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    Protocolo interseccional para projetar soluções como meio para o fim da violência contra a mulher : design e avaliação de um serviço digital de registro de denúncia de violência doméstica para mulheres surdas e mulheres com deficiência auditiva

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    Orientadora: Laura Sánchez GarcíaDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Exatas, Programa de Pós-Graduação em Informática. Defesa : Curitiba, 01/11/2022Inclui referências: p. 116-122Área de concentração: Ciência da ComputaçãoResumo: A violência contra a mulher e um problema social e político que surge a partir de uma sociedade com estruturas de poder fundamentadas no patriarcalismo, no racismo e no capitalismo. Essas estruturas de poder reivindicam a agencia e a liberdade da mulher. A Lei brasileira "Maria da Penha" tipifica o crime de violência domestica, descrevendo os atos de agressão que ocorrem em relações intimas de afeto e entre pessoas com ou sem vinculo familiar. O registro de denuncias e um passo inicial para que as autoridades responsáveis possam prevenir novos crimes, investigar agressores suspeitos e proteger a mulher e pessoas próximas a ela. Entretanto, opressões sistêmicas criam barreiras que impedem a mulher vítima-sobrevivente de violência domestica de receber justiça, mesmo que este seja um direito que deve(ria) lhe ser assegurado. Uma dessas barreiras que impede a mulher vítima-sobrevivente de compartilhar o crime e a interrupção de comunicação que, nesta dissertação, e delimitada com base nas manifestações de injustiça social de não alfabetização e de vulnerabilidade socioeconômica, focando no grupo de brasileiras Surdas e brasileiras com deficiência auditiva. A partir de inspeções de acessibilidade em serviços digitais brasileiros para o registro de denuncias, acessados via tecnologia móvel, averiguamos que estes ainda estão longe da inclusão social deste grupo de mulheres em suas interseccionalidades de língua, de gênero e de classe social. Desta forma, formulamos a seguinte questão de pesquisa: "Como projetar e avaliar serviços digitais para o registro de violência domestica considerando o recorte das mulheres Surdas e mulheres com deficiência auditiva e suas interseccionalidades de língua, gênero e classe social?". Ao problematizar a escassez de uma abordagem interseccional nos serviços digitais para o registro de denuncias de violência domestica, foi possível mapear novos caminhos na construção de soluções para o fim da violência contra a mulher, considerando a sua pluralidade, também considerando que as mulheres podem ter, ou não, experiência no projeto ou no uso de tecnologias. Por isso, o objetivo geral desta dissertação foi entender as implicações das interseccionalidades de gênero, língua e classe social de mulheres Surdas e mulheres com deficiência auditiva no projeto de um serviço digital de registro de denuncias de violência domestica. Fundamentamos a metodologia desta pesquisa na abordagem construtiva de pesquisa em IHC para a resolução de problemas, onde determinamos três fases para entender, determinar e desenvolver dois artefatos para uso humano: um protocolo interseccional e, por conseguinte, um protótipo como prova de conceito. Para conduzir a pesquisa com discussões e reflexões sobre as interseccionalidades destacadas, foram utilizados os princípios da agenda feminista de IHC. Ao usar as lentes da IHC feminista na condução do projeto, focamos em um grupo de partes interessadas a margem da sociedade e fomos conscientes sobre as futuras consequências sociais da pesquisa e da tecnologia. As contribuições desta dissertação abrangeram: (1) um protocolo interseccional, o Intersec, que reúne requisitos, recomendações e referencial metodológico a partir de uma visão feminista, que pode ser utilizado para o entendimento, a investigação e o aconselhamento de serviços digitais como meio para o fim da violência contra a mulher; e, (2) um protótipo como prova de conceito de um serviço digital para o registro de denuncias de violência domestica por mulheres Surdas e mulheres com deficiência auditiva, considerando suas interseccionalidades de gênero, língua e classe social, que foi avaliado com especialistas da IHC com experiência de pesquisa com comunidades Surdas e pessoas com deficiência auditiva.Abstract: Violence against women is a social and political problem that arises from a society within power structures based on patriarchy, racism, and capitalism. These power structures claim the agency and freedom of women. The Brazilian law "Maria da Penha" typifies the crime of domestic violence, describing it as aggression that occurs in intimate relationships and between people with or without a family bond. The report of domestic violence is an initial step for the responsible authorities to prevent new crimes, investigate suspected aggressors and protect the victim-survivor and those close to her. However, systemic oppression creates barriers that prevent victims-survivors of domestic violence from receiving justice, even if this is a right that should be guaranteed. One main barrier that prevents the victim-survivor from reporting is the interruption of communication. For this research, we delimited this barrier as the manifestations of social injustice of non-literacy and socioeconomic vulnerability, focusing on the group of Brazilian women who are Deaf and women who are Hard of Hearing (D/HH). Starting from accessibility inspections in reporting digital services for mobile devices that were available in Brazil, we found that these digital services are still far from social including the intersectionality of language, gender, and social class of the group of D/HH women. Thus, we formulated the research question: "How to design and evaluate digital services for reporting domestic violence considering the group of D/HH women and their intersectionality??". By problematizing the scarcity of an intersectionality approach in digital services for reporting domestic violence, we were able to map new ways to consider the diversity of women in the construction of solutions, even if they have, or do not, experience in designing or using technologies. Therefore, our research goal was to understand the implications of the intersectionality of gender, language, and social class of D/HH women in the design and evaluation of a digital service to report domestic violence. Our methodology consisted of the constructive approach of HCI research to problem-solving, where we determine three phases to understand, determine and develop interactive artifacts for human use: an intersectionality protocol and a digital service prototype for reporting domestic violence. To conduct and analyze the research findings in the light of intersectionality, we used the principles of the feminist agenda of design interaction, to include a marginalised group as the interested parties and to be aware of the future social consequences of the research and the solution. Our contributions are listed as: (1) a intersectionality protocol that gathers requirements, recommendations and methodological background from a feminist agenda that can be used for understanding, research, and counseling in the design and evaluation of a digital services as means of ending violence against women; and, (2) a prototype proposal of a digital service for reporting domestic violence, considering the use of D/HH women and their intersectionality of gender, language, and social class, and evaluated it with five women who specialists in Human-Computer Interaction and research with Deaf Communities
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