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    Que Futuro para o Património Musical Contemporâneo Nacional?

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    O presente estudo tem como objetivos principais: i) refletir sobre o futuro do património musical contemporâneo nacional de tradição erudita, nos domínios da música eletroacústica, do teatro musical e das criações multimédia; ii) desenvolver estratégias de preservação, designadamente de documentação, adequadas às suas especificidades, partindo das metodologias empregues no âmbito da musicologia e da conservação e restauro; e iii) demonstrar a efetividade dos métodos desenvolvidos através da sua aplicação a casos de estudo específicos, selecionados a partir de um corpus de obras de compositores portugueses, nomeadamente Constança Capdeville (1937-1992), Clotilde Rosa (1930-2017), Miguel Azguime (n.1960) e Paula Azguime (n.1960). As novas estéticas composicionais têm vindo a complexificar a transmissão da obra musical contemporânea, mostrando-se fundamental a produção de uma documentação complementar ao tradicional texto musical. É precisamente sobre esta perspetiva que esta dissertação procura refletir, trazendo para a discussão exemplos dessa realidade, como é o caso de Libera me (1977, 1979, 1981), Jogo Projectado I (1979), Jogo Projectado II (1981) e Itinerário do Sal (1999-2006). Na verdade, é na sequência da lacuna ao nível da preservação da música contemporânea portuguesa que o presente estudo se situa, propondo uma metodologia de documentação que passa: i) pela recolha de informação publicada e não publicada sobre as obras e autores em estudo, através da realização de investigação empírica com base etnográfica; ii) pela triangulação de toda essa informação; e iii) pela criação de cadernos musicais prescritivos, assentes no uso de diversos recursos intertextuais, e documentação anexa descritiva. E porque os compositores contemporâneos nacionais têm sido os únicos responsáveis pela preservação das suas criações, o presente estudo analisa ainda os resultados obtidos com um questionário dirigido a uma amostra de 53 compositores portugueses, inquiridos sobre as suas práticas arquivísticas e documentais. Daqui pôde inferir-se que os compositores nacionais não estão necessariamente interessados e/ou não possuem os recursos financeiros, humanos e técnicos indispensáveis à preservação das suas obras. Em suma, todos os assuntos discutidos nesta dissertação confluem no sentido de consciencializar compositores, académicos, conservadores, musicólogos e outros intervenientes sobre a importância e necessidade do desenvolvimento de uma rede interdisciplinar de preservação a par do estabelecimento de novos repositórios de documentação e, assim, contribuir para uma nova e importante área de investigação
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