Processos de nasalização em lung’ie

Abstract

This study describes and analyzes the vocalic nasality triggered by nasal elements in coda and onset in Lung’Ie, a Portuguese-based Creole spoken in São Tomé and Príncipe. We observed the language’s phonotactic behavior, investigating the occurrence of vocalic nasalization processes according to its segmental and suprasegmental aspects. In this regard, we took into account the lexical stress and the possibility of segmental resyllabification. We designed a perceptual test in order to identify the way by which the coda nasality was perceived by native speakers. Thus, by omitting a consonant in the onset position of the following syllable in relation to the syllable that has nasalization, speakers understood the nasal tail as a full consonant [n]. Nasal consonant in coda was therefore resyllabified into an onset position. This syllabic restructuration is an indication of a biphonemic interpretation of nasality in Lung’Ie (AGOSTINHO, 2015; BALDUINO et al., 2015; BANDEIRA, 2017). The phonotactic analysis indicates lexical stress as an essential factor for the realization of the nasalization process triggered by the onset. Nasalization processes by coda, on the other hand, are possible in stressed and unstressed syllables. The importance of stress in the application of this process supports a mixed suprasegmental system in Lung’Ie constituted by lexical stress and tones, whereas the stress is the main suprasegmental category (AGOSTINHO, 2015), and not a tonal system (MAURER, 2009).Este artigo descreve e analisa a nasalidade vocálica produzida por coda e onset nasal em lung’Ie, língua crioula falada em São Tomé e Príncipe. Assim, observamos o comportamento fonotático da língua, investigando a aplicação dos processos de nasalização conforme o acento lexical e a possibilidade de ressilabificação dos segmentos. Ademais, através de um teste perceptivo, visamos identificar o modo que a nasalidade engatilhada por coda é concebida em lung’Ie. Nesse caso, os resultados indicam que, com a exclusão da consoante em onset da sílaba seguinte à sílaba que continha nasalização, os falantes compreendiam o apêndice nasal como uma consoante plena [n] ressilabificada na posição de onset nasal, reforçando, portanto, a interpretação bifonêmica da nasalidade no lung’Ie (AGOSTINHO, 2015). A análise fonotática, por sua vez, indica que o acento é primordial para o engatilhamento da nasalização a partir de onset silábico, ao passo que a nasalização em coda pode ocorrer independentemente da maior proeminência lexical envolvida. O acento como fator importante na concretização deste processo sugere a existência de um sistema suprassegmental misto em lung’Ie, constituído por tom e acento, sendo o acento a categoria suprassegmental mais importante (AGOSTINHO, 2015)

    Similar works