor dialogue and collaboration, this novel approach can improve day to day practices of CoP-L members and, therefore, the transparency of infrastructure planning and good governance

    NEOTROPICAL CARNIVORES: a data set on carnivore distribution in the Neotropics

    No full text
    Mammalian carnivores are considered a key group in maintaining ecological health and can indicate potential ecological integrity in landscapes where they occur. Carnivores also hold high conservation value and their habitat requirements can guide management and conservation plans. The order Carnivora has 84 species from 8 families in the Neotropical region: Canidae; Felidae; Mephitidae; Mustelidae; Otariidae; Phocidae; Procyonidae; and Ursidae. Herein, we include published and unpublished data on native terrestrial Neotropical carnivores (Canidae; Felidae; Mephitidae; Mustelidae; Procyonidae; and Ursidae). NEOTROPICAL CARNIVORES is a publicly available data set that includes 99,605 data entries from 35,511 unique georeferenced coordinates. Detection/non-detection and quantitative data were obtained from 1818 to 2018 by researchers, governmental agencies, non-governmental organizations, and private consultants. Data were collected using several methods including camera trapping, museum collections, roadkill, line transect, and opportunistic records. Literature (peer-reviewed and grey literature) from Portuguese, Spanish and English were incorporated in this compilation. Most of the data set consists of detection data entries (n = 79,343; 79.7%) but also includes non-detection data (n = 20,262; 20.3%). Of those, 43.3% also include count data (n = 43,151). The information available in NEOTROPICAL CARNIVORES will contribute to macroecological, ecological, and conservation questions in multiple spatio-temporal perspectives. As carnivores play key roles in trophic interactions, a better understanding of their distribution and habitat requirements are essential to establish conservation management plans and safeguard the future ecological health of Neotropical ecosystems. Our data paper, combined with other large-scale data sets, has great potential to clarify species distribution and related ecological processes within the Neotropics. There are no copyright restrictions and no restriction for using data from this data paper, as long as the data paper is cited as the source of the information used. We also request that users inform us of how they intend to use the data
    corecore