'Non-Commercial Partnership Center for Biogenic Resources Humus Sapiens'
Abstract
Embora o trombone tenha adquirido a sua forma atual no século XV,1
não é relevante até
ao século XX a produção composicional a solo, ou em música de câmara, no repertório
canónico para este instrumento, que assumiu, ao longo do tempo, uma função
predominantemente harmónica, quer a dobrar vozes (particularmente na música
religiosa), quer no seio orquestral (Shelton, 2010). A técnica do trombone permaneceu
determinada por tais funções,2
não obstante o instrumento permitir ajustes constantes à
altura do som, apresentando, por isso, mais possibilidades que os instrumentos de
válvulas (Moore, 2016).
Mais recentemente, Stuart Dempster (n. 1936), um dos músicos que mais se dedicou à
exploração de técnicas não convencionais no trombone (cf. McIlwain, 2010), inverteu a
relação entre instrumentista e instrumento. De facto, Dempster (1979), sugerindo que o
instrumento apenas foca a vibração e depois a amplia, considera que a fonte de som
primária é a vibração labial – ou seja, sucintamente, o instrumento é o músico, a partir do
qual se produz o som. Tal conceção, bem como a escrita para trombone, têm um impulso
decisivo com Solo for Sliding Trombone (1958), de John Cage (1912-1992), que marcou
o início de uma nova era para o instrumento