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Desfechos em saúde mental e fatores associados em jovens transgênero qualidade de vida, ideação suicida e tentativa de suicídio
O termo transgênero é utilizado para descrever indivíduos cuja identidade de gênero é incongruente ao sexo reconhecido no seu nascimento. Como é um conceito considerado guarda-chuva, engloba diferentes identidades de gênero, incluindo as binárias e as não binárias. Os jovens transgênero apresentam altas prevalências em desfechos de saúde mental quando comparados com seus pares cisgêneros (aqueles que se identificam com gênero congruente ao sexo reconhecido no seu nascimento). A Teoria do Estresse de Minoria ajuda a compreender essas disparidades de saúde mental em indivíduos transgêneros, a partir da relação entre o preconceito vivenciado por essa população e os estresses de minoria. Por outro lado, a teoria destaca como fatores protetivos o apoio social, o apoio à identidade de gênero e a resiliência individual e grupal. Entendendo o contexto exposto, e considerando a ausência de estudos brasileiros com jovens transgênero, a presente pesquisa teve como objetivo identificar desfechos em saúde mental (qualidade de vida, ideação suicida e tentativa de suicídio) e fatores associados de proteção e de risco para esses indivíduos. Os participantes foram jovens brasileiros de 16 a 25 anos de idade que se identificam como transgêneros binários ou não binários, recrutados por meio de um questionário on-line. Após exclusão de respostas incompletas, o primeiro estudo contou com 185 participantes, e o segundo com 213. Identificou-se alta prevalência de sintomas depressivos, sintomas de ansiedade, ideação suicida e tentativa de suicídio. Quanto à qualidade de vida, houve diferença entre as estratégias de coping utilizadas para o estresse geral da vida (p<0,05) e o estresse relacionado ao gênero (p<0,05). Destacase a associação negativa entre estratégias de coping de fuga e qualidade de vida (PR=1,04; p=0,05). Quanto à ideação suicida, os fatores associados foram a discriminação (PR=1,09; p=0,02) e o desconforto de gênero (PR=1,27; p=0,01); à tentativa de suicídio, a variável discriminação (PR=1,17; p= 0,05) associou-se; curiosamente, fatores como apoio social e apoio à identidade de gênero não foram correlacionados aos desfechos no modelo final. Conclui-se a necessidade de aprofundar as pesquisas acerca da saúde mental de jovens transgênero e relações interpessoais de apoio efetivas para amenizar o impacto dos estressores sociais e preconceito. Reforçamos a importância de ações sociais para redução da transfobia nos espaços frequentados por jovens transgêneros brasileiros, como família, escola e trabalho.The term transgender is used to describe individuals whose gender identity does not agree with their sex assigned at birth. As it is an umbrella concept, it encompasses different gender identities, including binary and non-binary ones. Transgender youth present high prevalence of mental health outcomes when compared to their cisgender peers (those whose gender identity is in agreement with their sex assigned at birth). The Minority Stress Theory helps to understand these mental health disparities in transgender individuals, based on the relationship between the prejudice experienced by this population and minority stresses. On the other hand, the theory highlights social support, support for gender identity and individual and group resilience as protective factors. Understanding this context and considering the lack of Brazilian studies with transgender youth, the present study aimed to identify mental health outcomes (quality of life, suicidal ideation and suicide attempt) and associated protective and risk factors for these individuals. Participants were young Brazilians aged 16 to 25 who identify as transgender, whether binary or non-binary, recruited through an online questionnaire. After excluding incomplete responses, the first study had 185 participants, and the second had 213. A high prevalence of depressive symptoms, anxiety symptoms, suicidal ideation and suicide attempt was identified. Regarding quality of life, there was a difference between the coping strategies used for general life stress (p<0,05) and gender-related stress (p<0,05). A negative association between avoiding coping strategies and quality of life stands out (PR=1,04; p=0,05). As for suicidal ideation, the associated factors were discrimination (PR=1.09; p=0.02) and gender discomfort (PR=1.27; p=0.01); to the suicide attempt, the discrimination variable (PR=1.17; p= 0.05) was associated; interestingly, factors such as social support and support for gender identity were not correlated with outcomes in the final model. The study concluded that there is a need to further research on the mental health of transgender youth and effective supportive interpersonal relationships to mitigate the impact of social stressors and prejudice. The importance of social actions to reduce transphobia in spaces frequented by young transgender Brazilians, such as family, school and work, must not be overlooked
Factors Associated with Suicidal Ideation and Suicide Attempt in Brazilian Transgender Youth
The rates of suicidal ideation and suicide attempts among transgender youths are high. However, in Brazil, there are no studies about these outcomes in this population. The present study aims to investigate the prevalence of suicidal ideation and suicide attempts in Brazilian transgender youths (binary and non-binary), in association with predictor variables, following the Minority Stress Theory. The predictor variables analyzed were depressive symptoms, discrimination, gender distress, deprivation, social support, and gender identity support from parents and friends. Participants were recruited through an online survey. The final sample consisted of 213 participants, aged 13 to 25 years old. Two equal regression analyses were performed, one for each outcome. Out of the total, 103 (48.6%) identified as transgender boys, 44 (20.8%) as transgender girls, and 65 (30.7%) as non-binary. The mean age was 18.53 years (SD 2.50). The study found that 57.6% of the sample had depressive symptoms, 72.3% experienced suicidal ideation, and 42.7% had attempted suicide. In the final model, the variables that were associated with suicidal ideation were deprivation, gender distress, and depressive symptoms. As for suicide attempts, the variables deprivation and depressive symptoms were correlated. Further studies on this population should be conducted to analyze protective factors for these outcomes