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Infância: uma alterbiografia de Graciliano Ramos
TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Comunicação e Expressão.Curso de Licenciatura e Bacharelado em Língua Portuguesa e Literaturas em Língua PortuguesaA partir do questionamento de conceitos como realidade e verdade, enveredamos neste trabalho em desmistificar a ingênua ideia de autobiografia como “vida de um indivíduo escrita por ele mesmo”. A autobiografia foi pensada como uma abertura pela evocação das memórias e pelo trabalho com a linguagem; como uma forma de autoconhecimento e de reconhecimento de si no outro, a partir das ideias de Foucault; e como um jogo dialógico entre a identidade-mesmidade (eu, no tempo da enunciação) e identidade-ipseidade (o outro-eu, no tempo do enunciado) de Ricoeur; por oferecerem a ideia de uma realidade e de uma verdade do indivíduo que se altera com o tempo no movimento de se escrever, se ler e se reler, de abrir-se ao outro, por meio da narrativa. Nesse sentido, intentamos demonstrar que é a performance da linguagem que lhe garante a inscrição como narrativa de vida, refutando, pois, o conceito de Lejeune de “pacto autobiográfico”. Assim, entendemos a escrita de si como a leitura do outro, a autobiografia como alterbiografia, porque, ao passo que o sujeito escreve sobre si, já aí ele opera um movimento de projetar-se como um outro, para então penetrar a própria alma; e por também revelar uma coletividade, já que, conforme Mikhail Bakhtin, o sujeito se constitui pela linguagem e em sua práxis social. A partir disso, empreendemos uma análise de Infância como um jogo de espelhos, num eterno movimento de girar o caleidoscópio do eu
A literatura menor de Graciliano Ramo: uma cartografia de Infância.
The proposal of this dissertation is to outline a cartography of Infância, by Graciliano Ramos, in intersection with the philosophy of Gilles Deleuze and Félix Guattari. We shall investigate three particular elements from Infância: the matter of style, which is a fundamental aspect when referring to Graciliano Ramos; the connection between educational institutions and the justice/law duality; the narrator and the intriguing interaction with the narrated subject, comprehending the matter of time and memory. We will connect such elements to the concept of minor literature, elaborated by Deleuze and Guattari, taking into consideration its three characteristics: language deterritorialization, the link between the individual in the political immediacy and the the intermediation of the collective enunciation. We will aim to articulate those three characteristics into Infância, relating them to the specific aspects previously identified in Graciliano Ramoss work. That way, the deterritorialization of the language will be connected to the writers style; the linkage of the political immediacy, the matter of institutions and the duality of justice/law; the intermediation of the collective enunciation, to the narrator.Nesta dissertação, a proposta é traçar uma cartografia de Infância, de Graciliano Ramos, em intersecção com a filosofia de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Investigaremos três elementos em particular em Infância: a questão do estilo, aspecto fundamental quando se trata de Graciliano Ramos; a relação com as instituições educacionais e com a dualidade lei/justiça; o narrador e sua intrigante interação com matéria narrada, abrangendo a questão do tempo e da memória. Conectaremos tais elementos ao conceito de literatura menor, elaborado por Deleuze e Guattari, levando em conta suas três características: a desterritorialização da língua, a ligação do individual no imediato-político e o agenciamento coletivo de enunciação, com a intenção de articular essas três características aos aspectos específicos da obra de Graciliano Ramos identificados anteriormente. Desse modo, a desterritorialização da língua será relacionada ao estilo do escritor; a ligação ao imediato-político, à questão das instituições e da dualidade lei/justiça; o agenciamento coletivo de enunciação, ao narrador
“VENTA-ROMBA” EO SILÊNCIO DA PALAVRA NEGADA: A ESCUTA DAS MARGENS EM INFÂNCIA, DE GRACILIANO RAMOS
O artigo propõe a interpretação de uma das passagens do livro Infância, de Graciliano Ramos, na qual o mendigo Venta-Romba atravessa a vida do menino Graciliano, deixando as marcas de uma doída e apagada presença. O modo como Graciliano Ramos realiza a “escuta” da voz do mendigo será destacado, à luz da filosofia da hospitalidade de Jacques Derrida e da ética da alteridade de Emmanuel Levinas. Será destacado, também, o papel da literatura na concessão do direito à palavra
Perspectivas conflitivas em Infância, de Graciliano Ramos
Procuramos, neste trabalho, demonstrar que na obra Infância, de Graciliano Ramos, são construídos dois pontos de vista conflitivos. Baseados nas ideias do mecanismo de harmonização e desarmonização da narrativa de Fredric Jameson (1992), em O inconsciente político, e de textos da fortuna crítica da autobiografia em questão, sobretudo de Alfredo Bosi (2013), constatamos, por um lado, que a mirada adulta, contida na narração, objetifica o relato – principalmente reinterpretando as pessoas conhecidas e criticando a ordem social do período de menino. Por outro lado, vemos que a dominante mirada infantil se fundamenta na apreensão fragmentária e sinestésica do mundo. A narração por esse olhar figura a contínua busca da criança de adaptação e de amparo.
GRACILIANO RAMOS E AS APORIAS DO PERDÃO
This essay wants to read Infância (Childhood) an autobiography by Graciliano Ramos, as a space to reflex over the paradoxical experience of forgiveness. Taking for base the theoretical elaboration developed by Jacques Derrida over the same theme, our analysis will privilege the passages in which Graciliano Ramos, at the same time remembers and disentangle the violence that victimized him, as he seeks to consider then from other ethical presuppositions. O ensaio propõe ler a autobiografia Infância, de Graciliano Ramos, como um espaço de reflexão sobre a experiência paradoxal do perdão. Tomando como base a elaboração teórica desenvolvida por Jacques Derrida sobre o tema, a análise procura privilegiar as passagens em que Graciliano Ramos ao mesmo tempo rememora e desfaz as violências de que foi vítima, procurando reconsidera-las a partir de outros pressupostos éticos.
O devir-criança de Graciliano Ramos: uma leitura de Infância a partir de Deleuze
Este artigo tem por objetivo realizar uma leitura do livro Infância, de Graciliano Ramos, a partir de conceitos cunhados pelo filósofo Gilles Deleuze. Desse modo, será discutida a escrita memorialista de Graciliano em confluência com a concepção deleuziana de impessoalidade na literatura, culminando na hipótese de que o escritor realiza em Infância, por meio de sua divisão entre menino-protagonista e adulto-narrador, aquilo que Deleuze chama de devir-criança.Palavras-chave: Graciliano Ramos. Gilles Deleuze. Memória. Devir
Abertura entre as nuvens: uma reinterpretação de Infância, de Graciliano Ramos
Este trabalho apresenta uma interpretação do livro de memórias Infância, de Graciliano Ramos, tendo como principal questão o debate ético que atravessa a obra. Considerado pessimista e desencantado pela crítica, esse texto do escritor alagoano foi lido, ao longo do tempo, quase que exclusivamente a partir das mesmas questões: violência, medo, ressentimento. Realizando movimento contrário, procurei expor nesta dissertação, por meio da análise de diversos procedimentos narrativos do livro, que predomina nele visão menos negativa do homem e do mundo. Segundo desenvolvo, a dimensão reflexiva da escrita de Graciliano e o seu desejo permanente de compreender as circunstâncias que envolvem cada um dos atos e sentimentos dos personagens evocados constituem-se como elementos decisivos para o entendimento do projeto ético e literário de Infância, projeto que se assemelha, conforme proponho também, ao de outro livro do autor, Memórias do cárcere, uma vez que a hipótese que se coloca é a de que foi a partir da experiência carcerária vivenciada pelo escritor que teve início a guinada em direção ao Ouro que identifico em algumas de suas obras
Memórias, ressentimentos e traumas : um olhar sobre A Infância, de Graciliano Ramos
This study aims to look at memory in Childhood (1981), by Graciliano Ramos, as an elaborated and, therefore, fictional recreation, with a view to inferring the representation of the child in the process of creation and education in the family, school and social spheres. This is in line with the idea that the distance between what is lived and what is narrated is what allows memories to merge in the gaps of time. Thus, the objective is to think of memories as spaces for re-signification of the remnants of trauma and resentment, evidencing a conception of childhood for the time. To this end, the considerations of Ansart (2011), Assmann (2011), Faria (1976), Garbúglio (1987), Halbwachs (1990, 2006), Remédios (1997), Ribeiro (2008), Sirota (2001), Soares (2002), among others.Este estudo tem como objetivo olhar para a memória em Infância (1981), de Graciliano Ramos, a partir de uma recriação elaborada e, portanto, ficcional, com vistas a inferir a representação da criança no processo de criação e educação no âmbito familiar, escolar e social. Isso vai ao encontro da ideia de que a distância entre o vivido e o narrado é o que permite que as memórias se fundem nas lacunas do tempo. Assim, o objetivo é pensar as memórias como espaços de ressignificação dos resquícios de trauma e ressentimento, evidenciando uma concepção de infância para a época. Para tanto, destacam-se as considerações de Ansart (2011), Assmann (2011), Faria (1976), Garbúglio (1987), Halbwachs (1990, 2006), Remédios (1997), Ribeiro (2008), Sirota (2001), Soares (2002), entre outros
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