Tese de mestrado, Reabilitação Cardiovascular, Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2022A doença cardiovascular permanece como a principal causa de morte e de morbilidade no continente
europeu. Visando a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos com doença cardiovascular, têm surgido
e têm sido permanentemente melhorados diversos programas de reabilitação cardiovascular. Um dos
principais objetivos dos programas de reabilitação cardiovascular é o controlo de fatores de risco. Além
dos fatores de risco cardiovascular convencionais, outros fatores têm sido apontados como potencialmente
modificadores de risco cardiovascular, sendo o sono um dos que tem vindo a assumir particular relevância.
O sono é um estado cerebral reversível de suspensão parcial ou total da consciência, estando associado
a vários processos quer fisiológicos, quer comportamentais sendo essencial à vida e saúde humanas. O
exercício físico estruturado, nomeadamente exercício físico moderado a intenso com uma frequência de 3
vezes por semana, tem um impacto positivo na qualidade do sono.
O objetivo geral deste trabalho é descrever a qualidade do sono dos participantes de um programa de
reabilitação cardiovascular de fase II, bem como a sua trajetória, pretendendo correlacionar a qualidade
do sono com a capacidade cardiorrespiratória e a qualidade de vida. Secundariamente pretende ainda
descrever a qualidade do sono de um grupo de indivíduos em fase III. Os doentes foram recrutados em
sessão de reabilitação tendo sido disponibilizado o questionário de avaliação de qualidade do sono de
Pittsburgh e de avaliação do estado se saúde SF-36.
Em sessão de reabilitação cardíaca fase II foram abordados aqueles que se encontravam na fase precoce
do seu programa, tendo sido novamente abordados na sua última semana, contabilizando um seguimento
médio entre as dez e as doze semanas. Os dados obtidos a partir do PSQI pré-programa e SF-36 préprograma
foram correlacionados com os parâmetros da prova de esforço cardiorrespiratória e
ecocardiograma pré-programa. Os doentes de fase III foram abordados num único momento tendo os
dados dos questionários sido correlacionados com a avaliação cardiorrespiratória mais recente.
Relativamente ao grupo de doentes em fase II, incluíram-se 29 participantes e verificou-se uma diminuição
significativa do PSQI score e suas dimensões após o programa de reabilitação, com exceção para a
qualidade subjetiva de sono que não apresentou variação significativa. Ao correlacionar o PSQI com o
questionário da qualidade de vida SF-36 bem como das suas escalas verificou-se em ambas os períodos
de avaliação que quantos mais elevado o PSQI score e o score das suas dimensões, menor o nível de
satisfação com a vida. Correlacionando o PSQI score com as variáveis clínicas verificou-se que um menor
PSQI score se correlacionou com melhor desempenho na PECR e relativamente ao ecocardiograma não
foram verificadas correlações significativas com exceção para a dimensão da aurícula esquerda que se
correlacionou de forma significativa com a eficiência habitual do sono.
Adicionalmente, avaliou-se um grupo distinto que se encontrava em fase III de reabilitação, tendo-se
incluído 39 participantes. Estes participantes apresentavam um PSQI score elevado, sendo a dimensão
de eficiência habitual do sono aquela que parece contribuir de forma mais importante revelando uma má
qualidade do sono entre estes. Neste grupo correlacionou-se ainda o PSQI com a qualidade de vida
recorrendo ao SF-36 tendo-se verificado uma correlação significativa entre as dimensões do PSQI relativas
à latência do sono e disfunção diurna com a dimensão de dor corporal do SF-36. Relativamente às
variáveis clínicas, verificou-se também neste grupo que os participantes com melhor PSQI score também
apresentavam melhor desempenho na PECR. Verificaram-se algumas correlações entre o PSQI e o
ecocardiograma neste grupo, com destaque para a correlações positiva moderada entre a latência do sono
com a PSAP e as dimensões da aurícula esquerda e o PSQI score. Os doentes em programas de
reabilitação cardíaca apresentam baixa qualidade do sono.
O programa de reabilitação cardiovascular tem um impacto positivo na qualidade do sono dos seus
participantes, sobretudo nas primeiras fases. Parece ser relevante a inclusão de instrumentos de rastreio
da qualidade do sono de forma rotineira nos programas de reabilitação cardíaca de modo a potenciar o
manejo do risco cardiovascular com intervenções precoces no potencial fator de risco cardiovascular que
são as perturbações do sono.Cardiovascular disease remains as the first cause of death and morbidity in Europe. Aiming at improving
the quality of life of patients with cardiovascular disease, several cardiovascular rehabilitation programs
have emerged and have been permanently improved. One of the main goals of cardiovascular rehabilitation
programs is the control of risk factors. In addition to conventional cardiovascular risk factors, other factors
have been identified as potentially modifying cardiovascular risk, with sleep being one of those that has
assumed relevance. Sleep is a reversible brain state of partial or total suspension of consciousness, being
associated with several physiological and behavioural processes and being essential to human life and
health. Structured physical exercise programs with a moderate to vigorous intensity and with a frequency
of 3 times a week, seem to have a positive impact on sleep quality.
The main objective of this study is to describe the quality of sleep of the people enrolled in a phase II
cardiovascular rehabilitation program, as well as its trajectory through the program, and correlate the quality
of sleep with the quality of life and cardiorespiratory fitness. Additionally, the quality of sleep of a group of
patients enrolled in a phase III program will be described.
Patients were recruited in rehabilitation session where two questionnaires were provided: the Pittsburgh
sleep quality index and the SF-36 Health survey. Phase II patients were assessed twice, once in the early
phase of the program and another in their last week, with an average follow-up of 10-12 weeks. The
collected data from the early phase questionnaires was correlated with the data collected in the
cardiopulmonary exercise test and echocardiogram. Phase III patients were assessed once and the data
collected was correlated with the last functional capacity evaluation.
There were 29 patients enrolled of a phase II program and a significant decrease in the PSQI score and in
its dimensions after the rehabilitation program were verified, with the subjective quality of sleep being the
exception. Correlating PSQI with SF-36 health survey as well as its scales, it was found in both evaluation
periods that the higher the PSQI score and the score of its dimensions, the lower the level of life satisfaction.
Correlating the PSQI score with the clinical variables, it was found that a lower PSQI score was correlated
with better performance in the cardiopulmonary exercise test. The echocardiogram collected variables
showed only one significant correlation for the size of the left atrium, which was significantly correlated with
the habitual sleep efficiency.
Additionally, a different group of patients enrolled in a phase III program was evaluated and 39 patients
were included in this study. These had a high PSQI score with the dimension of habitual sleep efficiency
giving the main contribute to this high score. This puts in evidence a bad sleep quality across these patients.
The PSQI and SF-36 surveys were correlated and showed a significant correlation between sleep latency
and daytime disfunction dimensions and the body pain scale. The collected clinical variables showed that
the patients with the best PSQI score had a better performance at the cardiopulmonary exercise test. In
this group some correlations between PSQI and echocardiogram collected variables were verified, with
emphasis on the moderate positive correlations between sleep latency with the PASP and the dimensions
of the left atrium and the PSQI score.
Patients in cardiac rehabilitation programs have poor sleep quality. Cardiovascular rehabilitation programs
have a positive impact on the sleep quality of their participants, especially in the early stages.
It seems relevant to routinely include sleep quality screening tools in cardiac rehabilitation programs to
enhance the management of cardiovascular risk with early interventions in the potential cardiovascular risk
factor that are sleep disorders
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