Proponho, neste ensaio, investigar de que modo os aspectos modernos presentes em Orlando, da inglesa Virginia Woolf, interferem tanto numa noção de espaço dentro da narrativa, como também na própria construção subjetiva da personagem central. Para isso, sublinho algumas passagens do romance pertencentes ao século XIX e XX, uma vez que a narrativa transita por entre os séculos XVI ao XX. Trago, também, alguns apontamentos realizados por dois filósofos da Escola de Frankfurt, Theodor Adorno e Max Horkheimer, acerca das reflexões de um esclarecimento dos sujeitos. Embora essas reflexões sejam lançadas em 1947, em Dialética do Esclarecimento, e abranjam uma sociedade contemporânea com seus sujeitos reificados, sobretudo pelo caráter anestésico de uma racionalização que não se debruça sobre si mesma, ou seja, que não consegue desvincular-se de uma lógica capitalista de dominação e emancipar-se, e Orlando, de Woolf, esteja vinculado ao fim dos anos 1920, é possível observar traços que indicam que uma lógica instrumental ali se faz presente. Temos acesso à linguagem e aos pensamentos de Orlando que, ao longo dos séculos, alteram-se. Nos séculos os quais proponho lançar um olhar mais atento, a linguagem mostra-se mais acelerada, influenciando, desse modo, toda uma construção subjetiva e o modo de Orlando relacionar-se com o espaço ao seu em torno.Palavras-chave: Modernidade. Subjetividade. Orlando