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    Ópera Thaïs. Exibições no Teatro de São Carlos no primeiro quartel do século XX e a receção crítico-valorativa na imprensa portuguesa

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    Anatole France desenvolveu, ao longo da vida, uma apreciável atividade literária, cuja qualidade veio a ser consagrada com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura em 1921, mas foi também um dinâmico militante nos domínios social e político. No tempo da sua formação escolar, era habitual a leitura de textos hagiográficos, em voga na época, onde sempre surge Santa Thaïs, “pecadora”, e a ela associada a figura do monge Paphnuce, obras que constituíram a fonte essencial para o romance Thaïs, cuja ação decorre no Egito, entre o deserto, habitado por eremitas, com uma vida voltada para a ventura espiritual, e a cidade de Alexandria, na qual proliferam os impuros desejos carnais. Jules Massenet, compositor em fase ascensional, entusiasmado com o romance, ajustou com Anatole France a sua adaptação ao teatro, tendo a elaboração do libreto destinado à ópera sido, de comum acordo, entregue a Louis Gallet. A obra musical, com partitura de Massenet, teve a première em Paris no ano de 1894. A estreia em Lisboa, no Real Teatro de São Carlos, aconteceu dez anos depois, na versão italiana do libreto e cantada por uma companhia do país transalpino. A imprensa lisboeta, transmitindo o relevo dado, na época, à ópera como manifestação artística e, em simultâneo, social, fez uma cobertura exaustiva da exibição de Thaïs no São Carlos, incluindo o período anterior à chegada dos artistas, a sua exibição e a crítica à própria ópera e ao desempenho dos cantores, da orquestra e da sua direção. A análise jornalística, vista num plano de diferentes perspetivas, em função da conotação política dos vários periódicos e da visão dos críticos, não pode deixar de ser valorizada no contexto de um enquadramento que extravasa a importância do panorama musical, permitindo escrutinar a relação estabelecida entre o produto resultante da colaboração interartística levada a cabo por Anatole, Massenet e Gallet e o público em Portugal no primeiro quartel do século XX.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
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