Abstract

Para as comunidades do passado o mundo “físico” seria entendido como cheio de propriedades significantes. No seguimento dos trabalhos de Ingold (2000), Bradley (2000, 2009), ou Scarre (2009), o que hoje vemos como material inerte seria considerada “viva”. Essa será a presente perspetiva de abordagem. Certos afloramentos naturais estão associados a lendas ou crenças muitas vezes ligadas a criaturas mágicas ou estranhas “habitando” no seu interior ou “vivendo” entre eles o que, em muitos casos, converge na determinação de um lugar com denominação. Tal como as pessoas, os afloramentos podem ser vistos como entidades que podem e fazem a diferença, atuando como agentes que corporizam significados e histórias (Tilley, 2002, 2004), consequentemente passados ao longo de gerações. Durante a Pré-História alguns afloramentos foram gravados com motivos; outros, pela sua forma peculiar ou estranha, formaram parte de mitos históricos e de folclore. Em ambos os casos os afloramentos funcionaram como contentores de memória. Pretende-se focar a importância da fotogrametria e do registo tridimensional deste tipo de património cultural (frequentemente em risco de destruição), mostrando o potencial desta ferramenta na inventariação e no estudo deste tipo de lugares de memória. Muitos casos de estudo apresentados foram objeto de análise em diferentes projetos, desenvolvidos de acordo com metodologias da Arqueologia e Antropologia Cultural aplicadas ao Noroeste da Ibéria. Este tipo de trabalho é fundamental tendo em conta a interpretação e o entendimento do papel dos afloramentos para as sociedades humanas e o seu contributo para a construção das paisagens pré-históricas e presentes.To past and pre-modern societies “physical” world was full of significant properties. Following the works of Ingold (2000), Bradley (2000, 2009), Gosden (2009), or Scarre (2009), what today is seen as inert matter was considered “alive”, and that should be the present perspective. Certain natural outcrops are attached to legends and beliefs often referred to magical or odd creatures “inhabiting” inside or “living” within them, and the majority is linked to place-names. Like people, outcrops can be seen as entities that can and make difference, acting as agents that embody meanings and stories (Tilley, 2002, 2004) subsequently passed over generations. During Prehistory some outcrops were engraved with motifs; others, by their odd or peculiar forms, formed part of historical myths and folklore. In both cases outcrops worked as memory containers. It is pretended to focus on the importance of photogrammetry and tridimensional record of this kind of cultural heritage (frequently in risk or destruction) and to show the potential of this tool in matters of inventory and study of these places of memory. Several case studies presented were matter of analysis in different projects and developed according to archaeological and cultural anthropology methodologies applied to the Northwest of Iberia. This type of work is fundamental to achieve rock art interpretations and to understand the role of outcrops to human societies and their contribution to the construction of prehistoric and present landscape

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