Hepatite fulminante: estudo dos fatores associados à mortalidade hospitalar de 100 pacientes priorizados para transplante de fígado

Introdução. A despeito dos avanços nos cuidados de terapia intensiva e no transplante de fígado (TF), a hepatite fulminante (HF) ainda hoje apresenta alta taxa de mortalidade. A identificação de fatores prognósticos de maior acurácia deve ajudar a otimizar a priorização dos pacientes em lista de espera para o TF. Objetivo. Avaliar fatores prognósticos de mortalidade hospitalar dos pacientes com HF priorizados para TF. Métodos. Foram estudados retrospectivamente 100 pacientes adultos (78 mulheres, idade média 35,5 ± 14,7 anos) com HF priorizados para TF, em um único centro, de fevereiro de 2002 a junho de 2011. O diagnóstico etiológico foi hepatite viral em 17% dos casos, medicamentosa em 29%, autoimune em 13%, criptogênica em 34% e outras causas em 7%. A indicação do TF foi determinada de acordo com os critérios de O’Grady. Foram avaliados: idade, sexo, etiologia, intervalo icterícia/encefalopatia, intervalo entre a priorização e o TF, grau de encefalopatia, tempo de internação, RNI, fator V, bilirrubina, creatinina, AST, ALT, lactato e Model for End-Stage Liver Disease (MELD). Todos os dados foram coletados do dia da priorização. Resultados. O intervalo entre a priorização e o TF foi de 1,5 dias (0 a 9) e o tempo de internação foi de 18 ± 27 dias. A mortalidade hospitalar foi de 69%. Os pacientes não sobreviventes apresentaram na priorização maior grau de encefalopatia [3 (1 a 4) vs. 2 (1 a 4)], MELD (41 ± 9 vs. 38 ± 7) e lactato (62,2 ± 45,2 vs. 33,9 ± 16,0 mg/dL) quando comparados com os sobreviventes (p<0,05). Dos 100 pacientes, 69% foram submetidos ao TF, os outros 31% morreram antes do TF. Os pacientes não transplantados apresentaram maior grau de encefalopatia [4 (1 a 4) vs. 3 (1 a 4)], MELD (44 ± 8 vs. 38 ± 8), lactato (78,4 ± 48,3 vs. 41,8 ± 30,6 mg/dL) e creatinina (2,60 ± 2,34 vs. 1,55 ± 1,54 mg/dL) quando comparados aos pacientes submetidos ao TF (p<0.05). Conclusão. No momento da priorização para o TF, os pacientes com HF que apresentam condição clínica mais grave, com encefalopatia graus 3 ou 4, insuficiência renal, escores mais elevados de MELD e lactato elevado, têm maior taxa de mortalidade hospitalar mesmo quando submetidos ao TF, indicando pior prognóstico

Creatinine-lactate score predicts mortality in non-acetaminophen-induced acute liver failure in patients listed for liver transplantation

Abstract Background The aim of this study was to analyze prognostic indicators of in-hospital mortality among patients listed for urgent liver transplantation (LT) for non-acetaminophen (APAP)-induced acute liver failure (ALF). Methods ALF patients listed for LT according to the King’s College Criteria were retrospectively reviewed. Variables were recorded from medical records and electronic databases (HCMED and RedCap). Results The study included 100 patients, of which 69 were subject to LT and 31 died while waiting for LT. Patients were 35.5 ± 14.73 years old, and 78% were females. The main etiologies were virus (17%), drug-induced (32%), autoimmune (15%), and indeterminate hepatitis (31%). The prioritization-to-LT time interval was 1.5 days (0–9). The non-LT patients showed higher lactate (8.71 ± 5.36 vs. 4.48 ± 3.33 mmol/L), creatinine (229 ± 207 vs. 137 ± 136 µm/L), MELD (44 ± 8 vs. 38 ± 8), and BiLE scores (15.8 ± 5.5 vs. 10.3 ± 4.1) compared to LT patients (p < 0.05). Multiple logistic regression analysis identified creatinine and lactate as independent prognostic factors, and a creatinine-lactate (CL) score was developed. ROC analysis showed that creatinine, lactate, MELD, BiLE, and CL scores had considerable specificity (71–88%), but only BiLE, lactate, and CL presented high sensitivities (70%, 80%, and 87% respectively). AUCs were 0.696 for creatinine, 0.763 for lactate, 0.697 for MELD, 0.814 for BiLE, and 0.835 for CL. Conclusions CL and BiLE scores predict mortality with more accuracy than MELD in patients with ALF during prioritization time. Creatinine and lactate are independent prognostic factors for mortality