Universidade do Minho. Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS)
Abstract
Os primeiros anos do século XX marcam um dos períodos de maior atividade,
iniciativa e progresso para a cidade de Braga, no objetivo de a tornar uma
cidade moderna e atrativa.
Em tempos de mudança política – do fim da Monarquia aos primórdios da
República – mudam também os protagonistas sociais e renovam-se as elites.
Emergem figuras ligadas ao republicanismo bracarense - algumas das quais
assumem cargos no Governo central e na deputação da República – e instituem-
se as primeiras comissões administrativas da Câmara.
Manuel Monteiro, autor de um trabalho notável na defesa do património
cultural bracarense e no domínio do estudo, divulgação e preservação do
património artístico no Norte do País, é um exemplo do novo papel da elite
local. Centro da polémica então instalada na cidade contra a destruição do
castelo medieval e da cidadela de Braga, não deixou, ainda assim, de ser parte
integrante de um conjunto de mensageiros junto do Governo de Lisboa
que importava persuadir para os interesses materiais da urbe.
Ligada à ideia de que os grandes empréstimos seriam suportados pelo expectante
crescimento do consumo urbano, a então criada “Comissão dos
Melhoramentos de Braga” propõe alterações urbanas e construções arquitetónicas
que, procurando resolver e prever os problemas resultantes do crescimento
populacional e urbano sem planeamento do século XIX, contribuem
para a mudança da cidade. João de Moura Coutinho, na direção das Obras
Públicas da Cidade e membro da Comissão de Estética da Câmara Municipal
de Braga, é também figura indelével nesta conquista de uma nova fisionomia
da cidade. A construção do Teatro Circo, obra grandiosa e magnânima, inaugurada
em 1915 no espaço do antigo Convento dos Remédios, é resultado do
seu traço, bem como muitos dos novos equipamentos do edificado urbano
que veio sendo construído.
Artur José Soares, Cândido Maria Martins e José António Veloso são os
fundadores, com mais 50 acionistas, em 1907, da Sociedade Anónima de
Responsabilidade Limitada, designada de Theatro Circo. Ligados à administração
do antigo teatro, cujo projeto parecia já não responder aos anseios da
cidade, estes homens, provindos da administração do Banco do Minho, da
Câmara e da Comissão dos Melhoramentos da cidade, são os protagonistas do arrojo da nova elite bracarense, burguesa, capitalista, negociante e provida
de ideais republicanos. O estudo dos seus percursos individuais e familiares
mormente através dos seus arquivos pessoais, permite-nos reconstituir,
em grande parte a identidade que os definiu e que imprimiram à cidade de
há cem anos atrás.info:eu-repo/semantics/publishedVersio